Os mitos e a realidade das amizades no século 21:double pro 20x

Duas amigas conversam

Crédito, Oli Scarff/Getty Images

Legenda da foto, A tecnologia mudou atitudes, mas nossa capacidadedouble pro 20xmanter amizades é semelhante à do passado

Nenhuma destas tecnologias existia uma geração atrás. Quando eu tinha a mesma idade que eles, as interaçõesdouble pro 20xtempo real sem presença física com amigos acontecia pelo telefone, no corredordouble pro 20xcasa, onde todo mundo podia ouvir o que eu estava falando. E eu não podia falar por maisdouble pro 20x10 minutos sem que meu pai ou minha mãe começassem a resmungar sobre a contadouble pro 20xtelefone e a ideiadouble pro 20x"cortar a linha".

Não havia unicórnios pegando donuts, embora eu tivesse a liberdadedouble pro 20xdesafiar minha inteligência tentando desenroscar o fiodouble pro 20xespiral do telefone. As chamadas telefônicas como os amigos eram um prazer eventual, não um acontecimento diário. O lockdown na minha infância teria sido uma experiência social bem diferente.

Crianças usando tablets

Crédito, Max Mumby/Getty Images

Legenda da foto, As crianças podem parecer isoladas quando estão no computador, mas muitas vezes estão socializando

Mas é diferente até que ponto? As diferenças na forma com que nós interagimos com nossos amigos hoje,double pro 20xcomparação com uma geração atrás, são meramente superficiais — comparáveis à diferença entre escrever uma carta a um amigo num papel sem linhas e escrever num papel com linhas?

Ou será que existe algo a respeito das amizades contemporâneas que é fundamentalmente diferente das amizades verdadeirasdouble pro 20xanos atrás? Se for este o caso, como as amizades devem continuar a mudar no futuro?

É comum nos diasdouble pro 20xhoje reclamar que as amizades não são mais como eram antes. Que restaurantes estão repletosdouble pro 20xpessoas olhando para seus celulares,double pro 20xvezdouble pro 20xconversando umas com as outras. Que a cultura do "selfie" nos transformoudouble pro 20xnarcisistas que se importam maisdouble pro 20xgerenciar nossas próprias relações públicas do quedouble pro 20xestar presente, um com o outro. Que as amizadesdouble pro 20xhojedouble pro 20xdia sãodouble pro 20xalguma forma mais condicionais do que eram no passado, à medida que vivemosdouble pro 20x"câmarasdouble pro 20xeco" online, numa bolhadouble pro 20xindivíduos que pensam como nós, e rejeitamos pontosdouble pro 20xvista diferentes.

Até mesmo a palavra "amigo" foi transformada pelas redes sociais: existe um novo sentido,double pro 20xque ser amigodouble pro 20xalguém significa apenas ter clicadodouble pro 20x"aceitar" a solicitaçãodouble pro 20xamizade da pessoa, sem nunca dizer "olá".

Existe uma ansiedade generalizadadouble pro 20xrelação à possibilidadedouble pro 20xque a amizade verdadeira estejadouble pro 20xdeclínio — e a culpada é da tecnologia. Manchetes como "A Era das Mídias Antissociais" e "Seu celular inteligente está te deixando estúpido e antissocial e afetandodouble pro 20xsaúde" são familiares.

Pessimistas podem pensardouble pro 20xonde isso tudo vai parar. Talvez nós acabemosdouble pro 20xum mundo cínicodouble pro 20xque interagimos apenas com pessoas que servem para nós, onde não reconhecemos nossos amigos sem seus filtros do Snapchat e onde não criamos conexões genuínas com ninguém. Mas será que estas preocupações são realmente justificadas?

A ansiedadedouble pro 20xrelação aos efeitos distópicos das novas tecnologias nas amizades é tão antiga quanto a palavra escrita. Mais antiga, na verdade: para Sócrates, a palavra escritadouble pro 20xsi era parte do problema. Maisdouble pro 20x2 mil anos atrás, Sócrates supostamente expressou ceticismodouble pro 20xrelação à comunicação por escrito como um caminho para a sabedoria, preferindo a interação cara a cara com seus colegas.

