A coleçãoapostar cassinoR$ 12 bilhões escondida dentroapostar cassinoum museu no Irã:apostar cassino
- Alastair Sooke
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apostar cassino "A primeira vez que estive com Andy Warhol (pintor americano e principal figura do chamado movimento pop art) foiapostar cassinoWashington, na Casa Branca", diz Farah Pahlavi, a viúva exilada do último xá do Irã, que foi derrubado durante a Revolução Islâmicaapostar cassino1979.
Ostentando um broche na lapela com o formatoapostar cassinoseu país natal e adornado com o brasãoapostar cassinoarmasapostar cassinosua família, Farah,apostar cassino80 anos, rainha consorte do xá Mohammad Reza Pahlavi, relembra a visita que fez com o marido aos Estados Unidosapostar cassino1975, quando participouapostar cassinoum jantar na Casa Branca, oferecido pelo então presidente americano Gerald Ford (1974-1977).
À frente dela, que está sentadaapostar cassinouma elegante livrariaapostar cassinoPicaddilly,apostar cassinoLondres, uma cópia do recém-lançado Iran Modern: The Empress of Art (Irã Moderno: A Imperatriz da Arte), um livro que conta a extraordinária história da coleçãoapostar cassinocentenasapostar cassinoobrasapostar cassinoarte ocidentais modernas que o governo do Irã adquiriu durante 70 anos, sobapostar cassinosupervisão.
Ela toca a capa, que retrata um dos quadros que Warhol fez dela, com sombra azul e batom rosa, contra um fundo amarelo vívido. O retrato dataapostar cassino1976 - um ano depois daquele primeiro encontro na Casa Branca, quando,apostar cassinoacordo com Farah, "Warhol estava correndoapostar cassinoum cômodo para outro, porque, aparentemente, temia que eu pedisse que dançasse". Ela ri. "Ele era muito tímido."

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A suposta timidezapostar cassinoWarhol, no entanto, não o impediuapostar cassinousar Farah como modelo para umaapostar cassinosuas obras.
A fama da imperatriz iraniana atravessa fronteiras a pontoapostar cassinoser chamadaapostar cassino"Jackie Kennedy do Oriente Médio". No verãoapostar cassino1976, Warhol, acompanhadoapostar cassinoseu empresário da época, Fred Hughes, chegou ao que era então a casaapostar cassinoFarah, o Palácio Niavaran,apostar cassinoTeerã, para tirar uma fotografia dela.

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O retrato foi usado como fonte para uma sérieapostar cassinoobras. "O norteapostar cassinoTeerã me lembra Beverly Hills", disse Warhol, segundo um membroapostar cassinosua comitiva, Bob Colacello. O artista estava hospedado no hotel Intercontinental, onde, aparentemente, adorava pedir caviarapostar cassinoseu quarto.
Dois anos depois, Warhol foi convidado a fazer outro retrato, do marido da imperatriz, embora dessa vez tenha sido obrigado a usar uma fotografia oficial como fonte. Apenas um ano depois, contudo, a dinastia Pahlavi foi derrubada e o xá fugiu para o Egito - onde morreu,apostar cassino1980 - comapostar cassinoesposa e família.
A ex-imperatriz - que hoje tem 80 anos vive entre Maryland, nos Estados Unidos, e um elegante apartamento com vista para o Sena,apostar cassinoParis - deixou para trás os retratosapostar cassinoWarhol, juntamente com o restante das cercaapostar cassino300 obrasapostar cassinoarte moderna ocidental e iraniana que havia acumulado durante os anos 70, financiada, com a bênçãoapostar cassinoseu marido, pela riqueza do petróleo.

