COP27: como a economia da 'florestasportingbet basquetepé' pretende explorar as riquezas da Amazônia:sportingbet basquete

  • André Biernath
  • Enviado da BBC News Brasil a Sharm El-Sheikh (Egito)
Duas mãos segurando um punhadosportingbet basqueteaçaí

Crédito, Getty Images

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O açaí é um exemplosportingbet basquetecomo é possível aproveitar os recursos da floresta sem necessariamente destrui-la

sportingbet basquete "A florestasportingbet basquetepé vale mais do que derrubada". A frase dita há décadas pelo seringueiro e ambientalista Chico Mendes ganhou uma nova concepção nos últimos anos.

A chamada bioeconomia foi tema centralsportingbet basqueteum debate realizado no Brazil Climate Action Hub, um espaço que reúne entidades ambientalistas do país na Conferência do Clima das Nações Unidas (COP27), realizadasportingbet basqueteSharm El-Sheikh, no Egito.

O conceito, que surgiu a partir da décadasportingbet basquete1970 no Hemisfério Norte para discutir formassportingbet basquetesubstituir os combustíveis fósseis por fontessportingbet basqueteenergia renovável, é visto pelos pesquisadoressportingbet basquetehoje como uma das principais alternativas para trazer riqueza e desenvolvimento à Amazônia sem a necessidadesportingbet basquetederrubar árvores ou poluir rios.

Mas como isso é possível? Há exemplossportingbet basquetecomo extrair produtos da floresta sem um rastrosportingbet basquetedestruição? E o que está sendo feito para destravar esse potencial?

Os pilaressportingbet basqueteuma nova economia amazônica

Durante o evento, Patrícia Pinho, diretora adjuntasportingbet basqueteciência do Institutosportingbet basquetePesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), explicou que dá para expandir consideravelmente a bioeconomia na região Norte do país.

"Só o Estado do Pará gera cercasportingbet basquete5 bilhõessportingbet basquetereais a partirsportingbet basqueteprojetos baseados na sustentabilidade", calculou.

O instituto que ela integra, inclusive, publicou um estudo que estabelece os quatro pilares básicos dessa exploração dos recursos naturaissportingbet basqueteforma responsável e sustentada.

"Falamos aquisportingbet basquetedesmatamento zero, diversificação dos meiossportingbet basqueteprodução, o fortalecimentosportingbet basquetepráticas milenares e, por último, o compartilhamento dos benefícios obtidos com a população originalsportingbet basquetecada lugar", listou.

A especialista destacou que pensar nesses quatro quesitos é fundamental para que a bioeconomia impeça o chamado pontosportingbet basquetenão retorno,sportingbet basqueteque a destruição da maior floresta tropical do mundo se tornará tão grande que não será possível recuperá-la.

Mesasportingbet basquetedebates no Brazil Climate Action Hub

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Mesasportingbet basquetedebates no Brazil Climate Action Hub apontou alternativas para a bioeconomia da Amazônia

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Angela Mendes, representante do Comitê Chico Mendes e filha do ambientalista assassinadosportingbet basquete1988, citou uma sériesportingbet basqueteexemplos práticossportingbet basquetecomo a bioeconomia já opera na Amazônia.

"Temos a extração do látex, da castanha e do açaí pelas populações da floresta, que acumulam muito conhecimento da biodiversidade há milharessportingbet basqueteanos", disse.

"Falamossportingbet basquetepessoas que têm o cuidado com o território. Isso, inclusive, foi a causa do assassinatosportingbet basquetemeu pai", lembrou.

Mendes destacou que o país conta hoje com cercasportingbet basquete80 reservas extrativistas, algumas delas com maissportingbet basqueteum milhãosportingbet basquetehectares.

Ela também afirmou que esses espaçossportingbet basqueteflorestas, essenciais para proteger a biodiversidade, estão sob ataque e há uma sériesportingbet basqueteprojetossportingbet basquetelei que tentam enfraquecer a proteção nesses locais, como o PL 6024 e o PL 3013,sportingbet basquetediscussão na Câmara dos Deputados.

"O mundo precisa entender que a população e os territórios originais são fundamentais para combater a crise climática", concluiu.

Outro exemplo do potencial da bioeconomia amazônica veiosportingbet basqueteDenise Hills, diretora globalsportingbet basquetesustentabilidade da Natura&Co.

Ela comentou que a empresa utilizasportingbet basquetecosméticos maissportingbet basquete40 substâncias encontradas na flora da floresta tropical.

"Temos a ucuubeira, uma árvore que até os anos 1990 estava ameaçadasportingbet basqueteextinção e era vendida a 10 reais para fazer vassouras", destacou.

"Hoje, sabemos que o óleo da ucuuba [o fruto] tem um princípio ativo capazsportingbet basqueteregenerar a pele e melhorar a celulite. O material é vendido a cercasportingbet basquete100 reais e permitiu recuperar a espécie na natureza", complementou.

Ucuuba

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O castanha do fruto do ucuubeiro gera um óleo que tem um grande valor na indústria dos cosméticos

Um passo além

O pesquisador Carlos Nobre, fundador do Amazônia 4.0, destacou que é possível desenvolver ainda mais a região para trazer riqueza e desenvolvimento aos que vivem lá.

"Se a gente olhar a economia mundial no passado, a industrialização foi responsável por permitir que a maior parte da sociedade dos países ricos sejasportingbet basqueteclasse média", explicou.

"O nosso desafio é pensarsportingbet basquetecomo trazer isso para a Amazônia. Um caminho é agregar valor para os produtos da industrialização com a florestasportingbet basquetepé."

O cientista, que também é membro do conselho consultivo do XPrize Rainforest - Alana, contou que vários laboratórios criativos estãosportingbet basquetefasesportingbet basqueteimplementação ou estruturação na Amazônia.

"Nós já temos biofábricas para a cadeia produtivasportingbet basquetecupuaçu e cacau, e temos planejamentos para a castanha, os azeites gourmet, o bambu, o açaí…", listou.

Tudo isso envolve pesquisas científicas e o sequenciamento genômicosportingbet basquetetodas essas espécies vegetais.

"Também teremos escolassportingbet basquetenegócios para a Amazônia, com 20 cursos para capacitar as pessoas", informou.

O cientista trabalha num projeto para a criaçãosportingbet basqueteum grande institutosportingbet basquetetecnologia na região, a exemplo do Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos.

"Também precisamos pensar na Amazônia urbana, pois 65% da população local vive nas cidades", chamou a atenção.

"Podemos encarar a bioeconomia da região não apenas com produtos primários, massportingbet basquetedesenvolver tecnologias para que isso melhore a qualidadesportingbet basquetevida das pessoas,sportingbet basquetemodo que elas subam das classes D ou E para a classe B", concluiu.