Como o Japão é um país tão limpo mesmo sem latasstakes bonuslixo e varredores nas ruas:stakes bonus

A resposta mais simples é que os próprios habitantes cuidam disso. "Durante os 12 anosstakes bonusvida escolar, do ensino fundamental ao ensino médio, a limpeza faz parte da programação diária dos alunos", diz Maiko Awane, diretora-assistente do escritóriostakes bonusTóquio da Provínciastakes bonusHiroshima. "Em nossa vida doméstica, os pais nos ensinam que é ruim não mantermos nossas coisas e espaços limpos."

A inclusão desse elemento no currículo escolar ajuda as crianças a desenvolverem uma consciência e um orgulho sobre os ambientes que frequentam. Que alunos vão sujar ou depredar uma escola que têmstakes bonuslimpar?

"Às vezes, não queria limpar a escola", lembra a tradutora Chika Hayashi, "mas fazer isso era parte da rotina. Acho que terstakes bonuslimpar a escola é uma coisa boa, porque aprendemos que é importante assumir a responsabilidadestakes bonuscuidar das coisas e dos lugares que usamos."

Ao chegar à escola, os alunos deixam seus sapatosstakes bonusarmários e trocamstakes bonusroupa. Tambémstakes bonuscasa, as pessoas deixam seus calçados na entrada. Até os prestadoresstakes bonusserviço que vão a uma residência fazem isso.

E, à medida que as crianças crescem, o conceito do que constitui seu espaço se estende para além da salastakes bonusaula e passa a incluir a vizinhança, a cidade e o país.

Cuidado com a higiene está presente na vida cotidiana

Alguns exemplos desta característica japonesa se tornaram virais, como o ritualstakes bonussete minutosstakes bonuslimpezastakes bonustrens-bala, que se tornou uma atração turística por si só.

Até os torcedoresstakes bonusfutebol do Japão têm essa consciência. Nas Copas do Mundostakes bonus2014 e 2018, surpreenderam o mundo ao recolher o lixo no estádio ao fim das partidas. Os jogadores também deixaram o vestiáriostakes bonusperfeitas condições. "Que exemplo para todas as equipes!", tuitou a coordenadora-geral da Fifa, Priscilla Janssens.

Os japoneses são muito preocupados comstakes bonusreputação aos olhos dos outros, diz Awane. "Não queremos que os outros pensem que somos pessoas ruins ou sem educação."

Cenas semelhantes acontecemstakes bonusfestivaisstakes bonusmúsica. No Fuji Rock, o maior e mais antigo do Japão, os fãs mantêm o lixo com eles até encontrarem onde descartar. Os fumantes são instruídos a levar um cinzeiro portátil e a "evitar fumar onde isso possa afetar outras pessoas",stakes bonusacordo com o site do festival.

Também há exemplos dessa consciência na vida cotidiana. Por volta das 8h, funcionáriosstakes bonusescritórios e lojas limpam as ruas ao redorstakes bonusseu localstakes bonustrabalho. As crianças se voluntariam para participarstakes bonusuma faxina mensal, quando recolhem o lixo das ruas perto das escolas. Bairros também realizam eventos regularesstakes bonuslimpeza. Não que haja muito o que limpar, porque as pessoas levam seu lixo para casa.

Até as cédulas saem dos caixas eletrônicos tão limpas quanto uma camisa engomada. No entanto, o dinheiro fica sujo, e é por isso que nunca é colocado diretamente na mãostakes bonusalguém. Nas lojas, hotéis e atéstakes bonustáxis, há uma pequena bandeja para isso. A outra pessoa pega então o dinheiro dali.

A sujeira invisível — germes e bactérias — são outra fontestakes bonuspreocupação. Quando as pessoas pegam resfriados ou gripes, usam máscaras cirúrgicas para evitar infectar outras pessoas. Esse simples ato reduz a propagaçãostakes bonusdoenças e economiza uma fortunastakes bonusdiasstakes bonustrabalho perdidos e despesas médicas.

A origem da preocupação com a limpeza

Mas como os japoneses se tornaram tão preocupados com isso? Certamente, não é uma novidade, como mostra a biografia do marinheiro Will Adams, escrita por Giles Minton.

Em 1600, Adams tornou-se o primeiro inglês a pisar no Japão e encontrou uma "nobreza extremamente asseada" e um sistemastakes bonussaneamento "imaculado"stakes bonusum momentostakes bonusque as ruas da Inglaterra "frequentemente transbordavamstakes bonusexcrementos". Os japoneses "ficaram horrorizados" com a faltastakes bonuscuidado dos europeus com a higiene pessoal.

