Simone Tebet: os motivos pelos quais a candidata 'abençoada' por elite patina nas pesquisas:aposta em casa

Embora as pesquisas apontem que a senadora não tem chanceapostaaposta em casacasavencer esta eleição presidencial, os cientistas políticos apontam que a candidaturaapostaaposta em casacasaSimone Tebet configura um projetoapostaaposta em casacasamais longo prazo para ela - que amplia seu espaço também dentro do partido -, e uma espécieapostaaposta em casacasareafirmação do MDB no cenário nacional.

Nara Pavão, cientista política e professora da Universidade Federalapostaaposta em casacasaPernambuco (UFPE), diz que se trataapostaaposta em casacasa"um símbolo importante".

"Lançar um candidato, mesmo que não seja um candidato viável, é quase que uma declaraçãoapostaaposta em casacasaque ´estamos aqui e essa é a cara do partido´. (...) Sustentar uma candidatura boa - que não decolou, mas que mostra que o MDB está ali - ajuda na reconstrução da marca do partido", diz Pavão.

"O MDB e o PSDB precisam sobreviver e precisam insistiraposta em casacandidaturas. Isso é muito importante para esses partidos, historicamente grandes, e que sofreram muito com o saldo da Lava Jato - que foi muito mais negativo para eles do que foi, por exemplo, para o PT, que é um partido que se sustenta muito no eleitorado. Esses outros partidos não têm muitos partidários, pessoas que defendam e que faça com que esses partidos não morram. Então eles têm muito medoapostaaposta em casacasaperder visibilidade."

Mas por que a candidaturaapostaaposta em casacasaTebet estacionou neste patamar? Os motivos, segundo cientistas políticos ouvidos pela BBC News Brasil, envolvem tanto questões específicas da candidaturaapostaaposta em casacasaTebet - o perfilapostaaposta em casacasapolítica tradicional e a demora para a definiçãoapostaaposta em casacasaum nome do MDB e do PSDB -, quanto o contexto central desta eleição: a divisão dos eleitores entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL). A seguir, veja os principais pontos:

1. Perfilapostaaposta em casacasapolítica tradicional

Simone Tebet é, ao mesmo tempo, um nome pouco conhecido no Brasil e que representa o sistema político tradicional, segundo analistas e professores ouvidos pela reportagem.

"Embora Simone seja nova, seja mulher, ela ainda é representante do sistema político tradicional - filhaapostaaposta em casacasaum ex-presidente do Senado (Ramez Tebet),apostaaposta em casacasaum partido tradicional, sempre foi política", diz o cientista político Leonardo Barreto, diretor da consultoria Vector Research.

"Ela ainda representa uma candidatura tradicional - gestada dentro do próprio sistema político e não amparadaaposta em casamovimentosapostaaposta em casacasamassa. É claramente um movimentoapostaaposta em casacasaelites políticas."

A cientista social Esther Solano, professora da Universidade Federalapostaaposta em casacasaSão Paulo (Unifesp), diz que a candidata do MDB tem "muita bênção e apoio da classe alta, fundamentalmenteapostaaposta em casacasaempresários, que veem nela uma candidata que vai levar adiante uma agenda liberal".

"Mas por mais que ela seja escolhidaapostaaposta em casacasaelites, ela sendo desconhecida para o povo, não tendo realmente um canalapostaaposta em casacasacomunicação com o povo - como Lula e até Bolsonaro -, esse apoio das elites não se refleteaposta em casavotos."

Nara Pavão diz que, embora muitos eleitores tenham manifestado desejoapostaaposta em casacasaidealmente ter uma "terceira via", chegar a um perfil que agrada a muitos é uma questão mais desafiadora.

"Não querer um dos candidatos (Lula ou Bolsonaro) é uma coisa, concordaraposta em casaqual será a cara da terceira via é outra história", diz.

"Esse cenário teria sido um pouco diferente se tivesse chegado a algum candidato descolado do sistema político - já que é isso que as pessoas que querem uma terceira via desejam - um político novo, alguém muito carismático, que possa falar para as massas. Esse candidato não apareceu, ele não surgiu."

2. Conflitos internos e demora para definição

A demora na definiçãoapostaaposta em casacasacandidatos do que se convencionou chamarapostaaposta em casacasaterceira via - e as brigas dentro dos partidos nesse processo - deixou pouco tempo para trabalhar essas candidaturas, segundo os entrevistados.

"Quando você tem um cenário muito polarizado e no qual desde o começo as candidaturas que se propunham comoapostaaposta em casacasacentro, ou terceira via, não se concretizaramapostaaposta em casacasamaneira rápida… Isso gera um ciclo vicioso - quanto mais elas demoram, mais elas se apresentam como inviáveis", diz Pavão.

Barreto concorda: "O problema do timing foi importante - se você tivesse Simone Tebet estabelecida desde o ano passado, com trabalhoapostaaposta em casacasadisseminação, suporte, talvez poderia ter algum impacto, mas ficou muito, muitoaposta em casacima. E aí o volume do alto falante da Simone Tebet é baixinho."

