Como appsbacanaplay slotsentrega estão levando pequenos restaurantes à falência:bacanaplay slots

Masironi sequer teve a chancebacanaplay slotssondar a clientela para saber o que estava acontecendo: no finalbacanaplay slots2018, o iFood já havia deixadobacanaplay slotsfornecer o contato dos clientes aos restaurantes. A partirbacanaplay slotsentão, o consumidor passou a ser do serviçobacanaplay slotsentrega — não importa quem faça a comida.

"Com o tempo, o iFood mudou radicalmente o atendimento aos restaurantes", diz Masironi, que acabou fechando o salãobacanaplay slotsagosto do ano passado. Manteve apenas o delivery e enveredou pelos lanches mais baratos, vendidos a R$ 9,50.

Mas seus produtos não eram exibidos na seçãobacanaplay slotscomida barata do iFood,bacanaplay slotsaté R$ 10. Questionou o aplicativo, mas não obteve resposta conclusiva. Sem pedidos, Masironi não suportou os custos e encerrou definitivamente a operaçãobacanaplay slotsnovembro.

O caso da Montanha Burger não é isolado. A reportagem conversou com outros oito donosbacanaplay slotsrestaurantes, cafés, bares e lanchonetes que colecionam mais dissabores que vantagens após contratar os serviços do iFood.

As principais queixas se referem às "promoções malucas" propostas pelo aplicativo, do tipo "compre um lanche e ganhe outro", ou a oferta sistemáticabacanaplay slotscuponsbacanaplay slotsdescontobacanaplay slotsR$ 10, que acaba com as margensbacanaplay slotslucro dos estabelecimentos.

"A minha porçãobacanaplay slotscalabresa custa R$ 14. Eu tenho que pagar 27% sobre o preço do pedido para o iFood. Como é que eu vou dar um descontobacanaplay slotsR$ 10? Vai me sobrar o quê?", questiona Jane Bassoli, sócia do marido Alexandre Bassoli no Bassa Bar e Restaurante, na zona oestebacanaplay slotsSão Paulo.

Questionado pela reportagem, o iFood não respondeu se, ao formular as suas promoções, que são as que mais chamam a atenção dos consumidores, levabacanaplay slotsconta o percentualbacanaplay slotslucro dos restaurantes.

Refeição a R$ 4,99

Na percepção dos estabelecimentos, a relação com o iFood começou a piorar na segunda metade do ano passado, quando o aplicativo investiu no Loop, o seu próprio "restaurante". Por meio do Loop, o cliente programa a compra do almoço na véspera ou até as 11h do mesmo dia.

A primeira refeição é vendida a R$ 4,99, sem taxabacanaplay slotsentrega. A partir da segunda refeição, o preço é R$ 9,99, também com entrega grátis. "Cinco reais é o preçobacanaplay slotsum salgado. Como a gente vai competir com isso? Como ter lucro e servir uma refeição decente a R$ 10, sem taxabacanaplay slotsentrega?", pergunta Alexandre Bassoli.

A reportagem apurou que, no caso do Loop, o iFood faz acordos com restaurantes que vendem comida por quilo. O cardápio do dia é definido previamente e, na véspera, o iFood encomenda ao restaurante a quantidade que será entregue, com base na demanda já agendada. Na prática, o aplicativo compra o aumento da capacidade do restaurante, a quem paga antecipado.

Na visão da Associação Brasileirabacanaplay slotsBares e Restaurantes (Abrasel), a prática indica dumping — quando um fornecedor põe à venda um produto a um preço muito inferior ao do mercado. "O delivery é um ponto chave para a competitividade dos restaurantes, cada vez mais os clientes buscam conveniência", diz Célio Salles, membro do conselhobacanaplay slotsadministração nacional da Abrasel. "Mas o aplicativo não pode praticar subsídio na venda dos produtos, o que acaba deturpando o equilíbrio do mercado", afirma.

