A rainha sueca que se converteu ao catolicismo, foi reinarnba aposta ganhaRoma e virou ícone LGBT:nba aposta ganha

nba aposta ganha Sexualmente ambígua. Culta e Inteligente. Irreverente e carismática. Amante das artes nba aposta ganha , da literatura, dos cavalos. Temperamental e vingativa. Nada convencional e com uma vida cheianba aposta ganhareviravoltas.

Todos esses adjetivos se aplicam a Cristina, coroada monarca da Suécianba aposta ganha1650, figura lendária que desafiou o establishment na Europa do século 17 e que hoje é um dos ícones da contracultura e da comunidade LGBT, alémnba aposta ganhaimportante colecionadora e patrona das artes.

Em entrevista ao programa Forum, do Serviço Mundial da BBC, dois historiadores e a autoranba aposta ganhauma biografianba aposta ganhaCristina da Suécia tentam explicar o eterno fascínio dessa grande personagem histórica.

Comecemos, no entanto, por ouvir o testemunhonba aposta ganhaalguém que conheceu a rainha Cristina, como o Duquenba aposta ganhaGuise, um francês bon vivant que nasceunba aposta ganhaParisnba aposta ganha1614 e morreunba aposta ganha1664:

"Ela veste sapatosnba aposta ganhahomem, enba aposta ganhavoz e gestos são masculinos. Adora exibirnba aposta ganhaperícia no manejonba aposta ganhacavalos. Fala oito línguas, entendenba aposta ganhapintura tão bem como qualquer um e sabe muito mais do que eu sobre as intrigas da nossa corte. Ela é uma pessoa absolutamente extraordinária."

Cristina teria sido criada como menino e não quis se casar

Temanba aposta ganhalivros, peças e filmes - entre eles, o clássico do cinema Rainha Cristina, estrelado por Greta Garbonba aposta ganha1933 -, a vidanba aposta ganhaCristina mais parece a tramanba aposta ganhaum romance.

Cristina Alexandra nasceunba aposta ganhaEstocolmonba aposta ganha1626, única filha legítima sobrevivente do poderoso rei sueco Gustavo Adolfo, tido como o homem que, no início do século 17, fez da Suécia uma das mais poderosas nações europeias.

O nascimentonba aposta ganhaCristina, no entanto, foi cercadonba aposta ganhaconfusão, explica Veronica Buckley, autora da biografia Cristina, Rainha da Suécia: A vida atribuladanba aposta ganhauma excêntrica europeia (Objetiva, 2006).

"Não estava claro se o bebê era menina ou menino. Geneticistas hojenba aposta ganhadia dizem que umnba aposta ganhacada 200 bebês nascem sem características sexuais definidas. E, naquela época, (a monarquia sueca) queria desesperadamente um príncipe. Então, correram para anunciar que (o bebê) era menino. Foi somente na manhã seguinte, cinco ou seis horas depois do nascimento, que uma tia do bebê finalmente ousou contar ao pai, (o rei) Gustavo Adolfo, que o bebê era na verdade uma menina."

Relatos do período indicam que Cristina foi criada como um menino. Estudou os clássicos da literatura, aprendeu línguas estrangeiras, equitação e esgrima.

"Ela foi educada, acimanba aposta ganhatudo, para reinar", conta o historiador Stefano Fogelberg Rota. "E o modelo existentenba aposta ganhaum soberano, naquele período, era mais masculino do que feminino."

Durante toda anba aposta ganhavida, especulou-se que Cristina seria lésbica - ou bissexual.

"Ela estava interagindonba aposta ganhaum mundo masculino, a política. Um ambiente do qual mulheres estavam excluídas na época. Isso dava margem a muitos rumores. Por exemplo, a respeitonba aposta ganhapossíveis casos amorosos. Acreditava-se, por exemplo, quenba aposta ganhadamanba aposta ganhacompanhia era tambémnba aposta ganhaamante. Mas temos apenas algumas cartas - e muitas lendas - confirmando isso", prossegue o historiador Rota.

Por voltanba aposta ganha1640, Cristina anunciou que não se casaria. "O que alimentava esses rumores era o fatonba aposta ganhaque ela não queria se casar. Ela deixava claro que não queria gerar uma criança", diz Rota.

Esta vívida descrição da rainha, incluída na biografia escrita por Buckley, ajuda a completar o quadro: "Apesarnba aposta ganhater pequena estatura e feição delicada, os movimentos e gestos da jovem rainha estavam longenba aposta ganhafemininos. Ela andava como um homem, sentava-se e cavalgava como um homem e comia e xingava como o mais grosseiro dos soldados. Sua voz era profunda e gutural. Seu temperamento, esquentado."

