Caminho da bala: como munição desviada da PMroleta de numeros virtualSP foi usadaroleta de numeros virtualcrime no Rio e contra a própria políciaroleta de numeros virtualtiroteio:roleta de numeros virtual
- Leandro Machado e Luiza Franco
- Da BBC News Brasilroleta de numeros virtualSão Paulo

Crédito, Kako Abraham/BBC
roleta de numeros virtual O pedreiro Antonioroleta de numeros virtualOliveira,roleta de numeros virtual45 anos, chegou às 6h45 no trabalho naquela segunda-feira, 18roleta de numeros virtualagostoroleta de numeros virtual2014. Desceuroleta de numeros virtualsua moto, uma XRE-300 vermelha, na altura do número 100 da avenida Sapopemba, uma das mais importantes vias da periferiaroleta de numeros virtualSão Paulo, na zona leste. Então sentiu algo encostarroleta de numeros virtualseu ombro: uma arma. "É um assalto", disse uma voz.
Os desdobramentos desse roubo, que terminou na morte do assaltante, apontam para um problema que voltou à tona com o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), ocorridoroleta de numeros virtualmarço deste ano: as falhas no controle e o desconhecimento das autoridades sobre o que acontece com parte da munição comprada pelas forçasroleta de numeros virtualsegurança do país. A parlamentar foi morta com projéteis desviados da Polícia Federal, e o crime continua sem solução.
No caso do roubo narrado acima, as balas que estavam na arma do assaltante vinhamroleta de numeros virtualum loteroleta de numeros virtualmunição da Polícia Militarroleta de numeros virtualSão Paulo, o BQZ-91. Depois do roubo, o ladrão usou os projéteis para atirarroleta de numeros virtualagentes da própria corporação.
Nos últimos dois meses, a BBC News Brasil investigou a história desse lote. Ele foi comprado pelo governo estadual junto à Companhia Brasileiraroleta de numeros virtualCartuchos (CBC)roleta de numeros virtual2008 - custou R$ 6,8 milhões aos cofres públicos. Além do roubo na zona leste paulista, a trajetória do BQZ-91 é marcada por furtos dentro da própria polícia, desvios para facções criminosas e assassinatos no Rioroleta de numeros virtualJaneiro.
O assalto da motoroleta de numeros virtualGuaianases
O entregadorroleta de numeros virtualpizzas Geovane dos Santos,roleta de numeros virtual18 anos, foi apontado pela polícia como o ladrão que roubou a moto do pedreiro Antonioroleta de numeros virtualOliveira. Uma hora depois do crime, o motoboy foi morto por dois militares com quatro tiros - três deles na barriga. Ele estava com a moto roubadaroleta de numeros virtualuma ruaroleta de numeros virtualterraroleta de numeros virtualuma favelaroleta de numeros virtualGuaianases, bairro periférico da zona leste paulistana.

Crédito, Cecilia Tombesi/BBC
O inquérito criminal diz que ele levou a moto do pedreiro, encontrou dois PMs pelo caminho, tentou fugir e atirou duas vezes nos agentes, mas não conseguiu feri-los. Os policiais reagiram e o mataram. O pedreiro reconheceu o jovem momentos depois, por meioroleta de numeros virtualfotos, na delegacia. "Era ele mesmo. Lembro da roupa que ele usava quando me assaltou", diz Oliveira à BBC News Brasil, quatro anos depois.
O grande mistério dessa história é como o motoboyroleta de numeros virtual18 anos teria conseguido os projéteis que pertencem à Polícia Militarroleta de numeros virtualSão Paulo. Laudos apontaram que as duas cápsulas usadas por ele para atirar nos policiais eram dos lotes AFZ-44 e BQZ-91, ambos comprados pela corporação paulista.
O mistério intrigou o delegado Maurício José Mendes Resende, responsável pelo caso. Em 27roleta de numeros virtualjaneiroroleta de numeros virtual2016, ele questionou a Corregedoria da PM,roleta de numeros virtualofício: "Solicito, com a brevidade possível, se consta eventual registroroleta de numeros virtualdesvio, furto ou rouboroleta de numeros virtualmunição calibre 38 pertencente ao lote BQZ-91".