A empresa se defende. "O iFood esclarece que agebacanaplay slotsacordo com a legislação aplicável na operação do Loop ebacanaplay slotssuas demais atividades e que não compactua com qualquer tipobacanaplay slotsprática ilegal. O modelobacanaplay slotsnegócio desse serviço tem como base a utilização da capacidade produtiva ociosabacanaplay slotsrestaurantes e o agendamentobacanaplay slotspedidos combinado à logísticabacanaplay slotsentrega eficiente, o que resultabacanaplay slotsrefeições a preços mais acessíveis."

A prática não envolve apenas os pequenos restaurantes. O franqueadobacanaplay slotsuma grande redebacanaplay slotsfast-food, que não quis se identificar, afirmou que o aplicativo faz promoçõesbacanaplay slotsque oferece descontobacanaplay slots50% sobre o preço do milk shake, por exemplo. "O aplicativo me paga o preço cheio do produto, mas vende pela metade", diz o franqueado. Neste caso, porém, o restaurante não tem prejuízo — embora a venda nabacanaplay slotsloja física seja canibalizada, já que o cliente vai optar pelo aplicativo.

"É muito positivo atender aos anseios dos consumidores, assim como gerar novas oportunidadesbacanaplay slotsnegócios e fomentar a economia. Mas isso deve ser feito dentrobacanaplay slotsum modelo sustentável,bacanaplay slotsque as regras estejam claras e sejam iguais para todos, com transparência", diz a advogada Patrícia Peck, do escritório PG Advogados, uma das pioneiras no estudo do direito digital no Brasil.

Ela lembra que a competição costuma ser acirradabacanaplay slotsnovos mercados, o que acaba gerando benefíciobacanaplay slotsdescontos à clientela no começo, devido à guerrabacanaplay slotspreços. "Mas se a situação perdurar, gera um canibalismo do sistema, que logo alcança um desvio perigoso", diz Peck, que preside o Instituto iStartbacanaplay slotsÉtica Digital.

Vende quem aparece primeiro

Além dos preços agressivos, uma das maiores queixas dos restaurantes se refere à transparência na exposição do seu negócio na plataforma. Quem aparece primeiro na pesquisa por categoria — lanches, padaria, comida brasileira etc. — tem mais chancesbacanaplay slotsser escolhido pelo consumidor.

"Na região do metrô São Judas, são cercabacanaplay slots200 lanchonetes no iFood. Como é feito este ranqueamento? Eles dizem que a exposição depende da nota do restaurante, com base na pontualidade e na avaliação do cliente. Mas eu nunca vi essas informações. Minha lanchonete desabou das cinco primeiras posições para uma das 30 primeirasbacanaplay slotsuma hora para outra, sem ter recebido reclamação", diz Masironi, ex-Montanha Burger.

Outro restaurante que ficou sem resposta foi o Buffet Lé com Cré, na Lapa, zona oestebacanaplay slotsSão Paulo. "Para ser mais competitivo, queria me tornar um restaurante com frete grátis, como vários que aparecem na plataforma, porque o iFood cobrava R$ 6,90 do meu cliente pela entrega. Eu perguntei o que teria que fazer, mas eles nunca me responderam", diz Ruy da Silva Elentério, sócio do Lé com Cré.

Para aproveitar a ociosidade do buffet durante a semana, ele passou a servir almoço por quilo no restaurante, que tem capacidade para 80 pessoas. Mas, no último ano, empresas do entorno fecharam as portas e Elentério decidiu partir para o delivery, na tentativabacanaplay slotsaquecer as vendas. Preparou fotos, cardápio e treinou pessoal. "Fiquei três meses no iFood e não vendi nada", diz.

"A gente foi atrás por causa da superpropaganda da marca, já que eles aparecem até na novela da Globo. Achamos que o negócio iria bombar, era nossa chancebacanaplay slotsatender além dos 500 metros, que é a distância média que alguém caminha para almoçar. Mas foi só ilusão", diz Elentério, que fechou o restaurante por quilo no fimbacanaplay slotsdezembro, para se concentrar apenas no buffet infantil. Demitiu três funcionários.

