Por que esconder os sentimentos ruins no trabalho pode ser uma má ideia:oque e betano

  • Keren Levy
  • Da BBC Capital
Aeromoça

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oque e betano Imagine que você está a dez mil metrosoque e betanoaltitude, empurrando um carrinhooque e betanocomida pelo corredor estreitooque e betanoum avião, cercadooque e betanopassageiros inquietos. Uma criança bloqueia seu caminho e você não consegue achar os pais dela.

Um passageiro se irrita ao saber que não pode pagaroque e betanodinheiro por uma refeição a bordo, outro pede permissão para usar o banheiro. E o seu trabalho é atender a todas essas exigências com boa vontade e simpatia.

Para os membros da tripulaçãooque e betanouma aeronave, é nesse exato momento que entraoque e betanocena o "trabalho emocional".

O termo, introduzido pela primeira vez pela socióloga Arlie Hochschild, se refere ao esforço que realizamos para regular nossas emoções e manter uma "aparência facial e corporal adequada ao ambienteoque e betanotrabalho".

Comissáriaoque e betanobordo atende passageiros

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Legenda da foto, A tripulaçãooque e betanoum voo deve manter a simpatia, mesmo dianteoque e betanocomportamentos abusivosoque e betanopassageiros

De forma simplificada, é o exercício que fazemos para expressar algo que não estamos sentindo genuinamente - seja manifestar positividade ou suprimir emoções negativas.

As primeiras pesquisasoque e betanoHochschild se concentraram no setoroque e betanoaviação, mas não são apenas os comissáriosoque e betanobordo que mantêm as aparências. Na verdade, os especialistas dizem que o trabalho emocional está presenteoque e betanoquase todas as profissõesoque e betanoque há interação com pessoas, seja no atendimento direto ou não ao cliente.

Ou seja, onde quer que você trabalhe, é provável que boa parte do seu dia seja gasto fazendo isso.

Quando as pesquisas sobre trabalho emocional começaram, o foco estava na indústriaoque e betanoserviços e na hipóteseoque e betanoque quanto mais clientes ou interações houvesse, mais trabalho emocional seria necessário.

No entanto, os psicólogos ampliaram mais recentemente o foco para outras profissões. E descobriram que o desgaste não está tão relacionado à quantidadeoque e betanointerações, mas à maneira como os funcionários gerenciam suas emoções nelas.

Talvez hojeoque e betanomanhã você tenha se aproximadooque e betanoum colega para demostrar interesseoque e betanoalgo que ele dizia, ou teve que trabalhar duro para não ser alvooque e betanocríticas. Ficaroque e betanoboca fechada pode ter sido mais difícil para você do que expressar seu descontentamento.

Estudooque e betanocaso

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Em alguns casos, manter essa fachada pode se tornar pesado demais, e o preço a pagar é cumulativo. Mira W., que preferiu não dar seu sobrenome, deixou recentemente o empregooque e betanouma das principais companhias aéreas do Oriente Médio, pois sentia queoque e betanosaúde mental estavaoque e betanorisco.

Em seu último cargo, o "cliente era rei", diz ela. "Uma vez fui chamadaoque e betano'p***', porque um passageiro não respondeu quando eu perguntei se ele queria café. Perguntei duas vezes e fui atender a pessoa da frente. Ao seguir, fui insultada por ele."

"Quando expliquei a situação ao meu superior, ele disse que provavelmente eu havia feito algo para provocar essa reação… Além disso, falou que eu deveria pedir desculpas", recorda-se.

"Às vezes, eu tinha que mudar minhas expressões faciais durante uma turbulência forte ou um pousooque e betanoemergência, por exemplo. Projetar uma atitude calma é essencial para manter os outros calmos; esse aspecto não me preocupava. O que me deixava mal era a sensaçãooque e betanoque eu não tinha voz quando era tratada injustamente ou com grosseria", desabafa.

Enquanto trabalhou na companhia aérea, Mira se deparou com situaçõesoque e betanoassédio e sexismo - e a expectativa era que ela continuasse a sorrir. "Eu tinha que esconder constantemente o que sentia."

Homem com cerveja

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Legenda da foto, Inicialmente, acreditava-se que quanto mais interação com o cliente havia, mais 'trabalho emocional' era necessário

Ao longo dos anos, e particularmente emoque e betanoúltima função, lidar com o estresse causado pela supressãooque e betanosuas emoções se tornou muito mais difícil. Pequenos acontecimentos pareciam enormes. Ela passou a ter medooque e betanoir trabalhar eoque e betanoansiedade só aumentou.