A instituição demorou quase nove meses para responder que não tinha informações sobre desvios. "Consoante ao que nos foi informado, o controleroleta de numeros virtualdistribuiçãoroleta de numeros virtualmunições por lote só foi iniciado a partir do anoroleta de numeros virtual2010", escreveu.
O lote BQZ-91 tinha 3,9 milhõesroleta de numeros virtualunidades.
Controleroleta de numeros virtualmunição é falho?

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As cápsulas das balas supostamente usadas por Geovane. Ambas pertenciam aos lotes AFZ-44 e BQZ-91, ambos comprados pela Polícia Militarroleta de numeros virtualSão Paulo.
Para Bruno Langeani, gerente e pesquisadorroleta de numeros virtualsegurança pública do Instituto Sou da Paz, a faltaroleta de numeros virtualcontrole e atéroleta de numeros virtualconhecimento das forçasroleta de numeros virtualsegurança sobreroleta de numeros virtualprópria munição são fatos "muito graves". "As polícias precisam saber para onde foi cada loteroleta de numeros virtualmunição, porque assim as investigações ficam muito mais afuniladas. Você consegue saber que a munição 'x' foi para batalhão 'y'. Se ela for desviada, será mais fácil descobrir onde ocorreu o desvio", diz.
Quando o lote é maior, com milhõesroleta de numeros virtualbalas, a tendência é que ele seja distribuído para inúmeras unidades da polícia. Assim, é improvável descobrir onde eventualmente ocorreu um desvio.
Saber o endereço finalroleta de numeros virtualuma munição comprada pelo Estado, por exemplo, ajudou a esclarecer o assassinato da juíza Patrícia Acioli, morta por policiais militaresroleta de numeros virtual2011, no Rioroleta de numeros virtualJaneiro. Os projéteis usados no crime haviam sido enviados para um batalhãoroleta de numeros virtualpoliciais que estavam sendo julgados por ela. Apenas munição comprada pelo Estado é marcadaroleta de numeros virtuallotes.
Segundo o promotor Marcelo Oliveira, que por anos atuou na Justiça Militarroleta de numeros virtualSão Paulo, o controle da munição só começou a ser feito pouco tempo atrás, ainda queroleta de numeros virtualmaneira lenta. "Digamos que um policial saísse para a rua com 32 projéteis. Se ele participasseroleta de numeros virtualuma ocorrência e voltasse com 20, dificilmente a polícia saberia o que aconteceu com o restante", explica.
A reportagem encontrou um caso semelhante a esse envolvendo o lote BQZ-91.
Em marçoroleta de numeros virtual2015, um policial militar foi preso depoisroleta de numeros virtualvender acesso ao rádio da PM a bandidos. Quando foi detidoroleta de numeros virtualseu carro, o agente portava uma arma pessoal com numeração raspada - ela estava carregada com dez projéteis do lote BQZ-91. Ele foi acusado e depois condenado por peculato, pois não poderia utilizar um recurso públicoroleta de numeros virtualum bem particular. Seus advogados recorreram.
Segundo o promotor Oliveira, grande parte dos casosroleta de numeros virtualque policiais são processados pelo Ministério Público envolvem desvios como esse ou a perdaroleta de numeros virtualarmas e munição. "Cada PM tem uma arma (de calibre) .40, com dois cartuchosroleta de numeros virtual16 balas cada um. Há casosroleta de numeros virtualque o policial alega que perdeu tudo. Ele responde por peculato. Se tiver desviado para bandidos, dificilmente alguém consegue provar o crime. A PM desconta R$ 1.200 do salário pela perda. No mercado negro, uma arma .40 com munição custa R$ 5.000", diz.

O entregadorroleta de numeros virtualpizzas Geovane dos Santos,roleta de numeros virtual18 anos, foi morto pela PMroleta de numeros virtualuma rua da favela Etelvina, na zona lesteroleta de numeros virtualSP
Oliveira atuou na acusação da chacinaroleta de numeros virtualOsasco, quando 17 pessoas foram mortas. Três policiais militares e um guarda-civil foram condenados. As munições usadas nos crimes foram compradas pela PM, Exército e Polícia Federal - um dos lotes, da PF, também foi utilizado no assassinato da vereadora Marielle.
Quem era o jovem que atirou na PM com balas da própria polícia?
