Maconha medicinal | Crianças com doenças raras podem perder remédio após ação da Anvisa: ‘Minha filha voltou à vida com cannabis':caça niquel de bar

Segundo Cíntia, antes do medicamento, o menino tinha por voltacaça niquel de bar100 convulsões diárias e passava semanas internadocaça niquel de barhospitais. Hoje, as crises são raras, e ele apresentou melhoras cognitivas, motoras ecaça niquel de baraprendizagem.

"Agora ele tem uma vida, nossa família tem uma vida. Antes a gente não podia saircaça niquel de barcasa, porque Bernardo convulsionava o tempo todo. Ele não pode ficar sem o óleocaça niquel de barjeito nenhum, nem que eu tenha que entrar na Justiça para plantar cannabis no quintal", diz Cíntia, que mensalmente recebe o medicamento do filhocaça niquel de barBarbacena (MG), onde a família vive.

Normas e produção

A decisão da Justiça, assinada pelo desembargador federal Cid Marconi, acatou ao pedido feito pela Anvisa. No próximo dia 11, uma turmacaça niquel de bardesembargadores do Tribunal Regional Federal da 5ª Região vai julgar o mérito da ação.

Alémcaça niquel de barcriticar o volumecaça niquel de barprodução, a Anvisa aponta que a ONG não cumpria normas técnicas que foram editadas depois que a Abrace obteve autorização para o cultivocaça niquel de barcannabis,caça niquel de bar2017.

"A Abrace não está cumprindo essas determinações, o que obrigou a Anvisa, após infrutíferas tentativascaça niquel de barsanar os problemas, a informar a situação ao tribunal a fimcaça niquel de barevitar um risco sanitário que possa agravar a saúde dos pacientes", afirmou a agência,caça niquel de barnota à BBC News Brasil.

"A Anvisa age sempre com foco no compromissocaça niquel de barproteger e promover a saúde da população mediante a intervenção, quando necessária, nos riscos decorrentes da produção e do usocaça niquel de barprodutos e serviços sujeitos à vigilância sanitária", completou a agência.

A associação nega os apontamentos da Anvisa, diz que produz o óleo apenas para seus associados, conforme previsto pela Justiça, e que cumpria todas as regras estabelecidas pela sentença anterior.

Durante o processo, o Ministério Público Federal (MPF) se manifestoucaça niquel de barmaneira favorável ao cultivocaça niquel de barmaconha pela entidade.

"Foi uma decisão impensada quando se levacaça niquel de barconta que do outro lado existem vidascaça niquel de barjogo" diz Cassiano Teixeira, diretor da associação. "São milhares pessoas que dependem do medicamento para viver. Imagina você ter uma doença grave e descobrir,caça niquel de baruma hora para outra, que seu remédio não vai ser mais fabricado. Se os pacientes começarem a morrer, quem será responsabilizado?"

Legalmente, agora a Abrace só pode produzir óleo para 151 pacientes, número inicialcaça niquel de barassociados no começo do processo.

Porém, hoje a associação atende a 14.400 pessoascaça niquel de bartodo o Brasil, mensalmente. Os associados pagam por voltacaça niquel de barR$ 200 para ter acesso ao óleo medicinal, entreguecaça niquel de barcasa. Emcaça niquel de barmaioria, o medicamento é usado por pessoas com epilepsia grave, autismo, Alzheimer e Parkinson.

'Minha filha voltou à vida'

A Abrace foi a primeira associaçãocaça niquel de barpacientes a conseguir autorização para cultivar maconha para tratamento médico no Brasil — existem várias outras do tipo, mas a maioria ainda batalha na Justiça para ter direito ao plantio.

Por ser a primeira e, por muito tempo, a única associação a produzir o óleo legalmente, a ONG paraibana acabou se transformandocaça niquel de bardestino principal para pais e mães que não conseguiam tratar seus filhos com a medicação tradicional receitada pelos médicos.

Uma delas é a paulistana Gabrielly Queiroz,caça niquel de bar12 anos, que nasceu com mucopolissacaridose, a chamada Síndromecaça niquel de barSanfilippo, uma doença rara e degenerativa.

