Coronavírus, gripe e dengue: por que Brasil pode enfrentar 'tempestade perfeita' com altabet365 trabalhe conosco3 doenças:bet365 trabalhe conosco

O último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde diz que o Brasil já registrou, até 21bet365 trabalhe conoscomarço deste ano, pouco maisbet365 trabalhe conosco441 mil casos prováveisbet365 trabalhe conoscodengue — aqueles que são notificados à pasta pelos Estados, mas ainda precisambet365 trabalhe conoscoconfirmação por meiobet365 trabalhe conoscoresultadosbet365 trabalhe conoscoexames.

Ao menos 120 pessoas morreram da doença no período — é possível que esse númerobet365 trabalhe conoscomortos seja maior, pois há dezenasbet365 trabalhe conoscocasos suspeitos que ainda necessitambet365 trabalhe conoscoconfirmação.

Isso significa uma média, no Brasil,bet365 trabalhe conosco209 casos prováveisbet365 trabalhe conoscodengue por 100 mil habitantes — um crescimentobet365 trabalhe conosco59%bet365 trabalhe conoscorelação ao mesmo período do ano passado (a comparação entre boletinsbet365 trabalhe conoscodiferentes anos, entretanto, deve ser feita com cautela, já que há muitas alterações e atualizaçõesbet365 trabalhe conosconúmeros depois que eles são publicados pela primeira vez).

Segundo o Ministério da Saúde, historicamente o picobet365 trabalhe conoscoregistrosbet365 trabalhe conoscodoenças transmitidas pelo Aedes aegypti, como dengue, zika e chikungunya, ocorre nos mesesbet365 trabalhe conoscoabril e maio.

Ou seja, se o cenário já parece ruim, ele tende a piorar nos próximos 60 dias, coincidindo com a provável altabet365 trabalhe conoscocasosbet365 trabalhe conoscocovid-19 ebet365 trabalhe conoscoinfluenza, que também costuma crescer e causar mortes conforme a média da temperatura diminuibet365 trabalhe conoscovários Estados.

A própria influenza costuma causar centenasbet365 trabalhe conoscovítimas no país. No ano passado, o Brasil registrou 1.122 mortes pelos três tiposbet365 trabalhe conoscoinfluenza, segundo o Ministério da Saúde.

Acúmulobet365 trabalhe conoscodoenças

Para Adriano Massuda, médico sanitarista e professorbet365 trabalhe conoscosaúde coletiva da Fundação Getúlio Vargas, o acúmulobet365 trabalhe conoscoepidemias concomitantes é "uma situação grave, que pode produzir uma sobrecarga no sistemabet365 trabalhe conoscosaúde."

"É um cenário que vai ficar ainda mais complexo. Apesarbet365 trabalhe conoscoalguns sintomas serem até parecidos, como dores no corpo e febre, precisa haver a linhabet365 trabalhe conoscocuidados para pacientes respiratórios, como influenza e covid-19, e outro para a dengue, pois os tratamentos são diferentes", afirmou à BBC News Brasil, por telefone.

"É possível até que exista uma confusão para descobrir quem está com dengue, com gripe ou covid-19. Isso pode atrapalhar ainda mais o sistemabet365 trabalhe conoscosaúde", diz.

Massuda ressalta, no entanto, que medidas como o isolamento social — tomadas para diminuir a proliferação do coronavírus — podem ajudar a diminuir a incidênciabet365 trabalhe conoscogripe comum, que é transmitida basicamente da mesma forma: pelo contato com pessoas já infectadas.

Já André Périssé, pesquisador da Escola Nacionalbet365 trabalhe conoscoSaúde Pública da Fiocruz, acredita que as internações por covid-19 serãobet365 trabalhe conoscomaior número, pois a taxabet365 trabalhe conoscodoentes graves diagnosticados com dengue é bem menor.

"A letalidade da dengue é parecida com a influenza sazonal (de 0,01% até 0,08% dos casos). Já a covid-19, apesar da letalidade não ser alta (de 1% a 3,5%), demanda um tratamento mais complexo, muitas vezes com internação", diz Périssé.

"Mas não há dúvidas que acúmulo dessas doenças vai pressionar o sistemabet365 trabalhe conoscosaúde. E isso sem falarmosbet365 trabalhe conoscooutros problemas, pois o hipertenso não vai deixar ser hipertenso por causa da pandemia, o mesmo ocorre com o diabético. Por isso, nesse momento, a boa gestão da saúde e dos recursos disponíveis vai ser importantíssima", afirma.