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Coleção escondida
Hoje, essa coleção pouco vista - que sobrevive quase intacta nas abóbadas do Museuapostar cassinoArte Contemporâneaapostar cassinoTeerã (TMoCA), que Pahlavi inaugurouapostar cassinoseu aniversárioapostar cassino1977, com a presençaapostar cassinoNelson Rockefeller - contém obrasapostar cassinoartistas como Francis Bacon, Alberto Giacometti, René Magritte, Pablo Picasso, Jackson Pollock, Pierre-Auguste Renoir e Mark Rothko. Segundo estimativasapostar cassinoespecialistas, valeria cercaapostar cassinoUS$ 3 bilhões (R$ 12 bilhões).
Questionada sobre se não ficou "tentada"apostar cassinolevá-la consigo quando fugiu do país, Farah diz que as obras pertencem ao Irã.
"O que eu comprei foi para o Irã. Não faria sentido tirá-las do país", responde.
Sua única lembrança, acrescenta, é uma escovaapostar cassinocabelo que pertenceu a Warhol, que comprouapostar cassinoleilão depoisapostar cassinodeixar o Irã.
Segundo Pahlavi, a história da coleção iranianaapostar cassinoarte ocidental moderna - a maior e certamente mais valiosa fora da Europa e da América do Norte - coincide comapostar cassinoprópria paixão pela arte e pela cultura.

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Nascida Farah Dibaapostar cassino1938,apostar cassinouma famíliaapostar cassinoclasse altaapostar cassinoTeerã, ela se casou com o xá - que conheceuapostar cassinouma recepção na embaixada iranianaapostar cassinoParis -apostar cassino1959, usando um vestidoapostar cassinoYves Saint Laurent. Tinha apenas 21 anos e se tornouapostar cassinoterceira esposa.
Farah diz que sempre esteve conscienteapostar cassinoque vinhaapostar cassino"um paísapostar cassinocivilização e cultura antigas" - afinal, Ciro, o Grande, fundara a primeira dinastia do Império Persaapostar cassino550 aC - e,apostar cassino1967, ela estabeleceu o Festival Anualapostar cassinoArtesapostar cassinoShiraz, na região central do Irã.
Como consorte do xá, ela frequentemente comprava quadros para apoiar jovens artistas iranianos - porque, diz, "naqueles dias, pessoas ricas compravam objetos iranianos antigos, não arte moderna. Sempre aconselhei ao governo para comprar quadros,apostar cassinovezapostar cassinomóveis feios".
Antigo para moderno
A semente para a coleção iranianaapostar cassinoarte ocidental moderna foi plantada no final dos anos 60, quando a imperatriz compareceu à exposiçãoapostar cassinouma artista iraniana chamada Iran Darroudi, com quem conversou. "Ela me disse: 'Gostaria que tivéssemos um lugar onde pudéssemos mostrar nosso trabalho' - e eu disse: 'É uma ótima idéia: devemos ter um museu'."
Quando o plano se materializou, Pahlavi contratouapostar cassinoprima, a arquiteta Kamran Diba, para projetar o TMoCAapostar cassinoum antigo campoapostar cassinoparadas militares ao lado do que é hoje o parque Laleh (Tulipa,apostar cassinopersa) - anteriormente chamado parque Farah, emapostar cassinohomenagem.

