Como a Califórnia foi da beira da falência a 5ª economia do mundo:

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"É um êxito sensacional, e não se deve tanto ao quão grande é (o Estado têm quase 40 milhõeshabitantes, maseconomia supera, por exemplo, a do Reino Unido, que tem 60 milhões), mas à alta produtividade dos seus trabalhadores", diz Lee Ohanian, professorEconomia da Universidade da CalifórniaLos Angeles (UCLA).

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Diversificação e atratividade
No total, o Produto Interno Bruto (PIB) da Califórnia superou US$ 2,7 trilhões (R$ 10,05 trilhões)2017. Em comparação, o PIB do Brasil foi equivalente a US$ 1,8 trilhão e o do México,US$ 1,04 trilhão.
Para Stephen Levy, diretor do Centro para Estudo Continuado da Economia da Califórnia, um institutopesquisa local, o importante não é chegar a ser a quinta economia do mundo, mas os motivos por trás disso.
"Todas as partes do Estado contribuem para tal, não só a zona da BaíaSan Francisco", destaca ele.

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O economista explica que o volumecomércio na região sul "está batendo recordes", a hotelaria e o turismo seguem crescendo. Além disso, as indústriasentretenimento e, claro, atecnologia são motores do Estado.
"Fica claro o quão atraente é a Califórnia quando levamosconta que muita gente quer se mudar para cá. Ao mesmo tempo o customoradia é elevado, o trânsito é difícil, os impostos são altos, é preciso pagar taxas adicionais para combater a poluição, há custos por emissãogases", acrescenta.
"É um Estado que possibilita a quem quer que seja viver bem, não importaonde a pessoa vem,religião e orientação sexual."
Irena Asmundson, economista-chefe do DepartamentoFinanças da Califórnia, explicou que os todos setores econômicos, com exceção do agrícola, contribuíram para o aumento do PIB no ano passadocercaUS$ 127 bilhões (R$ 472,7 bilhões).
Os setores financeiro e imobiliário lideraram esse avanço ao agregar US$ 26 bilhões ao crescimento do PIB, seguidos pela indústriatecnologia, com US$ 20 bilhões, e a manufatura, com US$ 10 bilhões.
"A maior parte da contribuição do setormanufatura vemempresas relativamente pequenas, muito especializadas", explica Asmundson.
O grande paradoxo
O crescimento é normalmente visto como algo positivo, mas, para muitos californianos, as cifras mais altas do PIB não se traduzem necessariamentemaior prosperidade.

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Se nos concentramosquestões como pobreza e dificuldade no acesso a moradia, não parece que estamos falando da quinta economia mundial.
Parta começar, segundo os dados mais recentes do Censo americano, umcada cinco californianos vive na pobreza, ou seja, 20,4%,comparação com 14,7% da população americanageral. É o índice mais alto do país - e o mesmo ocorrepobreza infantil.
Além disso, a Califórnia tem 140 mil sem-tetos, um problema presentecidades como Los Angeles e San Francisco. "São 25% dos moradoresrua do país, e cerca10% estão apenasLos Angeles", diz Ohanian.

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"É um Estado com uma grande desigualdade. A moradia é caríssima. O preço médiouma casa é US$ 540 mil. Só cerca30% dos lares podem se permitir pagar uma hipoteca assim, assumindo que dão 20%entrada. As políticas econômicas foram prejudiciais para muita gente, ainda que isso não tenha sido intencional."
Ohanian prevê ainda mais dificuldades no futuro da Califórnia caso não mude seu rumo. "O Estado enfrentará uma outra crise se não adotar políticas diferentes no pagamentopensões e no sistemasaúde."
Trata-seuma preocupação compartilhada por outros analistas econômicos, que questionam como a Califórnia vai arcar com os gastos nessas duas áreas.
Outros analistas avaliam que a situação fiscal da Califórnia é sólida o suficiente para enfrentar esses desafios.
Eles recordam que, quando o governador democrata Jerry Brown assumiu,2011, encontrou um déficit orçamentárioUS$ 27 bilhões (R$ 101 bilhões,valores atuais) e que, agora, após oito anosexpansão econômica, o Estado tem um superávitUS$ 6 bilhões (R$ 22,6 bilhões).










