'O estuprador é você': o que pensam as criadoras do hino feminista que virou fenômeno global:bet7k não paga

Crédito, Sebastián Leiva
"E a culpa não era minha, nembet7k não pagaonde estava, nem como me vestia. O estuprador é você", diz parte da música, cantada por mulheres que fazem a coreografiabet7k não pagaolhos vendados.
"Não pensamos nisso como uma músicabet7k não pagaprotesto, era parte do nosso espetáculo performático", revela Paula Cometa, que faz parte do coletivo Las Tesis junto com Daffne Valdés, Sibila Sotomayor e Lea Cáceres.
"Mas, a verdade é que a performance saiu das nossas mãos, e o mais bonito é que foi apropriada por outras", acrescenta.
Confira a seguir os principais trechos da entrevista realizada pela BBC News Mundo, serviçobet7k não pagaespanhol da BBC, com Cometa, que representa o coletivo.

bet7k não paga BBC News Mundo - Como surgiu bet7k não paga Um Estuprador no Seu Caminho bet7k não paga ?
bet7k não paga Paula Cometa - O coletivo Las Tesis trabalha desde abril do ano passado para levar tesesbet7k não pagaautoras feministas para o teatro, como uma transferência da teoria para a prática,bet7k não pagaum formato curto,bet7k não pagacercabet7k não paga15 minutos.
Inicialmente, trabalhamos com Calibã e a Bruxa, da (ativista americana) Silvia Federici, e depois pegamos a tese da (antropóloga argentina) Rita Segato sobre o mandato do estupro e a desmistificação do estuprador como sujeito que exerce o atobet7k não pagaestuprar por prazer sexual.
A partir disso, começamos a pesquisar sobre violência sexual, homicídios e estupros especificamente no Chile e constatamos que as denúncias desse tipo se esvaem na justiça.
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Finalbet7k não pagaInstagram post
Essa peça seria lançadabet7k não paga24bet7k não pagaoutubro,bet7k não pagaum contexto universitário. E devido à eclosão dos protestos sociais (que começarambet7k não paga18bet7k não pagaoutubro no Chile), não pudemos estrear a peça, que contava com essa parte cantada que transcendeu.
bet7k não paga BBC News Mundo - Quando vocês interpretaram essa música pela primeira vez?
bet7k não paga Cometa - A intervenção foi realizadabet7k não pagaValparaíso a convitebet7k não pagamembros da companhiabet7k não pagateatro La Peste, no contextobet7k não pagauma sériebet7k não pagaintervenções nas ruas que seriam realizadas entre os dias 18 e 23bet7k não paganovembro. Tocamos na quarta-feira, 20bet7k não paganovembro.
A ideia era fechar a rua, fazendo uma espéciebet7k não pagabarricada. Mas foi uma intervenção pequena.
bet7k não paga BBC News Mundo - Como as vinte pessoasbet7k não pagaValparaíso viraram dezenasbet7k não pagaSantiago do Chile,bet7k não paga25bet7k não paganovembro, no Dia Internacional do Combate à Violência Contra a Mulher?
bet7k não paga Cometa - Depoisbet7k não pagaValparaíso, por causa dos registros (em vídeo), pessoasbet7k não pagaoutras regiões do Chile começaram a entrarbet7k não pagacontato perguntando se poderíamos ir a Temuco, Valdivia e outros lugares.
Mas, na verdade, era muito difícil para a gente conseguir ir a todos esses lugares coordenar a intervenção.

Crédito, Getty Images
Quando nos ligarambet7k não pagaSantiago, decidimos ir, aproveitando a databet7k não paga25 (de novembro). Fizemos a convocação no fimbet7k não pagasemana e (na segunda-feira) havia cercabet7k não paga100 pessoas, às quais foram se juntando muitas outras na mesma intervenção na rua.
bet7k não paga BBC News Mundo - E como a performance ultrapassou as fronteiras do país?
bet7k não paga Cometa - Os registros (em vídeo) também se espalharam rapidamente e começamos a receber contatosbet7k não pagaoutros países, como México e Colômbia, por exemplo, sempre com a premissabet7k não pagaque eles queriam fazer a intervenção localmente.
Foi então que decidimos disponibilizar a melodia, que também foi criada por nós, e a letra, com a ideiabet7k não pagaque cada território pudesse transformá-la.
E assim (o movimento) foi crescendo até agora.
bet7k não paga BBC News Mundo - Por que você acha que essa música se tornou tão popular e internacional? Tocoubet7k não pagaque ponto?
bet7k não paga Cometa - Acredito que, no caso chileno, tem a ver com uma memória que ainda não foi apagada, que é a da ditadura, e a vivência da violência que o Estado pode exercer sobre os cidadãos.

