As 6 grandes extinçõesons88 casinomassa do planeta — e por que estamos passando por uma delas agora:ons88 casino
- André Biernath - @andre_biernath
- Da BBC News Brasilons88 casinoLondres

Crédito, Getty Images
O eventoons88 casinoextinçãoons88 casinomassa mais recente ocorreu há 65 milhõesons88 casinoanos, quando grande parte os dinossauros acabou extinta
ons88 casino Em cercaons88 casino4,5 bilhõesons88 casinoanosons88 casinoexistência, o planeta Terra passou por pelo menos cinco grandes extinçõesons88 casinomassa — e é bem provável que estejamos no sexto fenômeno do tipo justamente no períodoons88 casinoque vivemos.
Esses momentos são caracterizados por um aumento na taxaons88 casinoseres vivos que deixamons88 casinoexistir.
Para ter ideia, cercaons88 casino98% dos organismos que habitaram o globo já não estão mais aqui.
Os cientistas estimam que a média "normal"ons88 casinoextinção éons88 casino0,1 a 1 espécie por 10 mil espécies a cada 100 anos.
Porém,ons88 casinopelo menos cinco ou seis episódios ao longo das eras, essa taxa acelerou além da conta: de acordo com o Museuons88 casinoHistória Naturalons88 casinoLondres, no Reino Unido, "um eventoons88 casinoextinçãoons88 casinomassa acontece quando as espécies desaparecem muito mais rápido do que são substituídas".
"Isso geralmente ocorre se cercaons88 casino75% das espécies do mundo são perdidasons88 casinoum 'curto' períodoons88 casinotempo geológico — menosons88 casino2,8 milhõesons88 casinoanos", calcula a instituição.
O paleontólogo Mario Cozzuol, do Institutoons88 casinoCiências Biológicas da Universidade Federalons88 casinoMinas Gerais (UFMG), cita outra característica fundamental desses acontecimentos: eles aconteceramons88 casinoforma homogêneaons88 casinotodas as partes do mundo.
"Falamosons88 casinoeventosons88 casinoescala global, com uma grande extensão, num tempo geólogo relativamente próximo", acrescenta.
Mas que eventosons88 casinoextinçãoons88 casinomassa são esses? E como os cientistas conseguem determinar que elesons88 casinofato ocorreram?
1. Ordoviciano-Siluriano, 440 milhõesons88 casinoanos atrás
Numa publicação disponível online, o Museu da Vida da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) explica que, nessa era, o planeta vivia um momentoons88 casinoprogresso.
"O númeroons88 casinoespécies, principalmenteons88 casinoanimais marinhos, estavaons88 casinocrescimento. Foi nessa época que surgiram também as primeiras plantas terrestres", contextualiza o artigo.
Mas a bonança acabou com o desaparecimentoons88 casino85% das espécies, especialmenteons88 casinopequenos seres marinhos invertebrados.
Entre as possíveis causas para a crise, os cientistas apontam a movimentação dos continentesons88 casinodireção ao pólo sul, as quedas na temperatura, a formaçãoons88 casinoglaciares e a redução do nível dos mares (dos quais boa parte da vida dependia).
2. Devoniano, 370-360 milhõesons88 casinoanos atrás
Cercaons88 casino75 milhõesons88 casinoanos depois, a Terra passou por uma nova hecatombe, que varreu do mapa entre 70 e 80%ons88 casinotodas as espécies.
À época, o mundo "era povoado por muitos peixes primitivos. Também surgiram os primeiros vertebrados terrestres com quatro membros e os insetos. As plantas, porons88 casinovez, estavam cada vez mais altas", descreve o Museu da Vida.

Crédito, Getty Images
Fóssilons88 casinoum artrópode do Período Devoniano
Ainda não há consenso sobre os motivos por trás dessa extinçãoons88 casinomassa.
As evidências apontam para diversas alterações no ambiente, como aumento e redução intercalados da temperatura, elevação e baixa do nível dos oceanos e uma queda na concentraçãoons88 casinooxigênio na atmosfera.
Alguns também especulam sobre possíveis impactosons88 casinometeoritos e cometas.
3. Permiano, 250 milhõesons88 casinoanos atrás
Eis o pior eventoons88 casinotodos: estima-se que maisons88 casino95% dos seres foram extintos nesse período.
O Museu Americanoons88 casinoHistória Natural,ons88 casinoNova York, explica que o fenômeno atingiu muitos vertebrados (seres que possuem coluna vertebral e crânio).
Conhecido como "A Grande Morte", esse evento também está relacionado às mudanças no ambiente.
É possível que a movimentação dos continentes, as erupções vulcânicas, o aquecimento do clima e o aumento da acidez dos oceanos tenham representado o fim da linha para muitas espécies que habitavam o planeta.
"Alguns cientistas apontam que a Terra foi atingida por um grande asteroide, que encheu o arons88 casinopartículasons88 casinopoeira, bloqueou a luz solar e provocou chuvas ácidas. Outros pensam que uma grande explosão vulcânica aumentou a quantidadeons88 casinodióxidoons88 casinocarbono (CO2) e tornou os oceanos tóxicos", detalha o Museuons88 casinoHistória Naturalons88 casinoLondres.
4. Triássico, 200 milhõesons88 casinoanos atrás
Os estudos calculam que três quartos das espécies desapareceram nessa época, marcada pelo desenvolvimento dos pinheiros e outras plantas do grupo das gimnospermas, dos dinossauros e dos primeiros mamíferos.
A principal explicação para o fenômeno é a separação da Pangeia — o supercontinente que reunia praticamente toda a superfície terrestre do globo.
Essa atividade geológica colossal elevou a quantidadeons88 casinodióxidoons88 casinocarbono (CO2) na atmosfera, deixou os oceanos mais ácidos e engatilhou a erupçãoons88 casinovários vulcões.
Com isso, a vida deixouons88 casinoser viável para muitas criaturas.
As mudanças, porém, representaram uma vantagem para aqueles que resistiram, como foi o casoons88 casinoalguns dinossauros.
As espéciesons88 casinorépteis que não morreram acabaram encontrando um terreno fértil para prosperar pelos próximos milhõesons88 casinoanos, aponta o Museu Americanoons88 casinoHistória Natural.