Dengue e coronavírus no Paraná

Nesse ano, o Paraná vem sendo o Estado do país mais afetado pela dengue, seguido por Mato Grosso do Sul e Acre. Segundo a secretaria estadualbet365 trabalhe conoscoSaúde, já são maisbet365 trabalhe conosco87 mil casos confirmados da doença na área.

Dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, que usa notificações (ainda à esperabet365 trabalhe conoscoexamesbet365 trabalhe conoscoconfirmação), a incidência da doença no Paraná chegou a 1.231 casos por 100 mil habitantes — altabet365 trabalhe conosco1.737%bet365 trabalhe conoscocomparação com o mesmo período do ano passado.

Como comparação, a taxabet365 trabalhe conoscodengue por 100 mil habitantes no Riobet365 trabalhe conoscoJaneiro ébet365 trabalhe conosco14 casos;bet365 trabalhe conoscoPernambuco é 37; e no Acre, 465.

O governo paranaense afirma que 69 pessoas morrerambet365 trabalhe conoscodengue no Estado desde agosto do ano passado — 12 delas apenas na última semana.

Por outro lado, o Paraná contabilizou, até essa quarta-feira, 229 casos confirmadosbet365 trabalhe conoscoinfecções por coronavírus, com três mortes.

Para Beto Preto, secretário estadualbet365 trabalhe conoscoSaúde, os casosbet365 trabalhe conoscocovid-19 vão crescer no Estado, pois o vírus tem transmissibilidade alta. Mas ele espera que, ao mesmo tempo, o ritmo aumento da dengue diminua na outra ponta.

"Quando a covid-19 apertar, esperamos ter menos casosbet365 trabalhe conoscodengue, para que não haja um colapso (no sistemabet365 trabalhe conoscosaúde). Nesse ano, nós concentramos todo nosso esforço para conter a dengue, mas ela continuou crescendo. É uma lástima", disse Beto Preto à BBC News Brasil, por telefone. "Com a temperatura baixando, esperamos que os focosbet365 trabalhe conoscomosquitos diminuam."

Segundo ele, o Paraná tem se preparado para o avanço da covid-19 com as contrataçõesbet365 trabalhe conosconovos leitos e profissionais, alémbet365 trabalhe conoscoinvestimentos sociais para ajudar a população a manter o isolamento social.

No norte do Estado, a cidadebet365 trabalhe conoscoLondrina também tem enfrentado os dois problemas: o município já teve 26 casos confirmadosbet365 trabalhe conoscocovid-19 e maisbet365 trabalhe conosco6,5 milbet365 trabalhe conoscodengue — 15 pessoas morreram da doença no município desde janeiro.

Há poucas semanas, Londrina chegou a cancelar cirurgias eletivas no SUS por 10 dias e isolar um hospital para tratar apenas pacientes com dengue — depois ele voltou ao funcionamento normal. Agora, o município planeja fechar outra unidade para o tratamentobet365 trabalhe conoscocoronavírus.

"Quando a dengue deu sinaisbet365 trabalhe conoscoque estava caindobet365 trabalhe conoscoLondrina, chegou a covid", diz Felippe Machado, secretário municipalbet365 trabalhe conoscoSaúde.

Segundo ele, a cidade tem aumentado o númerobet365 trabalhe conoscoleitos nas redes pública e privada, alémbet365 trabalhe conoscoter reservado uma verba extra para construir um hospitalbet365 trabalhe conoscocampanha.

"A contenção da dengue coube no nosso orçamentobet365 trabalhe conoscosaúde. Mas, agora, precisamosbet365 trabalhe conoscoum reforço. Vamos contratar 500 novos profissionais, ao custobet365 trabalhe conoscoR$ 2 milhões por mês", diz Machado.

Por que a dengue tem aumentado?

Mas, além da pandemia do novo coronavírus, que tem consumido a atençãobet365 trabalhe conoscoautoridades e da população, por que a dengue, uma velha conhecida dos brasileiros, continua avançando no país?

Uma das características da doença é que ela se comporta como uma espéciebet365 trabalhe conoscoonda — crescebet365 trabalhe conoscoalguns anos e diminuibet365 trabalhe conoscooutros.

Uma das explicações para esse comportamento é a alteração do tipo do vírus circulante entre a população. Existem 4 sorotipos do vírus da dengue, uma classificação que corresponde à respostabet365 trabalhe conoscodiferentes anticorpos no infectado. Os sintomas da doença não se alteram.