No começo do século 20, havia preocupações com a possibilidadedouble pro 20xque as linhas telefônicas fossem diluir a interação entre pessoas ou alimentar comportamentos sociais nocivos.

A partir da nossa perspectiva contemporânea,double pro 20xque cartas e telefones são tão inofensivos quanto se pode esperardouble pro 20xuma tecnologia, estas preocupações nos parecem bizarras. É claro que não abalam as amizades. Pelo contrário, as promovem. A trocadouble pro 20xcartas e telefonemas entre amigos distantes é exatamente o tipodouble pro 20xrelação saudável que aqueles preocupados com as redes sociais temem que acabe morrendo.

Mulher escreve carta,double pro 20xmeados do século 20

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Escrever cartas parece algo antigo, mas não é tão diferente quanto se comunicar pelo WhatsApp

Afinal, as redes sociais ameaçam as amizades ou a promovem? Em um artigodouble pro 20x2012, Shannon Vallor considera se os tiposdouble pro 20xamizade que as pessoas têm no Facebook podem ser verdadeiras — e conclui que sim, elas podem.

O argumento dela não se baseiadouble pro 20xideias modernas sobre amizade. Em vez disso, ela usa o conceitodouble pro 20xAristóteles,double pro 20xmaisdouble pro 20x2 mil anosdouble pro 20xexistência. Para Aristóteles, a amizade exige algumas virtudes, incluindo reciprocidade, empatia, autoconhecimento (no sentidodouble pro 20xentender nosso lugar no mundo, incluindo nosso lugardouble pro 20xnossas relações com outras pessoas) e participação numa vida compartilhada.

Poderia então o ceticismodouble pro 20xrelação ao impacto das redes sociais nas amizades ser tendencioso? Afinal, é expressado frequentemente por pessoas cujas primeiras amizades não foram formadasdouble pro 20xtorno das redes sociais, o que pode deixá-las mais inclinadas a ignorar seu lado positivo.

Pessoas como nós

Mesmo que a interação por meiodouble pro 20xuma tela não esteja destruindo nossas amizades, muitas pessoas temem que a forma com que usamos a tecnologia digital, para escolher e cultivar nossos amigos, encoraje conexões sociaisdouble pro 20xbaixa qualidade.

Um destes receios está relacionado às chamadas câmarasdouble pro 20xeco: aqueles gruposdouble pro 20xindivíduos que pensam da mesma forma que nós, fazendo com que o cruzamentodouble pro 20xideias seja reduzido, e as pessoas fiquem mais polarizadas e agarradas a seus próprios pontosdouble pro 20xvista.

Alguns estudiosos argumentam que as câmarasdouble pro 20xeco online têm graves implicações para a democracia liberal. A partir do pontodouble pro 20xvista das amizades, no entanto, elas não são novidade. Muito antes da internet, as interações sociais das pessoas eram amplamente confinadas a outras pessoas que pensavam como elas. Comunidades surgiamdouble pro 20xtornodouble pro 20xambientes como cultos religiosos, equipes esportivas, localdouble pro 20xtrabalho e instituiçõesdouble pro 20xensino, alémdouble pro 20xclasse social, gênero e etnicidade.

Então simplesmente não é verdade que, antes da amizade mediada pelo ambiente digital, as pessoas conheciam amigosdouble pro 20xtoda parte. Talvez nós todos estejamos perdendo alguma coisa com isso. Mas, mesmo se estivermos, o fatodouble pro 20xa internet permitir nos conectarmos com pessoas semelhantes oferece grandes benefícios para as amizades. Permite que nós tenhamos acesso a redesdouble pro 20xapoio e solidariedade quedouble pro 20xoutra forma poderiam não estar disponíveis, seja porque seria difícil encontrar pessoas com o mesmo tipodouble pro 20xexperiências no mundo real ou porque as experiências compartilhadasdouble pro 20xquestão são tão íntimas que nós relutamosdouble pro 20xdiscuti-las — uma relutância que é aliviada pela interação online.