Na opinião do especialistabacanaplay slotsdireito digital Renato Opice Blum, do Opice Blum, Bruno, Abrusio & Vainzof Advogados, a prática pode configurar abusobacanaplay slotspoder econômico, caso seja comprovado que o aplicativo vem prejudicando a operação dos restaurantes. "Quando o propósito do investimento é eliminar pequenos parceiros, há concorrência desleal e dumping", diz o advogado, professor do Insper, onde coordena os cursosbacanaplay slotsproteçãobacanaplay slotsdados e direito digital.

A questãobacanaplay slotscomo se dá o ranqueamento dentro da plataforma, crucial para as vendas, foi levantada junto a iFood, Rappi e Uber Eats. Todos disseram que a ordem é determinada pela "inteligência artificial" (veja mais abaixo).

Em resposta à reportagem, o iFood afirmou que os parceiros costumam apresentar 50%bacanaplay slotscrescimento nos primeiros seis meses cadastrados da plataforma. O iFood diz que "está sempre disposto a ouvir os seus parceiros e fazer melhoriasbacanaplay slotsseus processos para atendê-los com mais eficiência". Segundo o iFood, os restaurantes contam com "ferramentasbacanaplay slotsinteligênciabacanaplay slotsnegócio" para melhorar as vendas, um time que oferece as primeiras orientações e uma equipebacanaplay slotspós-venda.

Cozinhas que ninguém vê

Fundadobacanaplay slots2011, o iFood faz parte do seleto grupobacanaplay slots"unicórnios" do país — como são chamadas as startups avaliadasbacanaplay slotsmaisbacanaplay slotsUS$ 1 bilhão. No finalbacanaplay slots2018, o aplicativo recebeu um aportebacanaplay slotsUS$ 500 milhões, a maior rodadabacanaplay slotsinvestimentos já obtida por uma empresa na América Latina. A previsão era aplicar o montante, cercabacanaplay slotsR$ 2 bilhões, até o fimbacanaplay slots2019.

Brasileiro, com operações no México e na Colômbia, o iFood é líder no mercadobacanaplay slotsentregabacanaplay slotscomida no país, à frente dos rivais Rappi, Uber Eats e da novata 99 Food. Entre janeiro e setembrobacanaplay slots2019, realizou 159,3 milhõesbacanaplay slotsentregas, uma médiabacanaplay slots18 milhõesbacanaplay slotspedidos por mês, o que representa um crescimentobacanaplay slotsquase 50% sobre 2018. No período, 86 mil entregadores atenderam a 886 cidades no Brasil e na América Latina.

Todo esse poderbacanaplay slotsfogo abriu o apetite para novas empreitadas: a criaçãobacanaplay slots"dark kitchens", ou restaurantes virtuais, voltados apenas para o delivery. A aposta não é exclusividade do iFood: Rappi e Uber Eats também enveredaram por esse caminho, como uma maneirabacanaplay slotsexplorar o enorme "big data" àbacanaplay slotsdisposição.

Funciona assim: a partir dabacanaplay slotsbasebacanaplay slotsdados, os serviçosbacanaplay slotsentregabacanaplay slotscomida detectam onde existe uma grande demanda por determinado tipobacanaplay slotsproduto. Elegem parceiros para abrir um restaurante naquela região,bacanaplay slotsregimebacanaplay slotsexclusividade — normalmente, os restaurantes que mais vendem na plataforma.

O aplicativo indica o melhor local para montar a "cozinha virtual" — o mesmo espaço, inclusive, pode reunir várias cozinhas diferentes (massa, pizza, sushi, hambúrguer etc), uma espéciebacanaplay slotscoworking das cozinhas, atendendo a um só aplicativo.

O empresário entra com o investimento para equipar o espaço, enquanto o aplicativo se encarregabacanaplay slotsfazer toda a propaganda, muitas vezes criando uma marca específica, que o cliente só vai encontrar nabacanaplay slotsplataforma.

Essa marca tem visibilidade privilegiada e costuma estar à frente dos outros restaurantes. Ao dar as ordens na cozinha, os aplicativos conseguem ter o controle sobre todo o processo e negociar melhor as margensbacanaplay slotscada etapa.

