Enem vai expor nova camadasign up bet plusexclusão entre alunos mais pobres, diz estudiososign up bet plusdesigualdade na educação:sign up bet plus

Participantesign up bet plusprova do Enemsign up bet plus2017

Crédito, Mariana Leal/MEC

Legenda da foto, Participantesign up bet plusprova do Enemsign up bet plus2017; alguns grupos defendem novo adiamento da prova, para dar mais temposign up bet plusalunos se prepararem esign up bet pluso país sair do picosign up bet plusnovos casos da covid-19

Issosign up bet plusdetrimento dos alunos mais vulneráveis, que ficarão mais distantes do ensino superior e, como consequência, com menos chancesign up bet plusrenda maior esign up bet plusoportunidades melhoressign up bet plusempregos no futuro. Os mais prejudicados, na visãosign up bet plusSoares, tendem a ser os alunossign up bet plusensino médio que não conseguiram acompanhar as aulas.

Criaria-se, assim, uma nova exclusão, mesmo entre grupos que tradicionalmente já tinham dificuldadessign up bet plusacesso ao ensino superior.

Para Soares, a despeito dos novos entraves para a realização do Enem, depoissign up bet plusum anosign up bet plusensino remoto esign up bet plusmeio a um novo picosign up bet pluscasossign up bet pluscovid-19 no país, não faria sentido adiar o exame novamente - ele avalia que o Inep tem estrutura logística suficiente e que, ao adiar as provas, jogaria-se no aluno o ônus por seu possível mau desempenho,sign up bet plusvezsign up bet plustratar o problema como algo estrutural.

"Prefiro dizer: há um problema novo (de desigualdade) que a gente precisa tratar", opina.

O tema, porém, tem despertado intensos debates nos últimos dias. Na sexta-feira (8/1), a Defensoria Pública da União entrou com uma ação na Justiça pedindo o adiamento do exame, afirmando que "não há maneira segura para a realizaçãosign up bet plusum exame com quase seis milhõessign up bet plusestudantes neste momento, durante o novo picosign up bet pluscasossign up bet pluscovid-19".

Em entrevista à BBC News Brasil, Soares comentou também sobre outras manifestações crônicas da desigualdadesign up bet plusensino esign up bet plusestratégias para combatê-las - usando, inclusive, a tecnologia, que na pandemia ganhou espaço inédito na educação.

Francisco Soares

Crédito, Fundação Tide Setubal

Legenda da foto, Francisco Soares foi presidente do Inep (órgão do MEC) e ajudou a criar novo indicadorsign up bet plusdesigualdade na educação

Veja a seguir trechos da conversa, divididos por tópicos:

Enem: logística e desigualdades

Questionado pela reportagem se este será o Enem mais desafiador dos cercasign up bet plus20 anossign up bet plushistória do exame, Soares diz que a equipe técnica do Inep está preparada para as questões logísticas da prova mesmo nas condições impostas pela pandemia.

"Costumo falar que se o Brasil entrasse numa guerra, o coordenador logístico teria que ser alguém dessa equipe (do Inep), que há muitos anos vem conseguindo fazer o exame no país: a prova chega, os fiscais chegam, é muito impressionante. O Brasil tem essa capacidade logística também nas vacinas, nas eleições. Esse é um lado que dá um certo conforto", diz.

"Neste ano tem o desafio do distanciamento social, mas o número (de 5,7 milhõessign up bet plusinscritos) é muito menor. Não estamos batendo nos 9 milhões. Esse grupo experiente vai abrir os espaços necessários (para a realização da prova)."

Do pontosign up bet plusvistasign up bet plusensino durante a pandemia, porém, a questão é mais grave, diz Soares.

Apesarsign up bet plusacreditar que a desigualdadesign up bet plusacesso ao ensino superior é bastante amenizada pela Lei das Cotas - que reserva 50% das vagassign up bet plusuniversidades e institutos federais a alunossign up bet plusescolas públicas -, o Enem deste ano vai escancarar problemas que se aprofundaram.

"A vantagem (dos jovens) que estudamsign up bet plusescolas privadas e que têm na família um apoio maior vai se compondosign up bet plustal maneira que, quando chega a hora do Enem, é quase um jogosign up bet pluscarta marcada. Ele escancara as desigualdades. Só que neste ano isso ficou pior, porque criamos uma nova desigualdade, entre os alunos que estão terminando o ensino médio (e não conseguiram acompanhar as aulas) e os que já tinham terminado. Uma nova desigualdade entre os mais pobres. Criamos uma exclusão nova", explica.

