As lições do homem que passou 76 dias perdido no Atlântico:bilhetes de apostas futebol

Steve Callahan após chegada à terra

Crédito, stevecallahan.net

Legenda da foto, Callahan após finalmente chegar à ilhabilhetes de apostas futebolMarie-Galante, no arquipélagobilhetes de apostas futebolGuadalupe: 'Sou bastante grato pela experiência...mas foi um inferno!'

O americano Steve Callahan passou 76 dias à derivabilhetes de apostas futebolum pequeno botebilhetes de apostas futebolborracha, perdido no meio do Oceano Atlântico, tendo que arrumar comida e água todos os dias e ainda enfrentar toda espéciebilhetes de apostas futebolperigos.

Sua história, um atestado da capacidade, da criatividade e da perseverança do ser humano, é contadabilhetes de apostas futebolum episódio do podcast Que História!, da BBC News Brasil.

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Finalbilhetes de apostas futebolYouTube post, 1

No finalbilhetes de apostas futeboljaneirobilhetes de apostas futebol1982, o arquiteto naval e velejador deixou as Ilhas Canárias no Atlântico, perto da costa norte da África, viajando sozinho no veleiro Napoleon Solo, desenhado e construído por ele mesmo. Callahan seguia rumo a ilhabilhetes de apostas futebolAntígua, no Caribe.

Tudo ia bem, até a chegada, alguns dias depois,bilhetes de apostas futeboluma forte tempestade.

"Nessa noite, os ventos foram ficando cada vez mais fortes, e eu finalmente consegui deitar para dormir um pouco", contou ele ao programa Witness History, da BBC.

"Cercabilhetes de apostas futeboluma hora depois, ouvi um forte estrondo na lateral do barco. Um tremendo barulho. De repente, começou a entrar muita água. Um jorrobilhetes de apostas futebolágua, tipobilhetes de apostas futebolum hidrante. Eu achei que o barco estivesse afundandobilhetes de apostas futebolvez, mas, por sorte, a ventania e o movimento das ondas estavam mantendo o barco na superfície. A parte da frente estava toda dentro da água, mas abilhetes de apostas futeboltrás estava pra fora. Isso me deu a chancebilhetes de apostas futebolsair do barco."

"Subi ao convés, inflei o bote salva-vidas, coloquei ele no mar ao lado do barco, e entrei nele. Eu percebi que o barco não iria afundarbilhetes de apostas futeboluma vez. Eu sabia que estava no meio do oceano e que as chancesbilhetes de apostas futebolsobreviver com as coisas que estavam no bote eram mínimas. Puxei a corda que me prendia ao barco, subi a bordo e mergulhei na cabine.

"Estava completamente escuro. Eu ficava nadando e tateando as coisas. Achei um kitbilhetes de apostas futebolemergência, um pedaçobilhetes de apostas futebolespuma, um sacobilhetes de apostas futeboldormir. Não era muita coisa, mas foi o que consegui encontrar no meio do temporal, no barco sendo chacoalhado e açoitado pelas ondas e ventos. Quando voltei pro bote, estava completamente exausto. Até achei que poderia tentar tirar a água do barco quando amanhecesse. Mas após uma forte onda,bilhetes de apostas futebolrepente notei um momentobilhetes de apostas futebolrelativa calma, e, quando olhei, vi que estava à deriva, me distanciando do barco."

Steve não sabia o que tinha causado o enorme rombo na lateral do barco — possivelmente uma baleia. Mas isso não faria diferença agora. Ele estava sozinho num bote salva-vidasbilhetes de apostas futebolborracha e ninguém sabia disso.

"E agora? Todas as regrasbilhetes de apostas futeboluma vida normal já não existiam mais. É uma sensação avassaladora. E você sabe que muitas pessoas sobrevivem ao impacto inicial, lidam com a primeira ameaça numa crise, mas morrem depois. Tinha uma partebilhetes de apostas futebolmim completamente apavorada e desesperada que pensava: 'você vai morrer! você vai morrer!'. Mas a outra parte, acostumada a enfrentar situações no mar, dizia: 'cala boca!'. E essas duas vozes na minha cabeça me acompanhavam o tempo todo."

"Comecei a rever a minha vida,bilhetes de apostas futebolcomo fui teimoso, nos erros que cometi, nas pessoas que decepcionei, sempre fui ruimbilhetes de apostas futebolrelações pessoais, ruimbilhetes de apostas futebolganhar dinheiro. Eu estava me punindo e ao mesmo tempo pensando como vou sobreviver no oceano, no que ironicamente é como o maior deserto do mundo."

purificador solar

Crédito, Reprodução

Legenda da foto, Callahan usou um purificador solar como esse, que converte água do marbilhetes de apostas futebolágua potável: 'Levou um bom tempo para eu aprender a usá-lo, e produzir cercabilhetes de apostas futebolmeio litrobilhetes de apostas futebolágua por dia'

Seu bote laranja estava sendo levado aos poucos por ventos e correntes para o oeste, ou seja, na direção do continente americano. Suas chances estavam oubilhetes de apostas futebolser avistado por um navio oubilhetes de apostas futebolconseguir,bilhetes de apostas futebolalgum jeito, chegar ao Caribe ou à América do Sul.