Eu mesma dependo bastante deste tipodouble pro 20xcomunidade: por muitos anos, fiz partedouble pro 20xum grupo privado do Facebookdouble pro 20xmães solteiras trabalhando na universidade. As amizades que eu fiz — que estão espalhadas pelo mundo —, juntamente ao apoio que dei e recebi, foram extremamente positivas para a minha vida.

Parece plausível que a ideiadouble pro 20xque as câmarasdouble pro 20xeco são prejudiciais às amizades seja baseada,double pro 20xparte, num pontodouble pro 20xvistadouble pro 20xque amizade é — ou deveria ser — algo mais profundo do que interesses e experiências compartilhados.

Há muito tempo que nos emocionamos com históriasdouble pro 20xamizades e romances entre pessoasdouble pro 20xgrupos diversos, muitas vezes conflitantes. Romeu e Julieta, talvez o casal romântico mais emblemático, pertencia a famílias inimigas.

A amizade entre Nelson Mandela, enquanto estava preso por conspirar para derrubar o governo sul-africano do apartheid, e um jovem agente penitenciário, inicialmente pró-apartheid, chamou a atenção do público e foi temadouble pro 20xum filme, Mandela - Luta pela liberdade.

Em 2014, a jornalista árabe-americana Sulome Anderson publicou no Twitter uma fotodouble pro 20xbeijando o namorado judeu, enquanto segurava um cartaz com a mensagem "Judeus e árabes SE RECUSAM a ser INIMIGOS". A foto viralizou.

Amigos tiram uma foto juntos

Crédito, Joe Raedle/Getty Images

Legenda da foto, As amizades feitas durante a juventude tendem a se transformar ao longo da vida

Estes exemplos mostram que somos cativados pela ideiadouble pro 20xolhar para além das visões e interesses (talvez intragáveis) dos nossos amigos — e amar a pessoa por trás deles.

Sem dúvida, é verdade que as melhores amizades não dependemdouble pro 20xinteresses comuns. Se você inicialmente se conectou comdouble pro 20xamiga mais antiga devido à paixãodouble pro 20xcomum por "boy bands" americanas dos anos 1990, mas se distanciaram quando umadouble pro 20xvocês perdeu interesse no grupo Boyz II Men, seria difícil não chegar à conclusãodouble pro 20xque esta amizade não era muito profunda.

Isso não significa, porém, que haja algodouble pro 20xerradodouble pro 20xir atrásdouble pro 20xconexões baseadasdouble pro 20xinteresses comuns. Uma amizade profunda, carinhosa e acolhedoradouble pro 20xmuitos anos não se torna menos profunda, carinhosa e acolhedora porque os amigosdouble pro 20xquestão inicialmente se conectaram por meiodouble pro 20xsua obsessão por "boy bands".

Amizades por todos os lados…

O que dizer da ideiadouble pro 20xque vivemos agoradouble pro 20xum mundodouble pro 20xque as amizades foram rebaixadas? Em que as redes sociais nos incentivam a valorizar quantidade,double pro 20xvezdouble pro 20xqualidade, e proteger imagensdouble pro 20xperfeiçãodouble pro 20xdetrimento da formaçãodouble pro 20xconexões profundas e íntimas?

A preocupaçãodouble pro 20xque a quantidadedouble pro 20xamizades aconteça às custas da qualidade não é nova — como outras preocupações que já discutimos até agora.

Em uma obra intitulada On Having Many Friends ("Sobre ter muitos amigos",double pro 20xtradução literal), o filósofo grego Plutarco, que viveu no século 1, escreveu:

"Qual é então a moeda da amizade? É boa-vontade e graça, combinadas com virtude, e não há nadadouble pro 20xmais raro na natureza. Significa, então, que uma forte amizade mútua com muitas pessoas é impossível, mas, assim como rios, cujas águas são divididas entre afluentes e canais, correm fracos e finos, também a afeição, naturalmente fortedouble pro 20xuma alma, se partilhada entre muitas pessoas torna-se totalmente enfraquecida."