"Para mim, o fatobacanaplay slotseu não aderir às promoções malucas do iFood fez as minhas vendas caírembacanaplay slotsuma hora para outra no delivery", diz Masironi, ex-Montanha Burger. "Quem não entra no esquema deles, ficabacanaplay slotsescanteio. Eles privilegiam as dark kitchens que ajudam a montar".

Sobre o Loop, o iFood afirma ter iniciado testesbacanaplay slotsnovembrobacanaplay slots2018, "e o serviço foi desenvolvido com o suportebacanaplay slotsnutricionistas e chefs consultores para oferecer um cardápio balanceado, variado ebacanaplay slotsqualidade a preços acessíveis". "O modelobacanaplay slotsoperação do Loop traz rentabilidade aos restaurantes parceiros, que aproveitam melhor seus recursos, e também para as demais pontas do ecossistema".

O aplicativo diz que as refeições são entregues lacradas e com as informações do restaurante. Mas não informa quais os critérios para a escolha do parceiro.

Alexandre Sampaio Padovani, dono do restaurante Hollyfood no Itaim Bibi, zona sudoestebacanaplay slotsSão Paulo, desistiubacanaplay slotsparticipar das promoções semanais propostas pelo iFood. "Quando eu entrava na promoção, a médiabacanaplay slotspedidos passavabacanaplay slotsseis para 20 no dia, mas eu não tinha lucro", diz.

Sebacanaplay slotsum primeiro momento ele encarou o custo como marketing, acabou deixandobacanaplay slotsfazê-lo. Apesarbacanaplay slotsmais do que triplicar o númerobacanaplay slotspedidos no dia, a promoção não agregava novos clientes, uma vez que abacanaplay slotsmédia diáriabacanaplay slotsvendas permanecia a mesma.

"No iFood, o que compensa para mim é o cliente do salão que paga com o QR Code do aplicativo", afirma Padovani. O cliente do iFood que usa o QR Code para pagar seus pedidos acumula pontos, que podem ser usados como desconto tanto nos restaurantes físicos conveniados quanto no próprio aplicativo, com exceção do Loop.

"O valor da compra pelo QR Code entra para mimbacanaplay slotsdois dias, muito mais rápido do que no voucher ou nos cartõesbacanaplay slotsdébito e crédito, que demoram 30 dias para me pagar", diz.

Restaurante forabacanaplay slotsárea

Outra reclamação comum à maioria dos restaurantes ouvidos pela reportagem é o seu status dentro da plataforma: muitos aparecem para o consumidor como "fechados" ou com "áreabacanaplay slotsatendimento reduzida", mas estão operando normalmente. "Se a área está bombando e não tem motoqueiro suficiente para fazer as entregas, o iFood tira o restaurante da área ou reduz abacanaplay slotsatuação", diz Masironi.

Alexandre Bassoli, do Bassa Bar e Restaurante, achou estranho quando consultou a visibilidade do seu estabelecimento no iFoodbacanaplay slotsnovembro. Em um diabacanaplay slotssemana, pouco depois do meio-dia, o Bassa apareceu como "aberto — com áreabacanaplay slotsentrega reduzida". O estabelecimento, porém, operava normalmente. A restrição se manteve ao longo da semana.

Quando questionou o aplicativo, recebeu a seguinte resposta, dentro da plataforma: "A logística iFood, quando verifica uma alta demanda na região, como prevenção para o próprio estabelecimento, reduz o raiobacanaplay slotsatendimento ou até mesmo pode indisponibilizá-lo momentaneamente ou por um curto período a fimbacanaplay slotso restaurante não sofrer avaliações ou receber notas baixas decorrentesbacanaplay slotspossíveis atrasos. Esta operação logística é automática do sistema".

"Não tem cabimento essa resposta, sondei o meu principal concorrente na região e ele também estava vendendo pouco no delivery", diz Bassoli, que afirma que o problema se repete sistematicamente com o Bassa. "No iFood, leva vantagem na exposição quem vende comidabacanaplay slotsgraça. Eles subsidiam os pratos, se tornaram nossos concorrentes."