"Não estou dizendo que a gente deve adiar o Enem, que não deve ter Enem. O que estou dizendo é que a gente precisa tratar dissosign up bet plusforma concreta. (...) Uma hipótese provável é que vamos ter menos estudantessign up bet plusensino médio das escolas públicas sendo admitidos (em universidades públicas,sign up bet plusfavorsign up bet plusalunos que já haviam concluído o ensino médio antes da pandemia). Não é fácil, porque é uma distinção entre dois grupos que já eram excluídos. Por isso falo que estamos inventando uma nova desigualdade."

Participante com prova do Enem,sign up bet plusfotosign up bet plusarquivo

Crédito, Antonio Cruz/Ag Brasil

Legenda da foto, Participante com prova do Enem,sign up bet plusfotosign up bet plusarquivo; ediçãosign up bet plus2020 do exame vai expor novas camadassign up bet plusdesigualdade entre jovens que conseguiram ou não estudar durante a pandemia

Uma possível solução, emborasign up bet plusimplementação difícil, seria reservar vagas nas universidades públicas para alunos que estavam no terceiro ano,sign up bet plusproporção semelhante ao que cada universidade aprovou no ano anterior, diz ele.

Debate sobre adiamento do Enem

Embora as soluções não sejam fáceis, Soares acha mais eficiente focar os esforços nelas do quesign up bet plusdiscutir um eventual novo adiamento do Enem - que tem sido defendido por parte dos estudantes, analistassign up bet pluseducação e grupos políticos, para dar mais temposign up bet pluspreparo aos jovens e tentar sair do pico da pandemia.

"Acho que (adiar) não teria nenhum efeito, basicamente. Temos um processosign up bet plusseleção, infelizmente, que vai separar (jovens admitidos ou não no ensino superior). Prefiro perceber que houve uma nova desigualdade e não deixar esses alunos padecerem. Mas acho que o sistema tem que continuar", afirma.

"O Brasil tem (o hábito)sign up bet plustransferir culpa. Então, quando adio o Enem, estou também criando uma fantástica justificativa: 'você não passou, o problema é seu'. Prefiro dizer: há um problema novo que a gente precisa tratar. Não vai ser com algo episódico (adiamento) que vamos resolver."

Evasão escolar, a 'batalha' principalsign up bet plus2021

Pesquisassign up bet plusopinião recentes com paissign up bet plusalunos da rede públicasign up bet plusensino sugerem que um alto índice deles - até um terço - teme que os filhos abandonem a escola por conta da pandemia.

Para Soares, evitar a evasão escolar será o maior desafio da educação neste ano.

"Com todas as críticas que a gente pode ter, o país vinha melhorando ao longo desses anos. A primeira melhoria foi levar o aluno para a escola. (...) Onde começa o problema? Aos 13 anos. A criança entra na adolescência e começa a desistir (da escola). É isso que a pandemia vai acirrar", afirma.

Especialistas apontam que, ao sair da escola e entrar precocemente no mercadosign up bet plustrabalho - particularmentesign up bet plusum momentosign up bet pluscrise econômica -, esse jovem iniciará uma trajetóriasign up bet pluspiores perspectivas profissionais, menores salários e menor chancesign up bet plusmobilidade social.

"Temos que cuidar para a criança não sair da escola. Esse é o esforçosign up bet plustodo mundo - da igreja, da cidadania, dos partidos,sign up bet plusquem for. Essa é a batalha deste ano. Com acolhimento, preciso criar um ambiente para trazer o aluno para a escola. Tem também os professores, que passaram um ano muito difícil. E eles precisam ganhar prioridade na vacinação. A gente precisava sinalizar que isso é importante. Falta no Brasil essa vontadesign up bet pluscolocar a criança no centro (das políticas públicas)."

A evasão e a repetência escolares são também uma grande fontesign up bet plusdesperdíciosign up bet plusrecursos, uma vez que mantêm o sistema educacional mais inchado para atender alunos que demoram a completar - ou sequer completam - o ciclosign up bet plusanossign up bet plusestudo.