Em parte, isso se deve a preocupações práticas. Em um ambiente quente e úmido como o do Japão, a comida estraga rapidamente. Bactérias se proliferam. Os insetos abundam. Portanto, ter uma boa higiene significa ter uma boa saúde.

A limpeza também é uma parte central do budismo, que chegou da China e da Coréia entre os séculos 6 e 8. E, na versão zen do budismo, que veio da China nos séculos 12 e 13, tarefas diáriasstakes bonuslimpeza e culinária são consideradas exercícios espirituais, tal qual meditar.

"Todas as atividades da vida diária, incluindo refeições e limpeza dos espaços, devem ser vistas como uma oportunidadestakes bonuspraticar o budismo. Lavar a sujeira física e espiritual tem um papel importante nisso", diz Eriko Kuwagaki, do Templo Shinshoji,stakes bonusFukuyama.

Em O Livro do Chá (Editora Pensamento, 2009),stakes bonusKakuzo Okakura, sobre a cerimônia do chá e a filosofia zen que a permeia, o autor escreve que, na sala onde o ritual é realizado, "tudo está absolutamente limpo". "Nenhuma partículastakes bonuspoeira será encontrada no canto mais escuro, porque, se houver alguma, o anfitrião não é um mestre do chá."

Okakura escreveu essas palavrasstakes bonus1906, mas elas são válidas ainda hoje. Antesstakes bonusuma cerimôniastakes bonuschá na casa Seifukan,stakes bonusHiroshima, a assistente do mestre passa um rolostakes bonusfita adesiva no chão para retirar toda a poeira.

Então, por que todas as nações budistas não são tão zelosas com a limpeza quanto o Japão?

Bem, muito antes da chegada do budismo, o Japão já tinhastakes bonusprópria religião: o xintoísmo, que significa "o caminho dos deuses" e tem a limpeza como elemento básico. Portanto, a ênfase do budismo neste aspecto apenas reforçou algo que os japoneses já praticavam.

Um conceito-chave no xintoísmo é o kegare (impureza ou sujeira), o oposto da pureza. Exemplosstakes bonuskegare variamstakes bonusmorte e doença a praticamente qualquer coisa desagradável. Rituaisstakes bonuspurificação frequentes são necessários para afastar o kegare.

"Se um indivíduo é atingido por kegare, pode prejudicar a sociedade como um todo", explica Noriaki Ikeda, sacerdote xintoísta no santuáriostakes bonusKanda,stakes bonusHiroshima. "Portanto, é vital praticar a limpeza. Isso purifica e ajuda a evitar trazer calamidades à sociedade. É por isso que o Japão é um país muito limpo."

Essa preocupação com os outros é compreensível no caso de, digamos, doenças infecciosas. Mas também funcionastakes bonusníveis mais prosaicos, como coletar seu próprio lixo. Como Awane coloca: "Nós japoneses acreditamos que não devemos incomodar os outros ao sermos preguiçosos e negligenciarmos o lixo que criamos".

Há muitos exemplosstakes bonusrituaisstakes bonuspurificação xintoístas na vida cotidiana. Antesstakes bonusentrarstakes bonusum santuário, os fiéis enxaguam as mãos e a boca com águastakes bonusuma baciastakes bonuspedra.

Muitos japoneses levam seu carro novo para ser purificado pelo sacerdote, que agita uma varinha chamada onusa em volta do carro. Ele então abre as portas, capô e o porta-malas para purificar o interior.

O sacerdote também purifica pessoas, agitando a onusa de um lado para o outro sobre elas. Ele a usa até para purificar as terras onde um novo prédio será erguido.

Se você mora no Japão, logo se vê adotando um estilostakes bonusvida mais higiênico. Parastakes bonusassoar o narizstakes bonuspúblico, usa desinfetantes para as mãos fornecidos aos clientesstakes bonuslojas e escritórios e aprende a separar o lixo domésticostakes bonusdez tipos diferentes para facilitar a reciclagem.

E, como Adamsstakes bonus1600, descobre questakes bonusqualidadestakes bonusvida melhora. Então, quando volta parastakes bonusterra natal, fica chocado com os bárbaros que espirram e tossem nastakes bonuscara. Ou entram emstakes bonuscasa com sapatos sujos. Coisas impensáveis no Japão.

Mas ainda há esperanças. Afinal, outras instituições culturais japonesas, como o sushi, os celulares com câmera e Pokémon, também levaram algum tempo até se popularizarem no resto do mundo.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site da BBC Travel.

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