A jovem que sonhava ser astronauta e morreusportingnet comnaufrágio tentando chegar à Itália :sportingnet com

"Eu disse a ela: 'Vai minha filha, que Deus te proteja'", diz Mahtab. "Ela era muito capaz."

Maeda ficou quatro dias no mar depois que o barcosportingnet comque ela viajava partiu da Turquiasportingnet com22sportingnet comfevereiro.

"Olá mãe, espero que esteja bem. Estou bem e feliz. Ainda estou no barco. Vamos desembarcarsportingnet com30 minutos", disse ela emsportingnet comúltima mensagemsportingnet comvoz para Mahtab, com o som do motor do barco e das ondas ao fundo.

Em seguida, um texto final: "Minha querida mãe, estou quase na Itália, chegando daqui a pouco, feliz e saudável. Não se preocupe."

Então veio a notíciasportingnet comque o barcosportingnet commigrantes superlotado havia quebrado no mar agitado, já com litoral sul da Itália,sportingnet comCrotone,sportingnet comvista.

Das cercasportingnet com200 pessoas a bordo, pelo menos 86 morreram. O corposportingnet comMaeda foi encontrado quase três semanas depois. Ainda há desaparecidos.

'Pedi que ela voltasse'

É raro mulheres jovens fazerem essas viagens sozinhas porque os riscos são muito altos — mas Mahtab diz quesportingnet comfilha mais velha estava determinada.

Sete meses antes, Maeda havia levado um tiro na perna enquanto cruzava do Irã para a Turquia, dissesportingnet comfamília. Não se sabe exatamente quem atirou nela, já que os guardassportingnet comfronteirasportingnet comambos os lados são armados, assim como os contrabandistassportingnet compessoas.

Mas isso não pareceu deter Maeda — ela passou 10 dias com a bala na perna, temendo ser descoberta e deportada se buscasse auxílio médico.

Maeda fez várias tentativas frustradassportingnet comchegar à Europa, antessportingnet comtentar a travessia para Crotone.

"Eu estava preocupado com ela e pedi que ela voltasse para o Irã", diz Mahtab. "Eu disse a ela: 'Você não está cansadasportingnet comtentar sempre ir para o exterior?'"

Em 2022, os afegãos representaram 13%sportingnet comtodos os pedidossportingnet comasilo nos 27 membros da União Europeia, Suíça e Noruega, segundo dados oficiais.

A Turquia é o principal pontosportingnet comtrânsito para os afegãos que tentam chegar à Europa. Eles sobem pelos Bálcãs ou tentam cruzar por mar para chegar a países como a Itália, como fez Maeda.

Os riscos são grandes. Grupossportingnet commonitoramento dizem que maissportingnet com20 mil pessoas morreram ou desapareceram no mar no Mediterrâneo central desde 2014.

Dois sobreviventes do barcosportingnet comque Maeda estava disseram à BBC que a embarcação quebrou logo após deixar a costa turca — os contrabandistas então enviaram outro barco e as pessoas foram transferidas.

Meraj, um afegão que estava no barco, diz que a navegação foi difícil — mas eles estavam otimistas quando se aproximaram da terra. Seu nome verdadeiro foi trocado para protegersportingnet comidentidade.

"Outra embarcação então se aproximousportingnet comnós e apontou as luzes para o nosso barco. Nossos capitães entraramsportingnet compânico e tentaram virar o barco", diz ele.

"Nosso barco fez uma volta, depois fez outra. Na terceira volta ele atingiu algo duro e se partiu. Famílias e crianças estavam no convés inferior, homens e migrantes solteiros estavam no convés superior."

"Lembro do barco enchendosportingnet comágua, até o meu pescoço. Depois senti cheirosportingnet comóleo e desmaiei. Não me lembro o que aconteceu depois."

Meraj foi levado à praia. Ele é um dos 80 sobreviventes. Ele não sabe o que aconteceu com seus parentes que também estavam no barco.

As autoridades italianas prenderam três pessoas: um turco e dois paquistaneses que seriam os capitães do barco.

A polícia estima que cada passageiro pagou US$ 8,5 mil por um lugar na embarcação.

À medida que a notícia do naufrágio se espalhava, as famílias começaram a chegar ao sul da Itália, na esperançasportingnet comencontrar seus parentes desaparecidos.

Laila Timory,sportingnet com47 anos, dirigiu sem parar da Alemanha.

"Achei que finalmente veria meu irmão depoissportingnet comtodos esses anos."

Laila deixou a provínciasportingnet comKunduz, no Afeganistão,sportingnet com2015. Ela ainda se lembra da breve despedida que teve do irmão, Zabih, um advogado do governo que temia o Talebã.

"Pedimos perdão caso não nos víssemos novamente no futuro."

Zabih Timory,sportingnet com33 anos,sportingnet comesposa Mina,sportingnet com23, e seus filhos Haseeb, Arif e Akif, estavam todos no barco no acidentesportingnet com26sportingnet comfevereiro.

"Quando cheguei ao local, a primeira coisa que encontrei foi o cadáver do meu sobrinho Haseeb,sportingnet com18 meses", disse Laila à BBC.

"Eles [as autoridades italianas] me levaram para um quarto e me deram fotos para identificar. Fotos dos mortos, fotossportingnet compessoas no hospital e fotossportingnet comsobreviventes que estão no acampamento. Mas não pude ver o resto da minha família."

Laila então foi à praia procurá-los.

"Não podia ficar sentada esperando, vi destroços do barco, vi roupas. Tive a sensaçãosportingnet comque meu irmão poderia estar enterrado na areia, esperando minha ajuda", diz ela.

"Tudo o que consegui encontrar foram seus sapatos. Mais tarde, encontrei um blusão e a bolsasportingnet comsua esposa."

Laila esportingnet comfilha passaram quase quinze dias procurando. Os corpossportingnet comMina e Akif foram encontrados e transferidos junto com osportingnet comHaseeb para a Alemanha.

Mas Zabih e Arif ainda estão desaparecidos. A única esperançasportingnet comLaila é que seus corpos acabem chegando à praia.

"É muito difícil. Ouvimos dizer que metade das pessoas no barco se afogou e está no fundo do mar. Alguns corpos nem podem ser reconhecidos depoissportingnet comtanto tempo na água", diz ela.

"Tudo o que queremos é encontrar os corpossportingnet comnossos entes queridos para mandá-los para casa para o enterro, para que possam descansarsportingnet compaz."

De volta ao Irã, os paissportingnet comMaeda passaram semanas rezando por boas notícias. Por serem refugiados afegãos no Irã, eles não conseguiram um visto para viajar à Itália para procurar por Maeda.

Enquanto esperava, Mahtab não permitiu que ninguém realizasse o funeralsportingnet comsua filha.

Ao chegar à Europa antessportingnet comcompletar 18 anos, Maeda esperava conseguir que seus pais e três irmãos mais novos se juntassem a ela como partesportingnet comum esquemasportingnet comreunificação familiar.

"Ela sempre dizia: 'Mãe, por favor, não me faça casar tão jovem como você'", lembra Mahtab.

"Eu tenho grandes sonhos. Sei que meu pai é apenas um trabalhador comum e não pode fazer muito — então tenho que ir para o exterior para ter sucesso."

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