As mulheres trans torturadas pela ditadura na Argentina :sistema de aposta esportiva

Crédito, Julieta González
Julieta González (à esquerda) foi uma das vítimas da repressão militar na Argentina
Essa mesma voz foi usada este ano para narrar, perante um tribunalsistema de aposta esportivajustiça argentino -sistema de aposta esportivaum acontecimento sem precedentes -, como durante o último regime militar que governou a Argentinasistema de aposta esportiva1976 a 1983 ela foi violada e submetida a torturasistema de aposta esportivaum dos centrossistema de aposta esportivadetenção clandestinos.
istiano Ronaldo mudou-se para o clube saudita Al-Nassr sistema de aposta esportiva {k0} {k0} 1 sistema de aposta esportiva janeiro de
após assinar um contrato válido💳 até 2025. Dentro sistema de aposta esportiva Al Nasser: 23 fatos sobre o
mão com o cartão mais alto no flush ganha (por exemplo,
mãos
jogos de internet$ 132,99 por mês! Além da baixar o aplicativo na Google Play Store e App iOS E através
asilian.:
Fim do Matérias recomendadas
Ela - junto com Carla Fabiana Gutiérrez, Paola Leonor Alagastino, Analía Mártires Velázquez e Marcela Daniela Viegas Pedro - tornou-se a primeira mulher trans a testemunharsistema de aposta esportivaum julgamento onde foram retratados os crimes cometidos contra este grupo durante o governo militar.
Embora as violações cometidas contra travestis e pessoas trans sejam conhecidas há maissistema de aposta esportiva45 anos, só há cercasistema de aposta esportivaquatro anos começaram os processos para que seus depoimentos fossem incluídos nos diversos julgamentos realizados contra os ex-repressores.
“(No passado) não existiam leis para as mulheres trans, como agora. Basicamente nós não existíamos, então nosso testemunho também não era válido”, explica González.

Crédito, Getty Images
Os militares governaram a Argentina entre 1976 e 1983 com repressão feroz
Os testemunhos dos sobreviventes serviram para demonstrar a perseguição sistemática contra as mulheres trans.
Diferentes organizaçõessistema de aposta esportivadireitos humanos indicam que cercasistema de aposta esportiva400 pessoas da comunidade LGTBQ+ foram vítimas da repressão militar.
Mas quando foram presos, nem todos sabiam que eram vítimas do aparelho repressivo militar. Muitos pensaram que se tratava apenassistema de aposta esportivamais uma costumeira operação da polícia.
“Me forçaram a entrar num carro e me levaram para este lugar, que só pude reconhecer muitos anos depois, quando o visistema de aposta esportivauma das transmissões do Juiciosistema de aposta esportivalas Juntas”, diz González, referindo-se ao processo judicial que começousistema de aposta esportiva1985 por ordem do presidente Raúl Alfonsín contra os membros das três primeiras Juntas Militares.
Depoissistema de aposta esportivaapagar o enésimo cigarro durante nossa conversa, González volta a mencionar uma lembrança que repetiu ao longosistema de aposta esportivasua história:
“A imagem que mais fica comigo é que quando cheguei tinha uma menina sozinha, como se tivesse levado uma surra, num canto. Ela tinha uma expressão como se tivesse sido abandonada ali.”
“Não tínhamos outra opção senão a prostituição"
“Eles nos perseguiram para nos disciplinar por causasistema de aposta esportivanossa identidade. Éramos uma praga que precisava ser exterminada", disse à BBC Mundo Carla Fabiana Gutiérrez, detida no Poçosistema de aposta esportivaBanfield, uma das principais prisões e centrossistema de aposta esportivatortura da ditadura argentina,sistema de aposta esportiva1978.
Gutiérrez fala comigosistema de aposta esportivaitaliano. Ela pensa que a contactei por meiosistema de aposta esportivaum meiosistema de aposta esportivacomunicação localsistema de aposta esportivaMilão, onde vive há vários anos, mas depois descobre que falo espanhol.
Peço que ela fale sobre o que aconteceu no Poçosistema de aposta esportivaBanfield e ele concorda imediatamente. Em qualquer idioma.
"Claro. Quero falar por todas aquelas pessoas que gritaram ‘Chega, por favor, não faça issosistema de aposta esportivanovo!’ e deixar claro o que os torturadores que viveram impunes todos esses anos fizeram”, afirma.

Crédito, Carla Fabiana Gutiérrez
Carla Fabiana Gutiérrez é militante do movimento travestis/trans na Argentina
Gutiérrez nasceu no bairrosistema de aposta esportivaMataderos, sudoeste da capital argentina. Ela sempre se sentiu uma mulher.
“Eu tinha 15 anos quando conheci uma mulher trans e sabia que queria ser como ela.”
Há um pontosistema de aposta esportivaque as históriassistema de aposta esportivatodas as sobreviventes da ditadura se encontram: todas tiveram que se dedicar à prostituição “porque não tínhamos outra opçãosistema de aposta esportivaconseguir dinheiro”.
Carla começou a trabalhar à noite, assim como Julieta.
“Eu queria fazer o que faziam as mulheres trans, que eram muito poucas e não as chamávamos assim. Naquela época só existiam homens e mulheres. E gays, mas eu não queria ser gay. Eu queria ser mulher”, diz Gutiérrez.
Então ocorreu o golpesistema de aposta esportivaestadosistema de aposta esportivamarçosistema de aposta esportiva1976.
“A polícia estava nos perseguindo o tempo todo. Mas quando nos pegaram naquele momentosistema de aposta esportivaque (os militares) chegaram ao poder foi diferente”, diz González.
“Eu tinha 14 ou 15 anos. Tiraram os sapatos que eu estava calçando, me deixaram meio nu, para comer tive que perguntar se tinham sobras e pagar pela comida. O pagamento esperado por eles era com sexo”, lembra Gutiérrez.
"Eu não entendi nada. Foi a primeira vez que alguém me bateu. Eles me humilharam durante todo o tempo que estive lá e eu não sabia por quê.”