Quando uma pessoa contrai dengue do tipo 1, por exemplo, ela fica imunizada para esse tipo específico. Porém, quando o sorotipo muda para o 2, ela volta a ficar suscetível a ser infectada.

Especialistas acreditam que,bet365 trabalhe conoscoparte, essa é uma das causas para a altabet365 trabalhe conoscodenguebet365 trabalhe conoscoalguns Estados nesse ano — uma mudança gradual do tipo 1 para o 2 vem ocorrendo há alguns anos.

De fato, segundo informações enviadas pelo Ministério da Saúde à BBC News Brasil, a participação do sorotipo 2 no númerobet365 trabalhe conoscocasosbet365 trabalhe conoscodengue cresceu nos últimos cinco anos no país, chegandobet365 trabalhe conosco2019 ao maior percentual: 65,6% dos casos, seguido pelo sorotipo 1 (30,4%) e sorotipo 4 (3,9%).

No Paraná,bet365 trabalhe conosco2010 ao ano passado, a grande maioria das pessoas que teve dengue foi infectada pelo tipo 1 da doença. Já a partirbet365 trabalhe conoscoagostobet365 trabalhe conosco2019, o sorotipo 2 foi responsável por 87% das infecções no Estado.

Mas essa é só uma das explicações. Há também condições meteorológicas particulares nos últimos meses, quedabet365 trabalhe conoscoinvestimentos públicosbet365 trabalhe conoscoprevenção e no programa Saúde da Família, alémbet365 trabalhe conoscocaracterísticas culturais e comportamentais da população.

Em entrevista recente à BBC News Brasil, Ivana Belmonte, coordenadorabet365 trabalhe conoscovigilância ambiental da Secretariabet365 trabalhe conoscoSaúde do Paraná, citou a faltabet365 trabalhe conoscouma culturabet365 trabalhe conoscoeliminaçãobet365 trabalhe conoscocriadouros do mosquito no país. "Esse hábito ainda é pequeno no Brasil. É preciso sensibilizar ainda mais a populaçãobet365 trabalhe conoscoque o risco é real,bet365 trabalhe conoscoque você ou um parente pode morrerbet365 trabalhe conoscodengue", explica.

Para o sanitarista Adriano Massuda, professor da Fundação Getúlio Vargas, medidas preventivas contra o Aedes aegypti têm falhado não apenas por descuido da população, mas também do poder público.

"Nos últimos anos, temos visto cada vez a diminuição do financiamentobet365 trabalhe conoscoprogramasbet365 trabalhe conoscoprevenção à dengue e da Saúde da Família. Muitas vezes se investiubet365 trabalhe conoscoprojetos equivocados, que não derambet365 trabalhe conosconada, como a vacinação que ocorreu no Paraná. Agora é correr atrás do prejuízo", diz.

De fato,bet365 trabalhe conosco2016, o governo do Paraná gastou R$ 95 milhões para vacinar parte da população contra a dengue. Porém, a vacina não era recomendada pela Agência Nacionalbet365 trabalhe conoscoVigilância Sanitária (Anvisa) nem pela Organização Mundialbet365 trabalhe conoscoSaúde (OMS).

Para o atual secretáriobet365 trabalhe conoscoSaúde do Estado, Beto Preto, o "projeto falhou". "Inegavelmente, essa vacinação não deu certo", diz ele, que não era o titular da pasta na ocasião.

Já André Périssé, da Fiocruz, acredita que a solução do problema da dengue passa por outras áreas para além da saúde pública.

"A dengue extrapola a área da saúde, dependebet365 trabalhe conoscouma integraçãobet365 trabalhe conoscovários setores. A solução envolve política habitacional ebet365 trabalhe conoscodesenvolvimento urbano. Costumo citar o caso da fronteira do México com os Estados Unidos. Do lado mexicano, menos desenvolvido, há muito mais casos que o lado americano, onde quase não há dengue", explica.

Em nota, o Ministério da Saúde afirma que "regularizou a distribuição dos insumos necessários para o controle do Aedes, com distribuiçãobet365 trabalhe conoscoinseticidas".

Além disso, diz, a pasta "regularizou a entrega dos kitsbet365 trabalhe conoscodiagnósticos para doença, estando todos os Estados abastecidos com o insumo."

"O Ministério da Saúde também oferece, continuamente aos Estados e Municípios, apoio técnico e insumos para o combate ao vetor. Para estas ações, o Governo Federal tem garantido orçamento crescente aos estados e municípios", diz.

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