Vacina contra malária é 'conquista histórica', mas provavelmente não será usada no Brasil:joao estrela bet

Vacina contra malária

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Legenda da foto, Imunizante recém-aprovado é estudado desde os anos 1980

Porém, apesarjoao estrela betrepresentar uma ótima notícia para todo o mundo, a vacina provavelmente não será utilizada no Brasil, que registrou cercajoao estrela bet130 mil casos e menosjoao estrela bet30 óbitos pela enfermidadejoao estrela bet2020.

Isso porque o agente causador da maioria das infecções por aqui é o Plasmodium vivax, protozoário sobre o qual o novo produto aprovado não tem efeito.

O que é a malária?

Essa doença infecciosa é transmitida a partir da picadajoao estrela betmosquitos da família Anopheles, que são muito comunsjoao estrela betregiões tropicais e úmidas. Em algumas partes do Brasil, eles são conhecidos como mosquito prego.

Como explicamos acima, o agente causador é protozoário Plasmodium e há cinco tipos diferentes dele. Os mais comuns são o falciparum, o vivax e o malariae.

"O parasita causador da malária é diverso e tem uma capacidadejoao estrela betmutação muito grande. E isso faz com que seja quase impossível desenvolver imunidade após a infecção", explica o infectologista André Siqueira, pesquisador do Instituto Nacionaljoao estrela betInfectologia Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), no Riojoao estrela betJaneiro.

Mosquito Anopheles

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Legenda da foto, Os mosquitos Anopheles são os transmissores do protozoário causador da malária

Em lugares com muita circulação do micro-organismo, não é raro encontrar pessoas que tiveram a doença dezenasjoao estrela betvezes.

Após entrar no organismo humano, esse parasita viaja pela corrente sanguínea e se instala nas células do fígado. Após um tempojoao estrela betmaturação, ele volta ao sangue e invade as células vermelhas (também conhecidas como hemácias).

Ao longo desse processo, as células hepáticas e sanguíneas são destruídas, o que provoca sintomas como febre alta, dorjoao estrela betcabeça, calafrios, dor no corpo e perdajoao estrela betapetite.

"E vale destacar que o parasita assume diferentes formasjoao estrela betcada uma dessas fases, o que acarreta uma dificuldade para desenvolver vacinas com boa eficáciajoao estrela bettodas as etapas", observa o médico.

Na sequência, o mosquito Anopheles pica a pessoa com malária e suga o sangue infectado, criando novas cadeiasjoao estrela bettransmissão na comunidade.

A boa notícia é que a doença tem diagnóstico rápido e o tratamento é curativo, quando dado no momento correto. Ela costuma ser mais perigosa para indivíduos com o sistema imune comprometido, idosos e, principalmente, crianças, que são as principais vítimas fatais da infecção.

Ilustração malária

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Legenda da foto, O parasita costuma invadir e destruir as células vermelhas do sangue. Na ilustração, é possível ver uma unidade infectada ao centro

Como a nova vacina funciona?

A RTS,S é desenvolvida desde 1987 pela farmacêutica britânica GSK. Após os testes preliminares, o imunizante foi avaliadojoao estrela betensaios clínicos envolvendo seres humanos a partir do ano 2000, com o apoio da ONG Path e da Fundação Bill e Melinda Gates.

Feito a partirjoao estrela betuma proteína do Plasmodium falciparum e algumas outras substâncias, a vacina atua no chamado "esporozoíto" do protozoário, que é uma forma que ele assume entre a picada do mosquito e a "viagem" até o fígado.

A títulojoao estrela betcuriosidade, esse trajeto do parasita da nossa pele até o tecido hepático costuma levar ao redorjoao estrela bet30 minutos.

A última etapajoao estrela betestudos foi concluídajoao estrela bet2015. O trabalho final, publicado no periódico científico The Lancet, envolveu quase 15 mil crianças da África Subsaariana e comprovou que o produto era seguro e eficaz.

Mesmo com os resultados favoráveis, a OMS ainda tinha algumas reservas sobre a efetividade da RTS,Sjoao estrela betlarga escala. O primeiro problema tinha a ver com o esquema vacinal: para surtir efeito, é preciso aplicar quatro dosesjoao estrela betcada indivíduo. As primeiras três são dadas no quinto, no sexto e no sétimo mêsjoao estrela betvida. A quarta (e última) é ofertada quando o bebê completa 18 meses.

A entidade temia que esse númerojoao estrela betaplicações poderia prejudicar o usojoao estrela betoutros imunizantes, dadosjoao estrela betrotina contra outras doenças, e até traria uma falsa sensaçãojoao estrela betsegurança às famílias que, sentindo-se mais protegidas, abandonariam outros métodosjoao estrela betprevenção da malária, como a instalaçãojoao estrela betmosquiteiros nas camas e nos berços ou a aplicaçãojoao estrela betrepelentes.

Para acabar com essas dúvidas, a OMS crioujoao estrela bet2019 um projeto pilotojoao estrela betque as quatro doses da nova vacina foram aplicadasjoao estrela betcercajoao estrela bet800 mil crianças que moramjoao estrela betGana, Quênia e Malauí.

Profissional da saúde aplica vacina contra a maláriajoao estrela betrecém-nascido

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Legenda da foto, Experiênciajoao estrela bet2019 feitajoao estrela betGana, Quênia e Malauí comprovou a efetividade da vacina contra a malária

Os resultados da experiência foram considerados positivos: alémjoao estrela better um bom perfiljoao estrela betsegurança, a nova vacina preveniu 40% dos casosjoao estrela betmalária e, ainda mais importante, reduziujoao estrela bet30% as infecções mais severas, que estão relacionadas à hospitalização e morte.