Crédito, Carla Fabiana Gutiérrez
Carla Fabiana testemunhando diante do Congresso argentino
Limpar poçassistema de aposta esportivasangue
Os depoimentos perante o tribunal ocorreramsistema de aposta esportivaabril passado.
Estas mulheres puderam testemunhar no âmbito do julgamento das chamadas “brigadas”, que eram os comandos policiais que geriam os centros clandestinossistema de aposta esportivadetenção, tortura e extermínio conhecidos como Inferno (localizadossistema de aposta esportivaLanús, no sul da zona suburbanasistema de aposta esportivaBuenos Aires), Poçosistema de aposta esportivaQuilmes e Poçosistema de aposta esportivaBanfield (nas cidadessistema de aposta esportivamesmo nome, também no sul).
Tanto Julieta como Carla estiveram presas neste último.
Centrossistema de aposta esportivadetenção clandestinos foram usados pelos comandos militares e policiais argentinos para deter, torturar e “desaparecer” dezenassistema de aposta esportivamilharessistema de aposta esportivapessoas (estima-se que até 30 mil, segundo organizaçõessistema de aposta esportivadireitos humanos)sistema de aposta esportivameio a uma repressão feroz.

Crédito, Julieta González
Julieta compreendeu muitos anos depois os abusos que sofreu naqueles anos
O que ficou conhecido como Poçosistema de aposta esportivaBanfield era um prédio localizado dentro da Brigadasistema de aposta esportivaInvestigação Policial, que funcionava na cidadesistema de aposta esportivaBanfield.
González lembra do lugar pelas janelas.
“Tinha janelas enormes que nos faziam limpar quase todos os dias. Não me esqueço mais delas, até porque via por ali chegarem os carros que levavam as pessoas para o centro e os soldados dentro deles.”
Em conversa com a BBC Mundo, ela lembra do inferno a que a submeteram: “Eles me estupraram diversas vezes. Ouvi pessoas gritarem, limpei poçassistema de aposta esportivasangue nos veículos que as levavam a esses centros. Ouvi bebês nascendo.”
Gutiérrez lembra que quando os superiores iam embora e só permaneciam os oficiaissistema de aposta esportivanível médio, eles a tiravamsistema de aposta esportivasua cela e a forçavam a ter relações sexuais.
“É horrível quando alguém te força a fazer algo que você não quer. Mas não foi isso. Eram os gritos, constantes. Logo percebemos que eles estavam fazendo coisas horríveis com as pessoas que estavam lá. Até hoje ainda ouço esses gritos.”
Posteriormente, ela percebeu que não só pessoas eram torturadas naquele local, mas algo mais grave estava acontecendo. Tudo aconteceu quando recebeu ordens para limpar um carro usado pelos militares.
“O que tive que limpar foram poçassistema de aposta esportivasangue que estavam no chão do carro. Não eram manchas secas, o sangue era abundante e fresco”, afirma.

Crédito, Getty Images
Estima-se que 30.000 pessoas foram dadas como desaparecidas durante o governo controlado pelos militares entre 1976 e 1983
Construir memória
Tanto González como Gutiérrez não passaram maissistema de aposta esportivaum mês no centro clandestinosistema de aposta esportivaBanfield, mas nunca entenderam por que foram levadas para aquele local.
Em dezembrosistema de aposta esportiva1983, Raúl Alfonsín foi empossado como presidente eleito da Argentina, marcando o fim do regime militar.
Alémsistema de aposta esportivatodos os processossistema de aposta esportivareparação e memória que se iniciaram a partir daquele momento, o movimento trans iniciou umsistema de aposta esportivaespecial: a criaçãosistema de aposta esportivaum arquivo onde pudessem ser registradas as atividades que mulheres trans haviam desenvolvido ao longo da história para o reconhecimentosistema de aposta esportivasua identidade.
Muitas pessoas passaram a fornecer documentos, fotos, testemunhos do que sofreram, tanto nos governos militares como na democracia.
“Há alguns anos, no meio desse processo, contei o que havia acontecido no Poçosistema de aposta esportivaBanfield e alguém que me ouviu me chamou para testemunhar no julgamento que estava sendo realizado contra aqueles que dirigiam esses lugares”, diz Gutiérrez.
O depoimento ajudou a reafirmar a identidade dos perpetradores e a constatar que ali nasceram vários meninos ou meninas, dos quais nada mais se ouviu falar.
A expectativa é quesistema de aposta esportivabreve seja determinada uma sentença para os responsáveis.
“Muitas coisas aconteceram naquele lugar e precisamos falar sobre isso como foi: uma violação, um ataque direto à nossa dignidade e à das pessoas que não estão mais aqui”, finaliza.