Jane Bassoli reclama do ritmo ditado ao restaurante. "Eles determinam o tempo entre o pedido e a entrega. Mas como produzir e levar uma feijoada ou um bife à parmegianabacanaplay slots25 minutos?", diz ela, que também aponta a difícil comunicação com o aplicativo, restrita a mensagens dentro da plataforma, e o sistemabacanaplay slotspontuação. "Eu não tenho o contato do cliente, não sei se as avaliações que recebo sãobacanaplay slotsgente que realmente consumiu o meu produto."

Encomendas que nunca chegam ao destino

Para Michel Khodair, até os entregadores do iFood complicam o relacionamento da plataforma com os restaurantes. "Um minuto depois que entra o pedido na plataforma, o motoboy chega. Estamos preparando os pratos,bacanaplay slotsum prazo super apertado para o nosso modelobacanaplay slotsnegócio, e os entregadores ficam enviando mensagem ao aplicativo, dizendo que estamos atrasados", diz o empresário, dono do Marilyn Restaurante, no Tatuapé, zona lestebacanaplay slotsSão Paulo. "Isso prejudica a nossa nota no aplicativo e a exposição do restaurante cai."

Com pratos à la carte, o Marilyn é obrigado a vender mais caro na plataforma do que no salão, para compensar todos os gastos extras com o delivery — embalagem, lacre, sacolas, fora os 27% que vão para o iFood. "Alguns clientes falam que é mais barato pegar um Uber e vir comer no salão do que pedir minha comida pelo iFood".

Khodair decidiu sair da plataforma no começo deste ano e contratou um serviço particularbacanaplay slotsentregas. "Estou voltando à moda antiga", diz ele, que nem quis testar o serviço dos concorrentes Rappi e Uber Eats.

Todos os empresários ouvidos pela reportagem já contrataram motoboys particulares para o delivery, mas na maioria das vezes se queixarambacanaplay slotsfaltabacanaplay slotsprofissionalismo e pontualidade — daí resolveram aderir ao iFood. E encontraram novos problemas envolvendo os entregadores. "Já tive que pegar um táxi para entregar um pedido feito pelo iFood por um cliente da pizzaria, que acabou entradobacanaplay slotscontato comigo por estranhar a demora", diz Rose Halphen, dona da Pedaço da Itália Pizzaria, na Lapa, zona oestebacanaplay slotsSão Paulo. A pizza encomendada pelo iFood nunca chegou ao destino.

Problemas com entregadores não são exclusivos do iFood — mesmo porque um mesmo prestadorbacanaplay slotsserviço pode trabalhar para dois ou três aplicativos ao mesmo tempo.

Christiane Chaves, dona da lojabacanaplay slotsdoces Sweeter, na zona sul da capital, foi protagonistabacanaplay slotsum caso esdrúxulo: uma encomendabacanaplay slotsbolo e doces foi sequestrada por um motoboy do Rappi. "O cliente me conhecia e ligou perguntando sobre a demora na entrega. A festa já iria começar e nada do bolo e dos doces", lembra Christiane. "Pouco depois, o motoboy me ligou e disse que só faria a entrega se eu depositasse uns R$ 20 reaisbacanaplay slotsgorjeta para ele na plataforma. Não tive opção, fiz o que ele queria".

Já com um entregador do iFood, um bolo da Sweeter também sumiu no meio do caminho. "O surreal neste caso foi que o iFood me reembolsou o valor do bolo, que nunca chegou para o cliente, mas me cobrou a taxabacanaplay slotsentrega, que não foi feita", diz ela, que também viubacanaplay slotsdemanda na plataforma desabar ao longo do último ano.

"Antes, eu entregava quatro ou cinco bolos por dia pelo iFood. Depois passei a vender dois por semana", afirma. A empresária desistiu do aplicativo e também do Rappi e Uber Eats, cujas taxas considera ainda mais caras que as do concorrente. "Fechei contrato com um motoboy, pago por quilômetrobacanaplay slotsdistância. E repasso a taxa para o cliente", diz.