Crédito, MARTIN BERNETTI/Getty Images
Além disso, nos 49 diasbet7k não pagaprotesto (no Chile), vimos militares nas ruas e uma reação policial desmedida, que vivemos até hoje.
Não pensamos (na canção) como uma músicabet7k não pagaprotesto, era parte do nosso espetáculo performático.
Então, quando se torna "viral", é provavelmente porque a violência sistemática que os seres humanos sofrem a partirbet7k não pagaestruturas do Estado moderno é viral. E se torna internacional porque, finalmente, é como um grito que cabe a todos nós dar.
Ao que parece, o coletivo permite nos unir sem partidos políticos contra um inimigo que é abstrato.
Na quarta-feira, por exemplo, reuniu 10 mil pessoas fora do Estádio Nacional do Chile, que foi o centrobet7k não pagatortura na ditadura.
Mas, a verdade é que a performance saiu das nossas mãos, e o mais bonito é que foi apropriada por outras.

Crédito, EPA
bet7k não paga BBC News Mundo - A letra não é baseada apenas na tese da antropóloga Rita Segato, inclui também um fragmento do hino dos Carabineros (a polícia chilena). Por quê?
bet7k não paga Cometa - Está longebet7k não pagaser verdade que a polícia chilena garante a segurançabet7k não pagachilenas e chilenos. Estamos diantebet7k não pagauma instituição que não representa o que diz seu hino.
O Estado do Chile promoveu com suas forças policiais mutilações nos olhosbet7k não pagacidadãos que protestavam pacificamente.
Há mulheres estupradas e abusadas que, quando vão denunciar as agressões, são questionadas sobre como estavam vestidas, por exemplo,bet7k não pagauma tentativabet7k não pagaculpar a vítima.
Então, quem te protege no fim das contas?
bet7k não paga BBC News Mundo - A coreografia também tornou a performance visualmente poderosa e inclui referências a abusos policiais. Como foi criada?
bet7k não paga Cometa - Há partes da coreografia e da música mais rítmicas e outrasbet7k não pagaprotesto, sempre entendendo que a performance também tem a ver com a forma como o corpo se posiciona politicamente na rua, que é o lugar mais perigoso para o corpobet7k não pagauma mulher. É esse transitar do nosso corpo na violência.
Por exemplo, a questão dos agachamentos é importante porque um relatório da ONG Human Rights Watch denunciou casosbet7k não pagaabuso por partebet7k não pagapoliciais que forçaram alguns detidos a fazer agachamentos enquanto estavam nus.

Crédito, Getty Images
A questãobet7k não pagaapontar também é uma interpelação direta e, quando dizemos "E a culpa não era minha", a ideia da dança é poder se libertar daquilo que te contém moralmente e que te culpa por que um homem, por exemplo, dabet7k não pagafamília ou amigo abusoubet7k não pagavocê.
Atualmente, há muitos relatos no Twitterbet7k não pagamulheres que dizem, por exemplo: "E a culpa não era minha - eu tinha 9 anos - nembet7k não pagaonde estava -bet7k não pagaminha casa - nem como me vestia - pijama - e o estuprador era o namorado da minha mãe."
Essas respostas também aparecembet7k não pagafunção da coreografia e da letra, e significam um despertarbet7k não pagatodas aquelas que se sentiram censuradas ou com medobet7k não pagapoder se manifestar.
Parece que, no final, tudo isso acaba sendo muito libertador e regenerador.
bet7k não paga BBC News Mundo - Quais são os planos para o futuro?
bet7k não paga Cometa - Por enquanto, estamos recebendo o material que foi produzido pelas companheiras do Chile ebet7k não pagatodo o mundo, tentando ver o que vai acontecer com o nosso espetáculo que ainda não estreamos, mas que agora também contém todo esse material.
Também estamos vivendo nossas vidas, porque somos artistas, mas também trabalhamosbet7k não pagaoutras áreas, quase todas ligadas à educação.
Então, é assim que estamos: vendo calmamente os efeitos do movimento, que tem sido muito bonito.

Crédito, Getty Images
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