'Tive que ressuscitar minha filha': A batalhamelhores casas de apostas desportivas onlinebebês com microcefalia para chegar ao 1º ano:melhores casas de apostas desportivas online

Severina Carla da Silva e Nívea Heloísemelhores casas de apostas desportivas onlineRecife, Pernambuco

Crédito, PAULO PAIVA | BBC

Legenda da foto, Carla chegou a fazer massagem cardíaca na própria filha, que aspirou o leite materno para o pulmão

Em um deles, formado no WhatsApp, foram noticiadas três mortesmelhores casas de apostas desportivas onlineduas semanas e pelo menos cinco internamentos. Todos com quadros semelhantes. Outro, criadomelhores casas de apostas desportivas onlineRecife, relata que pelo menos dez bebês teriam sido internados desde maio.

Para Carla, a explicação sobre o que acometeumelhores casas de apostas desportivas onlinefilha, que ficou uma semana internada, deixoumelhores casas de apostas desportivas onlineser um mistério. "Eles (os bebês com microcefalia) têm problemamelhores casas de apostas desportivas onlinedeglutição e Nívea estava muito gripadinha, com muito catarro. Quando estava mamando, ela broncoaspirou, e o leite entrou no pulmão", explica.

Os especialistas que acompanham os bebês desde o fim do ano passado já sabiam que isso aconteceria.

Severina Carla da Silva e Nívea Heloísemelhores casas de apostas desportivas onlineRecife, Pernambuco

Crédito, PAULO PAIVA | BBC

Legenda da foto, Com 6 meses, Nívea tem problemas respiratórios e toma anticonvulsivos

Problemas como a broncoaspiração - quando líquidos, alimentos ou até a saliva são aspirados para o pulmão ao invésmelhores casas de apostas desportivas onlineirem para o esôfago - são comunsmelhores casas de apostas desportivas onlinepacientes com microcefalia grave, que são cercamelhores casas de apostas desportivas online70% dos casos causados pelo vírus da zika.

"Quando você nasce, sucção e deglutição são reflexos. Nosso cérebro consegue fazer com que, na horamelhores casas de apostas desportivas onlinecomer, a gente paremelhores casas de apostas desportivas onlinerespirar, engula e volte a respirar. Se comemos e respiramos ao mesmo tempo, respiraremos o alimento. É o que acontece com essas crianças", explica a neurologista Vanessa van der Linden.

"À medida que o bebê vai ficando mais velho, ele começa a perder o reflexo e a ter que organizar isso usando o cérebro. Mas, quando ele tem um comprometimento neurológico, pode nascer mamando bem, mas a partir dos três ou quatro meses, deixamelhores casas de apostas desportivas onlinecoordenar essas funções."

O primeiro anomelhores casas de apostas desportivas onlinevida é o mais difícil na vida dessas crianças, segundo Vanessa van der Linden, porque é o períodomelhores casas de apostas desportivas onlineque pais e médicos descobrem a extensão dos danos causados pelo vírusmelhores casas de apostas desportivas onlineseus cérebros.

"O aparecimento dos sintomas da criança ocorre na medidamelhores casas de apostas desportivas onlineque o cérebro amadurece. Nesse início, ainda não se sabe exatamente tudo o que ela tem e fica difícil prevenir as crises", diz.

"Depois do primeiro ano as complicações continuam, mas pelo menos já sabemos se a criança conseguirá comer pela boca, se precisamelhores casas de apostas desportivas onlinesonda, etc. Sabemos o que se pode fazer para deixar a vida dela um pouco melhor."

Nesta quarta-feira, o Ministério da Saúde confirmou 1.581 casosmelhores casas de apostas desportivas onlinemicrocefalia e outras alterações do sistema nervoso no Brasil.

'O que está acontecendo com nossos bebês?'

As dificuldades com a respiração, a sucção e a deglutição também podem causar sufocamento e facilitar a ocorrênciamelhores casas de apostas desportivas onlinepneumonias nas crianças, especialmente com a circulaçãomelhores casas de apostas desportivas onlinevírus da gripe no inverno - razões pelas quais a maior parte dos bebês têm sido internados.

"Essa é a maior ameaça à vida deles. Há outros problemas como as convulsões, porque muitos têm epilepsia. Mas essas têm sido administradas", diz a infectologista Maria Ângela Rocha, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz,melhores casas de apostas desportivas onlineRecife.

Há uma semana, a pernambucana Solange Ferreira, cuja história ficou conhecida internacionalmente após as fotos que a mostravam dando banhomelhores casas de apostas desportivas onlinebaldemelhores casas de apostas desportivas onlineseu bebê, também viveu o pesadelomelhores casas de apostas desportivas onlineCarla.

José Wesley,melhores casas de apostas desportivas online8 meses, foi internado na UTI com bronquite e pneumonia. Os engasgos com alimentos e até com água são frequentes desde os quatro meses, segundo ela.

