Em 9 anos, papa mantém perfil conservadorbet z brbispos no Brasil:bet z br
- Gilberto Nascimento
- De São Paulo para a BBC News Brasil

Crédito, AFP
bet z br As nomeaçõesbet z brbispos no Brasil desde o início do pontificado do papa Francisco mantiveram o perfil conservador do episcopado.
Dos 121 bispos nomeados por Francisco no país até 22bet z brdezembro do ano passado, apenas 20 podem ser considerados "progressistas", segundo avaliaçãobet z brreligiosos católicos alinhados à Teologia da Libertação - doutrina identificada com a "opção preferencial pelos pobres", difundida a partir dos anos 1970 principalmente na América Latina.
O argentino Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, foi eleito no conclavebet z br13bet z brmarçobet z br2013. Os sinaisbet z brmudanças no episcopado brasileiro nesses nove anosbet z brseu pontificado são considerados "muito tímidos" e "acanhados",bet z bracordo com religiosos que simpatizam com suas ideias.
A expectativa da chamada ala "progressista" católica erabet z brque os "novos ventos" do pontificadobet z brFrancisco - considerado um papa mais aberto - fossem absorvidos pelos bispos brasileiros e, assim, trouxessem "um novo rosto à Igreja no Brasil".
Na listabet z brnomeados por Francisco nos últimos anos, porém, há uma predominânciabet z brbispos "conservadores", ligados às questões internas da Igreja e sem envolvimento com temas sociais.
O teólogo Manoel Godoy, professor da Faculdadebet z brFilosofia e Teologia Jesuíta (FAJE) e do Centro Loyolabet z brEspiritualidade, lembra que o papa Francisco não conseguiu mudar os mecanismosbet z brnomeaçãobet z brbispos.
Godoy explica que, embora o papa exerça influência - e dê a palavra final -, o processobet z brescolha continua a ser comandado pelo núncio apostólico (representante do Vaticano)bet z brcada país.
Na opinião do teólogo, esse processobet z brescolha no Brasil deveria ser comandado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
"Enquanto essa metodologiabet z brescolha estiver nas mãos da nunciatura, e da forma como os novos são indicados, se não for alterada, não haverá mudanças. Não mudou a nunciatura nem mudou o métodobet z brescolha. Não é só a mudança do nome do núncio. O processo tembet z brpassar para a CNBB, que deveria ser responsável pela escolhabet z brseus membros. Não pela nunciatura, por alguém que vembet z brfora e representa o Estado do Vaticano. O núncio é o embaixador do Vaticano", avalia Godoy.
Com base na história da Igreja, o teólogo observa que, no princípio, o papa São Celestino, do século 5°, defendeu que nenhum bispo deveria ser imposto.
"E nesse sentido, há uma reivindicação crescente na Igreja para que se amplie a participação nos processosbet z brnomeaçõesbet z brpárocos e bispos", afirma.
A nomeação do novo núncio no Brasil, Giambattista Diquatro, italianobet z brBologna,bet z bragostobet z br2020, deu continuidade à manutençãobet z brconservadores nesse cargo. E foi comemorada pela ala à direita da Igreja. Diquatro é visto como mais alinhado ao governo do presidente Jair Bolsonaro do que à CNBB.
Ao apresentar suas credenciais a Bolsonaro - cinco meses depoisbet z brsua indicação -, o núncio compareceu ao Palácio do Planalto usando vestimentas tradicionais e recebeu críticasbet z broutros setores da Igreja.
Houve uma mudançabet z brrumos nas nomeaçõesbet z brbisposbet z brtodo o mundo a partirbet z br1985.
Uma guinada conservadora no pontificado do papa João Paulo 2° atingiu diretamente o Brasil. A predominância na nomeaçãobet z brconservadores teve sequência com o papa Bento 16 e segue agora na mesma linha, quase inalterada.
À épocabet z brJoão Paulo 2°, o cardeal Joseph Ratzinger - então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé -,bet z bruma entrevistabet z brque fazia um balanço dos 20 anos anteriores da Igreja, desde o encerramento do Concílio Vaticano 2º (1965), afirmou:
"Nos primeiros anos do pós-Concílio, o candidato ao episcopado parecia ser um sacerdote que fosse, antesbet z brtudo, aberto ao mundo (...) depois da viradabet z br1968, compreendeu-se que aquela característica única não era suficiente (...) percebeu-se que se faziam necessários bispos abertos, mas ao mesmo temo, dispostos a opor-se ao mundo e a suas tendências negativas".

