Zika: Brasil deve se preparar para chegadaauto roulettenovas doenças, dizem cientistas :auto roulette

Crédito, SPL
Nos últimos anos, o crescimento econômico do Brasil foi acompanhado por um aumento na chegadaauto rouletteturistas e imigrantes. O país ficou bem mais inserido no mundo globalizado, cujo ápice se deu com a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Mas, com isso, também entrou no caminhoauto roulettemais doenças.
Estudos da ONU mostram, por exemplo, que o númeroauto rouletteviajantes internacionais saltouauto roulette227 milhõesauto roulettepessoasauto roulette1980 para maisauto roulette1 bilhãoauto roulette2012.
Neste sábado acontece a segunda etapa do combate ao mosquito Aedes aegypti com o apoio dos militares. Cercaauto roulette220 mil homens e mulheres das Forças Armadas farão uma açãoauto rouletteconscientização para orientar a população no combate ao inseto.
Os militares vão distribuir panfletos com um númeroauto roulettetelefone local para receber denúnciasauto roulettelocais onde haja proliferação do mosquito. A ação ocorreauto roulette356 municípios, dos quais 115 concentram grande quantidadeauto roulettecasosauto roulettemicrocefalia. Segundo o comando das Forças Armadas, 3 milhõesauto rouletteimóveis residenciais devem ser visitados.
Aves e rebanhos
Além disso, os vírus também podem ser "importados" por acidente.
O Ministério da Saúde, por exemplo, suspeita que o vírus da febre chikungunya chegou ao paísauto roulettesetembroauto roulette2014, com brasileiros que adquiriram o vírus depoisauto rouletteviajar para áreas endêmicas.
O cenário é mais preocupante no casoauto roulettevírus que possam ser transmitidos por mosquitos e que não sejam muito conhecidos por agências sanitárias ou cientistas. Novamente, o zika serveauto rouletteexemplo: até o ano passado, a possível relação do vírus com a microcefalia sequer tinha sido estudada por pesquisadoresauto roulettedoenças tropicais.

Crédito, AFP
"O Brasil está, sem dúvida, mais vulnerável agora à chegadaauto roulettedoenças por contaauto roulettefatores globais e por já enfrentar um problema sério com a populaçãoauto roulettemosquitos. Um grande problema é a existência do que chamamosauto roulettepopulações inocentes, que não foram expostas ao vírus o suficiente para criar anticorpos, o que ajuda a explicar a velocidade da proliferação do zika", afirma James Logan, entomologista da London School of Hygiene & Tropical Medicine.
"Qualquer doença tem potencialauto roulettechegar a qualquer país no mundoauto rouletteque vivemos hoje. A ciência precisa desenvolver melhores métodosauto roulettevigilância, mas isso fica ainda mais complicado dianteauto rouletteum vírus como o zika, que é majoritariamente assintomático", acrescenta o especialista.
Cientistas citam pelo menos três vírus que,auto rouletteteoria, poderiam chegar ao Brasil, todos eles transmitidos por mosquitos: o O'nyong'nyong, a febre do Nilo Ocidental e a febre do Valeauto rouletteRift (RVF).
Este último, que também tem como vetor mosquitos da família Aedes, parece hojeauto roulettedia confinado ao continente africano ─ onde,auto rouletteacordo com o Centroauto rouletteControle e Prevençãoauto rouletteDoenças dos EUA, o CDC, matou maisauto roulette600 pessoasauto rouletteum surto no Egito,auto roulette1977.
Porém,auto roulette2000, o vírus se manifestou na Arábia Saudita e o no Iêmen, com maisauto roulette1 mil casos e cercaauto roulette160 mortes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Também prevalecenteauto rouletteanimaisauto roulettecriação, a RVF causou a morteauto roulettepelo menos 40 mil ovelhas e cabras.
Seus sintomas são bem parecidos com osauto rouletteoutras doenças transmitidas pelo Aedes: fraqueza, febre, dores e tonturas, que normalmente desaparecemauto rouletteaté uma semana. Mas uma parcelaauto rouletteaté 10% dos casos podem desenvolver sintomas mais graves como lesões oculares, encefalite (inflamação no cérebro) e hemorragias.