"A médica falou que a comida dele tem que ser grossa pra ele não engasgar, porque ele não sabe comer", disse à BBC Brasil, por telefone, do hospitalmelhores casas de apostas desportivas onlineCaruaru. "A sensação foi ruim, achei que eu ia perder meu filho. Passei um sufoco triste."

Solange Ferreira e José Wesley

Crédito, BBC Brasil

Legenda da foto, Bebê que ficou conhecido por fotomelhores casas de apostas desportivas onlinebanho no balde foi internado com pneumonia e se recupera no hospitalmelhores casas de apostas desportivas onlinePernambuco

O medo das mulheres que acompanham seus filhos aos hospitais é compartilhado nos gruposmelhores casas de apostas desportivas onlineapoio, e contamina outras mães.

"O que está acontecendo com nossos bebês?", pergunta uma delas, reagindo à notíciamelhores casas de apostas desportivas onlinemais uma morte no grupo "Mãesmelhores casas de apostas desportivas onlineAnjos Unidas", que reúne mulheresmelhores casas de apostas desportivas onlinenorte a sul do país.

"Quando morre um bebê e elas ficam sabendo pelo grupo, recebo mensagensmelhores casas de apostas desportivas onlinevárias mães, querendo saber se era meu paciente. Elas entrammelhores casas de apostas desportivas onlinepânico, choram muito", disse à BBC Brasil Daniele Cruz, pediatra no IMIP,melhores casas de apostas desportivas onlineRecife.

Assustadas e sem saber o que fazer diante da situação dos bebês, as mulheres trocam dicas e macetes entre si - o que nem sempre é recomendável, segundo os médicos.

"É preciso ter cuidado com as orientações generalizadas. O que serve para uma criança não necessariamente serve para outra. As mães querem se ajudar, mas não têm muita noção do risco que isso pode causar", diz a fonoaudióloga Luciana Calabria, da AACDmelhores casas de apostas desportivas onlinePernambuco.

Sessõesmelhores casas de apostas desportivas onlinefonoaudiologia e fisioterapia são as mais indicadas para ajudar crianças que têm estas dificuldades. De acordo com Calabria, os pais devem estar atentos às seguintes situações, que podem sinalizar que há algo errado:

  • Se a criança tem dificuldadesmelhores casas de apostas desportivas onlinerespiração, fica "cansada" (ofegante) com frequência;
  • Se costuma engasgar com alimentos e líquidos;
  • Se tem dificuldadesmelhores casas de apostas desportivas onlinepegar o peito da mãe oumelhores casas de apostas desportivas onlinesugar a mamadeira;
  • Se fica roxa durante a amamentação ou acumula saliva na boca;
  • Se a criança fica gripada com muita frequência.

Ela afirma ainda que é importante alimentar a criança sentada ou o mais elevada possível, com a cabeça alinhada ao tronco. "Se ela está inclinada, deitada, com a cabeça jogada para trás, isso aumenta o riscomelhores casas de apostas desportivas onlineengasgo", diz.

José Wesley

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Aos oito meses, José Wesley já usa óculos e faz sessõesmelhores casas de apostas desportivas onlinefisioterapia regulares

Apelo na televisão

A paraibana Claudilene Pereira,melhores casas de apostas desportivas online31 anos, também teve que levar seu filho Matheus ao hospital, por dificuldades respiratórias, no iníciomelhores casas de apostas desportivas onlinemaio. O bebê, no entanto, não resistiu e morreu três dias antesmelhores casas de apostas desportivas onlinecompletar um ano, vítimamelhores casas de apostas desportivas onlineuma parada cardíaca convulsiva.

Matheus nasceu meses antes que os casosmelhores casas de apostas desportivas onlinemicrocefalia começassem a chamar a atenção dos médicos na Paraíba emelhores casas de apostas desportivas onlinePernambuco.

Exames chegaram a descartar outras infecções, mas Claudilene nunca recebeu os resultados que poderiam confirmar a relaçãomelhores casas de apostas desportivas onlineseu caso com o vírus da zika.

"Não senti nada, não sei se tive zika. Quando se começou a falarmelhores casas de apostas desportivas onlinezika e microcefalia, ele tinha 4 meses. Vieram fazer reportagem com ele. Aí eu me assustei muito, fiquei desesperada. Mas nunca desisti", disse à BBC Brasil.

Além da microcefalia, o garoto nasceu com paralisia cerebral e pé torto congênito, quadro semelhante a alguns dos casos mais severos que apareceram depois.

Claudilene Pereiramelhores casas de apostas desportivas onlineCabedelo, Paraíba

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Após perder o filho, Claudilene tenta retomar o trabalho para pagar dívidas

"Nos primeiros meses, Matheus chorava 24 horas, a gente não entendia. Ele ficava vermelho e com a cabeça muito quente. Como tudo era novidade pra mim, eu gravava vídeos no celular. Mostrei para a neurologista e ela me disse que eram crisesmelhores casas de apostas desportivas onlineconvulsões."