Para Alexandre Lescovar, da Oh Café, que vende marmitas congeladas via deliverybacanaplay slotsPerdizes, zona oeste da capital paulista, a saída foi contratar um sistemabacanaplay slotsentregas sem comissionamento. Por meio do Apetite, ele paga R$ 11 por pedido e a taxa é repassada ao cliente. "Eu tive uma experiência muito ruim com o iFood", diz. "Eu nunca tinha feito delivery e eles não deram qualquer apoio ou orientação, os primeiros pedidos chegaram revirados para os clientes, eu não sabia qual a embalagem adequada", diz.

Ótimo para o cliente, péssimo para o restaurante

Enquanto dava entrevista por telefone à reportagem, Christiane Chaves, dona da lojabacanaplay slotsdoces Sweeter, esperava a entrega do seu lanche, encomendado pelo iFood. Ela desistiubacanaplay slotscontratar o serviço para entregar seus bolos, mas continua com o aplicativo instalado no seu celular. "Quero comer um hambúrguer e vêm 800 opções na minha tela. Pego a primeira que aparece. O iFood é ótimo para o cliente, mas acaba com o empresário", diz ela. "Se eu quisesse ter uma margembacanaplay slotslucro, pagando a entrega e os gastos com o delivery, teria que cobrar R$ 60 por um bolobacanaplay slotslaranja. Nada justifica esse preço."

Christiane se incomodava especialmente com a faltabacanaplay slotscontato com o cliente — o consumidor sabebacanaplay slotsquem está comprando, mas o restaurante nunca sabe para quem está vendendo. A identificação do comprador só fica visível para o restaurante durante o período da entrega.

Em um ramobacanaplay slotsque a fidelidade à marca depende principalmente do bom atendimento, a faltabacanaplay slotscontato com a clientela prejudica a operação. "Já tiramos do ar determinados pratos no dia, mas a plataforma os manteve disponíveis. Os pedidos foram feitos e virou uma bagunça", diz Michel Khodair, do Marylin Restaurante.

"Não conseguimos falar diretamente com o cliente, tem que ser via atendente do iFood, que entrabacanaplay slotscontato com o consumidor, e depois retorna para nós, para informar se vamos seguir ou não com o pedido", afirma. "Nesse ínterim, chega o motoboy para controlar o tempo, dizendo que estamos atrasados, o que vai diminuir nossa pontuação no aplicativo. Tudo issobacanaplay slotsmeio à correria do serviço no salão. É tudo muito desgastante."

De quem é o cliente?

Segundo o advogado especializadobacanaplay slotsdireito digital Renato Opice Blum, o aplicativo poderia pedir o aval do cliente para compartilhar as suas informações com o restaurante, seguindo a Lei Geralbacanaplay slotsProteçãobacanaplay slotsDados (LGPD), que vai entrarbacanaplay slotsvigorbacanaplay slotsagosto deste ano. "A lei não veda o compartilhamento dessas informações, que devem ser uma escolha do cliente", diz.

Para a também especialistabacanaplay slotsdireito digital Patrícia Peck, o advento dos aplicativos e plataformas digitais permitiu aumentar a inteligênciabacanaplay slotsdados e conhecer mais o cliente. "Mas a questão que fica é:bacanaplay slotsquem são estes dados?", diz ela. "Para fins jurídicos, a relaçãobacanaplay slotsclientela sempre foi considerada um ativo empresarial, aquilo que pode inclusive compor com o ponto comercial e a marca o valor do negócio."

Segundo ela, com a nova LGPD, os dados pessoais são do próprio titular. Na relação com o restaurante, o consumidor pode consentir que suas informações sejam tratadas pelo estabelecimento. "Mas, a partir do momentobacanaplay slotsque a relação passou a ter um intermediário, no caso, o aplicativo, há a possibilidade legítimabacanaplay slotstanto a plataforma ter a informação do cliente, pela relação direta com este, como o restaurante, se isso ficar estabelecidobacanaplay slotscontrato e o consumidor for avisado sobre o compartilhamento, sempre resguardando abacanaplay slotsprivacidade", diz Patrícia Peck. Isso significa tratar os dadosbacanaplay slotsmaneira estatística, anônima, não individualizada.