Dois mil anos depois, o grupo sueco Abba cantou: "Diantedouble pro 20x20 mil dos seus amigos / Como alguém pode estar tão solitário?",double pro 20xseu single Super Trouper,double pro 20x1980.

Em 2009, Eoghan Quigg — um ex-participante do programadouble pro 20xtalentos britânico The X Factor — lançou um single, 28,000 Friends, com os versos como: "Você e seus 28 mil amigos / YouTube, Facebook, Myspace, IM" e "Como é se sentir solitário? / Tantos amigos que você não conhece".

De acordo com nossas linhas do tempo digitais, a referênciadouble pro 20xQuigg ao Myspace é sinaldouble pro 20xcoisa antiga, mas nós podemos imaginar se a tecnologia que surgiu nas últimas duas décadas nos incentiva a espalhar nossas amizadesdouble pro 20xforma mais tênue do que nunca.

Será que Quigg tem mais motivos para reclamar disso do que Plutarco tinha? A resposta é que, enquanto evidências empíricas respaldam a alegaçãodouble pro 20xque somos incapazesdouble pro 20xter muitas amizades próximas, está longedouble pro 20xser claro que a capacidade das redes sociaisdouble pro 20xmultiplicar nossas conexões sociais esteja reduzindo a qualidade das nossas amizades.

O antropólogo Robin Dunbar estudou grupos sociaisdouble pro 20xvários séculos e descobriu que o númerodouble pro 20xconexões sociais estáveis que os indivíduos conseguem manter tem permanecido relativamente constante,double pro 20xtornodouble pro 20x150.

Este número — que acabou ficando conhecido como o Númerodouble pro 20xDunbar — denota, mais ou menos, "o númerodouble pro 20xpessoas às quais você não ficaria constrangidodouble pro 20xse juntar, sem ser convidado, para um drinque caso esbarrasse com elasdouble pro 20xum bar".

Há subdivisões dentro disso. Cada umdouble pro 20xnós tende a ter entre três e cinco pessoas que constituem "o pequeno núcleodouble pro 20xgrandes amigos que procuramosdouble pro 20xmomentosdouble pro 20xdificuldades" e um "grupodouble pro 20xsimpatia",double pro 20xentre 12 e 15 pessoas, "cuja morte amanhã o deixaria abalado".

Dunbar argumenta, no entanto, que nós simplesmente não temos capacidade cognitiva para ampliar estes grupos. "Se uma nova pessoa entra nadouble pro 20xvida", explica Dunbar, "alguém tem que cair para outro nível para dar lugar para ela".

Como o númerodouble pro 20xamigos que somos capazesdouble pro 20xter é limitado por nossa capacidade cognitiva, nem mesmo a facilidadedouble pro 20xestabelecer conexões via internet pode nos permitir expandi-lo.

Ao comentar sobre as redes sociais, Dunbar afirma que "existe uma questãodouble pro 20xtorno do que realmente conta como amigo". Aqueles que têm um número grande — digamos, maisdouble pro 20x200 — invariavelmente conhecem pouco ou nada sobre os indivíduos nadouble pro 20xlista, acrescenta ele.

Multidão vista do alto

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Podemos ter maisdouble pro 20x150 amigos? Estudos indicam que não temos capacidade cognitiva para tanto

O fatodouble pro 20xque o Númerodouble pro 20xDunbar é — na visãodouble pro 20xDunbar — limitado pela nossa capacidade cognitiva aponta para uma possível maneira como as amizades podem ser diferentes no futuro.

As capacidades cognitivas — incluindo atenção, memória, percepção e tomadadouble pro 20xdecisões — estão relacionadas ao processamento mentaldouble pro 20xinformação. Nós usamos várias estratégias e ferramentas que nos ajudam a melhorar essas capacidades. Tomamos café para ter mais concentração, usamos óculos para melhorar a visão, escrevemos listas para lembrardouble pro 20xcoisas, e por aí vai.