Mas a dificuldade para conseguir os remédios anticonvulsivos para o bebêmelhores casas de apostas desportivas onlineClaudilene ilustra outra faceta da batalha enfrentada pelas famílias no primeiro anomelhores casas de apostas desportivas onlinevida das crianças.

"O remédio que funcionou para ele custava quase R$ 400. Eu recebia pelo governo, masmelhores casas de apostas desportivas onlinealguns meses não tinha, e não haviamelhores casas de apostas desportivas onlinefarmácias. Matheus não conseguia tomar, e as crises aumentavam muito. Eu precisavamelhores casas de apostas desportivas online75 comprimidos para um mês, mas nunca cheguei a ter essa quantidade", diz.

Ofegante, Matheus foi levado pela mãe a um hospitalmelhores casas de apostas desportivas onlineCabedelo, região metropolitanamelhores casas de apostas desportivas onlineJoão Pessoa, no dia 16melhores casas de apostas desportivas onlinemaio.

"Fizeram raios-X achando que era pneumonia, mas não era. Fiquei esperando uma vaga na UTI, e eles não me informavam a gravidade do problema. Quarta à noite outra médica disse para mim: 'Mãe, seu filho está muito muito grave. Faça alguma coisa, ele não pode ficar aqui'", relembra.

"Eram 2 da manhã e liguei para um jornalista da TV com quem tinha contato. Pedi para fazer um apelo na televisão, porque tudo na televisão ficava mais fácil. Sete horas da manhã entramos ao vivo na TV, 08h30 consegui uma vaga na UTImelhores casas de apostas desportivas onlineoutro hospital."

Emmelhores casas de apostas desportivas onlineprimeira noite na UTI, Matheus faleceu. "Minha ficha caiu quando vim para casa, já com o laudo na mão, e deixei ele lá."

Família estendida

Severina Carla da Silva e Nívea Heloísemelhores casas de apostas desportivas onlineRecife, Pernambuco

Crédito, PAULO PAIVA | BBC

Legenda da foto, Abandonada pelo marido, Carla conta com ajudamelhores casas de apostas desportivas onlinevizinhas para cuidar da bebê durante a semana

Na batalha do primeiro ano,melhores casas de apostas desportivas onlineque as mães enfrentam a faltamelhores casas de apostas desportivas onlineinformações, os graves desdobramentos da Síndrome Congênita da Zika e as deficiências do sistemamelhores casas de apostas desportivas onlinesaúde, a ajuda dos familiares é seu principal trunfo.

Nos casos como omelhores casas de apostas desportivas onlineCarla, cujo marido a abandonou dias após o nascimento da filha - a terceira do casal -, vizinhas e até parentes distantes tomaram seu lugar.

"Tenho uma vizinha que me ajuda muito à noite. A gente chega quase no mesmo horário do trabalho. Enquanto eu faço o jantar e fico com os meninos, ela fica com a menina. Depois nos revezamos e jantamos, todos juntos, lámelhores casas de apostas desportivas onlinecasa. Tem que ser assim para dar conta", diz.

Após a licença maternidade, ela teve que voltar ao trabalho como promotoramelhores casas de apostas desportivas onlinevendas para pagar as contas. Agora, paga também a esposamelhores casas de apostas desportivas onlineum primo, que vemmelhores casas de apostas desportivas onlineuma cidade do interior para cuidar das crianças.

"É muito difícil porque eles me pedem pra ficarmelhores casas de apostas desportivas onlinecasa. Chego mais tarde na empresa por causa deles, mas trabalho durante o almoço, não paro para comer."

Para Claudilene, as dificuldades continuam mesmo após a partidamelhores casas de apostas desportivas onlineMatheus.

Claudilene Pereira e Matheusmelhores casas de apostas desportivas onlineCabedelo, Paraíba

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Claudilene usa experiência com Matheus para orientar outras mães: "não quero que passem pelo que eu passei"

"Eu era faxineira e parei, minha vida parou. Meu marido estava desempregado e passamos por uma crise, a família ajudava. Só me estabeleci depois que comecei a receber o benefício do INSSmelhores casas de apostas desportivas onlineum salário mínimo. Matheus já tinha 6 meses", conta.

"Quando ele morreu, o benefício foi cortado na hora. Eu nem recebi pelos 19 dias do mês que ele esteve vivo. Tive despesas com medicação, com o funeral. Me disseram que eu teria que entrar na Justiça, mas resolvi não fazer porque me machuca muito e não resolve o meu problema."

Além do trabalho para pagar as dívidas, ela continua a orientar outras mães sobre a importância do acompanhamento médico e o percurso para conseguir o auxílio-doença, no papelmelhores casas de apostas desportivas online"veterana da microcefalia".

"Não é por que perdi Matheus que esse problema não é mais meu. Os filhos delas são meus filhos também. Tem muitas mães que não têm apoio. Eu tive sorte, mas nem todas são assim", diz.

"Eu sofro, mas minha história é a realidade do mundo como está hoje. E pode ajudar outras mães. É isso o que me fortalece."