Crédito, Thinkstock
"O RVF também pode ser transmitido por mosquitos Culex (o popular pernilongo) e, na teoria, pode chegar a qualquer lugar do mundo. Assim como o zika, que já ocorreu fora da África, apesar disso ter acontecido há maisauto roulette10 anos", explica o geneticista David Weet, da Liverpool School of Tropical Medicine.
"Teoricamente, pode voltar a se manifestar. O zika mostra como é importante para as autoridadesauto roulettesaúde investiremauto rouletteprogramasauto roulettediagnósticos, especialmente porque os sintomas mais moderados do RVF são parecidos com os do zika", acrescenta Weet.
A febre do Nilo Ocidental teve seu primeiro surto no Hemisfério Ocidentalauto roulette1999, nos EUA, eauto roulette2012 matou quase 300 pessoas no país. Ele também é transmitido pelo pernilongo. Apenas um casoauto roulettecontaminaçãoauto roulettehumanos (o vírus também ataca cavalos) foi descoberto no Brasil até hoje ─auto rouletteuma área rural do Piauí,auto roulette2014.
Quando houve o surto nos EUA, temeu-se que o vírus pudesse chegar ao Brasil por meioauto rouletteaves migratórias. A febre também tem sintomas parecidos com o da dengue, o que dificulta o diagnóstico.
E, assim como o zika, os sintomas se manifestamauto rouletteapenas um quinto dos casos. Sensaçõesauto roulettefraqueza e fadiga podem durar meses. Menosauto roulette1% do infectados pode, porém, desenvolver condições neurológicas sérias como encefalite e meningite.
Sintomas
Entidadesauto roulettesaúde como a Fiocruz não descartamauto roulettechegada a áreas mais populosas do país, mas uma das teorias que explicaria a ausênciaauto roulettecasos dessa doença é efeitoauto rouletteuma "proteção cruzada", promovida pela grande circulaçãoauto roulettevírus similares ao do Oeste do Nilo no Brasil, como os causadores da dengue e da febre amarela.

Crédito, AP
"Nos Estados Unidos, a febre do Nilo Ocidental já faz parte das campanhasauto roulettesaúde pública para os mesesauto rouletteverão, quando aumenta o númeroauto roulettemosquitos, e já houve casosauto roulettetodo o país. Possibilidadesauto roulettechegada sempre há, mas a ciência ainda precisaauto roulettemuito mais pesquisas sobre essas doenças e isso não é uma tarefa fácil, mesmo quando ocorrem mais casos", completa Weet.
O vírus O'nyong'nyong chamou a atenção no Brasil depoisauto rouletteautoridadesauto roulettesaúde do Mato Grosso terem dito que a chegada deste vírus africano ao Brasil "era apenas uma questãoauto roulettetempo".
No entanto, ele não faz parte da listaauto roulettemazelas que pode ser carregada pelos mosquitos da família Aedes. O vetor deste vírus é a família anophelina, o que inclui o Anopheles gambiae, transmissor da malária. Este mosquito tem prevalênciaauto rouletteáreas rurais, o que marcou epidemias já ocorridas da doença, sempre na África ─ sem mortes registradas, segundo o CDC.
Os sintomas do O'nyong'nyong combinam irritações na pele, dores pelo corpo, sobretudo nas juntas, e febre alta.

Os especialistas alertam ainda para outro fator complicador nos esforçosauto roulettevigilância: o riscoauto roulettemutações. O chikungunya novamente é um exemplo ─auto roulette2006, cientistas detectaram uma mutação que tornou mais fácil a transmissão do vírus pelos mosquitos da família Aedes e fez com que ele deixasseauto rouletteser restrito a países africanos e do Sudeste Asiático, chegando ao continente americano.
"É extremamente complicado mapear doenças, especialmente as que não oferecem perigo imediato e que ficam por muito tempo confinadas a determinadas regiões. Há um problema extra que é o fatoauto rouletteque doenças assintomáticas tornam bastante complicada, por exemplo, a tarefaauto roulettecontrolar pontosauto rouletteentradas no país, como aeroportos", explica Logan.
O entomologista, porém, argumenta que novas ameaças teóricas não podem ofuscar as já existentes. Logan diz que mais importante é cuidar da prevenção, sobretudo repensando as políticas atuaisauto roulettecombate a mosquitos.
"Não adianta pensarauto rouletteoutras doenças quando já é preciso lidar com um problema sérioauto roulettedengue. Será muito difícil atingir uma erradicação total do mosquito sem esforços coordenados e que vão além do que temos hoje", diz.