Em uma manhãroleta de numeros virtualjulho, a BBC News Brasil visitou a casa onde morava o motoboy Geovane dos Santos, o jovem que teria atiradoroleta de numeros virtualagentesroleta de numeros virtualpoliciais usando balas da própria polícia. A família viveroleta de numeros virtualuma ocupação irregular que existe há décadasroleta de numeros virtualGuaianases, a 4 quilômetros da favela onde ele morreu.
Santos parouroleta de numeros virtualestudar na oitava série do ensino fundamental e fazia bicosroleta de numeros virtualpizzarias do bairro. Um dos seus irmãos, um garotoroleta de numeros virtual15 anos, conta que o sonho do jovem era ter uma moto XRE-300, veículo que ele teria roubado antesroleta de numeros virtualmorrer. "Era o que o Geovane mais queria na vida. Conseguiu. Andou um pouquinho e morreu", diz.
A matriarca da família, Elizete dos Santos,roleta de numeros virtual53 anos, conta que, no diaroleta de numeros virtualque foi morto, o filho saiuroleta de numeros virtualcasa com quatro amigos que ela não conhecia. "Eles vieram buscá-lo aqui, durante a madrugada. Não posso dizer que ele não fez coisas erradas", diz, segurando uma caixa com os documentos do filho, entre eles, um currículo que o garoto entregavaroleta de numeros virtualempresas da região. "Se ele roubou alguém, prende o menino, deixa 10 anos na cadeia, dá um cacete nele. Mas não precisa matar. O que eles (PMs) fizeram foi covardia", afirma.
Um laudo pericial relatou que havia indíciosroleta de numeros virtualque a arma atribuída a ele (calibre 38, numeração raspada) realizou dois disparos. O caso foi arquivado depoisroleta de numeros virtuala Justiça Militar concluir que os policiais agiramroleta de numeros virtuallegítima defesa.
A Secretariaroleta de numeros virtualSegurança Pública afirma que o episódio foi investigado pelo Departamentoroleta de numeros virtualHomicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e enviado à Justiça.
Quando morreu, Geovane dos Santos deixou um filhoroleta de numeros virtualsete meses, hoje com pouco maisroleta de numeros virtualquatro anos.
Forçasroleta de numeros virtualsegurança ignoram orientação do Exército
A história do lote BQZ-91 começaroleta de numeros virtual2008, seis anos antes do episódio que vitimou Geovane. Vendido pela CBC à Polícia Militarroleta de numeros virtualSão Paulo, o BQZ-91 ocupa a décima posição no rankingroleta de numeros virtualmaiores lotesroleta de numeros virtualmunição comprados pelas forçasroleta de numeros virtualsegurança do Brasil desde 2004. Tinha 3,9 milhõesroleta de numeros virtualprojéteis.
O maior volume da lista tinha 19 milhõesroleta de numeros virtualunidades e foi vendido à Marinha.
Em 2004, o Exército, que regula o setor, lançou uma portaria que pede às forçasroleta de numeros virtualsegurança que comprem munições com apenas 10 mil unidades por lote, no máximo. A regra, que ajudaria a esclarecer crimes pois ficaria mais fácil rastrear possíveis desvios, tem sido ignorada pelas polícias: o Estado continua a comprar um grande volumeroleta de numeros virtualbalasroleta de numeros virtualum mesmo lote.
Segundo Antônio Edílio Magalhães Teixeira, procurador do Ministério Público Federal na Paraíba, o resultado da falha na distribuição é que munições das polícias são desviadas e se espalham pelo país sem que ninguém saibaroleta de numeros virtualonde elas partiram. "Como o Exército não fiscaliza e não cobra lotes menores da CBC, o que a gente tem visto é que a maior parte dos crimes segue sem solução, porque não se consegue rastrearroleta de numeros virtualonde as balas saíram", diz.

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Portaria do Exército diz que lote devem ter no máximo 10 mil unidades, mas ela nem sempre é seguida
Há alguns meses, Teixeira percebeu que balas usadasroleta de numeros virtualum assalto a uma agência dos Correios na cidade Serra Branca (PB) tinham o mesmo númeroroleta de numeros virtuallote que as do assassinatoroleta de numeros virtualMarielle Franco, no Rio, e da chacinaroleta de numeros virtualOsasco,roleta de numeros virtualSão Paulo. Como os projéteis saíram das mãos da PF e chegaram a criminosos diferentesroleta de numeros virtualtrês Estados é um mistério.