'Ela queria reinar, mas não queria governar'

Em 1632, quando Cristina tinha seis anosnba aposta ganhaidade, seu pai morreunba aposta ganhauma batalha. Daínba aposta ganhadiante, como monarca absoluta, a menina cresceu acostumada a ver homens adultos se curvarem emnba aposta ganhapresença.

Em 1650, aos 24 anos, Cristina Alexandra foi coroada monarca da Suécia e pôde, finalmente, reinar.

No entanto, apesarnba aposta ganhaextremamente confiante, Cristina não tinha temperamento para a vida política: ficava entediada, explica Buckley. "Ela era inteligente e, à primeira vista, causava boa impressão. Entendianba aposta ganhamuitos assuntos, filosofia, astronomia, línguas. Mas não gostavanba aposta ganhase aprofundar nas coisas. Não tinha o temperamento para isso", diz.

"E quando se deparava com pessoas que sabiam muito mais do que ela, logo se livrava delas. Quando não podia se livrar da pessoa, como no caso do chanceler sueco, por exemplo, tentava minarnba aposta ganhaautoridade a todo custo. Inclusive, por meionba aposta ganhamentiras e dissimulação."

Governar era um problema para Cristina porque ela não sabia ceder, fazer acordos. "Queria reinar, mas não queria governar", diz a biógrafa.

Rainha era amante das artes e da filosofia

Por outro lado, amante das artes e da filosofia, leitora ávida e donanba aposta ganhauma vasta biblioteca, Cristina teve influência positiva sobre a vida cultural sueca.

"Seu reinado trouxe grande renovação às artes e ciências. No períodonba aposta ganhasua coroação, a cidadenba aposta ganhaEstocolmo, antes um fimnba aposta ganhamundo, passou a atriar alguns dos maiores talentos e mentes da Europa", conta a historiadora Theresa Sjovoll.

O mais famoso intelectual a visitar a Suécia nesse período foi o filósofo francês René Descartes, conta Sjovoll. No entanto,nba aposta ganhacarta a uma ex-aluna, o filósofo reclamou quenba aposta ganhaveznba aposta ganhadiscutir filosofia com ele, Christina estava mais interessadanba aposta ganhaestudar grego e literatura.

"Descartes se sentiu desprezado e morreu quatro meses depois. A julgar pelas cartas, énba aposta ganhase pensar que ele tenha sido vítimanba aposta ganhaorgulho ferido e do terrível inverno sueco", pondera a historiadora.

Também nesse período, a chegada à Suécianba aposta ganhaum grande carregamentonba aposta ganhaobjetos saqueados durante uma guerranba aposta ganhaPraga projetara, por toda a Europa, o nome e a reputaçãonba aposta ganhaCristina da Suécia como importante colecionadoranba aposta ganhaarte - livros, manuscritos, moedas, medalhas, esculturas e pinturas.

"Ela também enviava seus próprios agentes à Europa e até ao Egito,nba aposta ganhabuscanba aposta ganhaobjetos para enriquecernba aposta ganhacoleção", explica Sjovoll.

Com popularidadenba aposta ganhaqueda, Cristina elaboranba aposta ganhafuga

A rainha Cristina, no entanto, também sabia ser cruel e vingativa. Um bom exemplo disso é o casonba aposta ganhaArnold Messenius e seu filho.

Messenius pertencia a uma família que se opunha às políticas do governo sueco e, por isso, havia sido colocado na cadeia pelo chanceler do país - um homemnba aposta ganhaquem Cristina não gostava, conta a biógrafa Buckley. "O chanceler era um homem brilhante e Cristina não gostavanba aposta ganhaser eclipsada. Na infância, tiveranba aposta ganhaaturá-lo. Mas quando chegou à maioridade, apenas para contrariá-lo, ordenou que Messenius fosse solto."

Ela deu ao ex-prisioneiro muito dinheiro, fez dele um nobre e nomeou-o historiador real. O problema é que, ao atingir a maioridade, Cristina agora também respondia pelas decisões do governo, e Messenius passou a criticar suas ações. "Ela não gostou disso. Para ela, isso não era apenas ingratidão - era traição."

Messenius foi preso novamente e condenado à morte. "Messenius foi decapitado e seu filhonba aposta ganha17 anos também foi executado,nba aposta ganhamaneira ainda mais cruel."

Esse episódio marca o momentonba aposta ganhaque a rainha sueca começa a perdernba aposta ganhapopularidade. Mas é também nessa fase, a partirnba aposta ganha1651, que ela se dá contanba aposta ganhaque a vida como rainha da Suécia não lhe agrada.

