Os estudantes que dividem casa com aposentados:betpix365

Nos últimos anos, projetos incentivando gerações diferentes a dividir residência surgirambetpix365todo o mundo, incluindobetpix365universidades, como no Canadá, na Califórnia (EUA) e na Holanda.

Mas nem todas as experiênciasbetpix365moradia multigeracional têm finais felizes, como abetpix365Jenkinson. As pesquisas demonstram que a realidade pode ser mais complicada.

Teoricamente, a moradia multigeracional é uma solução inteligente para dois importantes problemas modernos: a faltabetpix365moradia acessível para os jovens e o aumento da solidão entre as pessoas mais idosas.

“A epidemia da solidão é uma tendência global, especialmentebetpix365países onde a população está envelhecendo”, afirma a professora Patricia Collins, do Departamentobetpix365Geografia e Planejamento da Universidade Queen’s, no Canadá.

Estudos indicam que a solidão grave pode gerar depressão e pensamentos suicidas, redução da saúde cardíaca ou cardiovascular e até aumento do riscobetpix365morte prematura. “Isso foi recentemente exacerbado [pela pandemiabetpix365covid-19] e pelos lockdowns”, acrescenta Collins.

Por outro lado, uma enorme quantidadebetpix365pesquisas realizadasbetpix365todo o mundo destaca as dificuldades cada vez maiores enfrentadas pelos jovens para encontrar moradia a preços que eles possam pagar.

Nos Estados Unidos, o aluguel médio aumentoubetpix36518% nos últimos cinco anos – ultrapassando a inflação. Esta situação é similarbetpix365outros países. E, como os adultos mais jovens têm mais possibilidadebetpix365alugar e nãobetpix365comprar uma casa, eles são especialmente vulneráveis a esses aumentos dos aluguéis.

As pesquisas também indicam o enorme impacto da escassez e da má qualidadebetpix365moradia sobre a vida dos jovens, incluindo as consequências sobre abetpix365saúde.

Collins queria entender melhor se as moradias multigeracionais realmente estavam ajudando a reduzir os problemas ligado a faltabetpix365acomodações. Para isso, ela mapeou a demanda por acordosbetpix365coabitaçãobetpix365Kingston (Ontário, no Canadá), pesquisando o interesse dos estudantesbetpix365graduaçãobetpix365dividir residência com um cidadão idoso.

No Canadá, os adultos com 65 anosbetpix365idade ou mais são a faixa etária que apresenta crescimento mais rápido. As projeções indicam que eles devem atingir 23% da população até 2030. E muitos idosos canadenses estão morando sozinhos.

Com suas vistas à beira-mar e muitas áreas verdes, Kingston é a segunda cidade mais popular do Canadá entre os aposentados, segundo Collins. Mas a cidade também abriga diversas instituiçõesbetpix365nível secundário e os estudantes concorrem pelos aluguéisbetpix365um mercado imobiliário saturado.

“Historicamente, [Kingston] oferece aos estudantes condiçõesbetpix365moradia muito abaixo dos padrões”, segundo ela. “Agora, estamos vendo este problema agregado ao aumento dos valores dos aluguéis.”

À primeira vista, os estudantes que ela pesquisou pareciam gostar da ideiabetpix365gerações diferentes compartilhando residências. Dos 3,8 mil estudantesbetpix365graduação pesquisados, mais da metade respondeu que a universidade deveria apoiar este tipobetpix365moradia.

Mas, quando questionados se eles próprios gostariambetpix365viver desta forma, os resultados foram muito diferentes. Apenas 13% dos estudantes pesquisados ficaram “muito” ou “extremamente” interessadosbetpix365morar com idosos. As reservas apresentadas pelos jovens incluíram sensaçãobetpix365constrangimento, impossibilidadebetpix365receber convidados e falta geralbetpix365privacidade.

Aparentemente, muitos gostaram da ideia na teoria, mas não consideraram uma opção viável para eles próprios.

Collins destaca que, “como sociedade, não estamos tão acostumados a interagir com pessoasbetpix365outras gerações, a menos que eles façam parte da nossa família imediata.”

Uma exceção são os jovens que trabalham voluntariamente com idosos. Os dados indicam que estas pessoas podem estar mais abertas a também morar com eles.

Entre os estudantes atraídos pela ideiabetpix365coabitação, 56% tinham experiênciabetpix365trabalho com idosos e 60% tinham experiênciabetpix365voluntariado com pessoasbetpix365mais idade. Mas os acordos que fazem do voluntariado parte do pacote também podem enfrentar dificuldades.

O projeto holandêsbetpix365coabitação Humanitas Deventer costuma ser mencionado como o principal exemplobetpix365harmonia entre as gerações. Ele fez com que muitos estudantes passassem a integrar casasbetpix365repouso.

Em vezbetpix365pagar aluguel, os estudantes passam 30 horas por mês interagindo com os moradores idosos e ensinando a eles conhecimentos como o usobetpix365e-mail ou redes sociais.

Mas acrescentar um contrato social a uma dinâmicabetpix365coabitação pode ocasionar certos problemas, segundo Gemma Burgess, diretora do Centrobetpix365Pesquisa sobre Planejamento e Moradia da Universidadebetpix365Cambridge, no Reino Unido.