A Secretariaroleta de numeros virtualSegurança Públicaroleta de numeros virtualSão Paulo afirmou que atualmente compra lotesroleta de numeros virtual10 mil unidades e que hoje é possível rastrear os projéteis até o "nível dos batalhões",roleta de numeros virtualum "controle rigoroso no armazenamento e distribuição das munições."
Já o Exército disse que está averiguando por que a CBC não vem seguindo a determinaçãoroleta de numeros virtualvender lotes menores. Também cita a criaçãoroleta de numeros virtualsistemas para aperfeiçoar a fiscalização e rastreamentoroleta de numeros virtualmunições. Porroleta de numeros virtualvez, a CBC afirmou que a portaria do Exército é apenas uma referência e que não há lei que estabeleça a quantidade máximaroleta de numeros virtualum lote. Diz que segue a legislação e que trabalha junto ao Exército para aperfeiçoar a regulamentação sobre o assunto.
Sargento desviou munição da PM
Depoisroleta de numeros virtualsair da fábrica da CBC, o lote investigado pela BBC News Brasil, o BQZ-91, foi enviado a um centroroleta de numeros virtualdistribuição da PMroleta de numeros virtualSão Paulo. Esse órgão é encarregadoroleta de numeros virtualrepassar os suprimentos para batalhões e centrosroleta de numeros virtualtreinamento.
Foiroleta de numeros virtualum desses locais, a Escolaroleta de numeros virtualEducação Física da Polícia Militar, onde ocorreu um dos maiores desviosroleta de numeros virtualmunição conhecidos até hoje. O acusado (e condenado) pelo crime é o ex-sargento Ricardo Tadeuroleta de numeros virtualSouza Ferraz, que entre 2005 e 2009 foi o responsável por fazer o controleroleta de numeros virtualarmamento e muniçãoroleta de numeros virtualtreinamentosroleta de numeros virtualtiro na escola.
Entre os projéteis furtados por ele estavam 2 mil unidades do lote BQZ-91, calibre 7.62 (usadasroleta de numeros virtualfuzil).
O desvio só foi descoberto por acaso. No dia 29roleta de numeros virtualjulhoroleta de numeros virtual2009, policiais federais pararam um ônibus na cidaderoleta de numeros virtualArujá, na Grande São Paulo,roleta de numeros virtualuma operaçãoroleta de numeros virtualrotina. O veículo tinha o Rioroleta de numeros virtualJaneiro como destino. Em malasroleta de numeros virtualdois casaisroleta de numeros virtualpassageiros foram encontrados milharesroleta de numeros virtualprojéteis da PM paulista.

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Sargento furtou muniçãoroleta de numeros virtualcentroroleta de numeros virtualtreinamento
Segundo o processo judicial, um dos membros da quadrilha afirmou conhecer um sargento da PM chamado Ricardo, ex-integrante da Rota (batalhãoroleta de numeros virtualelite da polícia), cuja esposa se chamava Patrícia. Disse que era esse agente que furtava e repassava as munições para serem vendidas a uma facção criminosa da favela da Rocinha, no Rio. Na agenda telefônicaroleta de numeros virtualuma das mulheres do bando havia o número da esposa do PM.
Dias depois, a Polícia Civil foi até a casa do sargento Ricardo Tadeuroleta de numeros virtualSouza Ferraz, pois suas informações pessoais batiam com a denúncia. No local, foram encontrados outros carregamentosroleta de numeros virtualmunição - exatamente dos mesmos lotes que estavam no ônibus parado pela PF.
O oficial foi presoroleta de numeros virtualflagrante. Depois, acabou expulso da PM e condenado a oito anosroleta de numeros virtualprisão. No julgamento,roleta de numeros virtualdefesa alegou que a munição encontrada emroleta de numeros virtualcasa era um presenteroleta de numeros virtualum militar amigo. Também pediu a suspensão do processo porque um laudo do Institutoroleta de numeros virtualMedicina Social eroleta de numeros virtualCriminologiaroleta de numeros virtualSão Paulo (Imesc) apontava que Tadeu é esquizofrênico. Para seu advogado, Luizroleta de numeros virtualVitto, ele deveria ser inimputável.
