Os dilemas da pediatra que cuidacomo ganhar apostas no sportingbetcriançascomo ganhar apostas no sportingbetestado terminal:como ganhar apostas no sportingbet

Por isso, quando possível, Carneiro tenta viabilizar que a criança tenha alta do hospital e receba cuidadoscomo ganhar apostas no sportingbetcasa. No casocomo ganhar apostas no sportingbetManuella, a preocupação era garantir que a menina convivesse o máximo possível com toda a família — que a mãe e o pai pudessem aproveitar cada minuto com a filha e se despedir.

"Em casa, eles iam conseguir ter uma dinâmica mais saudável, com mais privacidade e com a presençacomo ganhar apostas no sportingbetoutros familiares. No ambiente hospitalar, a gente não tem como receber a visita da avó, da tia,como ganhar apostas no sportingbetamiguinhos", diz.

Carneiro lembra que ficou emocionada ao receber da mãecomo ganhar apostas no sportingbetManuella uma imagem da bebêcomo ganhar apostas no sportingbetcasa.

"Tinha uma expectativa grandecomo ganhar apostas no sportingbetela estar no quartinho dela. E, quando ela chegoucomo ganhar apostas no sportingbetcasa, a mãe mandou foto para a gente. A Manu estava lá na caminha, com coberta toda rosa e ursinho."

Qualidadecomo ganhar apostas no sportingbetvida x mais diascomo ganhar apostas no sportingbetvida

Carneiro diz que a decisãocomo ganhar apostas no sportingbetdar alta a Manuella envolveu toda a equipe médica e a família da menina, após perceberem que não havia mais tratamento para o câncercomo ganhar apostas no sportingbetcérebro que ela enfrentava.

A menina chegou a passar por cirurgias e fazer quimioterapia, mas o tipo do tumor era muito agressivo. Em busca da cura, os pais pediram opiniõescomo ganhar apostas no sportingbetdiferentes profissionais. Mas a bebê, que no início do tratamento era ativa e até mandava beijinhos para as pessoas, já não se comunicava, não se mexia, nem saía da cama. Foram muitas idas e vindas ao hospital durante o tratamento, totalizando cinco mesescomo ganhar apostas no sportingbetinternação.

Pai e mãe se desdobravam para trabalhar, se deslocar ao hospital e ficar com a filha o máximocomo ganhar apostas no sportingbettempo possível. "Eram pais muito dedicados, presentes, nunca reclamaram nemcomo ganhar apostas no sportingbetcansaço, embora pudessem estar exaustos", conta Carneiro.

A médica afirma que um dos dilemas ao enviar um paciente terminal para casa e evitar intervenções invasivas é aceitar que,como ganhar apostas no sportingbetalguns casos, a criança poderá viver menos dias, embora tenha dias melhores enquanto viver.

"Pode ser que aconteça (a morte) mais cedo, porque, querendo ou não, não vai ter uma equipe lá para fazer uma intervenção mais invasiva, intubação ou tratamento rápidocomo ganhar apostas no sportingbetum quadro infeccioso".

"Mas é importante entender que a proposta é ter qualidade naqueles poucos dias e não obrigatoriamente ter mais dias."

Carneiro destaca, no entanto, que o excessocomo ganhar apostas no sportingbetintervençõescomo ganhar apostas no sportingbetalguns casos também pode acabar encurtando a vida,como ganhar apostas no sportingbetvezcomo ganhar apostas no sportingbetprolongá-la.

"Quando você entra com um planocomo ganhar apostas no sportingbetcuidados paliativos, algumas intervenções que são entendidas como fúteis não são oferecidas. E essas intervenções, às vezes, são a causacomo ganhar apostas no sportingbetum fim mais breve, com paciente morrendo na mesacomo ganhar apostas no sportingbetoperação."

'Retorno à maternidade nacomo ganhar apostas no sportingbetplenitude'

Para os paiscomo ganhar apostas no sportingbetManuella, ter a filhacomo ganhar apostas no sportingbetcasa significou a oportunidadecomo ganhar apostas no sportingbetexercer o papelcomo ganhar apostas no sportingbetpai e mãe nacomo ganhar apostas no sportingbetplenitude. Eles voltaram a ser os cuidadores principais da filha.

"No hospital, a rotina é orientada por nós, médicos, a medicação é dada pela equipe médica. Com a ida para casa, a mãe e o pai puderam voltar a ser a referência no cuidado, a planejar a rotina e a vida da filha, como faziam quando ela nasceu", lembra Carneiro.

"Foi muito especial ver essa volta da maternidade e paternidade nacomo ganhar apostas no sportingbetplenitude."

Os pais tiveram duas semanascomo ganhar apostas no sportingbetcasa com Manuella, antescomo ganhar apostas no sportingbetela morrer.

A oportunidadecomo ganhar apostas no sportingbetse despedircomo ganhar apostas no sportingbetum parentecomo ganhar apostas no sportingbetcasa ainda é muito rara no Brasil. A imensa maioria das crianças e adultos com doenças incuráveis acaba morrendo nos hospitais. Alguns acabam passando por intervenções que prolongam a vida, sem necessariamente garantir conforto ou qualidadecomo ganhar apostas no sportingbetvida.