O problema é que esses lugares estavam a maisbilhetes de apostas futebol3.200 quilômetros, uma jornada que levaria meses. E os suprimentosbilhetes de apostas futebolcomida e água no kitbilhetes de apostas futebolemergência durariam apenas alguns dias. Ele já tinha atravessado o Atlântico antes e sabia dos riscos e desafios que enfrentaria para permanecer vivo.

"No início, me manter aquecido foi um dos principais desafios, sobretudo à noite. E principalmente porque estava molhado metade do tempo, e ventava muito. Você pode morrerbilhetes de apostas futebolhipotermiabilhetes de apostas futebolquestãobilhetes de apostas futebolminutos ou horas. Depois tem a sede. Você consegue viver até dez dias sem água, se tiver sorte. Tive muitos problemas para conseguir água, porque chovia muito pouco. Eu dependia dos purificadores solaresbilhetes de apostas futebolágua, que estavam no kitbilhetes de apostas futebolemergência. Estruturas parecidas com balões. Você põe água dentro, o sol faz a água evaporar e esse vapor é coletado e vira a água que você bebe. Eu nunca tinha encontrado alguém que soubesse fazer esses purificadores funcionarem. Levou um bom tempo para eu aprender a usá-los, e produzir cercabilhetes de apostas futebolmeio litrobilhetes de apostas futebolágua por dia."

"Tudo o que flutua no mar vira uma ilha e desenvolvebilhetes de apostas futebolprópria ecologia. Algas e cracas começaram a se prender no bote, e atraíam peixes menores, que, porbilhetes de apostas futebolvez, atraíam peixes maiores. Por sorte eu tinha conseguido recuperar do barco uma espingardabilhetes de apostas futebolarpão, praticamente um brinquedo. Era bem difícilbilhetes de apostas futebolpegar peixes. Foi só no 14º dia que eu consegui pegar um."

"A essa altura, depoisbilhetes de apostas futebolduas semanas, eu estava faminto. O peixe cru, um dourado-do-mar, estava uma delícia. Mas ao poucos eu passei a ter menos interesse na carne, e mais, nas outras partes mais gosmentas. Os olhos, por exemplo, eram como duas bolinhasbilhetes de apostas futebolfluídos. Corações, ovas, fígado...ou mesmo o conteúdo do estômago. Os dourados comiam outros peixes, que muitas vezes estavam semidigeridos no estômago, e eu dizia, 'Oba! Pickles!'. Acho que meu corpo sabia que essas coisas eram essenciais para minha sobrevivência. Eles supriam os minerais e vitaminas que eu não teria como arrumarbilhetes de apostas futeboloutro jeito, nessa dieta praticamente à basebilhetes de apostas futebolproteína. Mas mesmo com peixes, eu não estava ingerindo nutrientes suficientes. Eu perdi um terço do meu peso, praticamente tudo na partebilhetes de apostas futebolbaixo do meu corpo."

'É a coisa mais linda que você pode imaginar'

Callahan conseguia se proteger do sol porque seu bote salva-vidas tinha uma barraca. Ele conseguia se orientar depoisbilhetes de apostas futebolconstruir, com lápis, uma forma rudimentarbilhetes de apostas futebolsextante — usando a posição da Estrela do Norte, ou Polaris, no céu como referência. Assim, ele poderia mais ou menos saber onde estava e para onde estava indo, e sabia que a corrente estava levando o bote na direção do Caribe.

dourado-do-mar

Crédito, DE AGOSTINI PICTURE LIBRARY

Legenda da foto, Os dourados-do-mar também são conhecidos como mahi-mahi: 'alémbilhetes de apostas futebolprover minha alimentação, me faziam companhia'

Ele fazia exercícios, consertos no barco, e apesar da fome e e sede crônicas, Callahan conseguiu desfrutar um pouco das maravilhas desse seu novo mundo.

"Quando você está no meio do oceano desse jeito, está mais distante da humanidade do que um astronauta na órbita do planeta. Não há uma sensação maior do que essa, estar num lugar onde o passado ou o futuro não significam nada, onde você está totalmente focado no agora. E num bote você está observando coisas...é como a diferença entre estar guiando um carro e andando. Você vê as coisas."

"Foi tão lindo observar a evolução do ecossistemabilhetes de apostas futeboltorno do barco. Os peixes eram lindos. Os dourados-do-mar, alémbilhetes de apostas futebolprover minha alimentação, me faziam companhia. Eu passei a identificar cada um pelas cores, ou cicatrizes ou mesmo pelo jeito como se comportavam."

"Havia um macho grande que sempre aparecia no fim da tarde e gostavabilhetes de apostas futebolficar batendo no bote, movendo ele na água. Eram criaturas espirituais. A natureza é tocante. À noite, esse céu incrível é refletido pela água, e você tem a sensaçãobilhetes de apostas futebolestar flutuando no céu."