Por outro lado, a Justiça realizou outro laudo médico que afirmou o contrário: Ricardo fingia ser esquizofrênico, diz o documento.
O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal, mas o ministro Marco Aurélio Mello rejeitou os pedidos da defesa. Em julho do ano passado, a Justiça pediu aroleta de numeros virtualprisão preventiva - o agente está foragido desde então.
A BBC News Brasil procurou a família do ex-policial, mas os parentes não quiseram comentar.
Briga entre facções com munição da PMroleta de numeros virtualSP
Não é possível saber se a quadrilha desviou mais projéteis da PM paulista para facções criminosas do Rio. O processo se refere apenas aos carregamentos encontrados pela PFroleta de numeros virtual2009.
No entanto, coincidência ou não, dois assassinatos na cidaderoleta de numeros virtualSão Gonçalo, no Rio, foram cometidos com balas do lote investigado pela BBC News Brasil e desviado pelo ex-sargento Ricardo Tadeuroleta de numeros virtualSouza Ferraz, o BQZ-91.
Por volta das 13h30 do dia 26roleta de numeros virtualjulhoroleta de numeros virtual2015, os jovens Wallace Mendes e Matheus da Silva Carvalho foram mortos na rua Expedicionário Joaquim Onilo Borges, bairro Pacheco,roleta de numeros virtualSão Gonçalo. Um dos rapazes levou 21 tiros e o outro, 26. Além do BQZ-91, outra boa parte das balas também foi comprada pela PMroleta de numeros virtualSão Paulo - há outra parcela da PF.

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Munição coletada na cena do crimeroleta de numeros virtualSão Gonçalo. As balas vinham do mesmo lote que havia sido desviado da PM
A Promotoria apontou como motivo dos homicídios uma briga entre as facções Comando Vermelho e Amigos dos Amigos, que dominam o tráficoroleta de numeros virtualdrogasroleta de numeros virtualfavelas do Rio. Dois homens - um deles, menorroleta de numeros virtualidade - foram presos sob a acusaçãoroleta de numeros virtualserem os assassinos, mas outras pessoas teriam participado do crime.
Segundo a denúncia da Promotoria, Cleyton Passos Gomes, o Cleytinho, decidiu assaltar uma mercearia junto a comparsas da Amigos dos Amigos. Durante o roubo, o grupo reconheceu Mendes e Carvalho dentro do estabelecimento. As vítimas seriam membros do Comando Vermelho, facção rival que comandava o morro vizinho, da Chatuba. Foram fuzilados.
As investigações apontam ainda para o motivo do crime: Mendes teria composto um funk que desagradou aos traficantes do bairro vizinho.
Cleyton foi condenado pelos assassinatos. A reportagem procurouroleta de numeros virtualdefesa várias vezes nos últimos dois meses, mas os advogados não se pronunciaram até a publicação desta reportagem.
Não se sabe como os assassinos conseguiram a munição comprada pela PMroleta de numeros virtualSão Paulo.
'Estado armando criminosos'
Não é possível saber exatamente quantas vezes as balas do lote BQZ-91 foram usadas por criminosos. Depoisroleta de numeros virtualrepassadas ao batalhões da PM, suas 3,8 milhõesroleta de numeros virtualbalas praticamente saíram do radar.
Para Bruno Langeani, do Instituto Sou da Paz, a trajetória do lote BQZ-91 é um exemplo da faltaroleta de numeros virtualcontrole da munição comprada pelo Estado. "As polícias precisam enxergar que armas e munições são objetos valiosos que geram interesse na criminalidade. É preciso ter um controleroleta de numeros virtualmais qualidade para evitar que esse armamento esteja no dia seguinte dando tiroroleta de numeros virtualpolicial."
Um relatório do escritório da ONU para Paz, Desarmamento e Desenvolvimento da América Latina e Caribe, divulgado recentemente, recomendou que toda a munição brasileira "seja devidamente marcada e gravada", mesmo aquela vendida a civis. Também orientou que a norma do Exército sobre lotes menores seja cumprida.
Já o procurador Antônio Edílio Magalhães Teixeira, do MPF, analisa as consequências da faltaroleta de numeros virtualcontrole da munição brasileira. "Se continuarmos essa prática, o Estado brasileiro continuará gastando dinheiro público para armar gruposroleta de numeros virtualcriminosos", diz.








