'Minha filha foi forçada a ter bebê sem crânio. Luto para que caso não se repita':casas de aposta brasileira

Crédito, Valentina Oropeza, BBC
Delmy participou da audiência pública do caso Beatriz na Corte Interamericanacasas de aposta brasileiraDireitos Humanos
Delmy também estava com Beatriz no diacasas de aposta brasileiraque ela recebeu, no hospital, um berço, "presente" enviado por desconhecidos para aplaudir a decisão da Câmara Constitucionalcasas de aposta brasileiraEl Salvadorcasas de aposta brasileiranegar-lhe o aborto, apesarcasas de aposta brasileiraa interrupção dessa segunda gravidez — que era inviável — ser recomendada por uma comissão médicacasas de aposta brasileira15 especialistas como uma saída para salvar a vida da jovem salvadorenha, que tinha 22 anos à época.
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Fim do Matérias recomendadas
Dez anos depois dessa decisão, Delmy participou da primeira audiência pública realizada pela Corte Interamericanacasas de aposta brasileiraDireitos Humanos (CIDH), nos dias 22 e 23casas de aposta brasileiramarçocasas de aposta brasileiraSan José, na Costa Rica, para determinar se o Estadocasas de aposta brasileiraEl Salvador violou os direitoscasas de aposta brasileiraBeatriz por submetê-la a tratamento cruel e degradante ao proibi-lacasas de aposta brasileirafazer um aborto.
Beatriz tornou-se um símbolocasas de aposta brasileiraEl Salvador, um dos lugares com as leis antiaborto mais restritivas do mundo.
O país localizado na América Central condena o procedimentocasas de aposta brasileiratodas as circunstâncias, com penas que podem implicar entre 30 e 50 anoscasas de aposta brasileiraprisão se a mulher for acusadacasas de aposta brasileirahomicídio qualificado.
Esse processo é o primeiro casocasas de aposta brasileiranegaçãocasas de aposta brasileiraaborto a ser julgado na CIDH. A decisão abrirá um precedente sobre o direito ao aborto para os demais países da região que assinam a Convenção Americanacasas de aposta brasileiraDireitos Humanos.
No depoimento que você confere a seguir, Delmy relata,casas de aposta brasileiraprimeira pessoa, a experiênciacasas de aposta brasileirasua família na última década, incluindo a mortecasas de aposta brasileiraBeatriz devido a um acidente que ocorreu anos depois da gravidez.

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Beatriz tornou-se um símbolocasas de aposta brasileiraEl Salvador, um dos lugares com as leis antiaborto mais restritivas do mundo
'Uma camiseta pequenina'
Beatriz sofriacasas de aposta brasileiralúpus eritematoso sistêmico, doençacasas de aposta brasileiraque o sistema imunológico ataca os tecidos saudáveis do corpo. Essa condição colocoucasas de aposta brasileirarisco a vida dela e do bebê durante a primeira gestação. O filho nasceu prematuro e pesava menoscasas de aposta brasileiradois quilos.
"O mais difícil da primeira gravidezcasas de aposta brasileiraBeatriz foi a pré-eclâmpsia.
Antescasas de aposta brasileiraentrarcasas de aposta brasileiratrabalhocasas de aposta brasileiraparto, eles fizeram transfusãocasas de aposta brasileirasangue nela. Fui vê-la e encontrei Beatriz tremendocasas de aposta brasileirafrio. A internação foi necessária, porque ela chegou com um quadrocasas de aposta brasileiracansaço e estava respirando muito forte.
O bebê nasceu prematuro, estava muito abaixo do peso. Ainda tenho uma cuturina [camisetacasas de aposta brasileirabebê]casas de aposta brasileiraquando ele nasceu no hospital. A cuturina é assim [Delmy forma um L com a mão, usando o dedo indicador e o polegar], uma camiseta pequenina.
Quando me deram o bebê no hospital, ele cabia na minha mão. Mas eu não estava chorando.
A Beatriz me disse que, quando o viu, teve penacasas de aposta brasileirao terem ligado a um montecasas de aposta brasileiratubinhos e fios.
Pensávamos que ele não ia sobreviver.
Por isso, ela não usou método contraceptivo depois da primeira gravidez. Beatriz achava que o filho não ia viver, e ela queria ter um filho.
Beatriz nunca conseguiu amamentar. Acho que porque ela estava tomando um remédio forte [para tratar o lúpus]. A criança foi criada apenas com fórmula infantil."