"Tentamos todos os remédios possíveis, mas nada funcionava. Minha filha ficava olhando pro teto, babando, convulsionando sem parar. Ela ficou 58 dias internada no hospital, foi amarrada na cama, se alimentando por sonda, tomando nove remédios por dia", conta a donacaça niquel de barcasa Lívia Borgescaça niquel de barQueiroz, 45.

Gabrielly começou a usar o óleocaça niquel de barcannabis produzido pela Abracecaça niquel de bar2019. Inicialmente, os médicos eram contra e pediram para Lívia não dar o remédio à filha dentro do hospital, uma instituição católicacaça niquel de barCampinas.

Porém, algumas gotinhas diárias melhoraram a condiçãocaça niquel de barGabrielly rapidamente, conta Lívia. "Algumas semanas depois ela voltou a andar, a se alimentar melhor e ganhou peso. Um dos médicos dela, depois desse sucesso, também passou a receitar cannabis. Disseram que a Gabrielly iria morrer com oito anos, mas já está com 12. Minha filha voltou à vida", diz.

Caso parecido ocorreu com Augusto,caça niquel de bar5 anos, que tem autismo e leucomalácia periventricular — uma espéciecaça niquel de barlesão cerebral. Ele começou a usar o óleocaça niquel de barcannabiscaça niquel de baroutubro do ano passado e já apresentou melhoras.

"A melhora motora ecaça niquel de baraprendizagem foi significativa depois da cannabis", conta o pai do garoto, o empresário Alain Rodrigo Wruck, 33, da cidadecaça niquel de barMafra,caça niquel de barSanta Catarina.

"Hoje, o Augusto consegue se comunicar muito melhor, consegue demonstrar o que está sentindo, ou algo que ele deseja. Meses atrás, houve uma paralisação dos Correios e ficamos sem receber o óleo por um mês. Sem óleo, percebemos que houve uma piora no quadro dele", diz.

Produto caro

No últimos anos, diversos estudos científicos apontaram que substâncias extraídas da cannabis, como o canabidiol (CBD) e o tetra-hidrocanabidiol (THC), seu princípio psicoativo, podem ser usados para fins medicinais,caça niquel de barterapias para pacientes com epilepsia, câncer e outras enfermidades graves.

Emcaça niquel de barmaioria, pacientes com prescriçãocaça niquel de barcannabis utilizam um óleo que contém quantidades variadascaça niquel de barTHC ecaça niquel de barCBD — extraído por meiocaça niquel de barum processocaça niquel de barevaporação com etanol. O óleo normalmente é administradocaça niquel de bargotas sob a língua — a quantidade varia para cada pessoa. Os preços variamcaça niquel de barR$ 100 a até maiscaça niquel de barR$ 1 mil.

Em 2014, a Anvisa passou a autorizar a importaçãocaça niquel de barremédioscaça niquel de barCBD, mas trazer o produto custa caro, tornando a medicação inviável para famílias pobres.

Jácaça niquel de bardezembrocaça niquel de bar2019, a entidade regulamentou a pesquisa, produção e vendacaça niquel de barremédios no país por parte da indústria farmacêutica, mas as plantas ainda precisam ser trazidas do exterior. O principal medicamento com permissão para vendacaça niquel de barfarmácias — e que tem CBD isolado — custa cercacaça niquel de barR$ 2 mil.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já afirmou ser a favor do uso medicinal da cannabis, embora seja contra o cultivo da planta no país. "Comigo não tem liberaçãocaça niquel de bardroga nem plantio", afirmou,caça niquel de barsetembro do ano passado.

O alto custo e a dificuldadecaça niquel de baracesso ao óleo e outros medicamentos feitos com cannabis fazem com que algumas pessoas recorram ao tráficocaça niquel de bardrogas e ao cultivo doméstico ilegal, como mostrou a BBC News Brasilcaça niquel de barreportagemcaça niquel de barjulhocaça niquel de bar2019. Plantar maconhacaça niquel de barcasa é crime no Brasil.

Por outro lado, nos últimos anos, a própria Justiça tem autorizado o plantio individual para tratamento médico por meiocaça niquel de barhabeas corpus preventivos.

Assim, centenascaça niquel de barpessoas com depressão, ansiedade, dores crônicas e outras enfermidades já podem cultivar a erva dentrocaça niquel de barcasa.

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