Dilemas e desafios

Cinara Carneiro destaca que uma equipe especializada precisa desenhar um planocomo ganhar apostas no sportingbetcuidado para viabilizar que o paciente passe seus últimos dias fora do hospital. E, segundo ela, muitos profissionais resistem a autorizar a alta por receio.

Isso se deve, diz a médica, à cultura da hospitalização que prevalece no país. Burocracia e insegurança jurídica também dificultam o acesso ao direitocomo ganhar apostas no sportingbetmorrer rodeado pela família.

"O sistema é burocrático. Morrercomo ganhar apostas no sportingbetcasa é muito difícil para adultos e crianças. E quando ocorre o óbito domiciliar, a declaraçãocomo ganhar apostas no sportingbetóbito é complexa. Uma equipe médica precisa ir até a casa para verificar a morte. Sem isso, o corpo não pode ser liberado e vai para o Instituto Médico Legal", diz.

Portanto, ela destaca, é preciso ter um planejamento que envolva diferentes profissionais e um médico ciente do prontuário da criança para ser acionado no momento da morte e garantir a liberação do corpo, se o paciente estivercomo ganhar apostas no sportingbetcasa.

"Esse médico vai conhecer o histórico da criança e vai fazer a declaraçãocomo ganhar apostas no sportingbetóbito, porque senão essa criança vai para um IML. Num momentocomo ganhar apostas no sportingbetsofrimento, essa seria uma dinâmica que traria mais dor. Então, eu tenho que ter construído do hospital ao domicílio um planocomo ganhar apostas no sportingbetação que inclua o momento do óbito."

Em casocomo ganhar apostas no sportingbetplanocomo ganhar apostas no sportingbetsaúde particular, a família do paciente precisa encontrar uma equipecomo ganhar apostas no sportingbetmédicos disposta a esse tipocomo ganhar apostas no sportingbetcuidado, com home care (estrutura hospitalarcomo ganhar apostas no sportingbetdomicílio) e médicocomo ganhar apostas no sportingbethome care cientecomo ganhar apostas no sportingbetque,como ganhar apostas no sportingbetalguns dias ou meses, poderá ter que declarar o óbito da criançacomo ganhar apostas no sportingbetcasa.

"Se você é paciente e tem um planocomo ganhar apostas no sportingbetsaúde, aí você tem que ter home care e o seu médico do home care tem que estar alinhado com você.", diz.

No Sistema Únicocomo ganhar apostas no sportingbetSaúde, essa possibilidade é mais remota, porque o médico da unidadecomo ganhar apostas no sportingbetPronto Atendimento próxima à casa da família tem que estar ciente do prontuário da criança e alinhado com a estratégiacomo ganhar apostas no sportingbetcuidado paliativo.

"Se você estiver no SUS, você não consegue morrercomo ganhar apostas no sportingbetcasa. A não ser que você tenha o seu postocomo ganhar apostas no sportingbetsaúde funcionando bem. E lá, tem que ter um profissionalcomo ganhar apostas no sportingbetreferência seu, que te conheça, e que ele não rode. Mas a gente sabe que os profissionaiscomo ganhar apostas no sportingbetsaúde circulam", diz.

"E a gente tem muito profissional recém-formado trabalhando na ponta. Então, entendo que ele se sinta inseguro, e ele precisa que nós, que somos especializados, entreguemos um plano completo, e que ele confiecomo ganhar apostas no sportingbetnós. Então eu preciso ter um especialista, um paliativista e um colega na ponta que pode ser o médico da atenção primária à saúde ou o médico do home care alinhados com o planocomo ganhar apostas no sportingbetcuidado."

Cinara Carneiro defende que o SUS invista maiscomo ganhar apostas no sportingbetcursos sobre cuidados paliativos para profissionais da atenção básica, para que se sintam menos inseguros diante da opção pela mortecomo ganhar apostas no sportingbetcasa.

"Eles têm que começar a entender que esse fimcomo ganhar apostas no sportingbetvida, seja para pacientes idosos ou crianças, pode ser proporcionadocomo ganhar apostas no sportingbetcasa."

Ela destaca, porém, que a família do paciente precisa receber apoio e informação para garantir que os últimos diascomo ganhar apostas no sportingbetvida dele ocorram da maneira mais leve possível e sem dor física.

"Não é simples. No caso da Manu, tivemos que ensinar a usar o opioide, porque ela precisavacomo ganhar apostas no sportingbetmorfina. Os pais também aprenderam a usar sonda, porque ela era alimentada por lá, e a lidar com sintomas como constipação causados pela morfina", relata a médica, acrescentando que a equipe também detalhou para os pais os sintomas e comportamentos que ocorrem no momento da morte.

A médica e a família da menina acreditam que o esforço valeu a pena. A mãecomo ganhar apostas no sportingbetManuella autorizou a BBC News Brasil a usar as fotos da bebê e a contar a história dela.

"Infelizmente, não foi possível curar a Manuella, mas conseguimos fazer com que esse processo fosse mais leve para que a família pudesse fechar esse ciclo. A despedida é sempre dolorosa, não é fácil, mas é também um processo que envolve muito amor", conclui Cinara Carneiro.

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