Cristina começa a planejarnba aposta ganhagrande escapada. Convence seu primo, Carlos Gustavo, a assumir o trononba aposta ganhaseu lugar enquanto negocia, no Parlamento,nba aposta ganhaabdicação. Em 1653, envia algunsnba aposta ganhaseus mais valiosos pertences para a Europa no navio Fortuna. E, crucialmente, decide se converter ao catolicismo - o que lhe abriria as portas da ensolarada Roma, centro do catolicismo no mundo.

Mas tudo tinhanba aposta ganhaser feitonba aposta ganhasegredo, explica Buckley. A conversão do protestantismo luterano para o catolicismo, naquele período, era uma decisão muito séria. Durante séculos, por toda a Europa, batalhas sangrentas eram travadas entre protestantes e católicos.

O próprio painba aposta ganhaCristina, Gustavo Adolfo, tinha perdido a vida lutando pelo protestantismo na Alemanha.

Finalmente,nba aposta ganhajunhonba aposta ganha1654, Cristina conseguiu abdicar ao trono e sair da Suécia. Ela tinha 27 anos. Mas não seguiu diretamente para Roma - isso seria arriscado demais.

Conversão ao catolicismo rumo a Roma

Para disfarçar suas intençõesnba aposta ganhase converter, Cristina viajou parte do caminho incógnita e foi primeiro para a Dinamarca e depois para a Holanda, conta o historiador Stefano Rota.

"Cristina tinhanba aposta ganhaser cuidadosa também porque dependia economicamente da Suécia."

A rainha sueca converteu-se ao catolicismo muito discretamentenba aposta ganhaBruxelas,nba aposta ganha1655, na capela particular do arqueduque austríaco Leopold Wilhelm. E prosseguiu, comnba aposta ganhacomitivanba aposta ganha250 pessoas, a caminhonba aposta ganhaRoma.

Em dezembronba aposta ganha1655, Cristina feznba aposta ganhaentrada oficialnba aposta ganhaRoma, sendo recebida com pompas e glórias raramente oferecidas a mulheres. "Não há dúvidasnba aposta ganhaque o papa queria celebrar a nova rainha católica", explica o historiador Rota. "Alexandre 7º acabavanba aposta ganhaser eleito papa e queria restaurar a imagem da Igreja Católica, desgastada pela guerra."

Apesarnba aposta ganhater sido presenteada com uma luxuosa carruagem, encomendada especialmente para a ocasião, a rainha sueca preferiu fazernba aposta ganhaentrada triunfalnba aposta ganhaoutra maneira, conta Sjovoll.

"Toda a Roma foi às ruas aguardar,nba aposta ganhapé, a chegada da rainha", diz a historiadora. "Todos os cardeais e a nobreza estavam presentes. Cristina entrou na cidade pelo Portão do Povo, sobre um cavalo branco, vestida modestamentenba aposta ganhacinza. À noite,nba aposta ganhachegada foi celebrada com uma festanba aposta ganhafogosnba aposta ganhaartifício e, no dia seguinte, ela foi à missa, onde recebeu do papa a eucaristia. Roma continuou dando boas vindas e saudando a rainha durante vários meses."

A fundação da Accademia Dell'Arcadia e um romance

Cristina foi morarnba aposta ganhaum suntuoso palácio, o Palazzo Farnese. Reforçandonba aposta ganhareputação como patrona das artes, umanba aposta ganhasuas primeiras iniciativas foi fundar uma academia.

Frequentadores desfrutavam da música, do teatro e da literatura. Pontonba aposta ganhaencontro da nobreza enba aposta ganhacardeais interessadosnba aposta ganhacultura, a academia tinha como proposta promover discussões filosóficas e os ideais da Antiguidade Clássica.

A academia tinha grande prestígio, explica Stefano Rota. "Cristina cercou-se dos melhores acadêmicos e poetasnba aposta ganhaRoma. Por volta da décadanba aposta ganha1670, a academia já se estabelecera e passou a cumprir papel importante na renovação da poesia italiana." Hoje, 300 anos mais tarde, a Academia Dell'Arcadia permacece ativanba aposta ganhaRoma.

Cristina também mantinhanba aposta ganhaprópria orquestra. E o renomado compositor Arcangelo Corelli, que vivianba aposta ganhaRoma, compôs 12 sonatas emnba aposta ganhahomenagem. Primeiras peças publicadas por Corelli, as 12 Sonatasnba aposta ganhaTrio Opus 1, são hoje peças importantes - e muito populares - do repertório barroco.

Entre os visitantes da academia fundada por Cristina estava o jovem clérigo Decio Azzolino, que viria a se tornar a pessoa mais importante na vidanba aposta ganhaCristina dalinba aposta ganhadiante.

