‘Acompanhei gestantesesportenetvip bet apostas online10 anosesportenetvip bet apostas onlineestado grave na UTI’: médica detalha os riscosesportenetvip bet apostas onlineuma criança grávida:esportenetvip bet apostas online

esportenetvip bet apostas online "Elas chegam ao hospital perplexas e aterrorizadas com todos os eventos traumáticos que vivenciaram." Assim, a ginecologista e obstetra Melania Amorim resume as situaçõesesportenetvip bet apostas onlinegarotas,esportenetvip bet apostas online10 a 13 anos, que engravidam após serem estupradas.

A médica, com maisesportenetvip bet apostas online30 anosesportenetvip bet apostas onlineprofissão, conta ter presenciado casos que a deixaram entristecida. Entre eles, oesportenetvip bet apostas onlineuma jovemesportenetvip bet apostas online13 anos com paralisia cerebral, que engravidou após ser abusada sexualmente.

A obstetra também acompanhou meninas que lutaram pela vida ao desenvolverem problemasesportenetvip bet apostas onlinesaúde causados por gestações precoces.

"Esses casosesportenetvip bet apostas onlinegravidez por estupro nessa faixa etária não são raros. Infelizmente, acontecem com certa frequência", pontua Melania, que é professora universitária na Paraíba eesportenetvip bet apostas onlinePernambuco.

Segundo dados tabulados pela BBC News Brasil no Sistemaesportenetvip bet apostas onlineInformações Hospitalares do SUS, do Ministério da Saúde, o Brasil registra,esportenetvip bet apostas onlinemédia, ao menos seis abortos por diaesportenetvip bet apostas onlinemeninasesportenetvip bet apostas online10 a 14 anos.

O Anuário Brasileiroesportenetvip bet apostas onlineSegurança Pública 2019 aponta que quatro meninasesportenetvip bet apostas onlineaté 13 anos são estupradas a cada hora no Brasil.

Associado ao trauma causado pelo abuso sexual, aquelas que engravidam também vivem os riscos da gravidez. Isso porque estudos apontam que gestaçõesesportenetvip bet apostas onlinegarotasesportenetvip bet apostas onlineaté 15 anos são muito mais arriscadas do que entre mulheres mais velhas. Quanto mais nova, maiores os riscos.

A gravidez na infância e na adolescência tem estado no centro das discussões nos últimos dias, após o caso da meninaesportenetvip bet apostas online10 anos do Espírito Santo. A criança, que teveesportenetvip bet apostas onlineser levada a outro Estado para abortar, teve o nome e o hospitalesportenetvip bet apostas onlineque faria o procedimento expostos pela militanteesportenetvip bet apostas onlineextrema-direita Sara Giromini, conhecida como Sara Winter.

A fachada da unidadeesportenetvip bet apostas onlinesaúdeesportenetvip bet apostas onlineque a garota fez o aborto se tornou palcoesportenetvip bet apostas onlinereligiosos que protestaram contra a ação. Horas depois, outros grupos chegaram ao local para defender o direito da criança ao aborto.

O Código Penal brasileiro permite a interrupção da gravidez, com o consentimento da gestante,esportenetvip bet apostas onlinecasosesportenetvip bet apostas onlineestupro e quando há risco à vida da mulher. A Justiça havia autorizado o aborto da garota do Espírito Santo — a menina tinha dito que não queria ter o bebê e foi apoiada por parentes.

Entretanto, movimentos intitulados pró-vida e militantes bolsonaristas tentaram impedir o aborto por meio dos protestos e medida na Justiça, sob o argumentoesportenetvip bet apostas onlineque estariam tentando proteger duas vidas: a da gestante e a do filho. A iniciativa, porém, foiesportenetvip bet apostas onlinevão. A garota conseguiu abortar, conforme assegurado pela Lei.

Para Melania, a tentativaesportenetvip bet apostas onlineimpedir o aborto da garota causa "perplexidade, espanto, indignação e revolta".

Os riscos da gestação na infância

Uma gravidez aos 10 anos é considerada extremamente arriscada. Especialistas apontam que há, aproximadamente, quatro vezes mais chancesesportenetvip bet apostas onlinemortes entre grávidas adolescentes, com 15 anos ou menos, do que entre as mais velhas.

Um estudo publicado no American Journal of Obstetrics and Gynaecology, feito com jovens gestantes na América Latina, apontou que as grávidas com 15 anos ou menos têm mais propensão a desenvolver anemia grave, riscos elevadosesportenetvip bet apostas onlinehemorragia pós-parto e os bebês podem nascer pequenos,esportenetvip bet apostas onlinecomparação ao período gestacional, e há mais chancesesportenetvip bet apostas onlinemorte neonatal precoce.

Melania ressalta que a gravidez entre jovensesportenetvip bet apostas online10 a 15 anos tem riscos elevadosesportenetvip bet apostas onlinepré-eclâmpsia — aumento da pressão arterial,esportenetvip bet apostas onlinegeral acompanhadaesportenetvip bet apostas onlineexcessoesportenetvip bet apostas onlineproteína na urina — eesportenetvip bet apostas onlineeclâmpsia — convulsões recorrentes.