"Eu sentia raiva o tempo todo, como se fosse capazoque e betanoperder o controle e bateroque e betanoalguém ou explodir e jogar algo no próximo passageiro que me xingasse ou tocasse. Então pedi demissão", desabafa.

Mira agora faz terapia para lidar com as consequências emocionais do que passou. E atribui alguns problemas ao fatooque e betanoter ficado longe da família, além do intenso calendáriooque e betanoviagens. Mas não tem dúvidasoque e betanoque, se não tivesse que reprimir frequentemente suas emoções, ainda poderia estar desempenhandooque e betanofunção.

Ela não está sozinha. Em todo o mundo, existe a expectativaoque e betanoque profissionaisoque e betanodiferentes áreas adotem uma culturaoque e betanotrabalho que suprima algumas emoções e evidencie outras - que podem incluir ambição, agressividade e apetite pelo sucesso.

O 'estilo Amazon'

Há alguns anos, o New York Times publicou uma longa reportagem sobre o "Amazon Way" ("Estilo Amazon",oque e betanotradução livre), descrevendo o comportamento rigoroso que a empresa cobravaoque e betanoseus funcionários, assim como os efeitos positivos e negativos que essa política surtia.

Enquanto uns pareciam prosperar naquele ambiente, outros lutavam contra a pressão constante para manter o semblante corporativo mais adequado às diretrizes da companhia.

"A maneira como lidamos com altos níveisoque e betanoesforço emocional tem, provavelmente, suas origens nas experiências da infância, que moldam as atitudes que desenvolvemosoque e betanorelação a nós mesmos, aos outros e ao mundo", diz Lucy Leonard, psicóloga clínica e ocupacional.

"Atitudes contraproducentes, como 'eu não sou bom o suficiente', podem gerar padrõesoque e betanopensamento no trabalho do tipo: 'ninguém está trabalhando tão duro quanto eu' ou 'preciso fazer um trabalho perfeito'. Isso pode gerar estresse e aumentar os níveisoque e betanoansiedade durante o expediente", explica Leonard.

É esperado, muitas vezes, que os funcionários prestem um bom serviço a clientes agressivos ou ansiosos. E podem ter que fazer isso ao mesmo tempo que se sentem frustrados, preocupados ou ofendidos.

"Esse ajuste contínuo das expressões emocionais pode gerar baixa autoestima e sensaçãooque e betanoisolamento", diz a especialista.

Hochschild sugere que a maneira como lidamos com o trabalho emocional pode ser classificadaoque e betanoduas maneiras: ação superficial e ação profunda. E a opção escolhida pode interferir no "preço" que vamos ter que pagar.

Como não ficar exausto?

Em uma ligação telefônica complicada, por exemplo, se você agiroque e betanoforma superficial, você responderá ao interlocutor alterandooque e betanoexpressão externa, dizendo as coisas apropriadas, ouvindo e mantendo seus sentimentos verdadeiros completamente intactos.

Se você agiroque e betanomaneira profunda, fará um esforço deliberado para mudar seus sentimentos verdadeiros,oque e betanoacordo com o que o cliente diz - você pode não concordar, mas manterá o foco no objetivo.

As duas abordagens podem ser consideradas gentis, porém a segunda tenta se conectar emocionalmente com o pontooque e betanovista da outra pessoa e gera um risco menoroque e betanoburnout, a síndrome do esgotamento profissional.

Jennifer George é enfermeira, especializadaoque e betanopsiquiatria, responsável pela triagem da emergência do King's College Hospital,oque e betanoLondres, na Inglaterra. Seu trabalho requer atenção redobrada. Diariamente, ela precisa avaliar as necessidadesoque e betanoquem dá entrada na unidade - eles realmente precisam ser internados, carecem apenasoque e betanocuidado temporário ou estãooque e betanobuscaoque e betanodrogas?

"É importante que eu teste minhas próprias suposições iniciais", diz ela. "Me esforço para ficar atenta à história e realmente escutar. Esse é meu trabalho, mas agindo dessa forma, eu também reduzo o estresse."

Áreaoque e betanolazeroque e betanoambienteoque e betanotrabalho

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Legenda da foto, Na última década, muitos escritórios criaram espaços recreativos ouoque e betanodescanso na tentativaoque e betanoaliviar o estresse dos funcionários

"Às vezes, meu instinto diz que a pessoa está tentando me enganar, ou apenas me sinto entediada com o que estão dizendo. Mas não posso ficar sentada lá e simplesmente rejeitar algo como se fosse mentira."