Crédito, Arquidiocesebet z brSão Paulo
Nessa perspectiva, começou-se a procurar quem era capazbet z br"opor-se ao mundo", explica o teólogo Manoel Godoy. Assim, foi mudando o perfil do episcopado brasileiro.
Não teríamos mais nomes como obet z brdom Paulo Evaristo Arns (então arcebispobet z brSão Paulo); dom Hélder Câmara (arcebispobet z brRecife), dom Aloísio Lorscheider (arcebispobet z brFortaleza); dom Cândido Padim, (bispobet z brBauru); dom José Maria Pires (arcebispobet z brJoão Pessoa); dom Ivo Lorscheiter (bispobet z brSanta Maria - RS) - todos já falecidos -, e outros tidos como identificados "com uma Igreja aberta ao diálogo com o mundo e nãobet z brposiçãobet z brcombate ao mundo".
Entre os novos bisposbet z brFrancisco, os 20 que são apontados pela ala "progressista" da Igreja como "mais abertos" está dom Arnaldo Carvalheiro,bet z brItapeva (SP), nomeadobet z br2016.
Ele chamou a atençãobet z brum vídeo divulgado nas redes sociaisbet z broutubro do ano passado, por um duro e enfático discursobet z brsolidariedade ao arcebispobet z brAparecida, dom Orlando Brandes, à CNBB, e ao papa Francisco.
Orlando Brandes havia se tornado alvobet z brataquesbet z brbolsonaristas nas redes sociais após defenderbet z brum sermão, no dia da padroeira do Brasil (12bet z broutubro), um país "sem corrupção, pobreza, mentiras e armas". O arcebispo disse que não podíamos ter "uma Pátria armada".
Dom Arnaldo Carvalheiro propôs aos que criticavam Brandes e "falam besteira sobre a Campanha da Fraternidade ou que acusam falsamente, caluniam, xingam e ofendem bispos, padres e leigos" que saíssem imediatamentebet z brsua igreja durante a missa.
"Quero que quem se diz católicobet z brverdade, tome uma posição, permaneça na igreja e cante junto. Mas se você está falando mal da Igreja, da Campanha da Fraternidade, ao dizer que está a favorbet z brabortista, o que é fake news... Se você está aqui nesse momento, me acompanha nas redes sociais, e estábet z bracordo que o papa é vagabundo, que o papa é safado, que a CNBB é o câncer da igreja e que dom Orlando usa a batina para manipular o povobet z brDeus e fazer politicagem, levante-se agora e vá embora. Não quero você aqui. Levante-se agora, vá embora e não volte. Vá procurar outra igreja... Você já não estábet z brcomunhão. Já não pertence mais a esta igreja".

Crédito, Reuters
O 'centro' católico
Não se imagina um conjunto do episcopado tão aguerrido assim. Contudo, na avaliaçãobet z brreligiosos, muitos bispos tidos mesmo como "moderados" ou até "conservadores" deverão se aproximar das posiçõesbet z brFrancisco, favorável hoje a uma abertura maior na Igreja às chamadas minorias - mulheres, homossexuais - e também padres casados, entre outros grupos -, alémbet z brincentivar o debatebet z brtornobet z brtemas fundamentais hoje, como o meio ambiente.
Embora se destaque na Igreja Católica a tradicional divisão entre os chamados "conservadores" e "progressistas", existe um enorme agrupamentobet z brreligiosos - predominante, na realidade -bet z brbispos considerados tradicionais", nem à direita ou à esquerda necessariamente, que tendem a seguir o rumo do pontificado atual.
Se eram considerados conservadores à épocabet z brJoão Paulo 2° e Bento 16, hoje tendem a acompanhar as posições "mais abertas"bet z brFrancisco.
Os "tradicionais" atuariam como uma espéciebet z br"centro" na Igreja Católica, se mantendo próximos ao poder e caminhando para onde seguem os novos ventos.
"Dom Odílio Scherer (arcebispobet z brSão Paulo), por exemplo, é apontado como conservador, mas tem surpreendido com suas posições na CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e hoje é um pontobet z brequilíbrio, uma espéciebet z brfreio, entre progressistas e conservadores na Igreja. Assim, se sai dessa dicotomia", diz o agente pastoral Toninho Kalunga, membro do Cotolengo, entidade filantrópica ligada à Congregaçãobet z brSão Luiz Orione,bet z brCotia (SP), e um dos articuladoresbet z brgruposbet z brleigos, padres e religiosos vinculados à Teologia da Libertaçãobet z brtodo o país.
Entusiasta das comunidades eclesiaisbet z brbase católica (Cebs), Kalunga vê mudanças positivas na Igreja. "Os avanços são notáveis", comemora.
"Francisco está buscando mudança na estrutura da Igreja, que o Concílio Vaticano 2º já vinha pedindo. Temos um clero conservador nesses últimos dez anos, mas ele está conseguindo fazer com que o espírito do Concílio Vaticano 2º seja vivido e reafirmado", diz o padre Padre Siro da Silva Chaves, da Ordem dos Passionistas, vigáriobet z brItaboraí (RJ), que está se transferindo para uma missãobet z brBuenos Aires, justamente onde nasceu Francisco.

Crédito, AFP
Ivenize Santinon, professora na Faculdadebet z brTeologia da PUC-Campinas (SP), vê sinaisbet z bravanço na Igreja, mas mantém reservas.
"Ele (papa) tem essa ânsia (por mudanças), mas não consegue ir muito adiante. A máquina da Igreja ébet z brcerta forma pesada e estruturada por muita gente que antecedeu o seu pontificado. E Francisco não tem tanto tempo para fazer grandes mudanças. Então, ele está fazendo o que dá. Mas é superarriscado, é ousado. Está deixando escrito aquilo que pensa. Ele faz sinalizações e manda recadobet z bruma forma simples sobre algo que enxerga e sabe ser muito difícil mudar", diz a teóloga.
Em alguns pontos, ele deveria ter avançado mais, diz Santinon. "Na questão das mulheres, por exemplo, ele demorou. (...) No mundo acadêmico, na formação, na estrutura e nos espaçosbet z brdecisão da Igreja, nós não fomos contempladas. E, desde o começo, ele sempre colocou que isso é importante na Igreja Católica. Mas não conseguiu mexer", analisa a teóloga.
Os padres hoje no Brasil são conservadores, embet z brmaioria, como mostra a a pesquisa "O novo rosto do clero - Perfil dos padres novos no Brasil", coordenada pelo professorbet z brteologia da PUC-PR Agenor Brighenti, e lançadabet z brlivro no ano passado.
O episcopado brasileiro segue na mesma linha. Mudanças nos rumos da Igreja Católica nunca ocorrem num período menor que 20 anos, avaliam os estudiososbet z brreligião.

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