O que está por trás do surpreendente aumento no númerojogos online para 2mulheres na cracolândia:jogos online para 2

Retratosjogos online para 2frequentadoras da cracolândia

Crédito, Adri Felden/Argosfoto

Legenda da foto, Frequentadoras da cracolãndia paulistanajogos online para 2retratos da fotógrafa Adri Felden; percentualjogos online para 2mulheres na região dobroujogos online para 2um ano

O estudo mostrou que o tráfico está cada vez mais organizado na cracolândia e que traficantes têm privilegiado a cooptaçãojogos online para 2mulheres para consumo da droga e exploração. Outro ponto identificado foi a associação do tráfico na região à prostituição e ao abuso sexualjogos online para 2crianças, adolescentes e mulheres.

"Mulheres que antes iam somente comprar droga acabaram sendo recrutadas pelo tráfico. Muitas delas passaram a ser exploradas, inclusive sexualmente. É impressionante como a cracolândia conseguiu manter as mulheres na região, tanto para consumo como trabalho", aponta o secretáriojogos online para 2Desenvolvimento Socialjogos online para 2São Paulo, Floriano Pesaro (PSDB).

Especialistas envolvidos no estudo apontam que as mulheres são mais vulneráveis do que os homens na cracolândia: chegam com laços sociais e familiares rompidos e, por isso, têm mais dificuldadejogos online para 2procurar e receber ajuda.

A pesquisa entrevistou 139 usuários nos períodos entre abril e maiojogos online para 22016 e abril e maiojogos online para 22017. Foi o primeiro estudo a traçar características sociodemográficas ejogos online para 2vulnerabilidade social da população dessa região.

Mulher conduzida por policialjogos online para 2ação na cracolândia

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Mulher é conduzida por policialjogos online para 2ação na cracolândiajogos online para 2maio deste ano; pesquisa identificou cooptaçãojogos online para 2usuárias pelo tráfico

"Foi uma surpresa identificar esse númerojogos online para 2mulheres na região e mais surpresa ainda perceber que a violaçãojogos online para 2direitos humanosjogos online para 2dependentes químicas é maior do quejogos online para 2homens", afirmou Pesaro.

Mulheres estão mais expostas à violência - e ao domíniojogos online para 2traficantes - porque muitas vezes o corpo feminino é visto como moedajogos online para 2troca por drogas.

"Constatamos trabalho infantil e análogo à escravidão, com maior incidência sobre o sexo feminino. Há mulheres jovens, mas também muitas idosas são exploradas ali. Também encontramos mulheresjogos online para 2cárcere privado e até reféns", relata o secretário.

De acordo com a pesquisa do governo, a populaçãojogos online para 2usuários frequentes da cracolândia saltoujogos online para 2709 pessoasjogos online para 22016 para 1.861jogos online para 22017 - um aumentojogos online para 2162%.

"Um dos motivos desse aumento foi a região ter ficado mais fértil para compra e vendajogos online para 2drogas", avalia Pesaro.

Preconceitos

Para o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador do Recomeço, programa anticrack do governo estadual, o preconceito é mais intenso contra uma mulher viciadajogos online para 2crack do que contra um homem, o que dificulta uma eventual reabilitação.

"É muito mais difícil para a mulher aderir ao tratamento,jogos online para 2função dos estigmas e julgamentos morais, e mais provável que não se sintam confortáveis com o tratamento, por serem minoria", afirma.

"Os laços familiares se perdem, ela se dissocia mais rápido dos amigos por causa dos julgamentos, perde a guarda dos filhos. Para sobreviver, ela substitui laços domésticos pelo grupo que encontra na cracolândia", completa.

Há também agravantes fisiológicos. Do pontojogos online para 2vista médico, a dependência química é mais severajogos online para 2mulheres, por fatores hormonais.

"É muito mais difícil para uma mulher se manter abstinente do que para um homem. Também é mais fácil para elas desenvolverem a dependência química", afirma Laranjeira.

Frequentadora da cracolândia

Crédito, Adri Felden/Argosfoto

Legenda da foto, Mulher retratada na cracolândia paulistana; dependentes ficam mais expostas à violência na região, aponta levantamento

A origem dessas mulheres dificulta uma possível saída da vida na cracolândia: apenas 56% sãojogos online para 2São Paulo e região metropolitana. Outras 19% declararam vir do interior paulista, 21%jogos online para 2outro Estado e 2%jogos online para 2outros países.