"Além disso, também existem complicações na gravidez, porque os bebês dessas meninas podem não ganhar peso. Há restriçãoesportenetvip bet apostas onlinecrescimento (em razão da estrutura corporal da garota) e, por isso, muitos nascem prematuros", diz a médica.

Ela pontua que uma situação que faz com que gestaçõesesportenetvip bet apostas onlinegarotasesportenetvip bet apostas online10 a 13 anos sejam ainda mais arriscadas é o fatoesportenetvip bet apostas onlineelas estaremesportenetvip bet apostas onlinefaseesportenetvip bet apostas onlinedesenvolvimento.

"O corpo e os órgãos internos delas ainda não estão desenvolvidos. Elas não têm, por exemplo, a bacia completamente formada e isso impede a progressão do trabalhoesportenetvip bet apostas onlineparto", relata.

A especialista afirma que o aborto legal é muito mais seguro, para essas meninas, do que o parto.

"O parto traz riscos para qualquer mulher,esportenetvip bet apostas onlinequalquer fase. Para uma garota, é ainda mais perigoso. Grave mesmo seria um aborto inseguro, que a mulher teria que fazer na clandestinidade", diz.

"O abortoesportenetvip bet apostas onlinecasos legais, com acompanhamento médico, é muito mais seguro que o parto. É muito diferente expulsar um concepto ou um fetoesportenetvip bet apostas onlinepouco maisesportenetvip bet apostas online500 gramas ou menos do que um bebêesportenetvip bet apostas onlinetrês quilos ou mais", declara.

A médica conta queesportenetvip bet apostas onlinealguns países africanos, onde até algum tempo ainda era permitido o casamento infantil, eram frequentes os casosesportenetvip bet apostas onlinegarotas com fístula (ferimento interno) entre a bexiga e a vagina. "Elas engravidavam e tinham o parto sem assistência ou com assistência sem acesso à cesárea. O bebê saía rasgando tudo e dilacerava a vagina, a bexiga e ficava vazando urina pela vagina durante muito tempo, após o parto", diz.

As sequelas

Melania já trabalhouesportenetvip bet apostas onlineserviçosesportenetvip bet apostas onlineatendimento a casosesportenetvip bet apostas onlineviolência sexual. A ginecologista conta ter acompanhado vítimasesportenetvip bet apostas onlinediversas idades:esportenetvip bet apostas onlineseis mesesesportenetvip bet apostas onlinevida a 92 anosesportenetvip bet apostas onlineidade. "Não há idade que nos protege do estupro. Nós, mulheres, não estamos protegidasesportenetvip bet apostas onlinenenhuma faixa etária", lamenta.

"Quando é muito criança, não engravida. Mas muitos abusos começam nessa fase e vão até o períodoesportenetvip bet apostas onlineque a garota começa a ovular e, infelizmente, resulta na gravidez", diz. O caso da garota do Espírito Santo é semelhante a muitos que a médica acompanhou: a menina era estuprada pelo tio — preso na madrugadaesportenetvip bet apostas onlineterça (18\08) — havia quatro anos e engravidou aos 10.

Nem todos os casosesportenetvip bet apostas onlinegravidez terminamesportenetvip bet apostas onlineaborto. A médica relata que algumas jovens vítimasesportenetvip bet apostas onlineestupro chegam ao hospital pouco antesesportenetvip bet apostas onlineseus filhos nascerem. "Muitas meninas não sabem que têm direito ao aborto previstoesportenetvip bet apostas onlineLei. Para elas, não se trataesportenetvip bet apostas onlineuma opção."

A médica relembra o primeiro casoesportenetvip bet apostas onlinemorte materna que acompanhou na vida. Melania tinha 17 anos e estava no início da faculdadeesportenetvip bet apostas onlineMedicina.

"Era uma meninaesportenetvip bet apostas online13 anos, que morreu por causaesportenetvip bet apostas onlineum aborto inseguro. E o mais triste é que ela tinha direito ao aborto legal", diz.

Ao longo das três décadas como médica, Melania já presenciou diversas situações com jovens grávidas.

"Já atendi a casosesportenetvip bet apostas onlinegestantesesportenetvip bet apostas online10 anos com eclâmpsia, que tiveramesportenetvip bet apostas onlineser intubadas na UTI, após quase morreremesportenetvip bet apostas onlinedecorrênciaesportenetvip bet apostas onlinegraves crises convulsivas", diz. "Nenhuma das que acompanhei morreu. Mas o riscoesportenetvip bet apostas onlinemorteesportenetvip bet apostas onlinecasosesportenetvip bet apostas onlineeclâmpsia é elevado, por isso é uma situaçãoesportenetvip bet apostas onlinerisco", declara.

