'Meu corpo não reconhecia os espermatozoides do meu marido como seres estranhos e não me deixava engravidar':remo tv betnacional

Crédito, Kathryn Berrisford
Uma sérieremo tv betnacionaltestes revelou que ela e seu marido, Joss, tinham o mesmo tiporemo tv betnacionalantígeno específicoremo tv betnacionalseus sistemas imunológicos.
Por causa disso, diz ela, "meu corpo não via o espermatozoide que fecundou o óvulo e criou o embrião como algo estranho (para o meu próprio corpo) e isso fazia com que a gravidez não prosperasse".
O próximo passo foi obter sangueremo tv betnacionalJoss, isolar seus glóbulos brancos no laboratório e injetá-losremo tv betnacionalKathryn.
"Então, da próxima vez que o óvulo e o esperma se juntaram, meu corpo entendeu que (o embrião) era um corpo diferente e, consequentemente, isso desencadeou o processoremo tv betnacionalgravidez", explica.
Basicamente, "eles me tornaram alérgica ao esperma do meu marido para engravidar".
Kathryn foi submetida a esse procedimentoremo tv betnacionalagostoremo tv betnacional2004. Sua filha Mae nasceu com saúde perfeitaremo tv betnacional2005. Pouco depois, ela deu à luz a seu segundo filho.

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Método controverso
No entanto, o tratamento que Kathryn descreve e graças ao qual foi capazremo tv betnacionalengravidar, depoisremo tv betnacionalquatro tentativas fracassadas, é cercadoremo tv betnacionalpolêmica.
Conhecido como imunoterapia com linfócitos paternos (IPL), esse método desenvolvido para tratar mulheres que sofremremo tv betnacionalabortos recorrentes sem causa aparente é proibido pela FDA (Food and Drug Administration), a agênciaremo tv betnacionalvigilância sanitária dos Estados Unidos. Tampouco é recomendado pela OMS e pelo Serviço Nacionalremo tv betnacionalSaúde do Reino Unido (NHS,remo tv betnacionalinglês).
No Brasil, o Conselho Federalremo tv betnacionalMedicina determinouremo tv betnacional2016 que "a aloimunização ou imunoterapia com linfócitos paternos para abortamentos recorrentes é procedimento experimental, só podendo ser realizadoremo tv betnacionalprotocolosremo tv betnacionalpesquisa,remo tv betnacionalacordo com as normas do sistema CEP/CONEP".
As restrições ao tratamento fazem com que muitas americanas acabem viajando ao México bem como a outros países da América Latina para realizá-lo.
Como Kathryn explica, o procedimento consisteremo tv betnacionalinjetar na mãe uma sérieremo tv betnacionalinjeções compostasremo tv betnacionalglóbulos brancos do futuro pai.
"A mãe recebe antígenos do pai, que vão fazer parte do bebê, e isso provoca uma reaçãoremo tv betnacionalseu sistema imunológico para aceitar a gravidez", explica à BBC Mundo Marcelo Cavalcante, pesquisador do Departamentoremo tv betnacionalObstetrícia e Ginecologia da Universidaderemo tv betnacionalFortaleza (UNIFOR) e coautorremo tv betnacionalum estudo sobre o assunto.
Embora as injecções sejam aplicadas antes da gravidez - preferencialmenteremo tv betnacionalforma intradérmica, o procedimento pode ser repetidoremo tv betnacionaltrês a quatro semanas durante a gestação para manter ativa a resposta imunológica, acrescenta Cavalcante.
Seu custo variaremo tv betnacionalacordo com o país, mas imunizações pré-gravidez giram normalmenteremo tv betnacionaltornoremo tv betnacionalUS$ 1 mil (R$ 3,9 mil). Nos casosremo tv betnacionalque são necessárias mais injeções durante a gravidez, a paciente pode ter que desembolsar outros US$ 1,5 mil (R$ 5,8 mil).

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Faltaremo tv betnacionalevidências
No entanto, críticos afirmam que o tratamento não tem respaldo científico suficiente e que traz riscoremo tv betnacionalinfecções.
A FDA cita,remo tv betnacionalparticular, um estudoremo tv betnacionallarga escala realizadoremo tv betnacional1999 pelo Laboratório Ober da Universidaderemo tv betnacionalChicago, nos Estados Unidos, que concluiu que o procedimento não reduz o riscoremo tv betnacionalaborto espontâneo.
"Embora tenhamos registrado relatos positivosremo tv betnacionalalguns casos individuais, uma análise mais ampla mostra que não há nenhum benefício (com o tratamento). Além disso, envolve riscos potenciais, razão pela qual foi banido pela FDA", diz Alan Penzias, professor-adjunto da Escolaremo tv betnacionalMedicina da Universidaderemo tv betnacionalHarvard (EUA) e diretor do Comitêremo tv betnacionalPrática da Sociedade Americanaremo tv betnacionalMedicina Reprodutiva, outra organização que se opõe ao IPL.
Para o especialista, não se trataremo tv betnacionalescolher os estudos que respaldam uma determinada metodologia, mas observar toda a literatura científicaremo tv betnacionaltorno do assunto para se chegar a uma conclusão.
A perda recorrenteremo tv betnacionalgestações é, por outro lado, um problemaremo tv betnacionalorigem multifatorial, acrescenta Penzias.
"Há uma infinidaderemo tv betnacionalrazões e, por isso, é tão difícil realmente estudar algumas das terapias usadas para esses casos".

