São Brás: o que se sabe sobre o médico da antiguidade que se tornou santo protetor da garganta:sobre betano
- Edison Veiga
- De Bled (Eslovênia) para a BBC News Brasil

Crédito, Domínio público
O diasobre betanoSão Brás é celebradosobre betano3sobre betanofevereiro
sobre betano É tradição católicasobre betanovárias partes do mundo: se é diasobre betanoSão Brás, é preciso levar as crianças para a igreja.
Durante a missa,sobre betanomomento oportuno, o sacerdote irá se encarregarsobre betanobenzer as gargantassobre betanocada um com uma curiosa cruz formada por duas grandes velas apagadas.
A bênção não é privilégio para os filhos. Adultos também a recebem.
Para famílias que praticam o catolicismo e se apegam às práticas que passamsobre betanogeração para geração, esse ritual tem um significado prático: segundo a fé, os benzidos pela intercessãosobre betanoSão Brás não terão nenhuma inflamaçãosobre betanogarganta até o ano seguinte. Ou, se tiverem, as doenças serão leves.
A festasobre betanohonra ao santo é no dia 3sobre betanofevereiro, justamente porque é a datasobre betanoque se acredita que ele tenha sido martirizado, morto por decapitação, no longínquo anosobre betano316.
E é justamente essa distância temporal que não nos permite ter muitas informações biográficas sobre o personagem.
Entre pesquisadores contemporâneos, não há um consenso, por exemplo se ele nasceusobre betanoRoma ousobre betanoSebaste, hoje a cidadesobre betanoSivas, na Turquia, na época uma localidade na chamada Armênia Menor.
Também não é possível confirmar se ele realmente veio ao mundosobre betano264 ousobre betanoalgum outro ano por volta disso.
Por outro lado, acredita-se que, sim, ele tenha construídosobre betanocarreira religiosa e morrido, como mártir,sobre betanoSebaste. Muito provavelmente no anosobre betano316 — embora haja quem defenda que isso ocorreu quatro anos mais tarde.
"A vida e a memóriasobre betanoSão Brás foram inteiramente remodelas por legendas e mitificação. Pouco sabemos sobre a história real", aponta o filósofo e teólogo Fernando Altemeyer Junior, professor na Pontifícia Universidade Católicasobre betanoSão Paulo (PUC-SP).
"Dizem os relatos centenários que ele foi bispo e médico especializadosobre betanocurassobre betanohomens e animais", acrescenta ele.
Nesses primeiros séculos do catolicismo, bispos eram aqueles religiosos aclamados como líderes regionais, muitas vezes fundadoressobre betanocomunidades cristãs e mantenedores das mesmas.
Nesses séculossobre betanoantiguidade, profissões não eram bem definidas como hoje — o que nos permite compreender, portanto, que um estudiososobre betanofisiologia cuidasse tanto da saúdesobre betanoseres humanos como dasobre betanobichos.
De acordo com o padre Antônio Lúcio da Silva Lima, autor do livro 'Novena São Brás', o religioso foi um bispo "muito querido pelos fiéis".
"Perseguido pelos romanos [que então combatiam o cristianismo], Brás abandonou o bispado e se protegeusobre betanouma cavernasobre betanouma montanha isolada", conta.
Mesmo assim, acabou descoberto e preso pelos soldadossobre betanoRoma.
"Durante o cativeiro, na escuridãosobre betanoum calabouço, ganhousobre betanopresentesobre betanoalgum amigo um parsobre betanovelas, com as quais recebia luz e calor", narra o padre.
"É por isso que, na representação iconográfica, o santo aparece portando duas velas."
São as tais duas velas que se utilizam para a bênção das gargantas até hoje.
Massobre betanocondenação não se limitou à prisão. Segundo os relatos antigos, Brás foi morto por decapitação, como era praxe entre os cristãos dessa época, sob ordens do imperador romano Licínio (265-325).
"Morreusobre betanotestemunhosobre betanosua fé", salienta Lima.
