'Meus pais iam me matar para limpar a honra da família': jovem trans conta como escapouolimpíadas de inverno 2024ser morto por preconceito na Índia:olimpíadas de inverno 2024

Para uma mulher na Índia rural, querer reivindicar o direitoolimpíadas de inverno 2024se identificar como um homem trans pode levar a uma forte retaliação.

Manoj conta que foi retirado da escola do vilarejo,olimpíadas de inverno 2024um dos estados mais pobres da Índia — Bihar, no norte do país —, e obrigado a se casar com um homem com o dobro daolimpíadas de inverno 2024idade.

"Pensei atéolimpíadas de inverno 2024tirar minha própria vida, mas minha namorada me apoiouolimpíadas de inverno 2024meio a isso tudo. Se estou vivo, e estamos juntos agora, é porque ela não desistiuolimpíadas de inverno 2024mim", afirma.

Agora com 22 anos, escondidoolimpíadas de inverno 2024uma cidade grande desde o ano passado, Manoj eolimpíadas de inverno 2024namorada, Rashmi, aguardam ansiosamente o veredicto da Suprema Corteolimpíadas de inverno 2024relação à petiçãoolimpíadas de inverno 2024que pedem o direito legalolimpíadas de inverno 2024se casar.

A Índia descriminalizou o sexo gayolimpíadas de inverno 20242018, mas os casamentos entre pessoas do mesmo sexo ainda não são reconhecidos. A Suprema Corte recebeu 21 petições neste ano solicitando a legalização — e uma decisão é esperadaolimpíadas de inverno 2024breve.

Enquanto outros defendem o direito ao casamento como uma questãoolimpíadas de inverno 2024igualdade, a petiçãoolimpíadas de inverno 2024Manoj e Rashmi, apresentadaolimpíadas de inverno 2024conjunto com dois casais e quatro ativistas feministas LGBTQ+, argumenta que o casamento é uma saída para a violência física e mental brutal infligida a eles por suas próprias famílias.

"O reconhecimento legal do nosso relacionamento é a única saída desta vidaolimpíadas de inverno 2024medo", diz Manoj.

A Índia tem meio milhãoolimpíadas de inverno 2024pessoas transgênero,olimpíadas de inverno 2024acordo com o último censoolimpíadas de inverno 20242011, um número que os ativistas acreditam ser significativamente subestimado.

Em 2014, a Suprema Corte decidiu que as pessoas trans deveriam ser reconhecidas como o terceiro gênero. Cinco anos depois, a Índia aprovou uma lei que proíbe a discriminação na educação, no mercadoolimpíadas de inverno 2024trabalho e nos serviçosolimpíadas de inverno 2024saúde — e criminaliza as ofensas contra elas, incluindo abuso físico, sexual, emocional e econômico.

Mas a violência por parte das famílias é um desafio complexo.

Famílias violentas

A maior parte das leis e da sociedade vê a famíliaolimpíadas de inverno 2024sangue, por casamento ou adoção como o espaço mais seguro para os indivíduos, diz Veena Gowda, advogada feministaolimpíadas de inverno 2024Mumbai.

"A violência familiar não é desconhecida para nenhumolimpíadas de inverno 2024nós, seja contra a esposa, filhos ou pessoas trans queer. Mas é conscientemente invisível, pois vê-la e reconhecê-la significaria questionar a própria instituição da 'família'", acrescenta.

Gowda fez parteolimpíadas de inverno 2024um painel composto por um juiz aposentado, advogados, acadêmicos, ativistas e uma assistente social do governo que ouviu depoimentos detalhados da violência familiar enfrentada por 31 pessoas da comunidade LGBTQ+olimpíadas de inverno 2024uma audiência pública a portas fechadas.

As descobertas foram publicadasolimpíadas de inverno 2024abril deste anoolimpíadas de inverno 2024um relatório intitulado 'Apno ka bahut lagta hai' ("Os nossos são os que mais nos machucam",olimpíadas de inverno 2024tradução livre), que recomendava que as pessoas LGBTQ+ tivessem o direitoolimpíadas de inverno 2024escolherolimpíadas de inverno 2024própria família.

"Vendo a natureza da violência enfrentada pelos depoentes, se eles não tiverem o direitoolimpíadas de inverno 2024escolherolimpíadas de inverno 2024própria família, livreolimpíadas de inverno 2024violência, isso equivaleria a negar a eles o próprio direito à vida e à vida com dignidade", avalia Gowda.

"O direitoolimpíadas de inverno 2024casar seria uma formaolimpíadas de inverno 2024criar esta nova família e redefini-la."

Alguns meses após seu casamento forçado, Manoj tentou se reaproximarolimpíadas de inverno 2024Rashmi, mas foi flagrado por seu "cônjuge", que ele diz ter ameaçado agredir sexualmente os dois.

Eles fugiram para a estação ferroviária mais próxima e embarcaram no primeiro trem que estava saindo, mas ele diz que foram encontrados pela família e levados para casa para uma nova rodadaolimpíadas de inverno 2024espancamentos.