É por meio desse tratamentobacanaplay slotsdados que os aplicativos chegaram à instalação das cozinhas virtuais, as "dark kitchens", criadasbacanaplay slotsparceria com alguns estabelecimentos. Neste ponto, mais uma vez, é fundamental a transparência, diz Peck.

"Quando as informações da basebacanaplay slotsdados da plataforma identificam quais os perfisbacanaplay slotsdemanda não atendidos por bairros, isso deve estar disponível para todos os parceiros do aplicativo, gerando oportunidades para quem quiser explorar, o que estimula a livre concorrência", afirma a advogada. "No entanto, se essas informações forem repassadas apenas a um pequeno grupo privilegiado, isso pode ser enquadrado como uma práticabacanaplay slotsfavoritismo e ser entendido como concorrência desleal."

Sem almoço grátis

A Abrasel, associação do setorbacanaplay slotsbares e restaurantes, já solicitou formalmente aos três principais aplicativos — iFood, Rappi e Uber Eats — o compartilhamento dos dados dos clientes. "Disseram que estão analisando", afirma Célio Salles. Ele avalia que os grandes serviçosbacanaplay slotsdelivery geram impacto direto sobre o setor, ao afetarem sistemabacanaplay slotspagamentos, tecnologia e hábitos do consumidor.

"O iFood já declarou que seu objetivo é fornecer comida a um preço mais acessível. É uma meta muito nobre, mas vai ser atingida às custasbacanaplay slotsquem?", questiona Salles.

Ao espremer ou até aniquilar a margembacanaplay slotslucro dos restaurantes parceiros, investirbacanaplay slotsdark kitchens que ninguém sabe onde estão, aceitar na plataforma qualquer fornecedor com CNPJ, sem exigir as licenças da Vigilância Sanitária, a competição não está sendo fomentadabacanaplay slotsbases iguais, diz o conselheiro da Abrasel. "Quem se responsabiliza pelo que é entregue ao consumidor? Os aplicativos deveriam ser corresponsáveis pelo que vendem. Mas na maioria das vezes o cliente não recebe nem sequer a nota fiscal do que comprou", afirma.

Na opiniãobacanaplay slotsPeck, as parcerias entre as plataformas e os negócios tradicionais podem trazer grandes resultados para todos os envolvidos, incluindo os consumidores, mas é preciso cuidado para evitar abusos. "Uma coisa é fomentar o surgimentobacanaplay slotscozinhas voltadas para entregas, outra coisa é estimular um modelobacanaplay slotscozinha clandestina que não esteja cumprindo a legislaçãobacanaplay slotsvigilância sanitária, nem pagando impostos."

A especialista ressalta que a sociedade vive um momentobacanaplay slotsinovaçãobacanaplay slotsvárias frentes e algumas das novas tecnologias são disruptivas. O modelobacanaplay slotsnegócios dos aplicativosbacanaplay slotsentregabacanaplay slotscomida deve respeitar o previsto na lei 12.529/2011,bacanaplay slotsDefesa da Concorrência, especialmente o artigo 36, que define crimes contra a ordem econômica, como práticabacanaplay slotspreço predatório, venda casada, abusobacanaplay slotsposição dominante e criaçãobacanaplay slotsdificuldades ao concorrente.

"Para ser um modelo sustentável, saudável, duradouro, precisa ser bom para todos, consumidores e a livre concorrência", diz Peck. "Com o aumento potencial do lucro, sempre vem a reboque o aumento da responsabilidade."

Com a palavra, os aplicativos

Os principais aplicativosbacanaplay slotsentregabacanaplay slotscomida no país — iFood, Rappi e Uber Eats — foram questionados pela reportagem acerca das queixas dos restaurantes.

A reportagem testou o serviço dos três aplicativos. Nenhuma das entregas veio com cupom fiscal. Quando questionados a respeito, as empresas foram rápidasbacanaplay slotsresponder ao cliente, via telefone ou e-mail. Em qualquer um dos casos, disseram que isso é uma responsabilidade do restaurante.