"Se considerarmos que são 260 mil mortes anuaisjoao estrela betcrianças menoresjoao estrela betcinco anos, uma reduçãojoao estrela bet30% é algo considerável", calcula Siqueira.

É claro que essa taxajoao estrela bet30 ou 40% ainda não é a ideal, mas ela significa um avanço importante e abre a possibilidade para que novos produtos, ainda mais eficazes, sejam desenvolvidos a partirjoao estrela betagora.

"Essa aprovação pode servirjoao estrela betimpulso para novos financiamentos e esforçosjoao estrela betpesquisa para soluções ainda melhores", concorda o infectologista.

A OMS destaca outras duas observações importantes a partir da experiênciajoao estrela betvida real nas três nações africanas: não houve um relaxamento das outras medidas preventivas (como o usojoao estrela bettelas na cama) e a aplicação das doses mostrou-se custo-efetiva.

"Por séculos, a malária afeta a África Subsaariana e causa um enorme sofrimento pessoal. Nós esperávamos por uma vacina efetiva e, pela primeira vez, podemos recomendar o usojoao estrela betum imunizantejoao estrela betlarga escala", discursou a médica Matshidiso Moeti, diretora regional da OMS para a África.

"Isso representa um vislumbrejoao estrela betesperança para o continente que carrega o fardo mais pesado da doença e esperamos que muitas crianças que serão protegidas a partirjoao estrela betagora se tornem adultos saudáveis", completou a representante.

E no Brasil?

A recomendação da OMS é que a nova vacina seja usadajoao estrela betregiõesjoao estrela betque há transmissão "moderada ou alta" do Plasmodium falciparum.

No Brasil, esse não é o causadorjoao estrela betmalária mais frequente: de acordo com o Ministério da Saúde, o Plasmodium vivax representa 89% dos casos notificados no país, que se concentram especialmente na região amazônica.

"A RTS,S, portanto, não é uma vacina com aplicação no Brasil", concorda Siqueira.

A boa notícia é que os novos casos dessa enfermidade estãojoao estrela betquedajoao estrela betnosso país.

"Dados do PNCM (Programa Nacionaljoao estrela betPrevenção e Controle da Malária) mostram que no anojoao estrela bet2019, o Brasil notificou 157.454 casosjoao estrela betmalária, uma reduçãojoao estrela bet19,1%joao estrela betrelação a 2018, quando foram registrados 194.572 casos da doença no país", informa um boletim publicado pelo ministério no finaljoao estrela bet2020.

Gráficojoao estrela betcasosjoao estrela betmalária no Brasil

Crédito, Ministério da Saúde

Legenda da foto, Série histórica mostra como casosjoao estrela betmalária caíram no Brasil ao longo dos anos

Para o infectologista da FioCruz, os casosjoao estrela betmalária no Brasil são influenciados diretamente por dois fatores: a organização dos sistemasjoao estrela betsaúde e as mudanças ambientais.

"Muitas vezes, uma cidade faz uma mobilização para diagnosticar e tratar a malária. Quando os casos caem, esses programas deixamjoao estrela betexistir, o que provoca um novo aumento algum tempo depois", observa.

"E também vemos o crescimento ocorrerjoao estrela betáreasjoao estrela betdesmatamento e garimpo na Amazônia", informa.

O Brasil possui, inclusive, um plano para acabar com a maláriajoao estrela betterritório nacional. A meta é registrar menosjoao estrela bet14 mil casos e nenhum óbito até 2030 e eliminar completamente a transmissão do Plasmodium falciparum nos próximos nove anos.

Para alcançar isso, é preciso fortalecer os sistemasjoao estrela betvigilância da doença, adquirir testes rápidosjoao estrela betdiagnóstico, ofertar tratamentos na rede pública e investir na pesquisa e no desenvolvimentojoao estrela betnovas soluções para esse problema.

Mapa da malária no Brasil

Crédito, Ministério da Saúde

Legenda da foto, No Brasil, a malária concentra-se principalmente na Amazônia

Uma saída interessante pode ser a utilizaçãojoao estrela betum novo remédio chamado tafenoquina. Atualmente, a medicação precisa ser tomada por alguns dias, o que pode ser difícil para uma parcelajoao estrela betpacientes.

"Essa droga está sendo estudadajoao estrela betManaus ejoao estrela betPorto Velho e, caso os resultados sejam positivos, ela pode se tornar mais ferramenta valiosa para mudar a história da malária", avalia Siqueira.

Embora existam estudos para a criaçãojoao estrela betuma vacina contra o Plasmodium vivax, o desafio é ainda mais complexo. Um artigojoao estrela bet2013 assinado por especialistas da Universidadejoao estrela betOxford, no Reino Unido, e da Universidadejoao estrela betZurique, na Suíça, destacam a resiliência desse parasita mais frequentejoao estrela betterras brasileiras.

"O Plasmodium vivax possui mecanismos sofisticados que permitem que ele fique dormente por meses ou até anosjoao estrela betpequenas estruturas do fígado, o que significa um enorme desafio para a erradicação da malária", escrevem os autores.

Siqueira também entende que há menos interesse no desenvolvimentojoao estrela betum imunizante para o Plasmodium vivax. "Até temos alguns grupos que trabalham nessa área, mas o financiamento é muito menor".

De acordo com o site ClinicalTrials.Gov, existem 10 testes clínicos concluídos oujoao estrela betandamento com candidatos a imunizantes contra este parasita mais comum no Brasil. No caso do falciparum, mais frequente na África, são 130 registrosjoao estrela betestudos do tipo.

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