É certo usar a ciência nazista para salvar vidas?:betano boas vindas

Wernher von Braun posa para fotobetano boas vindasfrente a painel mostrando a superfície lunar

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Legenda da foto, Wernher von Braun foi um dos vários cientistas alemães recrutados pelos Aliados no final da Segunda Guerra Mundial

Eles estavam entre os 1,6 mil cientistas recrutados por espiões como parte da Operação Paperclip no final da Segunda Guerra Mundial - todos protegidosbetano boas vindasserem processados judicialmente, com passagem garantida e segura para os EUA e permissão para continuar trabalhando.

Em fotobetano boas vindaspreto e branco, dois médicos nazistas fazem experimentobetano boas vindashomem

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Legenda da foto, Médicos nazistas realizaram experimentos terríveisbetano boas vindasprisioneirosbetano boas vindascamposbetano boas vindasconcentração

As forças aliadas também incorporaram inovações nazistas. Armas químicas como tabun e sarin, a cloroquina antimalárica, a metadona e as metanfetaminas, bem como a pesquisa médicabetano boas vindashipotermia, hipóxia, desidratação e outros, foram todas descobertas geradas a partirbetano boas vindasexperimentos humanosbetano boas vindascamposbetano boas vindasconcentração.

Aglomeradosbetano boas vindasmadeira, formasbetano boas vindasborracha sintética e o refrigerante Fanta também foram desenvolvidos pelos alemães sob o domínio nazista.

Pacientes intencionalmente infectados

Mas este é apenas um dos episódios antiéticos na história da ciência. Por 40 anos, a partirbetano boas vindas1932, pesquisadores da Universidade Tuskegee, no Alabama, acompanharam o progresso da sífilisbetano boas vindascentenasbetano boas vindashomens negros pobres - nenhum dos quais recebeu diagnóstico ou tratamento, apesar do antibiótico penicilina, que poderia curar a doença, estar disponível na época.

Em um estudo relacionado, na décadabetano boas vindas1940, médicos americanos infectaram intencionalmente pacientes desavisados ​​com doenças sexualmente transmissíveis para estudá-las. Conscientes do problema público que isso poderia gerar, os experimentos foram realizados na Guatemala.

De 1955 a 1976, no que ficou conhecido como The Unfortunate Experiment (O experimento infeliz,betano boas vindastradução livre), centenasbetano boas vindasmulheres com lesões pré-cancerosas foram deixadas sem tratamento para se observar se desenvolveriam câncer cervical. Detalhes do estudo só vieram à tona após denúnciasbetano boas vindasduas ativistas, Sandra Coney e Phillida Bunkle.

A vacina contra a pólio e muitos outros avanços médicos devembetano boas vindasexistência a células humanas que foram retiradasbetano boas vindasHenrietta Lacks sem seu conhecimento ou consentimento. Ela tampouco recebeu qualquer compensação financeira para isso. A linha celular cultivada a partir dessas amostras iniciais tem sido usadabetano boas vindasinúmeras pesquisas sobre drogas, toxinas, vírus e o genoma humano.

E, na décadabetano boas vindas1950, Robert G. Heath foi pioneiro no usobetano boas vindaseletrodos implantados no cérebro - um dos objetivos era tentar a partir disso alterar a orientação sexualbetano boas vindasuma pessoa. Hoje, tecnologia similar é usada no tratamento para a epilepsia e Parkinson e no implante neural recentemente anunciado por Elon Musk.

Não é controverso argumentar que essas experiências nunca deveriam ter acontecido. Mas, agora que elas ocorreram, o que deve ser feito com as informações que geraram?

Mulher pinga gotabetano boas vindastratamentobetano boas vindasbocabetano boas vindascriança

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Legenda da foto, A imunização contra a poliomielite agora salva milhõesbetano boas vindastodo o mundo, mas partebetano boas vindasseu desenvolvimento foi eticamente questionável

'Não quero ter que usar esses dados'

"A intuição básica é que, se as informações foram obtidasbetano boas vindasforma antiética, mas usamos essas informações, nos tornamos cúmplices do passado", diz Dom Wilkinson, especialistabetano boas vindasética médica da Universidadebetano boas vindasOxford, na Inglaterra.

