Covid: o que altaboom city casinointernaçãoboom city casinoidosos revela sobre efetividade da vacina e 3ª dose:boom city casino

Idosa é vacinada contra a covid-19

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Legenda da foto, Existem pelo menos quatro fatores que ajudam a explicar a quedaboom city casinoproteção das vacinas entre os mais velhos

A reversão nas tendências exigiu adaptações no Plano Nacionalboom city casinoImunizações (PNI) do Ministério da Saúde, que anunciou que ofertaria uma terceira dose da vacina a alguns grupos a partirboom city casinosetembro.

"Nosso trabalho enquanto cientistas é justamente coletar os dados e orientar ajustes nas políticas conforme a gente conhece melhor os imunizantes e seus efeitos na prática", diz a imunologista Cristina Bonorino, da Universidade Federalboom city casinoCiências da Saúdeboom city casinoPorto Alegre.

Outra mudança importante, que tem a ver com os aprendizados recentes, foi a necessidadeboom city casinoadotar estratégias mais inteligentes sobre o uso dos recursos disponíveis. Antes, num cenárioboom city casinoescassezboom city casinodoses, a premissa era aplicar as vacinas que estivessem disponíveisboom city casinoquem mais precisava. Hojeboom city casinodia, existe a possibilidadeboom city casinoindicar o usoboom city casinoum imunizante ou outro para situações e públicos específicos.

Mas como chegamos até aqui? E como esses novos conhecimentos impactam a vacinação contra a covid-19 e podem ajudar a controlar a pandemia?

Como uma onda

Para entender todo esse cenário, precisamos olhar com mais atenção para os informes publicados pelo Observatório Covid-19 da FioCruz. Lá, é possível conferir que os indivíduos acimaboom city casino60 anos representavam 63%boom city casinotodas as internações e 80% das mortes por Síndrome Aguda Aguda Grave (SRAG) registradas no Brasil durante a primeira semanaboom city casino2021.

E aqui vale uma ressalva: os serviçosboom city casinosaúde do país são obrigados a notificar ao Ministério da Saúde todos os casosboom city casinohospitalização por infecção respiratória. Essa baseboom city casinodadosboom city casinoSRAG, portanto, permite ter uma ideiaboom city casinocomo está a situação dessas doenças no país, embora não consiga detalhar especificamente qual o tipoboom city casinovírus (ou outro agente) que é o principal responsável por todas essas internações. Mas, durante a atual pandemia, considera-se que a maioria dos quadros infecciosos tenha mesmo a ver com o coronavírus.

Bom, mas o que aconteceu com esses números nos meses seguintes, conforme a campanhaboom city casinovacinação contra a covid-19 avançava e protegia especialmente a camada mais velha da população brasileira?

Como eraboom city casinose imaginar, os números despencaram:boom city casinomeadosboom city casinojunho, os idosos passaram a representar 27% das internações e 34% das mortes por SRAG. A participação relativa deles nas estatísticas oficiais caiu pela metade.

Gráficoboom city casinointernações por infecções respiratórias por faixa etária

Crédito, FioCruz/Divulgação

Legenda da foto, No gráficoboom city casinointernações por infecções respiratórias, a participação relativa dos idosos diminui com o avanço da vacinação e volta a subir mais recentemente
Gráficoboom city casinoóbitos por infecções respiratórias por faixa etária

Crédito, FioCruz/Divulgação

Legenda da foto, Também acontece com os óbitos por SRAG: após uma queda no primeiro semestre, os mais velhos voltaram a representar uma fatia considerável dos registrosboom city casinomortes por essa causa

Porém, a partirboom city casinojulho e agosto, esses índices voltaram a subir significativamente entre essa população. Em algumas semanasboom city casinosetembro, 54% das hospitalizações e 74% dos óbitos ocorreram entre os mais velhos.

E há pelo menos quatro fatores que ajudam a explicar esse fenômeno.

1. Mais jovens vacinados

Como explicamos acima, a vacinação contra a covid-19 priorizou, num primeiro momento, os profissionais da saúde e os idosos.A meta era proteger aqueles que tinham mais probabilidadeboom city casinoinfecção pelo vírus ou que corriam maior riscoboom city casinosofrer com as complicações da doença, que exigem internação e intubação.