Sobre a tradição das velas, Altemeyer Junior ainda recorda que na véspera da festasobre betanoSão Brás a Igreja celebra Nossa Senhora das Candeias — também chamadasobre betanoNossa Senhora da Luz.
"As velas entrecruzadas sob o pescoçosobre betanorito sacramental ao final das missas sugere a festa do dia anterior", ressalta ele.
Biografia carentesobre betanodetalhes
No martirológio romano, que narra as histórias dos santos da Igreja, as informações sobre ele são muito sucintas.
"São Brás, bispo e mártir, que padeceu pela fé cristãsobre betanoSebaste, na antiga Armênia, hoje Sivas, na Turquia, sob o mandato do imperador Licínio", diz o texto. E só.
"A tradição popular narra que ele fora médico esobre betanodado momento ele resolve tomar a vida eremítica e aindasobre betanovidasobre betanofamasobre betanosanto começou a se espalhar", diz o pesquisador e estudiosos da vidasobre betanosantos José Luís Lira, fundador da Academia Brasileirasobre betanoHagiologia e professor da Universidade Estadual Vale do Aracaú, do Ceará.
"Então, o povo a ele acorria e alcançava graças, obtinha milagres. Naqueles primeiros séculos do catolicismo a escolha do bispo, o lídersobre betanouma Igreja local, se dava por aclamação do povo e o povosobre betanoSebaste o aclamou bispo", esclarece Lira.
"Ele aceitou mas teria continuado a residir próximo à caverna na qual se 'escondera' do mundo e dali dirigia a Igreja da atual cidadesobre betanoSivas, no centro da Turquia. Porsobre betanofé cristã, foi martirizado", completa.
Altemeyer Junior conta que há relatossobre betanoque, nesse período, tanto pessoas quanto animais o procuravamsobre betanobuscasobre betanocuras. E ele atendia a todos.
"Ele simplesmente impunha uma benção e havia curas", diz o teólogo.
"Logo,sobre betanofamasobre betanosanto se espalhou por toda a região da Capadócia, pois ele atendia a todos que o procuravam e muitas vezes as pessoas ficaram curadassobre betanosuas doenças do corpo e da alma. Até os animais selvagens conviviamsobre betanototal harmonia com o santo", acrescenta padre Lima.
O hagiólogo Lira diz que a fonte mais confiável sobre São Brás é a chamada 'Legenda Áurea', um conjuntosobre betanonarrativas sobre a vidasobre betanosantos reunidas, por volta do anosobre betano1260, pelo então arcebisposobre betanoGênova, Jacoposobre betanoVarazze (1229-1298).
"Apesar da atemporalidade, posso considerar a narração como fonte, por inexistirem, pelo menos no que conheço, outras", afirma o pesquisador.
"O arcebispo torna escrita a oralidade a respeitosobre betanovários santos. Uma verdadeira preciosidade."
"Nela o arcebispo diz que 'Brás erasobre betanogrande doçura e santidade, o que fez os cristãos o elegerem bispo da cidadesobre betanoSebasta, na Capadócia. Por causa da perseguiçãosobre betanoDiocleciano, após receber o episcopado retirou-se para uma caverna onde passou a levar vida eremítica. Os passarinhos levavam-lhesobre betanocomer e juntavam-sesobre betanotorno dele, só o deixando depoissobre betanoter sido abençoado por ele. Se algum deles estava doente, ia vê-lo e retornava perfeitamente curado'", narra Lira.
O pesquisador conta que Varazze ainda "narra importantes fatos da vida e do martíriosobre betanoSã Brás".
"E o que acho mais interessante é algo que ele nos informa na ocasião do martírio do santo e que o faz, espontaneamente, o protetor dos que têm males na garganta", comenta.
A cura da garganta
O texto medieval diz que "Brás pediu então ao Senhor que se alguém invocasse seu patrocínio contra dorsobre betanogarganta ou qualquer outra enfermidade, fosse atendido".