Segundo George, essa situação pode ser perturbadora. Às vezes, ela precisa dizer não "de uma maneira bem direta" e, nesse caso, o ambiente pode se tornar ameaçador.

"Eu permaneço, o máximo que posso, fiel a mim mesma e às minhas crenças. Mesmo que eu precise estar aberta tanto para o que colegasoque e betanotrabalho e possíveis pacientes têm a dizer, não vou dizer nunca algooque e betanoque eu não acredite ou pense estar certo. Isso me ajuda", assegura.

Quando a situação fica complicada, Jennifer procura os colegas para desabafar. "Falaroque e betanovoz alta me permite testar e validar minha própria reação. Então eu posso voltar para o atendimento", diz.

Controlar o conflito

Ruth Hargrove é uma ex-advogada que vive na Califórnia, nos EUA. Ela também enfrenta interações complicadas no trabalho, representando estudantesoque e betanoSan Diego - gratuitamente -oque e betanoassuntos disciplinares.

"Praticamente todo mundo com quem você lida nesse sistema obriga você a trabalhar emocionalmente", afirma.

Um dos problemas, diz Hargrove, é que alguns advogados partem para ataques pessoais, mediante qualquer fraqueza detectada - gênero, idade -,oque e betanovezoque e betanose concentrarem nas verdadeiras questõesoque e betanocada caso.

"Eu lidei com issooque e betanoforma catastrófica no passado, deixava essas situações engolirem minha autoestima", desabafa.

Call Center

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Legenda da foto, Preço a pagar por manter 'sorrisooque e betanofachada' no trabalho é cumulativo

"Mas quando eu lido da maneira certa, percebo que posso separar melhor as coisas e que o ataque deles, sim, é uma evidênciaoque e betanofraqueza."

Em vezoque e betanocontestar acusações pessoais específicas, ela se limita simplesmente a enviar um e-mailoque e betanouma linha como resposta, dizendo que não concorda. "Não ampliar o conflito é muito importante", avalia.

"É cansativo participar da batalha emocionaloque e betanoque outra pessoa quer que você participe. Mantenho o foco no verdadeiro objetivo do trabalho."

Hargrove também precisa administrar a expectativa dos clientes. Caso tenham sido lesados, eles acreditam - às vezes,oque e betanomaneira não realista - que a Justiça vai prevalecer.

"Eu tenho empatia, me coloco na posiçãooque e betanomãe deles, pensando que deve haver uma solução, mesmo quando eu sei que não há. Me ajuda que esse sentimento seja verdadeiro para mim também."

Colocar-se no lugar do outro

Permanecer fiel aos sentimentos parece ser fundamental - diversos estudos mostram que quem precisa demonstrar emoções no trabalho que entremoque e betanoconflito com seus sentimentos verdadeiros é mais propenso a sofreroque e betanoexaustão emocional.

É claro que todos devem ser profissionais, faz parte do trabalho teroque e betanolidar com clientes e colegas difíceis. No entanto, ao se colocar no lugar deles e tentar entender a posiçãooque e betanocada um, você estará promovendo seu próprio bem-estar,oque e betanovezoque e betanoexpressar sentimentosoque e betanoque, no fundo, você não acredita.

Segundo Leonard, há iniciativas que indivíduos e organizações podem adotar para evitar o burnout. Limitar horas extras, fazer pausas regulares e abordar conflitos com colegas por meio dos canais certos são alguns exemplos, alémoque e betanocuidar da saúde e ter uma vida satisfatória fora do escritório. Cultivar um "climaoque e betanoautenticidade" no trabalho também é igualmente benéfico.

"Organizações que permitem aos funcionários ter um respiro dos altos níveisoque e betanoregulação emocional e reconhecem seus verdadeiros sentimentos - sem prejulgamentos - tendem a se sair melhor diante desses problemas", afirma.

Um ambiente assim também pode gerar mais empatia, ao permitir que os funcionários mantenham uma distância emocional daqueles com quem precisam interagir.

Sempre que possível, os trabalhadores devem ser verdadeiramente empáticos, estar cientes do impacto que as interações têm sobre eles e tentar se comunicaroque e betanomaneira autêntica.

Segundo Leonard, isso pode "proteger as pessoasoque e betanouma comunicação dissimulada eoque e betanose sentirem exaustas diante do esforço e do ressentimentooque e betanoter que fingir."

oque e betano Leia a versão original desta reportagem oque e betano (em inglês) no site BBC Travel oque e betano .