Com o passar dos meses, os mais jovens foram incluídos aos poucos na campanha, até que, nos mesesboom city casinoagosto e setembro, muitas cidades brasileiras já tinham aplicado ao menos a primeira doseboom city casinopraticamente 100%boom city casinotodos os indivíduos com maisboom city casino18 anos.

"O avanço da vacinação com a primeira dose já permitiu que houvesse uma reduçãoboom city casinorisco dos mais jovens, que também passaram a ficar um pouco mais protegidosboom city casinohospitalizações e óbitos pela covid-19", analisa o infectologista Julio Croda, professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.

Com isso, a participação relativaboom city casinocada faixa etária nos númerosboom city casinointernações e mortes voltou a ficar "equalizada": como a infecção pelo coronavírus é muito mais perigosa para os idosos, eles voltaram a representar novamente uma fatia grande dos acometidos.

2. Sistema imune dos mais velhos

O segundo ponto que ajuda a explicar esse aumentoboom city casinohospitalizaçõesboom city casinoidosos por infecções respiratórias é o envelhecimento natural do sistema imunológico.

Conhecido entre especialistas como imunossenescência, esse processo foi descrito há tempos e tem a ver com uma menor efetividade das célulasboom city casinodefesa com o passar das décadas.

E isso traz consequências práticas para a saúde: os idosos são mais suscetíveis às infecções, correm maior riscoboom city casinodesenvolver câncer e costumam responder menos aos imunizantes.

"A imunossenescência é algo natural e já prevíamos que poderia ocorrer uma maior perdaboom city casinoproteção das vacinas entre idosos", aponta Croda, que também faz pesquisas pela FioCruz.

3. As variantes

O terceiro ponto tem a ver com o desenvolvimentoboom city casinonovas versões do coronavírus, como a Alfa, a Beta, a Gama e a Delta. Essas quatro, inclusive, são classificadas como variantesboom city casinopreocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Elas começaram a aparecer no finalboom city casino2020, quando as primeiras vacinas contra a covid-19 já estavam na etapa final dos testes antes da aprovação pelas agências regulatórias.

Ou seja: os imunizantes foram desenhados para proteger contra as versões "mais antigas" do coronavírus. As novas linhagens, porém, trazem mutações genéticas importantes, que podem interferir na efetividade das doses.

"Nós temos dados que mostram essa quedaboom city casinoproteção das vacinasboom city casinorelação à variante Delta, por exemplo", diz Croda.

A boa notícia é que, embora tenha ocorrido um certo prejuízo no desempenho, os imunizantes continuam a funcionar relativamente bem e garantem uma proteção, especialmente contra as formas mais graves da covid-19.

Ilustração do coronavírus

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Legenda da foto, Variante Delta causa preocupaçãoboom city casinoboa parte do mundo

4. O tipoboom city casinovacina utilizada

Nos primeiros mesesboom city casinocampanha, justamente o períodoboom city casinoque os mais velhos tomaram as doses, a CoronaVac era o principal imunizante à disposição no Brasil.

Desenvolvido e fabricado pela farmacêutica chinesa Sinovac e pelo Instituto Butantan,boom city casinoSão Paulo, esse produto é baseado na tecnologia do vírus inativado, que é utilizada há décadas pela ciência.

Em resumo, amostras do coronavírus passam por uma sérieboom city casinoprocedimentosboom city casinolaboratório, que inativam o agente infeccioso e impedem que ele se replique no nosso organismo. Mesmo assim, aquele material pode ser reconhecido pelo sistema imune, que gera um contra-ataque caso o vírusboom city casinoverdade resolva aparecer pelo pedaço.

Mas há um problema nessa história: idosos costumam responder menos às vacinasboom city casinovírus inativado.

"A CoronaVac foi muito importante por ser a primeira a chegar e ajudou a diminuir o númeroboom city casinopessoas hospitalizadas e mortas por covid-19", destaca o imunologista Jorge Kalil Filho, professor titular da Faculdadeboom city casinoMedicina da Universidadeboom city casinoSão Paulo.