Os ganhos que obtemos como resultado disso tudo são relativamente modestos e geralmentedouble pro 20xcurta duração. No entanto, muitos acreditam que, num futuro próximo, seremos capazesdouble pro 20xobter ganhos muito mais drásticosdouble pro 20xnossas capacidades cognitivas, usando tecnologias como drogas, estimulação elétrica transcraniana, implantes cerebrais e engenharia genética. Os resultados podem fazer com que as capacidades cognitivas humanas superemdouble pro 20xmuito qualquer coisa já vista antes.

Neste caso, talvez possamos ser capazesdouble pro 20xmanter amizades próximas com um número significativamente maiordouble pro 20xpessoas. Mas, considerando que mesmo versões cognitivamente avançadasdouble pro 20xnós mesmos seriam limitadas pelo númerodouble pro 20xhoras que temos para socializar, aumentar nosso númerodouble pro 20xamigos próximos exigiria tirar mais intimidade do tempo que passamos com cada amigo.

Ou pode ser que o mundo cognitivamente avançado venha acompanhado por outras mudanças, como a redução das jornadasdouble pro 20xtrabalho, o que poderia liberar mais tempo para passarmos com os amigos.

Por outro lado, mesmo com uma capacidade cognitiva para ter mais amizades próximas, talvez muita gente valorize ter menos amigos. Relações românticas oferecem uma analogia: ter a capacidadedouble pro 20xmanter múltiplos parceiros aparentemente não resulta na maioria das pessoas querendo viverdouble pro 20xforma não-monogâmica.

Então, as amizades num futuro cognitivamente avançado podem acabar sendo diferentes da forma como as amizades são agora — mas, da mesma maneira, podem acabar não sendo.

Pode parecer que, ao nos encorajar a usar o termo "amigo" para nos referir a centenas ou até mesmo milharesdouble pro 20xpessoas com quem temos apenas conexões bastante superficiais, as redes sociais (para usar a metáforadouble pro 20xPlutarco) estão desvalorizando a moeda da amizade.

Amigosdouble pro 20xFacebook são, no fim das contas, geralmente amigos apenas no nome — especialmente para aqueles usuários cujos amigos somam centenasdouble pro 20xmilhares.

Mas usar "amigo" para se referir a pessoas que alguém não conhece particularmente bem não é algo novo. Em seu estudo sobre conexões sociais na Inglaterra do século 18, Naomi Tadmor explica que, alguns séculos atrás, uma pessoa contaria como amigo não apenas indivíduos com quem teve relações emocionais relativamente íntimas, mas também família, trabalhadores domésticos, empregados, e por aí vai.

Ela cita a expressão "Sociedadedouble pro 20xAmigos" — ainda hoje usada como um termo para os grupos religiosos Quakers — como um exemplo deste uso mais amplo da palavra.

Mulher com óculos digitais

Crédito, Drew Angere/Getty Images

Legenda da foto, Será que novas tecnologias e avanços na capacidade cognitiva nos permitirão ter mais amigos?

Apesar das mudanças, ao longo dos anos, sobre se algumas pessoas com quem temos relações sociais relativamente vagas contam como amigos, o núcleo central tem se mantido estável.

As poucas pessoas que constituem o "pequeno núcleo"double pro 20xDunbar e as cercadouble pro 20xuma dúzia que compõem o "grupodouble pro 20xsimpatia" sempre contaram como amigos.

Mas mudançasdouble pro 20xnossas visões sobre o que devemos a nossos amigos sugerem o que pode acontecer com estes grupos menores, mais íntimos.

Considere nossas visões sobre lealdade. É importante ser leal a nossos amigos, masdouble pro 20xcontextos profissionais nós usamos termos como "favoritismo" e "nepotismo" para condenar a lealdade a amigos.

Tadmor explica que as coisas eram diferentes no passado. No século 18, na Inglaterra, servir a seus amigos era visto como uma virtude, inclusive na política.

Da mesma forma que oferecer um emprego na política a um amigo era uma virtude três séculos atrás, mas repreensível hojedouble pro 20xdia, talvez algumas práticas que hoje contam como virtuosas serão um dia vistas como condenáveis.