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Motivos políticos
No entanto, para Raphael Stricker, especialista do centro médico Alan Beer (pioneiro no desenvolvimento e uso do tratamento), a proibição da terapia IPL nos EUA é uma questão mais política do que científica.
"O método aumenta o sucessoremo tv betnacionaluma gravidezremo tv betnacional30% para 80%remo tv betnacionalmulheres com abortos recorrentes, o que é muito eficaz, do nosso pontoremo tv betnacionalvista", diz ele à BBC Mundo.
"O que aconteceu foi que uma paciente teve uma reação adversa ao tratamento, e como ela era amigaremo tv betnacionalum importante jornalistaremo tv betnacionalsaúde, se queixou com ele sobreremo tv betnacionalexperiência. Ele enviou o relato à FDA, alegando se tratarremo tv betnacionalum tratamento perigoso e que, portanto, deveria ser proibido. Em seguida, a FDA encomendou um estudo para investigar o procedimento", diz Stricker.
O estudo a que Stricker faz alusão é o da Universidaderemo tv betnacionalChicago, mencionado anteriormente nesta reportagem.
De acordo com o especialista, a pesquisa cometeu um erro crucial: usou amostrasremo tv betnacionalglóbulos brancos do dia anteriorremo tv betnacionalvezremo tv betnacionalrecém-colhidas, e isso fez com que seus componentes não estivessem ativos.

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"Com base nessas informações, a FDA concluiu que não havia evidências convincentes para apoiar a eficácia e a segurança do tratamento, e observou que só o aprovaria quando dois estudos nos Estados Unidos colocassem essas evidências à prova".
Como não há incentivo para fazer esses estudos, que custam milhõesremo tv betnacionaldólares, diz ele, o método permanece ilegal, e muitos países não estão dispostos a contrariar as diretrizes do órgão americano.
'Riscos não realistas'
Além do estudoremo tv betnacionalChicago, a primeira meta-análise publicadaremo tv betnacional2001 pela Cochrane Library - a mais importante fonteremo tv betnacionalmeta-análise - também não encontrou provas dos benefícios do método, explica Cavalcante, que junto com outros cientistas tentaram convencer a FDAremo tv betnacionalque, durante seus 20 anosremo tv betnacionalexperimentação com essa terapia, tampouco observaram efeitos negativos.
Segundo Cavalcante, o tratamento estava a pontoremo tv betnacionalser disponibilizado no Brasil, mas foi suspensoremo tv betnacional2016 após a epidemia do vírus Zika.
Outro defensor do IPL é o médico Amin Gorgy, codiretor da Academiaremo tv betnacionalGinecologia e Fertilidaderemo tv betnacionalLondres (The Fertility & Gynecology Academy), e um dos poucos especialistas que oferecem esse tratamento no Reino Unido.
Gorgy reconhece que o sucesso do IPL é difícilremo tv betnacionalavaliarremo tv betnacionaltermosremo tv betnacionalporcentagens pelo númeroremo tv betnacionalfatores que entramremo tv betnacionaljogo na perdaremo tv betnacionaluma gravidez, e admite que a evidência sobre seus benefícios não é clara.
Mas ele ressalva que os supostos riscos ligados ao tratamento não são realistas.
"O risco não é maior do que o apresentado por qualquer vacina que damos para prevenir uma infecção", diz ele à BBC Mundo.

"Se você aplicar uma vacina contra a gripe ou qualquer outra vacina, os riscos são praticamente os mesmos."
Para Penzias, por menores que sejam os riscos, no final, "se o tratamento não for eficaz para tratar o problema, a relação risco-benefício acaba desequilibrada".
Apesar dos avanços na pesquisa, o campo da imunologia reprodutiva continua sendo um terreno complexo.
Mas para aqueles que, como Kathryn Berrisford, conseguiram começar uma família depoisremo tv betnacionalinúmeras e dolorosas perdas, continuar tentando e tentando, como seus médicos sugeriram, não era uma solução.
É por isso que, com seus dois filhos agora já chegando à adolescência, Katheryn continua a compartilharremo tv betnacionalhistória, para que outras mulheres possam ter acesso a informações sobre essa terapia que poucos conhecem e recomendam.
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