"Quando utilizadaboom city casinoduas dosesboom city casinoindivíduos idosos ou com a imunidade comprometida, porém, ela não desencadeou uma resposta suficientemente elevada", completa o especialista, que também faz pesquisas no Instituto do Coração (InCor), na capital paulista.

Idosa é vacinada contra a covid-19

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Legenda da foto, Evidências anteriores já mostravam que idosos costumam responder menos às vacinasboom city casinovírus inativado, como a CoronaVac

Alguns trabalhos já demonstraram essa menor taxaboom city casinoeficácia da CoronaVacboom city casinopessoasboom city casinoidade mais avançada. Uma das evidências mais recentes nesse sentido vemboom city casinouma pesquisa conduzida pelo imunologista Manoel Barral-Netto, da FioCruz Bahia.

O cientista avaliou dadosboom city casinomaisboom city casino75,9 milhõesboom city casinobrasileiros que tomaram a CoronaVac ou a vacinaboom city casinoAstraZeneca/FioCruz entre 18boom city casinojaneiro e 24boom city casinojulhoboom city casino2021.

Primeira conclusão: os dois imunizantes são efetivos e resguardam contra infecção, hospitalização e morte por covid-19, inclusive contra as variantesboom city casinopreocupação que circulavam pelo país no período analisado.

Na população geral, a vacina AstraZeneca/FioCruz oferece 90%boom city casinoproteção, enquanto na CoronaVac essa taxa ficouboom city casino75%.

Quando analisamos essas porcentagens por faixa etária, porém, vemos como os idosos respondem menos às vacinasboom city casinovírus inativado: entre indivíduosboom city casino80 a 89 anos, o produtoboom city casinoAstraZeneca/FioCruz trouxe uma proteçãoboom city casino89,9%. Já a taxa da CoronaVac caiu para 67,2%.

E o tombo nos índices é ainda maiorboom city casinoquem tem maisboom city casino90 anos: a AstraZeneca/FioCruz ficou com 65,4%boom city casinoefetividade, enquanto a CoronaVac baixou para 33,6%.

CoronaVac

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Legenda da foto, Nos primeiros mesesboom city casinocampanhaboom city casinovacinação contra a covid-19, a CoronaVac foi o produto mais utilizado

"Já tínhamos suspeita da influência da idade na queda da efetividade, porque o mesmo ocorre com outras vacinas. O que fizemos foi delimitar claramente esse pontoboom city casinodeclínio. Essa é também a primeira comparação feita entre vacinas que usam diferentes plataformas", disse Barral-Netto, à Agência FioCruzboom city casinoNotícias.

"A intenção é fornecer dados para embasar decisões dos gestores", acrescentou.

Cristina Bonorino destaca que esse e outros trabalhos reforçaram a necessidadeboom city casinodar uma atenção especial aos idosos no atual momento.

"Os dadosboom city casinovida real nos mostraram claramente que, a partir dos 70 anos, há uma queda grande na proteção e precisávamos fazer algo para melhorar isso", relata a pesquisadora, que também representa a Sociedade Brasileiraboom city casinoImunologia.

Kalil concorda. "Começamos a ver que indivíduos acimaboom city casino80 anos começaram a ser hospitalizados e morrer mais e mais. Nós perdemos cercaboom city casino2 mil indivíduos nessa faixa etária todos os meses e a tendência, infelizmente, é o aumento desse número", estima.

Mas o que pode ser feito para frear essa subida?

Dose extra

Idoso recebe vacina no braço

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Legenda da foto, Ainda que a imunidade costuma ser mais frágil e durar menos tempo entre os mais velhos, ainda não está claro quanto tempo dura a proteção contra a covid-19 entre eles

A exemplo do que foi feitoboom city casinoalgumas partes do mundo, o Brasil decidiu ofertar uma terceira doseboom city casinovacina contra a covid-19 para idosos e indivíduos com imunidade comprometida.