Hoje ninguém levanta a sobrancelha para um advogado que oferece uma orientação gratuita a amigos (mas não para estranhos) ou um cabeleireiro que corta o cabelodouble pro 20xum amigo (mas nãodouble pro 20xum desconhecido) sem cobrar nada.

Oferecer a estranhos,double pro 20xgraça, o tipodouble pro 20xajuda pela qual eles normalmente teriamdouble pro 20xpagar é um atodouble pro 20xbondade, mas não é esperado ou exigido. As coisas podem mudar no futuro. Talvez oferecer uma habilidade a amigos, ao mesmo tempodouble pro 20xque é negada a estranhos, seja visto como favoritismo daqui a alguns séculos.

Como seria um mundo futuro com diferentes ideias sobre o que devemos a nossos amigos? Bem, provavelmente não tão diferente do mundodouble pro 20xhoje. Isso também não significa que as amizades contemporâneas sejam iguais ao redor do mundo.

As amizadesdouble pro 20xculturas individualistas — típicasdouble pro 20xpaísesdouble pro 20xque o inglês é a primeira língua edouble pro 20xgrande parte da Europa Ocidental — diferemdouble pro 20xvárias formas importantes das amizadesdouble pro 20xpaíses árabes, do Leste Asiático, africanos e latino-americanos, onde existe uma cultura mais coletivista.

Por exemplo, a reciprocidade entre amigos é tipicamente mais valorizadadouble pro 20xculturas individualistas do que nas coletivistas. Enquanto os individualistas não gostamdouble pro 20xficardouble pro 20xdívida com amigos por não ter retornado favores; os coletivistas não veem tais interaçõesdouble pro 20xtermosdouble pro 20xfavores — e,double pro 20xvez disso, consideram aqueles que resistemdouble pro 20xaceitar a ajudadouble pro 20xamigos como distantes e egoístas.

Alguns comportamentos entre amigos que,double pro 20xculturas individualistas, são vistos como interferências inapropriadas — como corrigir as anotações das aulasdouble pro 20xum amigo — são considerados atenciosos e carinhososdouble pro 20xculturas coletivistas.

Aqueles que fazem partedouble pro 20xculturas coletivistas tendem a confiar que suas amizades próximas vão prosperar sem ter que alimentá-las dizendo coisas positivas; como resultado, falam com seus amigos com uma franqueza que seria vista como friezadouble pro 20xculturas individualistas.

Como diz o psicólogo Roger Baumgarte —double pro 20xcuja pesquisa sobre amizade entre culturas diferentes eu tirei estas observações —, estas diferenças culturais revelam que até mesmo o que significa ser um amigo próximo variadouble pro 20xacordo com a cultura.

O futuro da amizade

Que lição deveríamos tirar disso tudo? Os meios e as tecnologias que viabilizam as amizades podem mudar, mas muita coisa permanece igual.

Os telefonemas e as cartas escritas à mãodouble pro 20xalgumas décadas atrás podem parecer mais saudáveis que as trocasdouble pro 20xWhatsAppdouble pro 20xhojedouble pro 20xdia, masdouble pro 20xfunção é semelhante.

Isso pode ser chocante: quando vejo meus filhos debruçados sobre seus iPads, tenho que me lembrar que, embora possam parecer distantes e solitários, a maior parte do tempo que passam diante da tela envolve, na verdade, interação com amigos.

Apesardouble pro 20xser tentador trancar seus aparelhos eletrônicos para sempre e mandá-los pular corda no quintal, fazer isso provavelmente faria com que fossem excluídosdouble pro 20xuma comunidade importante.

E, embora passar o tempo todo grudado no celular não seja uma receita para uma vida gratificante, tampouco é passar o tempo todo escrevendo cartas. As crianças estão bem.

* Rebecca Roache é filósofa na faculdade Royal Holloway, da University of London, no Reino Unido, e apresentadora do podcast The Academic Imperfectionist. Este texto foi adaptadodouble pro 20xum ensaio da Future Morality (ed. David Edmonds), publicado pela editora Oxford University Press.

double pro 20x Leia a versão original desta reportagem double pro 20x (em inglês) no site BBC Future double pro 20x .

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