Crédito, Getty Images
Esqueleto fossilizadoons88 casinoum Keichousaurus, do Período Triássico
5. Cretáceo, 65 milhõesons88 casinoanos atrás
Essa talvez seja a mais famosaons88 casinotodas: ela representou a extinção da maioria dos dinossauros.
"A maior parte desse grupo foi dizimado. Só sobrou a linhagem das aves", resume o biólogo geneticista Fabrício Rodrigues dos Santos, também professor da UFMG.
Estima-se que cercaons88 casino80% das espécies sumiram nesse momento.
"Um dos argumentos mais aceitos para o fenômeno é a quedaons88 casinoum asteroide, cujo impacto tomou uma dimensão global", complementa o pesquisador.
Muito provavelmente, esse asteroide atingiu a Penínsulaons88 casinoYucatán, território que atualmente pertence ao México.
"E é possível mapear as ondasons88 casinoimpacto até hoje, com evidências disso não apenas na região, masons88 casinopartes da África, das Américas e até da Ásia", diz Santos.
É claro que o tal asteroide sozinho não acabou com todos os dinossauros do dia para a noite.
Acredita-se que ele tenha sido o gatilho para uma sérieons88 casinomudanças no ambiente — poeira, diminuição da luz solar, morte das plantas, reduçãoons88 casinooxigênio, chuvas ácidas, atividade vulcânica — que acabou com esses répteis aos poucos, ao longoons88 casinoum milhãoons88 casinoanos.
A ativação devastadoraons88 casinoum vulcão no que hoje conhecemos como Índia é um exemplo desses desdobramentos.
E quem sobreviveu à catástrofe? "Só bichos muito pequenos, que necessitavamons88 casinopoucos recursos", responde Santos.
"Embora tenham aparecido até antes, a diversidadeons88 casinomamíferos ficou reprimida por causa dos dinossauros. Eles estavam restritos a determinados ambientes", diz Cozzuol.
"Com o desaparecimento dos dinossauros, os mamíferos e as aves que sobreviveram se aproveitaram desse espaço ecológico novo para se diversificar. Então, a partir daí, sem o limitante que os dinossauros colocavam, eles puderam prosperar", explica o paleontólogo.
6. 'Antropoceno', 2022
Alguns especialistas entendem que o planeta passa atualmente pela sexta extinçãoons88 casinomassa agora, no momentoons88 casinoque vivemos.
E, ao contrário dos cinco episódios anteriores, as causas não são as mudanças ambientais fortuitas ou a chegadaons88 casinoasteroides. Dessa vez, a culpa é da humanidade.
Lembra aquela taxa "normal"ons88 casinoextinçãoons88 casinoespécies? Pois alguns cálculos apontam que ela está entre 100 e mil vezes mais acelerada desde o surgimento dos hominídeos.
As pesquisas apontam que a atividade humana está por trás disso — e tudo só tem piorado nos últimos séculos.
"Desde a Revolução Industrial, nós estamos aumentando a pressão sobre a natureza ao usar os recursos, sem pensarons88 casinocomo recuperá-los", aponta o Museuons88 casinoHistória Naturalons88 casinoLondres.
"Por exemplo, a mudança no uso da terra continua a destruir grandes porçõesons88 casinopaisagens naturais. Os seres humanos já transformaram maisons88 casino70% das superfícies terrestres e usam cercaons88 casinotrês quartos dos recursosons88 casinoágua doce", continua o texto.
A atividade agropecuária é uma das principais fontes da degradação do solo, do desmatamento, da poluição e da perdaons88 casinobiodiversidade.
E isso, porons88 casinovez, destrói o habitatons88 casinodiversas espécies, que passam a competir pelos mesmos recursos, cada vez mais escassos.

