A história dos fascinantes tratamentossua apostasaúde com vinho na França:sua aposta

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Turistas visitam o localsua apostabandos para conhecer seus mundialmente famosos pontos turísticos, incluindo o Palácio Rohan e suas feirinhassua apostanatal, alémsua apostajantar nos seus restaurantessua apostavinho como Chez Yvonne ou Maison Kammerzell, que ficasua apostaum prédiosua aposta1427.

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Mas eu estava indo ao Hospital Civilsua apostaEstrasburgo, um hospital universitário criadosua aposta1119. Naquela tarde chuvosa, as ruas estavam vazias e, conforme eu andava pelas viassua apostapedras com dois companheiros, era fácil imaginar a aparência da cidade há centenassua apostaanos atrás.
Adega medicinal
Desde 1395, o Hospital Civilsua apostaEstrasburgo tem uma relação simbiótica com a Adega Histórica dos Sanatóriossua apostaEstrasburgo, que fica exatamente embaixo do hospital: um literalmente não existiria sem o outro. Por cercasua aposta600 anos, muitos dos pacientes do hospital pagaram suas contas médicas com vinhos.
Era uma prática comum na França, já que as vinícolas geravam renda para os hospitais e as adegas, que funcionavam como geladeiras enormes, eram os locais perfeitos para manter os vinhos na temperatura certa.
Apesarsua apostaos tratamentos com vinho serem onipresentes nos tempos antigos, Thibaut Baldinger, gerente da adega que visitei, afirma ter visto indíciossua apostaque o uso do vinho como remédio não foi interrompido até 1990.
Uma garrafasua apostaChâteauneuf-du-Pape, por exemplo, seria a prescrição médica para o inchaço, enquanto uma garrafa do preferido do verão por aqui, Côtessua apostaProvence rosé, era usado para tratar a obesidade.
Colesterol alto? Duas taçassua apostaBergerac. Para herpes, era recomendado que os pacientes tomassem um banhosua apostabanheira com o adorável Muscatsua apostaFrontignan. Problemassua apostalibido? Seis taçassua apostaSaint-Amour transformariam o pacientesua apostaum Don Juan na hora - curiosamente, duas jarras desse vinho também eram recomendadas para "problemas femininos".

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"E quanto ao fígado?", perguntei. Baldinger riu: "Talvez alguns tratamentos funcionassem melhor que outros".
Mais tarde, percebi que a listasua apostatratamentossua apostavinho incluía três garrafas inteirassua apostaBeaune com água com gás para cirrose, o que me leva à conclusãosua apostaque ao menos uma pessoa da história moderna acreditou que ficar ébrio pode ser um antídoto para a falência do fígado.
Registro histórico
Apesarsua apostaos tratamentossua apostavinho terem sido encerrados, a adega continua tendo um papel importante na produção históricasua apostavinho ao continuar mantendo alguns dos melhores vinhos do país enquanto apoia financeiramente o hospital. Em 1995, porém, a adega quase foi relegada aos livrossua apostahistória devido ao que Baldinger chamousua aposta"faltasua apostalucratividade".
No século 20, o hospital vendeu pedaçossua apostavinícolas para financiar projetos que precisavamsua apostaajuda imediata. Porém, a adega foi forçada a abandonar barris gigantessua apostavinho envelhecido depois que uma lei do país - a Loi Évin - foi aprovadasua aposta1991.
A lei era mais rígida com o armazenamentosua apostabebida como tentativasua apostaprevenir o alcoolismo, o que significa que o governo não aceitaria mais barrissua apostabebida no porãosua apostaum estabelecimentosua apostasaúde.

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O antecessorsua apostaBaldinger, Philippe Junger, tornou-se um verdadeiro defensor da adega ao trazer o apoiosua apostavinicultores da região e criando a Sociedadesua apostaInteresse Agricultor Coletivo (Sica, na siglasua apostafrancês). O coletivo encontrou formassua apostaconvencer parlamentares a manter a adega aberta ao falarsua apostasua importância para o patrimônio da região.
Ao salvar o local histórico, dezenassua apostavinícolas da Alsácia começaram a se esforçar mais para melhorar seus vinhos sob o zelosua apostaJunger e dos enólogos da adega. Desde 1996, realiza-se uma competiçãosua aposta"teste cego" todo mêssua apostajaneiro - e o vinho que não é aprovado é retirado da adega.
"Todo produtorsua apostavinho parceiro dá uma pequena porcentagemsua apostasua produção à histórica loja da adega como aluguel", diz Baldinger. Os lucros da parte da produção da adega são investidos na comprasua apostaequipamento médico para o hospital.

