Como escravidão e racismo alimentaram gordofobia, segundo socióloga:casas de apostas brasileiras com bônus

O tráficocasas de apostas brasileiras com bônusnegros africanos como escravizados foi uma das principais atividades comerciais dos países dominantes no períodocasas de apostas brasileiras com bônus1501 a 1867. Antes disso, segundo Strings, os padrõescasas de apostas brasileiras com bônusbeleza na Europa — especialmente os femininos — eram muito similares àqueles vistoscasas de apostas brasileiras com bônusmuitas obras renascentistas: corpos mais cheios e com muitas curvas.

Mas segundo a tese defendida pela pesquisadora, o padrãocasas de apostas brasileiras com bônuscorpo ideal teria passado a ser mais magro e longilíneo a partir do momentocasas de apostas brasileiras com bônusque os escravizados, tirados à força da África, começaram a ser considerados "gordos demais" ou julgados pela quantidadecasas de apostas brasileiras com bônusalimentos que ingeriam.

"Durante o Renascimento, que também coincidiu com a ascensão do comérciocasas de apostas brasileiras com bônusescravizados, nasceu na mentalidade europeia uma conexão entre negritude e gordura", diz Strings à BBC News Brasil.

"Os europeus passaram a visitar as colônias e disseminar a ideiacasas de apostas brasileiras com bônusque os negros comiam demais e, como resultado, tendiam a ser mais gordos."

Aqui, segundo explica a socióloga, há também um elemento que é constantemente discutido por pesquisadorescasas de apostas brasileiras com bônusuma áreacasas de apostas brasileiras com bônusestudos conhecida como pós-colonialismo.

Segundo esse pontocasas de apostas brasileiras com bônusvista,casas de apostas brasileiras com bônusseu esforçocasas de apostas brasileiras com bônusconquistar novos territórios, os europeus teriam promovido uma ideiacasas de apostas brasileiras com bônuscontrastecasas de apostas brasileiras com bônusrelação aos povos colonizados.

Ou seja,casas de apostas brasileiras com bônusque eles eram exatamente o oposto dos africanos, sul-americanos e asiáticos nativoscasas de apostas brasileiras com bônustermos religiosos, morais e até físicos.

Portanto, se os negros eram mais encorpados, os brancos precisavam buscar a magreza.

"Os europeus se viam como mais racionais, lógicos e disciplinados. E por isso decidiram criar um padrãocasas de apostas brasileiras com bônusbeleza para suas mulheres que fosse representativo daqueles que consideram seus ideais e valores", opina a professora da Universidade da Califórnia Irvine.

"Assim, por volta do século 18, foi disseminada a ideiacasas de apostas brasileiras com bônusque as mulheres,casas de apostas brasileiras com bônusparticular, deveriam ser esbeltas e que esse era o padrão a ser desejado pelos homens".

Ainda segundo a socióloga, mesmo os cientistas da época pregavam a ideiacasas de apostas brasileiras com bônusque as mulheres africanas eram mais propensas a engordar do que as europeias.

"Dizia-se que os homens da África gostavamcasas de apostas brasileiras com bônussuas mulheres robustas e a imprensa europeia divulgava supostos eventos culturais realizados no continente que eram descritos como festivais destinados a engordar as mulheres".

'O IMC não é uma ferramenta confiável'

O idealcasas de apostas brasileiras com bônusbeleza magro foi sendo reforçado e adaptado aos diferentes períodos ao longo da história, mas segundo Sabrina Strings, a associação entre racismo e gordofobia nunca deixoucasas de apostas brasileiras com bônusexistir.

"As mulheres não-brancas são vítimas mais frequentes da gordofobia, especialmente nos Estados Unidos", diz a pesquisadora, que é americana.

Segundo ela, essa relação ficou ainda mais evidente durante a pandemiacasas de apostas brasileiras com bônuscovid-19, quando, para tentar explicar porque mais membros da comunidade afro-americana estavam morrendo da doença nos EUA, muitos pesquisadores e médicos passaram a citar o excessocasas de apostas brasileiras com bônuspeso, a má alimentação e a faltacasas de apostas brasileiras com bônusexercícios físicos como causas.

"A narrativacasas de apostas brasileiras com bônusque o peso dos negros é um prenúnciocasas de apostas brasileiras com bônusdoenças e da morte há muito tempo serve como uma perigosa distração das verdadeiras fontescasas de apostas brasileiras com bônusdesigualdade — e isso está acontecendo novamente", diz.

Estudos realizados entre a população americana já mostraram que as taxascasas de apostas brasileiras com bônussobrepeso e obesidade são maiores nas comunidades negras, especialmente nas mulheres.

Mas para Sabrina Strings, esses dados devem ser analisados com cuidado, já que o principal índice usado para calcular o peso idealcasas de apostas brasileiras com bônuscada pessoa, o IMC (índicecasas de apostas brasileiras com bônusmassa corporal), não traduz da forma correta todas as especificidades e diferenças corporais da população mundial.