"Quando a criança sai ou toma bomba, eu tenho um sistema maior do que preciso. Então a criança precisa ficar na escola."

Criança estudando

Crédito, Raul Santana/Fiocruz

Legenda da foto, "Criamos uma nova desigualdade, entre os alunos que estão terminando o ensino médio (e não conseguiram acompanhar as aulas) e os que já tinham terminado", diz Soares

Desigualdades educacionais crônicas

O mais recente Índice Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal mensuração da qualidade do ensino no país e divulgado pelo Ministério da Educaçãosign up bet plussetembro, apontou avanços na educação geral do Brasil, embora poucos Estados tenham alcançado as metas previstas.

Mesmo esses avanços devem ser lidos com cautela, explica Soares, porque mascaram desigualdades educacionais invisíveis aos dados.

"Eu colocaria a 'melhora no Ideb' entre aspas. Porque o Ideb (mensura o desempenho escolar) das crianças que estão na escola. As que saíram, já era. É algo tipicamente brasileiro", diz o pesquisador.

"Imagina: você é brasileiro e saiu da escola por um motivo qualquer. Você é quem mais precisa da escola. Mas você não impacta o indicador. Isso ésign up bet plusum cinismo estrutural. (...) Além disso, temos uma expectativa muito baixa"sign up bet plusrelação à educação pública, argumenta.

Estratégias para avançar:sign up bet plustecnologia a ensino integral

"A pandemia trouxe problemas novos para os quais não temos solução. Como fazer a escola funcionarsign up bet plusuma situação como esta? Mas tem uma coisa importante que a pandemia está nos ensinando a amadurecer à força: está nos dizendo que, para vencer a desigualdade, preciso da tecnologia", defende Soares.

"Na saúde, estamos pertosign up bet pluster um prontuário único (para cada paciente), algo que traz muitos problemassign up bet pluspotencial, mas também muita facilidade: quando você for atendida, o médico vai conhecer toda asign up bet plushistória. Mas na educação a gente não tem esses dados. Com a tecnologia, talvez a gente tenha uma ferramenta (para acompanhar todo o desenvolvimento escolar), não preciso esperar até o aluno estar no cursinho (para diagnosticar problemas)."

Um avanço que tem sido comemorado por Soares e outros especialistassign up bet pluseducação é a aprovação recente, pelo Congresso, do Fundeb, fundosign up bet plusdinheiro público para a educação básica que passa a ser permanente e obrigatoriamente ganhará mais recursos por parte do governo federal.

Aulasign up bet plusmatemática

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Impedir que jovens abandonem a escola deverá ser o maior desafio da educaçãosign up bet plus2021

"Isso é uma coisa boa, mas temos que usar bem: oferecendo escolasign up bet plustempo integral, para professor e aluno. (...) E uma quantidade enormesign up bet plusjovens gostaria de, durante o ensino médio, ter alguma certificação (técnica). Uma vez, uma pessoa que veio instalar uma antena na minha casa me disse: 'terminei o ensino médio e não sabia nada. Precisei pagar (para se capacitar e conseguir seu emprego)'. De novo, olha como o país é: não deu nada a ele e, para ele ter emprego, tevesign up bet pluspagar."

"Então essa é uma primeira mudança razoável: junto com a escola, ter uma certificação. E colocar o ensino superior no horizonte (dos jovenssign up bet plusescolas públicas). Tem muita iniciativa interessante. As escolassign up bet plustempo integralsign up bet plusPernambuco, por exemplo, têm uma disciplinasign up bet plusprojetosign up bet plusvida. Não é dizer ao aluno: 'sonhe'. É dizer 'você está aqui, pense no que vai ser feito (para crescer)'".

Mas o pontosign up bet pluspartida ésign up bet plusfato enxergar cada brasileiro como merecedorsign up bet plusuma educaçãosign up bet plusalta qualidade esign up bet plusacesso pleno à cidadania, opina Soares.

"O Brasil é um país que tem uma portasign up bet plusentrada para a cidadania. Nós precisamos vencer isso. É uma decisão que precisa estar na nossa cabeça: todo brasileiro tem que ser brasileiro. O sonho brasileiro é ser o opressor. 'Eu quero estar no seu lugar'. (Mas) o projeto que vai nos mover é dizer: 'eu vou puxar todo mundo para cima'."

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