O anúncio, feito no dia 25boom city casinoagosto pelo Ministério da Saúde, afirmava que esse público seria convocado para a campanha a partir da segunda quinzenaboom city casinosetembro, o que efetivamente está acontecendoboom city casinomuitas cidades e Estados.

Esse movimento marca outra mudança importante nos esforços para dar um fim à pandemia: a adoçãoboom city casinouma estratégia mais inteligente no uso dos recursos disponíveis.

Você deve se lembrar que, durante os últimos meses, a frase "vacina boa é vacina no braço" se tornou praticamente um mantra e foram feitas muitas críticas aos cidadãos que queriam escolher um imunizante ou outro — eles foram apelidados atéboom city casino"sommeliersboom city casinovacina".

Isso tinha a ver com a faltaboom city casinodoses e o pouco conhecimento sobre os melhores resultadosboom city casinocada produtoboom city casinoacordo com algumas características gerais da população.

Mais recentemente, com o avanço da ciência e a maior disponibilidadeboom city casinodosesboom city casinoterritório nacional, essa seleção otimizada da vacina mais recomendada para públicos específicos começou a fazer mais sentido.

Para as gestantes, por exemplo, o imunizante da AstraZeneca foi contra-indicado pelo maior riscoboom city casinoalguns eventos adversos. Essas mulheres passaram a receber, então, dosesboom city casinoPfizer.

Isso acontece agora com os idosos. "O Programa Nacionalboom city casinoImunizações e seu conselho consultivo, composto por 20 médicos e cientistas com grande experiência na área, chegaram à conclusão que seria melhor dar a vacina da Pfizer para indivíduos com maisboom city casino70 anos", explica Kalil.

E essa decisão está baseada nas evidências, apontam os especialistas. "Nós temos estudos que mostram que uma terceira doseboom city casinoPfizer aumentaboom city casino20 a 40 vezes a presençaboom city casinoanticorpos neutralizantes,boom city casinocomparação aos níveis dessas substâncias após a segunda dose. Já com a CoronaVac, essa elevação chega, no máximo, a 10 vezes", compara Croda.

E aqui vale reforçar mais uma vez: CoronaVac e AstraZeneca/FioCruz são imunizantes efetivos, seguros e funcionam super bem nos mais jovens, como apontam os cientistas. Portanto, eles continuam a ser indicados e todos que tomaram a primeira dose precisam voltar ao posto na data indicada para assegurar um bom nívelboom city casinoproteção.

"As vacinas inativadas são muito boas para pessoas mais jovens e nem tão boas assim para os idosos. Para os mais velhos, elas foram importantes antes, no início da campanha, mas agora estamos num outro momento", conclui Kalil.

Para quem já passou dos 70 anos, portanto, a atual situação da campanha brasileira permite escolher a vacina da Pfizer como terceira dose para garantir uma resposta ainda melhor.

Cominarty

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Legenda da foto, O Ministério da Saúde orienta que idosos e indivíduos com a imunidade comprometida recebam preferencialmente a terceira dose da vacina da Pfizer

Do pontoboom city casinovista individual, a recomendação é ficar atento ao calendárioboom city casinovacinaçãoboom city casinosua cidade e ir ao posto para atualizar a proteção com uma terceira dose, caso você faça parte do público-alvo nas datas anunciadas.

Bonorino vai além e acredita que o ideal seria já programar não apenas uma, mas duas doses extrasboom city casinovacina aos mais velhos. "Eu defendo que os idosos recebam duas doses da Pfizer. O que precisamos fazer é revacinar essa população", reforça.

E alémboom city casinoofertar os imunizantes, a imunologista aponta a necessidadeboom city casinoo poder público educar a população sobre as outras formasboom city casinoprevenção da covid-19, como o distanciamento físico, o usoboom city casinomáscaras e a escolhaboom city casinoambientes arejados e com boa circulaçãoboom city casinoar.

"As pessoas acham que após a imunização estão liberadas para fazer qualquer coisa. Não é bem assim", diz. "Precisamos vacinar, vacinar e vacinar. Junto com isso, é necessário seguir com todos os outros cuidados para que a pandemia não se prolongue por mais um ano", finaliza.

Línea

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