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A arquiteta, que também se tornou diretora-fundadora do museu, inspirou-seapostar cassinoelementos da arquitetura persa tradicional, bem como na formaapostar cassinoespiral do Museu Guggenheimapostar cassinoNova York. A ideia era que a instituição fizesse parteapostar cassinouma redeapostar cassinomuseus patrocinada pela imperatriz, incluindo o Museu Nacional dos Tapetes, fundadoapostar cassino1976.
Tendo decidido construir um novo museuapostar cassinoarte, Pahlavi percebeu que precisariaapostar cassinouma coleção. No início dos anos 70, o Irã era rico: "Foi um períodoapostar cassinoque tínhamos muito dinheiro do petróleo", lembra, "embora isso coincida com o início dos nossos problemas".
Inicialmente, Farah cogitou comprarapostar cassinovolta antigos artefatos iranianos que, ao longo dos séculos, se espalharam pelo mundo. No entanto, concluiu rapidamente que seria muito caro. Já a arte ocidental moderna, que ela também admirava, era mais acessível e mais fácilapostar cassinoadquirir. Assim, ela reuniu uma equipeapostar cassinoconsultores para construir do zero uma coleçãoapostar cassinoarte modernaapostar cassinoprimeira linha, começando com os impressionistas.
Seus representantes começaram a negociar com as galerias e até viajaram para Nova Yorkapostar cassinobuscaapostar cassinoconselhos do Museu Metropolitan, um dos mais famosos da cidade ("Para ver se uma pintura era boa e se o preço era aceitável", explica). Ao mesmo tempo, entrouapostar cassinocontato com a fundaçãoapostar cassinoMaeght (um famoso museuapostar cassinoarte moderna no sul da França, estabelecidoapostar cassino1964) para ajudá-la.
Dentroapostar cassinoum espaçoapostar cassinotempo muito curto, a equipeapostar cassinoPahlavi reuniu uma coleçãoapostar cassinoarte modernaapostar cassinocausar invejaapostar cassinoqualquer instituição.
Seu marido, por outro lado, não compartilhavaapostar cassinopaixão.
"Ele estava ocupado com tantas outras coisas importantes no Irã", diz ela, "e não se interessavaapostar cassinoarte moderna estrangeira", acrescenta.
Mas o xá apoiou o projeto, autorizando a estatalapostar cassinopetróleo do país a financiar as compras das obrasapostar cassinoarte (em 1973, o Irã era o segundo maior exportadorapostar cassinopetróleo do mundo). Como Farah diz, "ele sempre me ajudou se eu precisasseapostar cassinoum dinheiro para isso ou aquilo."

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"Isso", no caso, poderia ser o quadro Natureza morta com estampa japonesa (1889),apostar cassinoPaul Gauguin, ou o Mural no chão vermelho indiano (1950),apostar cassinoJackson Pollock. Em 2010, a casaapostar cassinoleilões Christie's estimou o preço deste últimoapostar cassinoUS$ 250 milhões (R$ 1 bilhão).
Em certo sentido, as aquisiçõesapostar cassinoFarah podem ser entendidas dentro do contexto da chamada "Revolução Branca" do xá, que priorizava a modernização do país e a implementaçãoapostar cassinoreformas progressistas. No livro, as escritoras Viola Raikhel-Bolot e Miranda Darling, que assinam a autoria com a imperatriz, descrevem-na como "um testemunho da influência do soft power para mudar a estruturaapostar cassinouma nação para sempre. Sua visão e dedicação transformaram a décadaapostar cassino1970apostar cassinouma eraapostar cassinoouro para o Irã."
Para os críticos do xá, contudo, essa descrição pode parecer parcial. O que o povo iraniano fez da arte moderna que ela comprou nos anos 70?
"Você sabe", responde Farah, "até hoje, na Inglaterra ouapostar cassinoNova York, não se pode esperar que todos amem a arte moderna. Mas são tesourosapostar cassinoarte para o país. A arte aproxima as pessoas mais do que qualquer discurso político", defende.
No entanto, despesas como essas não contribuíram para a percepção negativaapostar cassinoque o regimeapostar cassinoseu marido estava desperdiçando dinheiro, o que porapostar cassinovez pode ter colaborado paraapostar cassinoqueda?
Farah franze a testa. "Nem um pouco, nem um pouco. Não houve uma reação negativa."
Alémapostar cassinopassar tempo com Warhol, enquanto amealhavaapostar cassinocoleção, a imperatriz conheceu vários artistas que admirava, incluindo Salvador Dalí, Marc Chagall (que morava perto da Fundação Maeght) e o escultor britânico Henry Moore, cujo estúdio foraapostar cassinoLondres, no vilarejoapostar cassinoPerry Green,apostar cassinoHertfordshire, ela visitou uma vez.
"Quando entrei", lembra ela, "ele me mostrou uma pequena pintura e disse: 'Peço a todos que me digam quem fez isso'. Graças a Deus, eu disse Miró (Joan Miró, artista surrealista espanhol) - que foi a resposta certa. Fiquei orgulhosa, claro".
Segundo relatos, uma das esculturasapostar cassinoMoore, nos jardins da TMoCA, foi danificada por uma bala. O buraco ainda é visível: um lembrete, muito provavelmente, da turbulência causada pela Revolução.
Uma das coisas mais surpreendentes sobre a história da coleçãoapostar cassinoarte moderna do Irã é que, na esteira da Revolução, ela não foiapostar cassinogrande parte danificada nem dispersa. Houve exceções: Farah (que foi condenada à morte, à revelia, depois da revolta) lembra-seapostar cassinoassistir a um documentário da televisão francesa, que mostrava que um dos retratosapostar cassinoWarhol,apostar cassinoseu antigo palácioapostar cassinoTeerã, havia sido cortado com uma faca.
Além disso,apostar cassino1990, Woman III (1953), do pintor expressionista abstrato Willemapostar cassinoKooning, foi trocado por miniaturas persas do século XVI pertencentes a um colecionadorapostar cassinoarte americano. Em uma cena dignaapostar cassinoum filmeapostar cassinosuspense, a permuta ocorreu na pista do aeroporto internacionalapostar cassinoViena.
Por anos, porém, a coleção definhou, sem ser vista, nos cofres do museuapostar cassinoTeerã. Em 2005, algumas das pinturas foram exibidas ao público.