Para a fotógrafa Felden, que aceitou o convite da gestão municipal anterior e produziu um ensaio fotográfico com 21 dependentes químicas,jogos online para 220 a 53 anos, ver a situação daquelas mulheresjogos online para 2perto trouxe "uma desolação profunda".

Na época do ensaio, os dependentes químicos ocupavam uma esquina na região da Luz, centrojogos online para 2São Paulo. O fluxo, como era conhecida a concentraçãojogos online para 2usuários e traficantes, era tão intenso que impedia a passagemjogos online para 2veículos.

Desde o último dia 21jogos online para 2maio, duas ações policiaisjogos online para 2combate ao tráfico na região dispersaram os usuários, que se espalharam por outros pontos da área central da cidade, mas tem se reaproximado da cracolândia original.

Violênciajogos online para 2gênero

O levantamento indicou que 44% das mulheres da região tinham históricojogos online para 2abuso físico ou sexual na infância; 70% declararam já terem sido vítimasjogos online para 2violência na cracolândia.

Felden, que conversou com dependentes químicas para produzir o ensaio fotográfico, diz que históriasjogos online para 2violência contra as usuárias eram comuns.

"Uma das mulheres que fotografei tinha acabadojogos online para 2sofrer um estupro. Ela tem 53 anos e já havia sofrido violência sexual na infância", relata a fotógrafa. "Outra,jogos online para 220 anos, analfabeta e moradorajogos online para 2rua, já tinha feito seis abortos e, na última vez que a vi, no Natal, havia levado uma facadajogos online para 2seu companheiro no joelho."

"Ali você tem,jogos online para 2um único território, todas as violaçõesjogos online para 2direitos humanos, sendo o grupo das mulheres e crianças o mais vitimado e mais esquecido pelas políticas públicas até agora", afirma Pesaro.

Frequentadora da cracolândia

Crédito, Adri Felden/Argosfoto

Legenda da foto, Ensaio fotográfico se tornou injeçãojogos online para 2autoestimajogos online para 2dependentes 'para que se vissem como mulheres fortes', afirma fotógrafa

Gravidez e sífilis

A pesquisa mostrou também que mais da metade das mulheres que engravidaram na cracolândia nunca quiseram fazer exame pré-natal. Todos os filhos das dependentes químicas da região nasceram abaixo do peso, e 67% nasceram prematuros.

No momento da entrevista, 14,3% das mulheres estavam grávidas e 21% já declararam que já tinham praticado aborto.

"É fato que quando pensamosjogos online para 2dependentes químicos, sempre pensamosjogos online para 2homens, nãojogos online para 2mulheres. Mas elas estão ali e requerem diferentes cuidados e tratamentos que um homem", alerta Laranjeira, para quem o pré-natal deve ser um serviço essencial na cracolândia.

"Gravidez precoce e não planejada, aumentojogos online para 2sífilis sem precedentes - talvez a maior epidemia dos últimos anos - HIV, hepatite e tuberculose são problemas atuais da cracolândia", acrescenta Pesaro.

O secretário diz que, diante dessas constatações, mulheres estão sendo priorizadas nas unidadesjogos online para 2atendimento emergencial a dependentes, montadas pela prefeitura na região central.

"Há também um trabalhojogos online para 2convencimento, porque muitas mulheres escondem que têm crianças ou que estão grávidas, com medojogos online para 2perder os filhos", conta o secretário.

Ação policial na cracolândiajogos online para 221jogos online para 2maio

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Mulheresjogos online para 2abordagem durante ação policial na cracolândiajogos online para 2maio

Para Laranjeira, a maternidade pode ser uma oportunidade para a mulher deixar o vício. "A ajuda que devemos oferecer a uma grávida nessa situação não é tirar a criança dela. É preciso oferecer um tratamento da dependência química que permita a ela ficar com o filho e, depois, ajudá-la a refazer a vida."

Autoestima

Felden conta que produzir o ensaio com as dependentes não foi fácil. Era preciso conquistar confiança e retirá-las da concentraçãojogos online para 2usuários. Aos poucos e com conversa, conta, as mulheres começaram a vir, trazendo brincos e até maquiagem.

Ao ver o resultado do trabalho, Felden revelou as fotos e voltou à região para entregar as imagens às 21 mulheres que registrou.

"A ideia era apenas fazer um trabalho voluntário com mulheres da cracolândia, mas esse ensaio se tornou um estímulojogos online para 2autoestima para que se vissem como mulheres fortes. Uma das mulheres me contou depois que tem tentado reduzir os danos do vício depois que se viu bonita", relata a fotógrafa.