"Ele estava sendo forçado a assinar uma 'cartaolimpíadas de inverno 2024suicídio' que me culpava porolimpíadas de inverno 2024morte", relembra Rashmi.

A resistênciaolimpíadas de inverno 2024Manoj fez com que ele fosse trancafiado novamente, e seu telefone celular fosse confiscado.

Só depois que Rashmi entrouolimpíadas de inverno 2024contato com um grupo feminista LGBT e a delegacia da mulher local, que eles conseguiram proteção, e Manoj escapou da casa da família.

Eles foram para um abrigo do governo para pessoas trans, mas logo tiveram que se mudar porque Rashmi não é trans.

Fuga e sobrevivência

Manoj também conseguiu o divórcio. Mas são poucos os sistemasolimpíadas de inverno 2024apoio que ajudam a escaparolimpíadas de inverno 2024famílias violentas e a construir uma vida nova.

Koyel Ghosh, que adota o pronomeolimpíadas de inverno 2024gênero neutro da língua inglesa "they", é responsável pela administração da Sappho for Equality, o primeiro coletivo lésbico-bissexual-transmasculinoolimpíadas de inverno 2024direitos humanos no leste da Índia, criado há duas décadas.

Ghosh se lembra claramente do dia,olimpíadas de inverno 20242020,olimpíadas de inverno 2024que recebeu um telefonema na centralolimpíadas de inverno 2024atendimento sobre um casal que havia fugido para uma cidade no leste da Índia, mas teve que dormir na calçada por sete noites.

"Alugamos um espaço e colocamos eles lá para que tivessem um abrigo temporário por três meses e pudessem se concentrarolimpíadas de inverno 2024conseguir um emprego, pois é a única maneiraolimpíadas de inverno 2024construir uma vida nova", relembra.

Além do estigma social, da ameaçaolimpíadas de inverno 2024violênciaolimpíadas de inverno 2024casa, da educação interrompida e dos casamentos forçados, muitas pessoas trans também têm dificuldadeolimpíadas de inverno 2024encontrar um emprego estável.

O último censo da Índia mostrou que a taxaolimpíadas de inverno 2024alfabetização delas, 49,76%, era muito menor do que a do país, 74,04%.

De acordo com uma pesquisa feita,olimpíadas de inverno 20242017, com 900 pessoas trans pela Comissão Nacionalolimpíadas de inverno 2024Direitos Humanosolimpíadas de inverno 2024Déli e Uttar Pradesh, 96% tiveram empregos negados ou foram forçados a pedir esmola e se prostituir.

A Saphho montou um abrigo para ajudar casaisolimpíadas de inverno 2024fuga a reconstruir suas vidas — 35 casais ficaram alojados lá nos últimos dois anos.

É um trabalho duro. Ghosh recebeolimpíadas de inverno 2024três a cinco telefonemas pedindo socorro diariamente e contata regularmente uma redeolimpíadas de inverno 2024apoioolimpíadas de inverno 2024advogados para encontrar soluções.

"Recebi ameaçasolimpíadas de inverno 2024morte, enfrentei multidõesolimpíadas de inverno 2024vilarejos, hostilidadeolimpíadas de inverno 2024delegaciasolimpíadas de inverno 2024polícia, porque também revelo minha identidade queer, e eles simplesmente não conseguem lidar com isso", afirma.

Quando Asif, um homem trans, eolimpíadas de inverno 2024namorada, Samina, procuraram Ghosh, eles estavam na delegaciaolimpíadas de inverno 2024polícia localolimpíadas de inverno 2024um vilarejo no leste da Índia.

Samina alega que os policiais a chamaramolimpíadas de inverno 2024eunuco — e disseram que ela deveria ter morridoolimpíadas de inverno 2024vezolimpíadas de inverno 2024tornar público seu relacionamento.

Amigosolimpíadas de inverno 2024infância que viraram amantes, eles haviam fugidoolimpíadas de inverno 2024suas famílias duas vezes antes, mas acabaram sendo levadosolimpíadas de inverno 2024volta. Esta eraolimpíadas de inverno 2024última chanceolimpíadas de inverno 2024escapar, e eles precisavamolimpíadas de inverno 2024ajuda.

"Só quando Ghosh chegou que o mau comportamento da polícia parou. Um superior repreendeu os subalternos por seu preconceito e ignorânciaolimpíadas de inverno 2024relação às leis como funcionários públicos”, diz Samina.

Agora vivendo com segurançaolimpíadas de inverno 2024uma cidade grande, o casal é um dos signatários da petiçãoolimpíadas de inverno 2024Manoj e Rashmi na Suprema Corte.

"Estamos felizes agora. Mas precisamos deste pedaçoolimpíadas de inverno 2024papel, uma certidãoolimpíadas de inverno 2024casamento, para deter nossas famílias e comunidade com o medoolimpíadas de inverno 2024penalidades ou ação policial", explica Asif.

"Se a Suprema Corte não nos ajudar, podemos ter que morrer. Nunca seremos aceitos como somos, continuaremos foragidos, sempre com medoolimpíadas de inverno 2024sermos separados", acrescenta.

Os nomes dos signatários da petição foram alterados para proteger suas identidades.