O iFood diz exigir,bacanaplay slotscontrato, que "os estabelecimentos cumpram todos os requisitos legais necessários estabelecidos pelo poder público, responsável pela fiscalização". Mas, no aplicativo, basta informar um CNPJ para fazer o cadastro.

A empresa diz que, ao personalizar a experiência do consumidor por meio da inteligência artificial, há variação no ranqueamento dos restaurantes na plataforma. Caso o restaurante não consiga atender o tempobacanaplay slotspreparo que ele mesmo determinou, pode interromper a venda. "O último recurso é [o iFood] ajudar, fechando o estabelecimento momentaneamente, para evitar que isso impacte a própria operação e avaliação do restaurante, bem como a experiência dos clientes."

Segundo o aplicativo, cercabacanaplay slots30% dos restaurantes utilizam o modelobacanaplay slotsque a plataforma conecta os entregadores que fazem as entregas. "Nesse caso, os entregadores podem informar o iFood sobre possíveis atrasos do restaurante pelo chat no próprio aplicativo, ou entrarbacanaplay slotscontato com o cliente e/ou restaurante por meio do app".

A Rappi, porbacanaplay slotsvez, não informa quais os critérios para a exposição dos restaurantes dentro da plataforma e como se dá o ranqueamento dentro da categoria. "Por questões estratégicasbacanaplay slotsnegócio, a Rappi não divulga essa informação", diz. A empresa respondeu o mesmo sobre o que um restaurante precisa fazer para obter a entrega grátis. A respeito do percentual cobrado sobre os pedidos, diz que o "valor variabacanaplay slotsacordo com a negociação com cada estabelecimento".

Sobre os critérios para escolhabacanaplay slotsum parceirobacanaplay slotsuma dark kitchen, a Rappi diz que se baseiabacanaplay slotstrês modelos: os restaurantes que estão com um bom desempenho, mas cujas cozinhas já não suportam tanto a demanda; os que estão bem estabelecidosbacanaplay slotsum bairro, mas ainda não conseguem chegar a outras regiões; e novos estabelecimentos com alto potencialbacanaplay slotscrescimento, que ainda não possuem condições financeiras para investirbacanaplay slotsuma ampliação.

A empresa afirma não solicitar a confirmaçãobacanaplay slotsregularização do restaurante junto à Vigilância Sanitária por entender que "essa é uma obrigação e uma prerrogativa dos estabelecimentos comerciais para operar". Segundo a Rappi, o endereço das dark kitchens é divulgado. "Elas aparecem no aplicativo na categoria 'cozinhas exclusivas', dentro do botão 'Restaurantes' e, quando o cliente faz o pedido, consegue ver o endereço da DK no mapabacanaplay slotsentrega." A reportagem, porém, não conseguiu visualizar essa informação.

De acordo com o Uber Eats, as pequenas e médias empresas são 70% dabacanaplay slotsbase. Segundo a empresa, as taxas sobre os pedidos são negociadas caso a caso, e "nelas já estão inclusas a taxabacanaplay slotscartãobacanaplay slotscrédito, a logística através dos nossos restaurantes parceiros e toda tecnologia do algoritmo e inteligência artificial da Uber Eats".

O aplicativo diz oferecer aos restaurantes insights baseados nos dados que coletou, como "oportunidadebacanaplay slotsincremento ou variaçãobacanaplay slotsseus cardápios ebacanaplay slotssuas cozinhas".

"Por meio da inteligência artificial, a empresa identifica oportunidades como as culinárias mais procuradasbacanaplay slotscada região e propõe diálogos com empreendedores parceiros", diz a empresa a respeito da instalação das dark kitchens, sem informar quais são os critérios para a seleção desses restaurantes. "Temos analisado cuidadosamente as oportunidades do setor e trabalhado junto com nossos parceiros para ampliar esse modelo", afirma.

No que se refere às normas da Vigilância Sanitária, a Uber Eats diz que, "ao se inscrever na plataforma, o restaurante atesta estarbacanaplay slotsacordo com essas exigências e é responsável pela manutençãobacanaplay slotstodas as permissões".

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