Essa é uma visão comum, mesmo entre aqueles que fazem usobetano boas vindastais descobertas.

Escrevendo no jornalbetano boas vindasbioética The Hastings Center Reportbetano boas vindas1984, Kristine Moe relata uma conversa com John Hayward, um dos principais especialistasbetano boas vindashipotermia da Universidadebetano boas vindasVictoria, no Canadá, que utilizou dadosbetano boas vindasnazistasbetano boas vindasseus estudos.

"Não quero terbetano boas vindasusar esses dados, mas não há outros e não haverá outrobetano boas vindasum mundo ético", ele disse a ela. "Racionalizei um pouco. Mas não usá-los seria igualmente ruim".

Wilkinson lembra, porém, que estas descobertas raramente fornecem informações importantes isoladamente. "A informação científica é como uma peçabetano boas vindasum quebra-cabeça: ela se encaixabetano boas vindasum jogo maior", ressalta.

Por exemplo, as contribuiçõesbetano boas vindasWernher von Braun para o programa espacial Apollo podem ter sido consideráveis, mas é impossível dizer se a Nasa poderia ou não ter descoberto como pousar na Lua sem a ajuda dele.

Enquanto isso, os resultados dos experimentosbetano boas vindasTuskegee e do The Unfortunate Experiment não mudaram drasticamente nossa compreensão da sífilis ou do câncer - mas, para a ciência, não apresentar achados positivos também é parte do processo.

Pode ser tentador pensar que práticas médicas antiéticas são uma coisa do passado, que a ligação da medicina com a imoralidade foi um errobetano boas vindasmeados do século 20. Infelizmente, esse não é o caso.

Casos recentesbetano boas vindaspesquisas antiéticas

Ecoando os estudos sobre a sífilis na Guatemala, muitos ensaios clínicos até hoje são realizadosbetano boas vindaspaísesbetano boas vindasdesenvolvimento, provavelmente pelas mesmas razões: a legislação é mais permissiva e o risco da divulgaçãobetano boas vindasresultados negativos é menor.

Um relatóriobetano boas vindas2008 publicado pelo Centrobetano boas vindasPesquisa sobre Empresas Multinacionais revelou detalhesbetano boas vindasmuitos desses ensaios antiéticos realizados na Índia, Nigéria, Rússia, Argentina e Nepal, entre outros. Ele revelou, por exemplo, mortes não registradasbetano boas vindas14 mulheresbetano boas vindasUganda após testes com o Nevirapine, uma droga contra HIV.

Foto preto e branca mostra foguetebetano boas vindaspátio

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Legenda da foto, Vários cientistas alemães que ajudaram a enviar as missões Apollo da Nasa à Lua já haviam trabalhado nos foguetes V-2 para os nazistas

O documento também mostrou que oito pacientesbetano boas vindasHyperabad, na Índia, morrerambetano boas vindasum teste com a droga anticoagulante estreptoquinase - e que nenhum deles estava cientebetano boas vindasque participavambetano boas vindasum experimento.

O desejobetano boas vindasfazer algum bem com os dados, mesmo que obtidosbetano boas vindasmaneira antiética, tem seus próprios problemas. Alémbetano boas vindascarregar o peso da cumplicidade, usar as descobertas envia uma mensagem aos pesquisadoresbetano boas vindashoje ebetano boas vindasamanhã que é melhor pedir desculpas do que permissão?

"Há algo muito particular sobre o conhecimento, que é o fato dele ser irreversível. Você não pode desconhecer alguma coisa", diz Wilkinson. "Uma preocupaçãobetano boas vindasusar estes dados é que eles encorajam futuros pesquisadores a pensar algo como: 'A história me julgará positivamente'. Não queremos isso, não queremos promover pesquisas antiéticas".