"E uma voz do Céu respondeu-lhe, dizendo que assim seria", enfatiza o registro.
Altemeyer Junior recorda que há um episódio narrado sobre uma cura realizada aindasobre betanovida que o teria tornado alguém reconhecidamente apto a solucionar problemas do tipo.
"Fato famoso foi salvar a vidasobre betanouma criança que tinha presa à garganta uma espinhasobre betanopeixe. E estava morrendo engasgado. Tornou-se patrono das gargantas e males do pescoço", comenta o teólogo.
O hagiólogo Lira corrobora.
"Num dos muitos relatos da vidasobre betanoSão Brás, vemos os milagres e a históriasobre betanouma mãe que teria chegado até ele aflita, com o filho agonizante, engasgado com uma espinhasobre betanopeixe", conta.
"São Brás teria olhado para o céu, rezado e,sobre betanoseguida, fez o sinal da cruz na garganta do menino e o este ficou bom imediatamente. A partir daí e, principalmente, após o martíriosobre betanoSão Brás, passou-se a usar as velassobre betanoformasobre betanocruz para dar a bênçãosobre betanoSão Brás", completa Lira.
Essa história é recuperada pela própria oração a São Brás, que lembra que ele restituiu "a perfeita saúde a um menino que, por uma espinhasobre betanopeixe atravessada na garganta, estava prestes a expirar" e pede que todos tenhamos "a graçasobre betanoexperimentarmos a eficácia"sobre betanoseu "patrocíniosobre betanotodos os males da garganta".
Por fim, conforme detalha padre Lima, a prece pede para que o santo ajude a conservar "a nossa garganta sã e perfeita para que possamos falar corretamente e, assim, proclamar e cantar os louvoressobre betanoDeus".
Isso teria dado origem à bênção contemporânea das gargantas dos fiéis.
"A mão direitasobre betanoSão Brás abençoando relembra o gesto que ele tanto usava quando rezava pelos doentes. Por meiosobre betanosua bênção muitos doentes ficavam curados e muitas graças aconteciam", diz Lima.
"As velas na mão esquerdasobre betanoSão Brás, amarradas esobre betanoformatosobre betanocruz simbolizam a bênção do santo bispo", acrescenta ele, enfatizando que esse gesto relembra a cura do menino engasgado com a espinhasobre betanopeixe.
"São Brás abençoou o menino e retirou-lhe a espinha. O menino ficou bom imediatamente. Por causa disso, São Brás passou a ser invocado como o protetor da garganta", explica o padre.
O hagiólogo Lira conta que essa tradição do benzimento das gargantas ocorresobre betanoboa parte do mundo católico.
Morte e culto
De acordo com os relatos antigos, Brás teria sido torturado e morto a mando do império romano.
"Foi martirizado com pentessobre betanoaço para cardar lãsobre betanoovelhas e posteriormente decapitado", afirma Altemeyer Junior.

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A tradiçãosobre betanobenzer as gargantas ocorresobre betanoboa parte do mundo católico
"Ele teria sido terrivelmente flagelado e torturado, sendo por fim penduradosobre betanoum andaime para morrer. Como isso não acontecia, primeiro lhe descarnaram os ossos com pentessobre betanoferro. Depois tentaram afogá-lo duas vezes e, frustrados, o degolaram para ter certezasobre betanosua morte", narra Lira.
De acordo com padre Lima, a famasobre betanosantidadesobre betanoBrás, no princípio local, começou a se espalhar ainda na Idade Média, principalmente a partir do século VIII.
No Brasil, a tradição foi trazida já pelos colonizadores portugueses. "O Brasil tinha, e ainda tem, muita carênciasobre betanosantos próprios reconhecidos", aponta o hagiólogo Lira.
"E temos que considerar que há um apelo interessante na figurasobre betanoSão Brás: a cura dos males da garganta."
"Com isso, muitas paróquias foram a ele dedicadas, fábricas, produtos e até municípios", ressalta o pesquisador.

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