Esther Solano disse que as brigas internas foram uma dificuldade e que "deu a sensaçãoapostaaposta em casacasaque a terceira via só pregava, na verdade, a união do país e o fim da polarização e do ódio no papel".

Em julho, até o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi acionado e teve que responder uma ação apresentada por um filiado ao MDBapostaaposta em casacasaAlagoas - o presidente da Corte, Edson Fachin, negou pedido para cancelar convenção do MDB nacional marcada para confirmar a candidaturaapostaaposta em casacasaTebet.

3. 'Batalhaapostaaposta em casacasatitãs'

A característica central da eleiçãoapostaaposta em casacasa2022 mostra que, até este momento, não há candidatura competitiva que não seja Lula ou Bolsonaro - o que, claro, afeta Tebet e qualquer outro candidato.

Pesquisasapostaaposta em casacasaintençãoapostaaposta em casacasavoto mostram que são minoria os brasileiros que planejam votaraposta em casaum candidato que não seja Lula ou Bolsonaro.

"Entre essas duas figuras, é muito difícil abrir caminho como outra possibilidade, porque são duas grandes potênciasapostaaposta em casacasamobilização, tanto Lula como Bolsonaro. É difícil abrir uma brecha", diz Esther Solano.

Leonardo Barreto diz que, diante dessa faltaapostaaposta em casacasaespaço, "para que uma terceira via se viabilizasse, você provavelmente teria que ter uma criseaposta em casaum dos dois polos".

Segundo pesquisa Datafolha divulgada na quinta (18/8), Lula aparece na liderança, com 47% das intençõesapostaaposta em casacasavoto, seguido por Bolsonaro, que tem 32%. Isso significa que, juntos, eles têm três a cada quatro intençõesapostaaposta em casacasavotos.

Ciro Gomes (PDT) tem 7%, Simone Tebet (MDB) tem 2% e outros candidatos somam 1%. Brancos e nulos representam 6%. Não souberam responder ou não responderam somaram 2%. Os números são referentes ao cenário estimulado,aposta em casaque os entrevistados recebem uma listaapostaaposta em casacasacandidatos.

Nara Pavão diz que "a terceira via foi se inviabilizando a despeito de, por exemplo, a gente ouvir muito as pessoas dizendo que gostariamapostaaposta em casacasauma terceira via". A principal razão, ela diz, é a polarização entre candidatos muito fortes - "uma batalhaapostaaposta em casacasatitãs".

A cientista política lembra que a disputa se dá entre um ex-presidente e o atual presidente, e que os eleitores, neste caso, votam com base no que eles já fizeram, e nãoaposta em casapromessas. "Não tem muito espaço para coisas subjetivas, abstratas, propostasapostaaposta em casacasagoverno", diz.

4. 'Voto útil'

Esse cenárioapostaaposta em casacasapolarização, segundo Nara Pavão, pode estimular eleitores que idealmente gostariamapostaaposta em casacasauma alternativa a Lula ou Bolsonaro a votaraposta em casaum dos doisaposta em casavezapostaaposta em casacasabuscar uma alternativa - já que no cenário atual só um dos dois tem chancesapostaaposta em casacasavencer,apostaaposta em casacasaacordo com pesquisasapostaaposta em casacasaintençãoapostaaposta em casacasavoto.

"Nesse cenárioapostaaposta em casacasapolarização, não é só o que eu desejo,aposta em casaum plano ideal. É o que é possívelapostaaposta em casacasaser concretizado. A gente vê cada vez mais o centro se derretendo - quanto mais a gente se aproxima do pleito, mais as pessoas vão agindo estrategicamente. A tendência é essa daqui pra frente", diz a professora da UFPE.

5. Regras da eleição

A legislação eleitoral também temapostaaposta em casacasaparte nessa equação, segundo Leonardo Barreto.

"A nova legislação eleitoral está exigindo dos partidos priorização das eleições para a Câmara, porque você vai ter uma cláusulaapostaaposta em casacasabarreira mais alta e fim das coligações. Isso faz com que os partidos políticos priorizem essas eleições (de parlamentares)aposta em casadetrimento das eleições majoritárias", diz ele.

O Congresso elevou a cláusulaapostaaposta em casacasabarreira (ou cláusulaapostaaposta em casacasadesempenho), que é o mínimoapostaaposta em casacasavotos necessário para se ter acesso ao fundo partidário e ao horário gratuitoapostaaposta em casacasarádio e televisão) -aposta em casa2022, seráapostaaposta em casacasa2% dos votos válidos. Outra mudança foi o fim das coligações - substituída pelas federações partidárias, que são as uniõesapostaaposta em casacasadois ou mais partidos por pelo menos quatro anos.

Barreto também diz que um prazo maior para realizaçãoapostaaposta em casacasacampanha política "seria essencial" para candidatos pouco conhecidos. A duração da campanha eleitoral, que já foiapostaaposta em casacasa90 dias, atualmente éapostaaposta em casacasa45 dias. "Para quem chega agora, é quase impossível realmente se apresentar", argumenta.

Este texto foi originalmente publicado em: http://www.mi-rob.com/brasil-62561132

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