Burgess avaliou um programabetpix365coabitação recíprocabetpix365Cambridge, chamado LinkAges. O primeiro grupobetpix365estudantesbetpix365pós-graduação participou do programabetpix3652017. Um estudante ou profissional que estivesse procurando aluguel mais barato era designado a uma pessoa idosa que precisassebetpix365assistência.

A expectativa era que os estudantes oferecessem “leve envolvimento”, como ajudar os moradores a fazer compras, cuidar da casa ou simplesmente fazer um poucobetpix365companhia.

O projeto trouxe lições importantes, segundo Burgess. Uma delas foi que apoiar outra pessoa teoricamente parece simples, mas pode exigir mais tempo e esforço que o esperado pelos estudantes.

Em épocas atarefadas e estressantes, como períodosbetpix365provas oubetpix365redaçãobetpix365monografias, pode ser difícil para os estudantes incluir as necessidadesbetpix365outra pessoa no seu cronogramabetpix365estudos.

“Foi preciso ter muita intervenção para ajudar nos relacionamentos”, ela conta.

Burgess destaca que as residências multigeracionais podem ser complexas.

“É um pouco idealizado dizer: ‘você irá representar o papelbetpix365um avô engraçado e uma pessoa mais jovem fará o papelbetpix365um neto coruja’. As pessoas são muito mais complicadas do que isso.”

Uma formabetpix365aprender com os erros do passado é incorporar a moradia intergeracional ao conjunto da universidade, mas acrescentando um pouco maisbetpix365distância. Os idosos e os estudantes podem não morar na mesma residência, mas permanecem os princípiosbetpix365compartilhamentobetpix365conhecimentos e interação social.

Segundo estimativas, 100 faculdades norte-americanas desenvolveram, nos últimos anos, comunidadesbetpix365aposentados no campus oubetpix365locais próximos, incluindo instalações como camposbetpix365golfe, casas noturnas e unidadesbetpix365moradia assistida. São tipicamente ex-alunos da faculdade que hoje são aposentados e se inscrevem para serem vizinhos dos seus colegas dos dias atuais.

Na Universidade do Estado do Arizona, por exemplo, foi aberta uma casabetpix365aposentadosbetpix3652020, quase ao lado dos dormitórios dos estudantes. Os moradores podem ter acesso às aulas, à biblioteca e aos eventos esportivos.

Voltar a um ambiente estimulantebetpix365aprendizado pode trazer uma sériebetpix365benefícios. Pesquisas indicam que os adultos mais idosos que fazem cursos na faculdade podem aumentarbetpix365capacidade cognitiva e possivelmente reduzir o riscobetpix365desenvolver Alzheimer ou outras formasbetpix365demência.

Em Falmouth, a universidade está colaborando com um projetobetpix365moradiabetpix365170 milhõesbetpix365libras (US$ 204 milhões, ou cercabetpix365R$ 1 bilhão), conhecido como incorporação Pydar Street. O projeto pretende integrar espaços estudantis à comunidade como um todo.

O chefebetpix365incorporações imobiliárias da Universidadebetpix365Falmouth, Peter Howells, afirma que a construção ainda estábetpix365estágiobetpix365planejamento, mas será um mosaicobetpix365300 casas e 160 apartamentos e dormitórios estudantis.

“O local irá incorporar moradia mista, aprendizado acadêmico, espaços para inovação, vendabetpix365alimentos e bebidas e espaços abertos para que [as pessoas] se encontrem, aprendem e conversem”, explica ele.

O escritóriobetpix365arquitetura britânico PRP, especializadobetpix365moradia multigeracional, é um dos elaboradores do projeto.

Para a arquiteta-chefe do projeto Pydar Street, Manisha Patel, uma formabetpix365incentivar a interação é simplesmente distribuir os apartamentos levando a idadebetpix365consideração, com moradores mais idosos no térreo e os estudantes nos andares superiores.

“Gerações diferentes estariambetpix365apartamentos conectados, mas não realmente morando juntas”, ela conta.

Uma área comum no centro da construção irá incentivar a formaçãobetpix365relacionamentos. “A moradia multigeracional deve incentivar o intercâmbiobetpix365pensamentos – geraçõesbetpix365lados diferentes do espectro têm muito conhecimento a oferecer”, afirma Patel.

Para Pete King, dono da casa onde Jenkinson mora, viverbetpix365uma casa multigeracional com estudantes trouxe “enormes recompensas”.

King é capelão do centro ecumênico da Universidadebetpix365Falmouth. No chalé onde ele mora combetpix365esposa Lee, diversos estudantes ocuparam o espaço vazio ao longo dos anos. Os dois lados contam que tiveram benefícios práticos e emocionais.

Para Jenkinson, a “atmosfera familiar” foi a melhor parte da experiência. O trio se revezava na cozinha, embora ela sempre ficasse nervosa quando chegava abetpix365vezbetpix365preparar o jantar.

“Os Kings são ótimos cozinheiros, eles sempre fazem tortas ou risotos, enquanto eu faço principalmente comidabetpix365estudante, como macarrão ou pizza”, ela conta.

Jenkinson pagava menos que o aluguelbetpix365mercado, enquanto outros estudantes pagam parte do aluguelbetpix365serviços, assumindo tarefas como cuidar do jardim.

Os Kings contam que gostarambetpix365aprender sobre as novas tecnologias e a vida estudantil. “Você recebe uma energia indescritível quando está com os jovens”, afirma Pete.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) na seção Family Tree do site BBC Future.