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Beatriz foi símbolo nos protestos pelo Dia da Mulhercasas de aposta brasileiraEl Salvador
81 dias hospitalizada
Um ano e meio após o nascimento do primeiro filho, Beatriz soube que estava grávida pela segunda vez. Ela tinha medocasas de aposta brasileirapassar pelas mesmas complicações que o lúpus causou na primeira ocasião.
Os médicos alertaram que o bebêcasas de aposta brasileiradesenvolvimento, uma menina, sofriacasas de aposta brasileiraanencefalia: uma malformação congênita que impediria o crescimento do crânio e do cérebro, órgão que controla todas as funções do corpo.
Dado que o bebê não sobreviveria, Beatriz solicitou ao Estado salvadorenho que permitisse a realizaçãocasas de aposta brasileiraum aborto. O pedido foi negado.
"Um dia, Beatriz acordou com feridas no rosto, como se fosse uma catapora. Apareceram umas bolsas na pele. Quando elas estouraram, saiu pus e sangue. Aí o tempo foi passando e isso se espalhou pelo corpo todo. As mãos e os pés dela estavam cheioscasas de aposta brasileiraferidas.
Beatriz não conseguia andar. Coloquei um tecido que ela segurava com a ponta dos dedos para cobrir o corpo. Era uma dor insuportável.
Beatriz não morava comigo, ela estava com o companheiro. Porém, quando surgiu esse problema, ela me procurou para levá-la nas consultas.
Quando fizeram exames para ver o que haviacasas de aposta brasileiraerrado, descobriram que Beatriz estava grávida.
Para mim, foi um baque muito duro porque eu sabia que, se ela engravidasse novamente, teria que passar por um processo mais difícil do que da primeira vez, pois o estadocasas de aposta brasileirasaúde era mais crítico naquele momento.
Quando nos deram a notícia, nós a levamos ao Hospital Rosales. Eu tinha que ir todos os dias da cidadecasas de aposta brasileiraUsulután até a capital, San Salvador. Eram duas horascasas de aposta brasileiraônibus. Tinha que sair às 6h da manhã para estar lá às 8h. Houve até momentoscasas de aposta brasileiraque eles não me deixaram entrar... Tinha que esperar até a hora da visita, às 11h ou 12h.
Eu tentava entrar mais cedo porque a Beatriz não conseguia comer até que eu chegasse ao hospital. As mãozinhas dela estavam enfaixadas, por causa das feridas.
Ela também não podia ir ao banheiro. Ela tinha que esperar, e as enfermeiras sempre estavam ocupadas. Um dia, Beatriz me disse: 'Tenho vergonhacasas de aposta brasileirapedir.'
E ela esperava até a horacasas de aposta brasileiraque eu chegava
Ela também tinha dificuldade para comer. Primeiro, porque a garganta doía. Segundo, porque a comida do hospital era péssima."

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Beatriz sentada, no centro da foto, quando tinha 15 anos
"E era assim todos os dias.
Eu trabalhavacasas de aposta brasileirauma queijaria, e minhas companheiras cobriam meu horário para que eu pudesse estar nesse processo. Beatriz e eu estávamos juntas no horáriocasas de aposta brasileiravisitas. Quando diziam: 'Bem, todos os visitantes devem ir embora', eu me escondia e depois voltava.
Durante o tempocasas de aposta brasileiraque esteve internada no Hospital Rosales, Beatriz choroucasas de aposta brasileirador.
Quando a transferiram para a maternidade, na horacasas de aposta brasileiraque acabou todo o processo [a cesariana da segunda gravidez], ela me disse: 'Quando é que vão fazer o que dizem? Eu não quero estar aqui'.
Ela ficou internada durante 81 dias.
Eles a mantiveramcasas de aposta brasileiraum quarto na frente da enfermaria,casas de aposta brasileiraum espaço muito pequeno, que mal cabia a cama dela. Ela se sentia confinada, e não podia ver o primeiro filho.
Como o companheirocasas de aposta brasileiraBeatriz se dedicava a cuidar da criança, ele raramente conseguia estar com ela. Depois que ela saiu do hospital, eles voltaram a ficar juntos.
Beatriz tinha um telefone e teve acesso às coisas que eram ditas sobre ela. Eles a discriminaram. Muitos diziam: 'Por que ela abriu as pernas se estava doente?'. Coisas nojentas desse tipo.
Um dia, cheguei na maternidade para visitá-la e ela me disse: 'Olha o que me trouxeram.'
Era um cesto [berço] com uma manta. Eu perguntei a ela: 'O que essas pessoas querem?'.
Os remetentes eram aqueles que se opõem [ao aborto], os que dizem sim à vida. Eles não sabem o estrago que causaramcasas de aposta brasileiraBeatriz.
À noite, ela me ligava e repetia: 'Estou desesperada. Quero que acabem com isso agora.'
Beatriz entroucasas de aposta brasileiracrise. Ela disse que sentia como se estivesse morrendo."

