Tim Vickery: Futebol ajuda a despertar a curiosidade geográfica nas crianças:onabet afiliados
- Tim Vickery
- Colunista da BBC Brasil*

Crédito, Eduardo Martino
onabet afiliados A primeira lembrança que tenho da Copa do Mundo éonabet afiliados1970. Estava fazendo 5 anos, jovem demais para acompanhar o torneio. Mas um vizinho, dois anos mais velho, estava colecionando o álbumonabet afiliadosfigurinhas. Peguei algumas. Uma delas ficou na minha memória até hoje.
Foionabet afiliadosum jogador da seleção Peruana – se não me engano, Ramon Mifflin, que mais tarde jogou no Santos. Chamaram a minha atenção a camisa do Peru, branca com a faixa vermelha, as feições andinas do atleta, a qualidade da luz no pano do fundo. Tudo era diferente, exótico, intrigante. Foi, acredito, o momentoonabet afiliadosque descobri o mundo, e comeci a imaginar como deveriam ser esses países tão distantes. O futebol iniciou uma grande curiosidade geográfica.
Já nas Copasonabet afiliados1974 e 78 eu tinha idade para acompanhar tudo,onabet afiliadosseguir os jogos a fazer a minha própria coleçãoonabet afiliadosfigurinhas da Copa. Bebi as informações sobre os jogadores e os clubes onde atuavam – naquela época a maioria jogavaonabet afiliadostimes naonabet afiliadosterra natal. Aprofundei meu conhecimento geográfico.
É verdade que não aprendi nada sobre os Estados Unidos e outros países que teimaramonabet afiliadosficaronabet afiliadosfora da Copa. Mas, levandoonabet afiliadosconsideração que crescionabet afiliadosum ambiente onde a França parecia tão distante quanto a Lua, acabei adquirindo bastante conhecimento sobre a Europa e a América Latina, seus países, populações e capitais. Tudo isso por meio do futebol.
Em 1982, não colecionei as figurinhas. Com 17 anos, a música desempenhava um papel mais importante na minha vidaonabet afiliadosadolescente e não me empolgei tanto com a Copa. Mas ainda acompanhei tudo.

Crédito, HultonArchive/Getty Images
Uma história rápida para ilustrar a importância do futebol na família. No dia da finalonabet afiliados1982, minha mãe saiu para um show. Horas depois, ela não tinha voltada ainda, que era muito incomum. Num determinado momento, meu pai ficou preocupado. Ligou para a polícia. Pediram para ele uma descrição da minha mãe, do que ela estava vestindo. "Como eu vou saber?", respondeu ele num tomonabet afiliadosexasperação. "Está passando a final da Copa!"
O meu pai foi um "quase" jogador. Um teste aqui, um teste ali, mas não conseguiu uma vaga. Como primeiro filho, a obrigação passou para mim. Mas desde cedo ficou óbvio que herdei o entusiasmo sem um pingo do talento. Tudo bem. Tive uma infância feliz jogando bola. O futebol me socializou.
E também, como eu disse, me globalizou. Mas as duas coisas só aconteceram juntas na Copa seguinte,onabet afiliados1986.
Eu ainda não tinha saído da Inglaterra. Mas, aos 21 anos, já estava na faculdade, cercado por pessoas do país todo – eonabet afiliadosvárias partes do mundo. Acompanhar aquela Copa num ambiente multicultural foi uma experiência mágica. Vislumbrei o valor do jogo como um fatoronabet afiliadosunificação, uma língua universal que se fala com sotaques diferentes. Uma maneira incrívelonabet afiliadostrocar experiências e fazer amizades internacionais. Socialização num contexto global.
É por isso que sinto saudades do que virou a Avenida Atlântica,onabet afiliadosCopacabana, quatro anos atrás. Quase todos que viajaram ao Brasil na Copaonabet afiliados2014 passaram pelo Rioonabet afiliadosJaneiro e pela Avenida Atlântica.
Aquele pedacoonabet afiliadosasfalto, ao lado da praia, virou o pontoonabet afiliadosencontro do mundo inteiro. Com poucas exceções, foi um sonhoonabet afiliadosconfraternização global, uma alegre multidão multicultural. Lembro bem da última noite, depois da final. Parecia que ninguém, nem os argentinos que acabavamonabet afiliadosver a derrota daonabet afiliadosseleção, estava querendo ir dormir, pois acordar ia trazer a triste notíciaonabet afiliadosque a Copa tinha acabado.
Declaro tudo isso com pleno reconhecimento dos absurdos gastos com o torneio. Fui um dos primeiros a criticar tais gastos, pois anos antes ficou óbvio para mim as consequências desatrosas da demoraonabet afiliadosdefinir as cidades-sedes. O preço ia aumentar, enquanto a gama do que era possível fazer diminuía. Em resumo, mais dinheiro para os estádios, menos para projetosonabet afiliadosmobilidade urbana. Dianteonabet afiliadostudo isso, é impossível defender a incompetência demonstrada pela organização.
Mas nada disso tira o valoronabet afiliadosreunir o mundo ao redoronabet afiliadosuma bola. Vou além: numa épocaonabet afiliadostensões entre países e povos, vejo a Copa como mais necessária do que nunca.
Muitos acham que no Brasil a Copa é tratada com uma importância exagerada. Difícil discordar. Mas não compartilho nem um pouco da visãoonabet afiliadosque se trataonabet afiliadosum exemploonabet afiliadosalienação. Porque naquele momento antes do jogo quando se tocam os hinos nacionais, a câmera está mostrando a verdadeira face da nação, ou pelo menos daonabet afiliadosjuventude masculina. É uma representação muito mais fiel da pátria do que os diplomatas, governantes ou até o Supremo Tribunal Federal.
Não pode ser considerado alienação quando as pessoas estão se sentindo representadas, torcendo para os seus pares numa disputa leal e saudável. Viva a socialização num ambiente global! Viva a Copa do Mundo, as Nações Unidas do homem comum!
*Tim Vickery é colunista da BBC Brasil e formadoonabet afiliadosHistória e Política pela Universidadeonabet afiliadosWarwick.
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