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Continua sendo um mistério, no entanto, por que ela nunca atraiu a ira dos governantes do regime teocrático que sucedeu a Revolução. Possivelmente, seu valor a torna intocável. Pinturas como Gabrielle com Blusa Aberta (1907),apostar cassinoPierre-Auguste Renoir, que retrata uma mulher com os seios à mostra, nunca vão poder ser exibidas no Irã.
Enquanto isso, no ano passado, destaques da coleção - que seriam exibidosapostar cassinoBerlim e Roma,apostar cassinouma exposição itinerante internacional, antesapostar cassinoos planos serem cancelados no último minuto - foram exibidos no TMoCA.
No entanto, duas horas após ser aberta ao público, a exposição acabou sendo alvo dos censores. Eles removeram o painel centralapostar cassinoum trípticoapostar cassino1968apostar cassinoFrancis Bacon, retratando duas figuras masculinas nuas ladoapostar cassinocimaapostar cassinouma cama, segundo um jornalista do diário inglês The Sunday Times, que visitou a mostra. A homossexualidade é ilegal no Irã.
Educadamente, Farah se recusa a especular sobre por que os líderes que sucederam à Revolução Iraniana não venderam nem destruíram a coleção que ela criou.

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Questionada se fica triste ao folhear o livro, que reproduz tantas obrasapostar cassinoarte que muito provavelmente nunca veráapostar cassinonovo, ela responde devagar e baixo.
"Não. Não estou triste. Depois da Revolução, fiquei muito preocupada com essas pinturas. Mas, felizmente, exceto por uma troca, elas ainda estão lá. Lembro que, há alguns anos [em 2005], um dos diretores [do museu] colocou algumas das pinturas [em exibição]apostar cassinouma exposição - e eu recebi um emailapostar cassinouma jovem senhora, uma pintora iraniana, que disse: 'Quando me vi na frenteapostar cassinoum Rothko, fiquei com lágrimas nos meus olhos'." O museu possui dois Rothkos (Mark Rothko, artista expressionista americano), cada um avaliado atualmente entre US$ 100 milhões e US$ 200 milhões (R$ 400 milhões e R$ 800 milhões).
"Fico feliz que as pessoas possam ver o que têm, porque essas pinturas" - ela aponta para o livro, na mesa àapostar cassinofrente - "pertencem ao Irã". E faz uma pausa. "Sempre digo que as sementes que você planta com amor e fé nunca perecem, nunca morrem."
- apostar cassino Leia a versão original apostar cassino desta reportagem (em inglês) no site BBC Culture.
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