Crédito, Getty Images
Nenhuma espécie modificou tanto o planeta quanto os seres humanos
"Não é exagero pensar que várias espécies que nem conhecemos ainda estão sendo extintas agora mesmo", diz Cozzuol.
Para complementar, o lançamentoons88 casinotoneladas e mais toneladasons88 casinoCO2 na atmosfera por meio dos combustíveis fósseis eons88 casinooutras fontes aumenta a temperatura média do planeta e instiga secas, enchentes e outras catástrofes — o que inviabiliza a vida sob muitos aspectos.
"Se compararmos com o Cretáceo, os dinossauros declinaram ao longoons88 casinoum milhãoons88 casinoanos. Agora, estamos vendo isso acontecer numa escalaons88 casinotempo muito menor", pontua Santos.
"Mesmo com tantas mudanças, o planeta vai continuar a existir. A maior preocupação é justamente saber o que vai acontecer com a nossa própria espécie", complementa.
Cozzuol pondera que, apesarons88 casinoo ritmo acelerado da extinção atual ser um consenso dentro da comunidade acadêmica, é difícil compará-lo aoons88 casinoperíodos anteriores.
Segundo o pesquisador, a grande dificuldade está na "resolução temporal", ou na escalaons88 casinotempo entre o passado e o presente.
"Tivemos algumas extinçõesons88 casinoescala global que levaram até 5 milhõesons88 casinoanos. E o pleistoceno todo, que é o períodoons88 casinoque a humanidade surgiu e se desenvolveu, compreende ao redorons88 casino2 milhõesons88 casinoanos", informa.
"Masons88 casinofato passamos por um tempoons88 casinoque a taxaons88 casinoextinção está maior que a média normal. Só que é difícil comparar issoons88 casinotermosons88 casinoeras geológicas", conclui.
Como os cientistas sabem disso tudo?
Para coletar essa montanhaons88 casinoinformações, geólogos, paleontólogos e biólogos utilizam uma sérieons88 casinométodos para analisar formações rochosas e fósseis.
"Fazemos a datação desses indícios ao longo das eras e comparamos aspectos qualitativos. A partir daí, é possível ver quais espécies sobreviveram ou se extinguiram", explica Santos.
Ou seja: se os especialistas viam fósseisons88 casinodeterminada espécie e, a partirons88 casinoum certo período, esse material desaparece, isso representa um indicativoons88 casinoque aquele ser vivo deixouons88 casinoexistir no planeta.
"Nessa linha do tempo, é possível ver que um número muito grandeons88 casinoespécies não passou para o outro lado, ou seja, não conseguiu transpor alguma dificuldade que apareceu no ambiente. E isso sugere uma extinçãoons88 casinomassa", resume Cozzuol.
"E o que determina a segmentação do tempo geológicoons88 casinoperíodos são justamente as extinções. Todos os grandes períodos, como o Paleozoico, o Mesozoico e o Cenozoico, foram marcados por esses fenômenos massivos", complementa.

Crédito, Getty Images
Estudar fósseis e registros geológicos é o trabalho dos cientistas que 'caçam' as extinçõesons88 casinomassa do passado
Uma extinção ancestral?
Nas últimas semanas, uma equipeons88 casinopesquisadores americanos descreveu a possível ocorrênciaons88 casinouma sétima extinçãoons88 casinomassa — ou primeira, a depender do pontoons88 casinovista.
De acordo com a pesquisa, conduzida na Universidade da Califórniaons88 casinoRiverside e na Virginia Tech, ambas nos Estados Unidos, esse fenômenoons88 casinodesaparecimento das espécies teria acontecido há 550 milhõesons88 casinoanos, durante o período Ediacarano.
Calcula-se que 80% dos seres vivos tenham sumido do mapa.
"Os registros geológicos indicam que os oceanos perderam muito oxigênio durante aquele período, e as poucas espécies que sobreviveram tinham organismos adaptados aos ambientes com baixa oxigenação", conta o paleoecólogo Chenyi Tu, um dos coautores do artigo,ons88 casinocomunicado à imprensa.
Entre as criaturas ancestrais do Ediacarano que acabaram extintas estão o Obamus coronatus, que tinha um formatoons88 casinodisco, e o Attenborites janeae, que lembra um ovo — os nomes deles fazem homenagens ao ex-presidente americano Barack Obama e ao naturalista inglês David Attenborough, respectivamente.
Embora as descobertas sejam interessantes e curiosas, os especialistas consultados pela BBC News Brasil entendem que essa extinçãoons88 casinomassa ancestral ainda careceons88 casinomais evidências para ser considerada do mesmo nível das outras cinco.
"Ainda não há consenso sobre essa extinção do Ediacarano e precisamosons88 casinomais informação antesons88 casinoequipará-la às demais", avalia Santos.
Na visão do biólogo, a grande dificuldadeons88 casinoanalisar eras tão antigas está na dificuldadeons88 casinoencontrar fósseis e outros registros geológicos.
"Falamosons88 casinoseres que não fossilizam, o que dificulta a obtençãoons88 casinoum 'extrato' desse período", conclui.
- Este texto foi publicadoons88 casinohttp://www.mi-rob.com/curiosidades-63901851