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Manifestantes lembram casocasas de aposta brasileiraBeatrizcasas de aposta brasileirameio a protestos pelo direito ao abortocasas de aposta brasileiraEl Salvador
'Menina do céu'
Embora a lei salvadorenha proibisse a interrupção da gravidezcasas de aposta brasileiraqualquer circunstância, Beatriz pediu permissão para fazer um aborto durante a 12ª semanacasas de aposta brasileiragravidez.
O tribunal salvadorenho autorizou uma cesariana na semana 26, quando a saúdecasas de aposta brasileiraBeatriz estava mais comprometida, dentrocasas de aposta brasileiraum marco legal que considerava o procedimento um parto prematurocasas de aposta brasileiravezcasas de aposta brasileiraum aborto. A menina nasceucasas de aposta brasileiracesariana e morreu 5 horas depois.
"Para mim, foi muito difícil que o feto não pudesse terminar a gravidez.
Eu estava com Beatriz no hospital quando vieram avisar que iam fazer uma cesariana. Eles a forçaram a ter um bebê sem crânio, que morreu cinco horas após o nascimento.
Fiquei lá esperando. O procedimento durou duas ou três horas.
Na audiência [da CIDH], disseram que Beatriz tinha visto o bebê. Mas quem a viu fui eu.
Quando acabaram, o médico me disse: 'Você quer ir ver? Mas não tire foto, só olhe'.
Quando cheguei ao local, olhei para ver se ela conseguia mover os olhinhos. Mas não era possível.
Eu só a vi por alguns segundos."

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O casocasas de aposta brasileiraBeatriz se tornou um símbolo da luta pelo direito ao abortocasas de aposta brasileiraEl Salvador
"Mais tarde, contei a uma enfermeira o que tinha visto, e ela me disse que 'essas crianças nascem assim, incapazescasas de aposta brasileirafazer qualquer coisa porque não têm cérebro'.
Ela tinha tudo isso [Delmy aponta para o próprio rosto], mas aqui [ela toca a nuca] ela não tinha nada.
Beatriz quis dar um nome a ela e começou a pesquisar na internet até se deparar com Leilani, que [em havaiano] significa 'menina do céu'.
Escolhemos então o nome Leilani Beatriz.
Depois disso, Beatriz se isolou. Ela ficou mais irritada e quase não sorria.
Estávamos procurando uma maneiracasas de aposta brasileirafazê-la se sentir bem. Os irmãos cantavam para ela. E Beatriz respondia: 'Calem-se. Não quero ouvir barulho.'
Tudo aquilo formou um vazio nela. Ao mesmo tempo, foi também como uma pausa, porque ela conseguiu estar com o outro filho, por quem ela queria viver ecasas de aposta brasileiraquem ela queria cuidar."
'Vocês não sabem'
Beatriz morreucasas de aposta brasileiraum acidentecasas de aposta brasileiratrânsitocasas de aposta brasileiraoutubrocasas de aposta brasileira2017, quatro anos após ter a segunda filha e entrar com uma ação contra o Estado salvadorenho na CIDH.
Desde o falecimento da filha, Delmy cuida do neto, que hoje tem 11 anos.
“Com tudo isso que aconteceu, fiquei doente. Comecei a ter hipertensão, até quase explodir. Eu não queria me alimentar e meu companheiro me dizia: 'Coma, ou você vai ficar mais doente'.
Meus colegascasas de aposta brasileiratrabalho me apoiaram. Fui assimilando tudo com a ajudacasas de aposta brasileiraoutras pessoas.
Outros fizeram comentários, como vizinhos ou pessoas que gostamcasas de aposta brasileiratirar conclusões precipitadas. Ainda hoje alguns me questionam: 'Você é a favor do aborto?'
E ficam lá, sem dizer mais nada.
O mais difícil para mim foi que eles não deram respostas a Beatriz, tendo negado o direito que ela exigia.
Por causacasas de aposta brasileiratodo esse processo, aprendi que você tem que lutar para que seu caso não se repita.
Meu neto tinha 5 anos quando Beatriz morreu. Quando ela estava no caixão, ele a tocava e dizia: 'Bella, levante-se'. O menino pensava que ela estava dormindo.
Quando vamos ao cemitério, ele acena para o túmulo com a mão. Isso é muito difícil para nós.
Hojecasas de aposta brasileiradia ele me chamacasas de aposta brasileiramãe, chama uma tiacasas de aposta brasileiramãe, chama a companheira que o pai temcasas de aposta brasileiramãe. Talvez sinta falta daquele carinho da própria mãe dele.
Meu neto já tem 11 anos, mas ainda não fala muito bem, não pronuncia as palavras corretamente. Ele está cursando a quarta série.
Ele tem momentos carinhosos, mas às vezes fica com raiva.
Quero que meu neto cresça como um homem saudável e forte.
Quando for adulto, espero poder explicar para ele todo o processo pelo qual Beatriz passou. E também penso na minha neta. Deus sabe como tudo acontece. Se Ele decidiu que ela não poderia nascer, Leilani deve ser um anjo que agora está com Beatriz."