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Alguns vinhos da adega nunca são vendidos. Baldinger apontou para um pequeno armário embutido na paredesua apostapedra da adega. Dentro, há uma caveira e uma garrafasua apostavinho - o líquido dentro descoloriu para um vermelho sangue - com uma data escrita: 1472. "Há especulaçõessua apostaque a caveira era do Senhor Arthur, o primeiro mestre da adega. Ele pode ter tomado vinho demais", diz Baldinger.
E quanto à história desse vinho - o primeiro produzido pela adega? "Eu te mostro", diz Baldinger, levando-nos para longe do armário e entre duas colunassua apostabarris gigantessua apostacarvalho. Lá, um velho portãosua apostaferro separa a adegasua apostaum depósito, no qual há meia dúziasua apostabarrissua apostacarvalho menores.
Relíquia alcoólica
Baldinger puxa uma grande chave do seu bolso e abre o portão que nos leva ao Vin Blanc d'Alsace (Vinho Branco da Alsácia), que acredita-se ser o mais antigo vinho branco mantidosua apostaum barril.
Baldinger explica que esse vinho só foi provado três vezes: a primeira foisua aposta1576, quando os habitantessua apostaZurique (que fica a 200km dali) enviaram uma quantidade enormesua apostamingau a Estrasburgo para mostrar que a cidade daria assistênciasua apostacasosua apostanecessidade.

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Em menossua aposta24 horas, o mingau chegou, ainda quente. Baldinger diz que Estrasburgo reagiu ao atosua apostabondade dando um gole do famoso vinho da cidade aos enviadossua apostaZurique.
A segunda prova aconteceusua aposta1718, durante a reconstrução do hospital após um incêndio devastador, quando a farmácia (que era uma padaria 200 anos atrás), a capela protestante e a adega foram as únicas construções não afetadas pelo desastre.
"Um frasco contendo o vinhosua aposta1472 foi simbolicamente derramado na primeira pedra do novo prédio e, nessa ocasião, o vinho foi provado pela segunda vez", explica Baldinger.
A terceira e última vez que o vinho foi tomado foisua aposta1944. Durante a Segunda Guerra Mundial, a adega operou sob o comando dos nazistas (que, segundo Thibaut, encheram a maioria dos barris com seu vinho preferido, o Bordeaux).
Após o fim da guerra e pouco depois da libertaçãosua apostaEstrasburgo, o general Leclerc (que mais tarde se tornaria Marechal da França) tomou um golesua apostacelebração do velho vinho.

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A maioria dos visitantes da adega não pode nem passar pelo portão, mas, talvez por sentir nosso entusiasmo, Baldinger perguntou se queríamos cheirar a jóia da adega. Bien sûr, respondemos.
Baldinger gentilmente tirou a rolha do barrilsua apostacarvalho e a colocou sob nossas narinas, permitindo que o cheiro penetrasse nossos olfatos.
Conhaque. Eu não sou uma sommelier experiente, mas, assim como o conhaque francês, o vinho tinha um cheiro que lembrava geleiasua apostaameixas, com tonssua apostabaunilha - algo que me lembrava da velha caixasua apostacharutos do meu avô. "Parece delicioso", eu disse, esperançosa. "Talvez um golinho?"
Bandinger balançou a cabeça. O pH do vinho, diz ele, é 2,28 - muito ácido para beber sem machucar o estômago (o pH da maioria dos vinhos brancos é mais alto que 3,0).

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Nem todo o vinho contido no barril foi produzidosua aposta1472, no entanto. "Acrescentamos vinho toda vez que o carvalho está seco", diz Baldinger. "Quatro vezes ao ano, entre 4 e 6 litros são adicionados aos 400 litros originais. Selecionamos um Riesling ou um Sylvander que envelheceram na nossa adega".
E as uvas originais usadas no vinho? "Infelizmente, não sabemos", diz Baldiner. "Houve muita mutação ao longo dos anos, e muita misturasua apostauvas nas vinícolas."
Suspirei ao ver Baldinger fechar o barril - estava disposta a passar mal do estômago para poder dizer que provei esse vinho especial. Além disso, deve haver um tratamentosua apostavinho para esse tiposua apostador, não é mesmo?
Felizmente, há vários outros tipossua apostavinhos vintage para provar. Baldinger abriu uma garrafasua apostaGewürztraminer e nos deu uma boa quantidade para provar.
Sentamos ao redorsua apostauma mesa com toalha quadriculada vermelha e branca e tomamos um gole: doce, como um buquêsua apostalichias, era delicioso e energizantesua apostauma noite úmida e chuvosa - e,sua apostafato, até 1990, duas taças desse líquido eram usadas para tratar infecções.
Ao sair da adega, comprei uma garrafa desse "remédio" da Alsácia para minha família colocar no seu armáriosua apostaremédios - ou mesasua apostajantar -sua apostacasa.
- sua aposta Leia a versão original desta matéria (em inglês) sua aposta no site da BBC Travel

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