"Ele era confidente, conselheiro, uma espécienba aposta ganhaprimeiro-ministro na corte romananba aposta ganhaCristina. Parceiro político, ele também lhe deu assistência quando ela reformou um palácio e na aquisiçãonba aposta ganhaobrasnba aposta ganhaarte para a coleção da rainha", explica Rota.

Cristina e Azzolino tinhamnba aposta ganhacomum o amor pela poesia e pelas artes. "Está provado que os dois tiveram um relacionamento romântico, embora não se saiba ao certo até onde foi esse relacionamento. Quando Cristina morreu, deixou tudo o que tinha para ele", acrescenta Sjovoll.

Dívidas, reveses, contratempos e morte

Quando abdicou ao trono da Suécia, Cristina deixou claro que manteria o títulonba aposta ganharainha. E, para tanto, tinhanba aposta ganhaviver como rainha, explica Theresa Sjovoll.

A pensão que ela recebia da Suécia, no entanto, era modesta, e Cristina tinha muitas dívidas. Sem pagamento, seus serviçais às vezes tinhamnba aposta ganharoubar móveis e prataria do palácio para sobreviver.

Na tentativanba aposta ganharesolver a crônica faltanba aposta ganhadinheiro, Cristina se candidatou ao postonba aposta ganharainhanba aposta ganhaNápoles, mas foi vencida na campanha pelo astuto cardeal Mazarin.

Nesse mesmo período, 1657,nba aposta ganhaoutro incidente notório, característiconba aposta ganhaseu temperamento explosivo e vingativo, a rainha sueca ordenou o assassinatonba aposta ganhaumnba aposta ganhaseus servidores, o marquês Monaldeschi. Segundo ela, por deslealdade. O caso repercutiu mal.

Com popularidadenba aposta ganhabaixa, Cristina tevenba aposta ganhase mudar para um outro palácio, o Riario, hoje Palazzo Corsini, onde viveria até o fimnba aposta ganhasua vida. "Os jardins do palácio são hoje o Jardim Botâniconba aposta ganhaRoma. O que era intrigante a respeito do palácio era o tiponba aposta ganhagente que o frequentava. Ela recebia cardeais, embaixadores, acadêmicos e artistas", conta a historiadora Sjovoll.

Apesar das dificuldades, durante os 30 anosnba aposta ganhaque viveunba aposta ganhaRoma, Cristina foi considerada, extraoficialmente, a rainha da cidade. E seu estilonba aposta ganhavida jamais poderia ser qualificado como "modesto", explica Sjovoll.

"Em uma ocasião, no aniversário da rainha, o próprio papa, Clemente 9º, foi visitá-la. Isso era muito incomum, já que o papa não visitava ninguém socialmente."

No anonba aposta ganhaque morreu, 1689, aos 62 anosnba aposta ganhaidade, Cristina tinha 183 serviçais. Todos moravam no palácio. "Ou seja, ela definitivamente vivia como uma rainha", conclui a historiadora.

Segundo relatos, a rainha queria um funeral modesto, masnba aposta ganhavez disso, as cerimônias que marcaramnba aposta ganhamorte foram espetaculares. Seu corpo ficou exposto no Palazzo Riario durante quatro dias. Metadenba aposta ganhaRoma foi visitar o corpo.

Cristina foi enterrada no Vaticano - uma entre três mulheres a receber essa honraria. "Ela era um símbolo muito útil para os católicos, por isso continua enterrada na Basílicanba aposta ganhaSão Pedro, ao lado do Papa João Paulo 2º, mortonba aposta ganha2005", diz Stefano Rota.

O legado da rainha Cristina

"Sua vasta e riquíssima coleçãonba aposta ganhaarte hoje está dispersa pelo mundo, entre vários museus e colecionadores particulares", diz Sjovoll.

Ao longo dos séculos, vários movimentos se apropriaram da figura da rainha Cristina da Suécia.

Para a biógrafa Veronica Buckley, Cristina simboliza hoje tudo o que não é convencional. "Ela é um símbolo para as pessoas que ousam ser diferentes, ou para pessoas que são diferentes, queiram ou não. É um ícone para homossexuais, lésbicas e pessoas transgênero", diz Buckley.

Mas Cristina não foi abraçada pelo movimento feminista, explica a biógrafa. "Ela sempre considerou o fatonba aposta ganhaser mulher, nas palavras dela, 'seu maior defeito'. Mas era uma estrela. Acho que são anba aposta ganhaexuberância e seu espírito rebelde que fazem com que ela continue atraindo o interesse das pessoas nos diasnba aposta ganhahoje", conclui Buckley.

Para alguns historiadores, no entanto, a vida tempestuosa e a atitudenba aposta ganhadesafionba aposta ganharelação ao establishment eclipsaram um aspecto fundamental da vida da rainha sueca: seu papel como patrona das artes e colecionadora.

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