Uma das situações que mais marcaram a carreiraesportenetvip bet apostas onlineMelania foi no início dos anos 90, quando ela tinha poucos anosesportenetvip bet apostas onlineformada. Uma adolescenteesportenetvip bet apostas online13 anos com paralisia cerebral foi vítimaesportenetvip bet apostas onlineestupro. A garota era tetraplégica e respirava com ajudaesportenetvip bet apostas onlineaparelhosesportenetvip bet apostas onlineoxigênio.

"A mãe lavava roupa para sobreviver e deixava a filha tomando sol,esportenetvip bet apostas onlinefrente à casaesportenetvip bet apostas onlineque moravam. Estupraram essa garota e ela engravidou. Quando chegou ao hospital, ninguém estava disposto a interromper a gravidez dela, porque se diziam contra o aborto", diz.

"Eu, uma recém-formada, fui chamada, porque ninguém queria se responsabilizar por aquela intervenção. Eu era muito jovem. Olhei para a menina, li o prontuário e fiz ali, sozinha, minha primeira interrupçãoesportenetvip bet apostas onlinegravidez. Em meio à solidão, administrei os medicamentos e esperei a expulsão, para depois fazer a curetagem. Fiz aquilo porque tinha a plena convicçãoesportenetvip bet apostas onlineque estava salvando a vida daquela criança e que aquilo era um direitoesportenetvip bet apostas onlineuma vítimaesportenetvip bet apostas onlineestupro", relata, com a voz embargada. "Até hoje isso me emociona", revela.

O caso do Espírito Santo

Para Melania, o caso do Espírito Santo se diferencia dos que ela acompanhou ao longo da carreiraesportenetvip bet apostas onlinevirtude da divulgação do nome da vítima e do hospitalesportenetvip bet apostas onlineque a criança faria o aborto.

"Esse aborto é previstoesportenetvip bet apostas onlineLei para casos assim e há o máximo rigor técnico e respeito ao sigilo e confidencialidade", pontua Melania.

A médica ressalta que faltou respeito ao sigiloesportenetvip bet apostas onlineidentidade no caso da garota do Espírito Santo. "Essa divulgação precisa ser investigada. É uma situação muito grave. Como a Sara Winter chegou a esses dados?", questiona.

Juristas ouvidos pela BBC News Brasil afirmam que a divulgação das informaçõesesportenetvip bet apostas onlineuma criança, sem a autorização dos responsáveis, pode ser considerada criminosa, segundo o Código Penal e o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

Melania critica também a demora para que o aborto da criança fosse feito. Após autorização da Varaesportenetvip bet apostas onlineInfância e Juventudeesportenetvip bet apostas onlineSão Mateus, no Espírito Santo, a menina deu entrada na alaesportenetvip bet apostas onlineatendimento a vítimasesportenetvip bet apostas onlineviolência sexualesportenetvip bet apostas onlineum hospital estadualesportenetvip bet apostas onlineVitória, mas voltou para casa porque os médicos se recusaram a realizar o procedimento, sob a alegaçãoesportenetvip bet apostas onlineque a gravidez,esportenetvip bet apostas online22 semanas e quatro dias, estava avançada.

A secretaria estadualesportenetvip bet apostas onlineSaúde do Espírito Santo recorreu a uma unidadeesportenetvip bet apostas onlinesaúdeesportenetvip bet apostas onlineRecife, onde a criança fez o aborto, acompanhada pela avó.

"Qualquer serviço que atenda grávidas tem obrigaçãoesportenetvip bet apostas onlinerealizar o aborto. É previstoesportenetvip bet apostas onlineLei. Não há necessidadeesportenetvip bet apostas onlinealvará judicial ou delongas. Ficaram esperando uma autorização judicial no Espírito Santo e quando chegou, alegaram que a gravidez estava avançada. Avançou porque esperaram muito tempo. Não deveria ter sido assim", assevera a médica.

A garota passa bem após o aborto, informaram representantes do hospitalesportenetvip bet apostas onlineRecife.

Para Melania, é fundamental que a menina, assim como todas as outras vítimasesportenetvip bet apostas onlineabuso sexual, receba cuidados psicológicos.

"O estupro deixa marcas para sempre. Essas meninas chegam ao hospital traumatizadas. Elas são meninas, não mães. Não querem o fruto da violênciaesportenetvip bet apostas onlineseus ventres. Se receberem todo o apoio, poderão ter seus planos e dignidade recuperados", diz.

Depoisesportenetvip bet apostas onlinedécadas acompanhando vítimasesportenetvip bet apostas onlineviolência sexual, Melania viu muitas situações que a entristeceram. No entanto, ela conta que não perde o sentimentoesportenetvip bet apostas onlinerevolta a cada novo caso que acompanha.

"A gente pensa que depoisesportenetvip bet apostas onlinetantos anos na área, vai se acostumar. Mas cada caso, como o dessa garota, causa um mistoesportenetvip bet apostas onlinesentimentos ruins. Neste caso da criança do Espírito Santo, a revolta não é só pelo estupro e pela gravidez, mas também porque a menina foi violada por anos e sofreu uma nova violação da sociedade, ao tentar tirar dela o direito ao aborto", afirma.

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