"O IMC não é uma ferramenta confiável. Sabemos que existem muitas variações físicas entre pessoascasas de apostas brasileiras com bônussexos e cores diferentes, então qual o sentidocasas de apostas brasileiras com bônusestabelecer um único padrão para todos?", questiona a pesquisadora.

A fórmula do IMC divide o peso do indivíduo pelo quadradocasas de apostas brasileiras com bônussua altura. Os resultados são divididoscasas de apostas brasileiras com bônuscinco faixas, que classificam as pessoas como abaixo do peso, peso saudável, sobrepeso e obeso.

Strings alerta, porém, que essa fórmula foi desenvolvida com basecasas de apostas brasileiras com bônusdados restritos e que, portanto, não reflete a realidadecasas de apostas brasileiras com bônusboa parte da população mundial, ainda que seja considerada padrão pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e por diversos países.

O índice foi criado pelo matemático belga Lambert Adolphe Jacques Quetelet na décadacasas de apostas brasileiras com bônus1830, que usou dadoscasas de apostas brasileiras com bônuscompanhiascasas de apostas brasileiras com bônusseguro médico europeias para chegar até a fórmula. "Quem possuía seguro médico naquela época eram homens brancoscasas de apostas brasileiras com bônusclasse média", diz a socióloga.

A discussão sobre as limitações do IMC não é nova e vêm crescendo na comunidade médica há alguns anos. Segundo especialistas, o índice não levacasas de apostas brasileiras com bônusconsideração a composição corporal e tampouco reflete necessariamente o estadocasas de apostas brasileiras com bônussaúdecasas de apostas brasileiras com bônusuma pessoa.

Para a socióloga da Califórnia, usar somente uma fórmula como base para todos é não só uma formacasas de apostas brasileiras com bônusracismo, mas também prejudicial para os próprios serviçoscasas de apostas brasileiras com bônussaúde prestados a diferentes grupos.

“Sempre ouvimos que obesidade causa diabetes, mas nas comunidades negras essa relação está ficando cada vez mais fraca. Ou seja, outra coisa está causando diabetes e não sabemos o que é”.

A relação entre peso e classe social

Sabrina Strings também ressalta que há uma conexão muito forte entre o sobrepeso e as condições financeirascasas de apostas brasileiras com bônusuma pessoa.

"Existe uma forte relação entre peso e classe social que é contra-intuitiva. Tendemos a pensar que uma pessoacasas de apostas brasileiras com bônusmais baixa renda não teria dinheiro suficiente para comer, mas a verdade é que os alimentos ultraprocessados são muitas vezes mais baratos", diz.

"E não é só uma questãocasas de apostas brasileiras com bônuspeso. Esses alimentos não só engordam mais, como também são menos saudáveis pela enorme quantidadecasas de apostas brasileiras com bônushormônios, sal e outros químicos que contêm".

Para a pesquisadora, o combate às desigualdades sociais e raciais deveria ser prioridade não só na luta contra a obesidade e as doenças associadas, mas também na batalha contra a própria gordofobia.

Há outras teorias?

Há quem acredite, porém, que a origem da gordofobia está relacionada a mais do que um único fator.

Uma dessas correntes, por exemplo, atribui o surgimento desse tipocasas de apostas brasileiras com bônuspreconceito a um fascício pela antiguidade clássica durante o século 18.

A burguesia teria sido influenciada pelo impulsocasas de apostas brasileiras com bônusse parecer com os gregos e romanos ecasas de apostas brasileiras com bônusgostarcasas de apostas brasileiras com bônuscorpos mais magros e musculosos.

Segundo especialistas, as figuras encorpadascasas de apostas brasileiras com bônusRubens pouco a pouco deram lugar a nus mais suaves e esbeltos na arte neoclássica. Simultaneamente, a moda passou a comercializar roupascasas de apostas brasileiras com bônusmedidas menores, para se assemelhar à escultura antiga.

Outra teoria aponta a influência dos primórdios literários do Romantismo no final do século 18 como elemento que pode ter influenciado a valorização da magreza.

Muitas das obras desse período apresentavam uma personagem fictícia, feminina ou masculina, dotadacasas de apostas brasileiras com bônusuma espéciecasas de apostas brasileiras com bônus"magreza fatal" e uma vilania convincente. Essa figuras normalmente eram descritas como indivíduoscasas de apostas brasileiras com bônusrosto marcado, estutura alta e longilínea e muita energia.

E apesarcasas de apostas brasileiras com bônuspouco ortodoxa, acredita-se que essa magreza extrema acabou se tornando popular justamente porcasas de apostas brasileiras com bônusmorbidez e sugestãocasas de apostas brasileiras com bônuspráticas proibidas e preocupações profanas.

Mais recentemente, a comunidade médica passou a ser apontada por muitos como responsável por vilanizar a obesidade e, por consequência, estimular a gordofobia.

- Este texto foi originalmente publicadocasas de apostas brasileiras com bônushttp://www.mi-rob.com/articles/c721j8j91lwo