Wilkinson destaca o recente casobetano boas vindasum pesquisador chinês que anuncioubetano boas vindas2018 ter criado os primeiros bebês com genes editados. "É um exemplo realmente impressionante. Parece que ele foi motivado pela fama associada a ser o primeiro", diz.

Essa visão é ecoada pela Comissãobetano boas vindasSaúde da China, cuja investigação sobre a pesquisa concluiu que o cientista "conduziu ilegalmente o estudo na buscabetano boas vindasfama e ganhos pessoais". Como outros indivíduos que cometem crimes buscando a notoriedade, diz Wilkinson, devemos nos esforçar para não tolerar este comportamento ou dar a fama que procuram.

Mas, mesmo se pudermos separar as ações das pessoas das descobertas científicas que elas geram, ainda não estamos fora do labirinto moral. O que acontece quando a pesquisa problemática ainda está para ser feita?

Esse é o dilema levantado por uma controversa coleçãobetano boas vindasamostrasbetano boas vindassanguebetano boas vindasmaisbetano boas vindastrês milhõesbetano boas vindasescoceses que atualmente está sob a guardabetano boas vindasórgãos governamentaisbetano boas vindassaúde.

O que fazer com os dados genéticos coletados sem consentimento na Escócia

As amostras foram coletadas como partebetano boas vindasum testebetano boas vindasrotina realizadobetano boas vindastodos os recém-nascidos para verificar uma sériebetano boas vindascondições genéticas. Mas,betano boas vindas1965 a 2003, a permissão dos pais para o armazenamento das amostras nunca foi solicitada, o que significa que o bancobetano boas vindasdados inteiro é legalmente questionável.

O banco guarda um material amplo da genética da Escócia e, portanto, representa um recurso precioso para pesquisadores. No entanto, por conta das questõesbetano boas vindastornobetano boas vindascomo foi coletado, existe atualmente uma moratória na realizaçãobetano boas vindaspesquisas com ele.

"Esses tiposbetano boas vindassituações não são diretamente 'éticas' ou 'antiéticas' - elas envolvem preocupações éticas concorrentes, e todas elas precisam ser levadasbetano boas vindasconsideração", diz Anne Wilkinson, do Nuffield Council on Bioethics, um órgão independente que avalia a ética nos avanços da medicina no Reino Unido.

Ficha com registrobetano boas vindasamostrasbetano boas vindassangue

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Legenda da foto, Amostras coletadas sem permissão ainda representam problemas legais e éticos para pesquisas realizadas hoje

Benefícios sociais importantes podem ser obtidos usando o bancobetano boas vindasamostras, diz ela. "Mas isso simplesmente não superara as preocupações sobre consentimento, privacidade, riscos associados ao usobetano boas vindasinformações pessoais e o respeito pelas opiniões sobre este uso."

Autoridades na Escócia estão agora embarcandobetano boas vindasconsultas com pesquisadores, eticistas, pacientes e cidadãos sobre o que deve ser feito com a coleção. Uma opção é permitir que aqueles que se opõem ao uso possam optar por não fazer partebetano boas vindasqualquer pesquisa - mas demonstrar que houve uma busca adequada pela permissão retroativabetano boas vindastrês milhõesbetano boas vindaspessoas não é uma tarefa fácil.

É da natureza humana tentar conseguir ver coisas boasbetano boas vindasmás situações. Mesmo no Guetobetano boas vindasVarsóvia, Moe observa, os médicos judeus fizeram anotações meticulosas sobre a saúdebetano boas vindasseus colegas residentes, dados que foram contrabandeados e depois publicados como um estudo histórico sobre os efeitos da fome.

"A decisãobetano boas vindasusar os dados não deve ser tomada sem remorso ou sem reconhecer o horror incompreensível que os produziu", escreveu ela sobre a pesquisa nazista. "Não podemos incluir qualquer aprovação destes métodos. Tampouco devemos deixar que a desumanidade dos experimentos nos cegue para a possibilidadebetano boas vindasque algum bem possa ser resgatado das cinzas."

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