"E tem, a bioluminescência do mar. São como bilhõesbilhetes de apostas futebolpirilampos. Tudo brilha. Um golfinho passa e você vê o contorno dele percorrendo essa longa trilhabilhetes de apostas futebolluzes...É a coisa mais linda que você pode imaginar. E eu acordava à noite, olhava pra fora e via tipo 50 dourados ao redor do bote, pareciam bandejasbilhetes de apostas futebolprata flutuando lentamente no oceano. Era impressionante. Claro, tinha horasbilhetes de apostas futebolque eu via uma barbatana ou rabobilhetes de apostas futebolum tubarão. Mas mesmo essas experiências foram extremamente preciosas para mim."

As semanas foram passando e ele chegou a ver alguns navios à distância. Mas não foi visto por nenhum deles. E no 43º dia veio um desastre.

"Tive um acidente que quase acabou comigo. Um dourado quebrou a haste do arpão, deu a volta e bateu com a ponta do arpão no tubobilhetes de apostas futebolbaixo da lateral do bote, abrindo um buraco do tamanhobilhetes de apostas futeboluma boca. A água começou a entrar aos poucos. A essa altura, eu tava com as mãos cheiasbilhetes de apostas futebolferidas causados pela longa exposição à água do mar. Já tava bem difícil caçar peixes e produzir água potável. Passei dez dias nessa situação fazendo remendos no buraco. Toda vez que bombeava ar, o remendo abria. Tinhabilhetes de apostas futebolencontrar um jeito para fechar esse vazamento."

Steve Callahanbilhetes de apostas futebol2016

Crédito, North Yarmouth Academy

Legenda da foto, Callahan se tornou uma celebridade, dá palestras e foi consultor do premiado filme 'As Aventurabilhetes de apostas futebolPi'

"Mas não conseguia pensar numa solução. Depoisbilhetes de apostas futeboldez dias eu estava desesperado. E ainda tinha um tubarão, bastante persistente, que circulava o bote há dias. Quase desistibilhetes de apostas futeboltudo. Mas eu tivebilhetes de apostas futebolme dar uns tapas. 'Acorda!'. Pareibilhetes de apostas futebolpensar no que as coisas são feitas e comecei a pensar no que elas podem fazer. E me lembrei subitamentebilhetes de apostas futebolum garfobilhetes de apostas futebolescoteiro que tinha guardado na minha bolsa. Com esse garfo, consegui finalmente, prender o remendo, dobrando ele pra dentro e juntando as partes usando as pontas do garfo para fechar o buraco."

A ilha

Mais dias se passaram, depois, semanas. De repente começaram a aparecer tiposbilhetes de apostas futebolpássaros que podiam indicar a presençabilhetes de apostas futebolterra por perto. Finalmente, na madrugada do 76º dia no oceano, ele pôde ver, lá longe, os contornosbilhetes de apostas futeboluma pequena ilha.

"Eu vi essa ilha, chamada Maria Galante, do arquipélagobilhetes de apostas futebolGuadalupe. Eu estava a tipo dez quilômetrosbilhetes de apostas futeboldistância, mas conseguia identificar as casas na praia. Mas eu também notei que havia um recifebilhetes de apostas futebolcorais pela frente, o que poderia ser perigoso. Mais perigoso ainda seria eu tentasse chegar pelo outro lado, onde toda a força do mar batia contra falésias e recifes. Eu estava bem preocupado que, depoisbilhetes de apostas futeboltoda essa viagem, eu acabaria encontrando a morte na chegada à terra."

Map

"E minha salvação foram os dourados e todo o ecossistemabilhetes de apostas futebolvolta do meu bote. Porque os peixes atraíram um montebilhetes de apostas futebolpássaros. E pescadores viram essa aglomeraçãobilhetes de apostas futebolpássaros no mar, e pensaram 'Opa! Ali deve ter um montebilhetes de apostas futebolpeixe!'. E vieram para o mar, encontraram os peixes, mas também, essa ilha flutuante que vagou pelo oceano por dois meses e meio."

"Foi uma festabilhetes de apostas futebolemoções. Bastante intensas. Quando cheguei à praia, foi realmente como se tivesse renascido. Coisas banais como uma cor que eu não tinha visto todo esse tempo...'Vermelho! Nossa que lindo!'. Ou vozes humanas. Quando ouvi alguém cantando pela primeira vez , foi como se estivesse no céu. Foi muito especial."

Steve Callahan se recuperou rapidamente e poucas semanas depois estavabilhetes de apostas futebolvolta ao mar, pegando caronabilhetes de apostas futebolbarcos viajando por ilhas do Caribe.

De volta aos Estados Unidos, escreveu um livro narrando suas experiências, que ficou 36 semanas na lista dos mais vendidos do New York Times. Callahan se tornou uma celebridade e foi consultor do premiado filme As Aventurabilhetes de apostas futebolPi,bilhetes de apostas futebolAng Lee. Ele diz que pensa nabilhetes de apostas futebolviagem todo dia.

"Sou muito grato por ter tido essa experiência. Ela me mostrou tantos caminhos e tantas coisas sobre mim que eu jamais saberia. Principalmente que a gente pode ser bem mais forte e resiliente do que imagina. Sou bastante grato pela experiência...mas foi um inferno!"

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